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REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 21(2), 59-77, 2019 59
PsicoteraPia de gruPos e Psicologia analítica
ISSN 2318-0404I
RBPsicoterapiaRevista Brasileira de PsicoterapiaVolume 21, número 2, agosto de 2019
ARTIGO DE REVISÃO
Psicoterapia de grupos e Psicologia AnalíticaGroup Psychotherapy and Analytical Psychology
Psicoterapia de grupos y Psicologia Analítica
Ana Luisa Testaa
Carlos Augusto Serbenab
a UniversidadeFederaldoParaná,MestradoemPsicologia–Curitiba–PR–Brasil.
b UniversidadeFederaldoParaná,DepartamentodePsicologia–Curitiba–PR–Brasil.
DOI10.5935/2318-0404.20190006
Instituição: Universidade Federal do Paraná
Resumo
JungeaPsicologiaAnalíticanãocontemplaramemprofundidadeoestudodapsicoterapiadegrupos,tendo
privilegiado o trabalhoclínicoindividual.Opresenteartigotemcomoobjetivoprincipalfornecerumpanorama
descritivodaspesquisassobrecomoaparticipaçãoempequenosgrupospsicoterapêuticospodeinfluenciar
noprocessodeindividuaçãodeseusmembros,noreferencialdaPsicologiaAnalítica,etambém,comoum
objetivosecundário,recapitulareconfrontarcomoquealiteraturadaáreaexpõesobreotema.Paraisso,foi
feitonumprimeiromomentoumarevisãoestruturada,embasesdedados.Oscritériosdeseleçãodomaterial
équefossemartigos,emportuguêseinglês,quetratassemdodesenvolvimentodapersonalidadenointerior
depequenosgruposdedesenvolvimentopessoal,naáreadapsicologiaanalítica.Nasequênciafoifeitauma
pesquisanãoestruturada,levantandoartigosfrequentementecitadosetambématravésdaliteraturadaárea
eposteriormenteumarevisãointegrativaqueapontaadificuldadedotemanocampodapsicologiaanalítica,
especialmentepeloreceiodosprocessosdeidentificaçãoeregressãoentreosmembrosdogrupo–quepara
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Jungoperariaminvariavelmentecontraaindividuação.Osartigoslevantadosquestionamessaafirmaçãoe
apresentampossibilidadesdedesenvolvimentopsíquiconointeriordessesgruposecorrelacionamindividuação
comvidaemsociedade.Elestambémpropõemmétodosdepsicoterapiagrupalnoreferencialdapsicologia
analítica.Considera-sequepequenosgruposfazempartedocontextodevidadequalquerindivíduo,eseu
potencialparafavoreceraindividuaçãoaindaprecisasermelhorcompreendido.
Palavras-chave:Arquétipos;Grupos;Individuação;Psicoterapiagrupal;Regressãopsíquica
Abstract
JungandAnalyticalPsychologydidnot contemplate indepth the studyof thepsychotherapyof groups,
havingprivilegedtheindividualpsychotherapy.Themainobjectiveofthisarticleistoprovideadescriptive
overviewof theresearchesonhowtheparticipation insmallpsychotherapeuticgroupscan influencethe
individuationprocessofitsmembersintheframeworkofAnalyticalPsychologyand–asasecondaryobjective
–torecapitulateandconfrontitwithwhattheliteratureoftheareaexposesaboutthissubject.Inorderto
dothat,astructuredreviewwasfirstlycarriedoutinthedatabases.Thecriteriaforselectingthematerial
werethemtobearticles,inbothPortugueseandEnglish,dealingwiththedevelopmentofpersonality,within
smallgroupsofpersonaldevelopment,inanalyticalpsychologyfield.Secondly,anunstructuredresearchwas
executed,withtheexaminationofthemostcitedarticles,andalsoathoroughsearchthroughtheliteratureof
thematter.Lastlyanintegrativerevisionwasmadeandthatsignalizedthedifficultyofthesubjectinthefieldof
analyticalpsychology,especiallybecauseofthefearoftheprocessesofidentificationandregressionbetween
themembersofthegroup–whichforJungwouldinvariablyworkagainstindividuation.Theexaminedarticles
questionthisstatementandpresentpossibilitiesofpsychicdevelopmentwithinthesegroupsandcorrelate
individuationwithlife insociety.Theyalsoproposemethodsofgrouppsychotherapyintheframeworkof
analyticalpsychology.Smallgroupsareconsideredpartofthelifecontextofanyindividual,andtheirpotential
forindividuationstillneedstobebetterunderstood.
Keywords:Archetypes;Groups;Grouppsychotherapy;Individuation;Psychicregression
Resumen
JungylaPsicologíaAnalíticanocontemplaronenprofundidadelestudiodelapsicoterapiadelosgrupos,
habiendoprivilegiado trabajo clínico del individuo. El presente artículo tiene comoobjetivo principal
proporcionarunpanoramadescriptivodelasinvestigacionessobrecómolaparticipaciónenpequeñosgrupos
psicoterapéuticospuedeinfluirenelprocesodeindividuacióndesusmiembros,enelenfoquedelaPsicología
Analítica,ytambién,comounobjetivosecundario,recapitularyconfrontarconloquelaliteraturadelárea
exponesobreeltema.Paraello,sehizoenunprimermomentounarevisiónestructurada,enbasesdedatos.
Loscriteriosdeseleccióndematerialesesquefuesenartículosenportuguésyinglés,quetratasendeldesarrollo
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delapersonalidaddentrodepequeñosgruposdedesarrollopersonalenelcampodelapsicologíaanalítica.
Enlasecuenciaserealizóunainvestigaciónnoestructurada,buscandoartículosfrecuentementecitadosy
tambiénatravésdelaliteraturadeláreayposteriormenteunarevisiónintegrativaqueapuntaladificultad
deltemaenelcampodelapsicologíaanalítica,especialmenteporeltemordelosprocesosdeidentificación
yregresiónentrelosmiembrosdelgrupo–queparaJungoperaríainvariablementecontralaindividuación.
Losartículosencontradoscuestionanesaafirmaciónypresentanposibilidadesdedesarrollopsíquicoenel
interiordeesosgruposycorrelacionanindividuaciónconvidaensociedad.Tambiénproponenmétodosde
psicoterapiagrupalenelreferencialdelapsicologíaanalítica.Seconsideraquepequeñosgruposformanparte
delcontextodevidadecualquierindividuo,ysupotencialparafavorecerlaindividuaciónaúnnecesitaser
mejorcomprendido.
Palabras clave:Arquetipos;Grupos;Individuación;Psicoterapiagrupal;Regresiónpsíquica
Introdução
CarlGustav Jung (1875-1961) foiumpsiquiatra suíçodegrande relevânciaparaa consolidaçãoda
psicanáliseefundadordaPsicologiaAnalítica.Entresuasmaiorescontribuiçõesparaocampodapsicoterapia
sedestacamacompreensãodapsicogênesedostranstornosmentais,assimcomoareformulaçãodoprocesso
terapêutico,quedeveriaservirtambémaodesenvolvimentodoindivíduo,nãosóàcuradossintomas.Eénesse
processodedesenvolvimentopsíquicodoindivíduo–chamadoindividuação–queJungfocouseuinteresse
naconstruçãodesuapsicologia.
Elenãoprivilegiouoestudoa respeitodapsicoterapiadegrupos,aindaque tenha reconhecidoas
limitaçõesdapsicoterapiaindividualdopontodevistacoletivo-social.EmseuprólogoaolivrodeToniWolff
Jung1declaraque juntoaautoraconduziuum“experimentosilencioso”atravésda fundaçãodoClubede
PsicologiadeZuriqueem1916.Shamdasani2relataqueaideiadoclubeeraultrapassaralimitaçãodaterapia
individual,reunindopessoasquepassaramouestãopassandoporumprocessodeanálise,paraquetivessem
umavidasocialepudessemseeducarsocialmente.Emumanotanãopublicadadeseutrabalho“Individuação
eColetividade”,quefoiapresentadoaoClubeem1916,assimcomoemumacartaendereçadaaseucolega
AlphonseMaeder,em1918,Jungdescrevequeoexperimentoseriaparaobservarcomopessoasanalisadas
serelacionariamumacomasoutras,edestaformatomarciênciadaslimitaçõessociaisecoletivasdeuma
análiseindividual.
Apesardeseuinteresseempírico,Jungmostrou-sebastanterefratárioàpossibilidadedeumapsicoterapia
grupal.DeacordocomFreitas3Jungdesconfiavadasinfluênciasdegruposemgeralnavidapsíquicadoindivíduo,
esuaresistênciasedeuemfunçãodosriscosderegressãopsíquica,commarcadareduçãodeconsciênciae
deindividualidade,poisgruposdetodotipo–psicoterapêuticosounão–poderiampromoverinfantilização,
dependênciamútua,perdadaautonomia,submissãoaolíder,massificação,contágiopsíquico,baixadedefesas
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egóicas,possessãoporarquétipos,diminuiçãodaresponsabilidadepessoal,aumentodasugestionabilidade
eseriam,consequentemente,umentraveparaoprocessodeindividuação.
SeuposicionamentoficabastanteexplícitoemcartastrocadascomHansIllingem19554:“Comoum
médico,euconsideroqualquerdistúrbiopsíquico,sejaneuroseoupsicose,comoumadoençadoindivíduo;o
pacienteprecisasertratadodeacordocomisso”4.Nascartaselereforçaosperigosdosaspectosregressivos
dosgruposesalientaque,aindaquebonsresultadospudessemseralcançadosatravésdapsicoterapiagrupal,
ocustodissoseriaadependênciamoralementaldoindivíduo.“Quandocemcabeçasespertasentramemum
grupo,umgigantepalermaéoresultado”4.“Virtudesreaissãorelativamenteraraseseconstituemusualmente
deconquistasdeindivíduos.Preguiçamoralemental,covardia,preconceitoeinconsciênciasãodominantes”4.
Asconclusõesqueeleapresentanessascartas4sãodequeaúnicafunçãodapsicoterapiagrupalseria
aeducaçãosocialdoserhumano–ereafirmatercriadoumgrupodepessoasanalisadas(ClubePsicológico
deZurique)paraqueaatitudesocialdoindivíduofosseconstelada;queestamodalidadedepsicoterapianão
substituiriaaanáliseindividual,masque,noentanto,poderiasercomplementar;e,finalmente,quemesmo
sendoemumpequenogrupoelapossuiriariscosdepromoverumaidentificaçãodoindivíduocomocoletivo,
aoinvésdepromoverseudesenvolvimento.Essasconclusõesparecemacertadas,mas,casofossepossível
compreendercomoevitarouamenizaressesriscosde identificaçãocomocoletivo,apsicoterapiagrupal
poderiaserdesenvolvidanocampojunguiano.
Essemesmoposicionamentoapareceemummemorandoescritoem1948,destinadoàUnesco,noqual
secolocaqueapsicoterapiaéumprocedimentodialéticoequesuaaplicabilidadeeeficáciarestringem-se
fortementeaoindivíduo.“[...]Nãosepodeesperarmuitodaaplicaçãodessemétodoaumgrupo.Amudança
deatitudenuncacomeçapelogrupo,masapenaspeloindivíduo”5.
Numtexto sobreapsicologiado renascimento–publicadoem1939– Jung6discorre sobrealguns
fenômenosde transformaçãodapersonalidadee cita comoumdessesa identificaçãodo indivíduocom
umgrupo.Nessetextoostermosgrupoemassasãoutilizados indiscriminadamente,masparaummaior
esclarecimento seria importanteapontarqueele tratade fenômenosdemassa,poisnem todogrupoé
massificado.Jungcolocaquenamassaaquiloqueéexperimentadocomotransformaçãodapersonalidade
seriaapenasdevidoaprocessosdeidentificaçãoinconscienteentreseusmembros,equeestasseriambem
distintasdaquelasvividasindividualmente:“Trata-semaisexatamentedaidentificaçãodeumindivíduocom
umcertonúmerodepessoasquetemumavivênciadetransformaçãocoletiva”6.Essaidentificaçãocriariaum
certoestadodeânimopeculiar,umaemoçãocompartilhadadeumaexperiênciadetransformaçãoqueapenas
vagamenteseassemelhaatransformação individual. Inclusive,emgruposeriamaisfácilexperimentartal
vivênciatransformadorapois,alémdoindivíduoestarabertoaopoderdasugestão,essasvivênciasocorreriam
emumníveldeconsciência inferior.Alémdisso, tais transformaçõestenderiamanãoperdurar,ficandoo
indivíduodependentedogrupoparaexperimentar taisestadosextáticos–aembriaguezdamassa–que
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poderiamtrazerriscosparaeleeparaasociedade.“Quandosedáumestadoemocionalintenso,dizemosou
fazemoscoisasqueultrapassamamedidausual.[...]Grupos,comunidadeseatémesmopovosinteirospodem
sertomadosporepidemiaspsíquicas”6.
Oque isso significa équenaperspectivade Jung6 alémdessas transformaçõesemgrupo serem
insustentáveis,parecequesetratammaisdeestadosemocionaisintensosdevidoàidentificaçãoregressiva,a
sugestão,eaorebaixamentodaconsciênciadoquepropriamenteaodesenvolvimentoindividual.Aexperiência
daautonomiamanifestado inconsciente– reações involuntáriasqueperturbamoumesmosuprimema
consciência–possuemelevadacargaafetivaequantomaisviolento for talafetomais seaproximariado
patológico.
Umdospoucosargumentosutilizadosporeleafavordosgrupos–lembrandoquenestecontextoele
nãoserefereagruposterapêuticos,massimagruposmassificados–seriaasensaçãodepertencimento,
promovidapelosmesmosgrupos.Elaseriacapazdepromoverexperiênciaspositivas,poisacomunidadepode
incentivaroindivíduo,estimularsuacoragem,suadignidade,assimcomoacolhê-losolidariamente.Maslogo
quereconheceessesméritosJungjáalertaseuleitorqueogrupopodeobviamenteconfundiroindivíduo,
quepassariaaexigircomoumdireitocoisasqueindividualmentenãoseriacapazdeconquistar,epassariaa
demandarqueoutrosindivíduos,governanteselíderesprovejamsuasnecessidades–ouseja–opertencimento
inevitavelmenteinfantilizariaoindivíduoatravésdaregressãoparaformasderelacionamentofamiliares6.
Essaperspectivacontráriaarespeitodapossibilidadedeumasalutartransformaçãodapersonalidade
emgruposacabou sendoadotadapelamaioriadospsicólogos junguianos semmuitosquestionamentos
e, aparentemente, poucos se dedicarama compreensãododesenvolvimentodo indivíduo emgrupos
psicoterapêuticos.Issoserefletenabaixaproduçãoedivulgaçãoacadêmicasobreoassunto.Dos42artigos
levantadosnestapesquisa,40% forampublicadosemrevistasespecializadasempsicologiaanalítica,eos
demaisemrevistassobrepsicoterapiadegruposoupsicologia.
Emsuma,Jungdeixouclaroseuposicionamentoreceosoemrelaçãoagruposeaspsicoterapiasde
grupo,emrazãodorebaixamentoqueestespoderiamprovocarnaconsciênciadosujeitoetambémpornão
considerarastransformaçõesdapersonalidadeemgrupoverdadeirasesustentáveis.Aindaassimele,talcomo
Whitmont7eHall8, consideram queapsicoterapiadegrupopoderiasercomplementaràanáliseindividual,
talvezessacomoumasupostaproteçãoaperdada individualidadedosujeito.Eestepareceseroponto
fundamental:estaremgruposemestarmassificado.
Outrosautores, comporexemploYalome Leszcz9,Hobson10 eBoyd11 afirmamqueoprocessode
transformaçãopessoalatravésdaspsicoterapiasgrupaisseriatãoefetivoquantonaspsicoterapiasindividuais,
desdequeosgrupos recebamanáliseapropriada.Equandoseconsideraaspectospragmáticosdequea
psicoterapiagrupalpoderiademocratizaroacessodapopulaçãoaoserviçopsicológico,ouqueserviriacomo
umaportadeentrada,ouentãocomoWhitmont7frisa–umespaçodelaboratórioparaosparticipantes–
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pareceserestaumamodalidadedeatendimentoquemereçamaisespaçoempesquisas,naformaçãodo
psicólogojunguianoeemsuaprática.
ValeressaltarqueoperíodoemqueJungdesenvolvesuateoriapsicológica–entreofinaldoséculoXIX
emeadosdoséculoXX–haviaumcontextoquejustificavaotemoremrelaçãoàsmassaseosefeitosqueum
grupopodeprovocarnapsiqueindividual.Sullivan12apontaquehavianaépocaumavariedadederegimes
totalitáriosnaEuropaenaÁsia–Alemanha(Hitler),Itália(Mussolini),Rússia(Stalin)eEspanha(Franco),China
(Mao)etambémaeclosãodasduasguerrasmundiais.
OutraforteinfluêncianavisãodeJungarespeitodegruposcomoumtodofoiapontadaporShamdasani13
comoasdisciplinasdeciênciashumanasquesurgiramconcomitanteapsicologianoúltimoquartodoséculo
XIX–antropologia,etnopsicologia,psicologiasocial,psicologiadasmassasesociologia,queapresentavam
ideiasdediferençasdementalidadeentreohomemprimitivo(preponderânciaentreopensamentoelementar,
imaginativoefantástico)eohomemcivilizado(compreponderânciadopensamentodirigido,exigeesforço,
linguagemeabstração),ecomonosgrupospoderiapreponderaropensamentofantasia,edestaformaa
civilidadedohomemmodernosucumbiriaaumfuncionamentoprimitivoeatémesmobárbaro–inconsciente.
Contemporaneamentehaviatambémosestudosemhipnose,demonstrandoapotênciadainfluênciapsíquica
pelasugestão.
Tambémdevemos considerarqueenquanto Jungdesenvolve sua teoria, apsicoterapiadegrupos
encontrava-seemestadogerminal,tendotidoseuápicenadécadade1970,sendoqueJungfaleceem1961.
Destemodo,quandoJungseposicionacontra,nãosesabeexatamentecomoeleaimaginava.Nascartas
trocadascomoHansIlling4,emqueotemaerapsicoterapiadegrupos,vê-sequenenhumdosexemplosque
Jungforneceserelacionaagruposterapêuticostaiscomoconcebidoshoje.
DeacordocomBechelliedosSantos14apsicoterapiadegrupospassaporumperíododeconfiguraçãoe
desenvolvimentoentre1907-1950nosEstadosUnidosefoiiniciadacomJosephH.Pratt,atravésdeumgrupo
deapoioparadoentesdetuberculosequenãopodiamarcarcomoscustosdotratamento.Essegrupotinha
umafunçãopredominantementeeducacionaledeapoioemocionalentrepares.Aotrabalharemgrupo,Pratt
pôdeofereceraassistêncianecessáriaemaiseficazcomosrecursosdisponíveis(tempo,espaço,profissionais,
etc.)destemodo,ostrabalhosemgrupopassaramaseramplamenteadotadosnosanosseguintespordiversas
instituiçõesdesaúdemental15.Esseaspectopragmáticodaspsicoterapiasgrupaisvaiaoencontrodasdemandas
atuaisencontradasnos serviçospúblicosde saúdementaledemocratizamseuacesso16.Concomitantea
Pratt,naEuropa,MorenocomeçavaadesenvolveremVienaaquiloquesetornariaseumétododetrabalho:
a psicoterapia de grupos e o psicodrama9.
Osanosentre1951e2000sãoconsideradosasegundafasenahistóriadaspsicoterapiasdegrupo–o
períododeexpansão,consolidaçãoeamadurecimento.Nesseperíodo–especialmentenadécadade1970
–háumgrandeaumentononúmerodepublicaçõessobreotemaevariabilidadenosformatos,objetivose
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teoriasdebasenaspráticasgrupais14.SãodestaépocaostrabalhosdeCarlRogersePichon-Rivière.SeJung
faleceem1961eascartastrocadascomHansIlling,nasquaiseleseposicionacontraaspsicoterapiasdegrupo,
ocorreramem1955,pode-sesuporquesuaposiçãofinalsemanteveesta,poiselenãopôdetestemunharo
florescimentodessamodalidadepsicoterapêutica.
Hojepodemosconsiderarqueapsicoterapiadegruposéumarealidadeequetemsidoamplamente
utilizada.Rogers17propôsosgruposdeencontroefezumaavaliaçãopositivasobreseusefeitosnosparticipantes.
Entreosmais importantes,destacou: atualizaçãodoeu,determinação, comprometimento, sentimentos
deaceitaçãoeautoestima, confiança,diminuiçãodoautoritarismoemelhoranaqualidadedas relações
interpessoais.JáopsicanalistaPichon-Rivièrevianosgruposumlugarpropícioparaodesenvolvimentoda
consciênciaatravésdeumcontínuoprocessodeaprendizagemapartirdarelaçãocomooutro18.
ComoaexperiênciadeoutrosautoresdapsicologiadegruposparececontradizerasideiasdeJung,
eseconsiderarmosasdiferençasconceituaisdessasteoriassobreohumano,ficamasseguintesquestões:
Seriapossívelpreservar a individualidadeemgrupo?Seriamosprocessos regressivos semprenegativos
paraodesenvolvimentodo indivíduo?Todogrupo terapêuticoé regressivo?Podeocampodapsicologia
analíticacontinuarrefratárioatrabalhoscomgrupos?Parainiciarumatentativaderespondertaisperguntas,
oobjetivodestetrabalhoéabordaropensamentopós-junguianoatualsobreaquestãodepequenosgrupos
psicoterapêuticoseindividuação,atravésdarevisãobibliográficadosartigospublicadosdentrodestetema.
ComoquefoipostonãointencionoinsinuarqueJungestivesseenganadoemsuaperspectivaarespeito
dosgrupos,poisgrupospodemsimserumperigoàindividualidadedeseusmembroseatémesmoàsociedade
comoumtodo.Pretendoapenasprovocarumarelativizaçãodaideiaeconvidarocampoaquestionamentos.
OpróprioJungnosconvidouanãosermosjunguianosedestaformaseguirnodesenvolvimentoteórico.Em
seuprefácioaolivrodeErichNeumann19,datadode01/03/1949,Jungdiz:“[...]tornou-seclaroparaamima
magnitudedasdesvantagensdostrabalhospioneiros[...]eapiordesvantagemdetodaséopioneirosósaber
posteriormentedaquiloquedeveriatersabidoantes.Avantagemdasegundageraçãoéterumquadromais
claro[...].Assimadvertidoepreparado,podeumrepresentantedasegundageraçãoalcançarasconexões
maisdistantes,deslindarproblemasefazerumrelatocoerentedocampodeestudocomoumtodo,cujavisão
geralopioneirosópoderáobternofinaldotrabalhosuavida”19.
Aparentementeapossibilidadedepreservaçãoedesenvolvimentodaconsciênciaindividualéachave
paraqueosgrupospsicoterapêuticostambémpossamserbemvistosporessecampo,poisistoafastariao
fantasmadamassificaçãogrupal.Umexameaprofundadosobrecomoestescontribuemnodesenvolvimento
individualénecessário.Parece fundamental ampliaroentendimento sobreosprocessos regressivosque
podem operar napsicologiadosgruposesuarelaçãocomodesenvolvimentohumanoparaquetenhamos
umamelhorcompreensãodosfenômenosgrupais,assimcomoparainstrumentalizaropsicólogoqueconduz
trabalhosgrupaisalidarcomeles.
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Método
Paraarealizaçãodesteartigo,foifeitainicialmenteumapesquisaestruturadanasseguintesbasesde
dados:ScopuseScielo,comtaiscritériosderestrição:artigos;idiomas–inglêseportuguês;área–psicologia.
Tambémforamconsultadasasbasesdastrêspublicaçõesjunguianasmaisinfluentesnaatualidade:JungJournal:
Culture&Psyche,InternationalJournalofJungianStudieseoJournalofAnalyticalPsychology,massemcritérios
iniciaisderestrição,porserembasesderevistasespecializadasnocampodaPsicologiaAnalítica,eminglês.
Períododasbuscas:fevereirode2018.Aseleçãodosartigosapresentadosnosresultadosfoifeitaatravésdo
títuloedoresumo.Foramselecionadosaquelesquetratavamdepequenosgruposdedesenvolvimentopsíquico,
noreferencialdaPsicologiaAnalítica.Foramexcluídosaquelesquetratavamdapsicologiadegrandesgrupose
massas,assimcomodegruposnosentidodeclassesdepessoas.Nãofoilevadoemcontaanodepublicação.
Posteriormentetambémforamrealizadasbuscasnãoestruturadas,porartigosespecíficosencontradosnas
referênciasdaqueleslevantadosanteriormenteenaliteraturadaárea.
NabaseScielo (scielo.org)osseguintestermosforampesquisados:GrupoANDPsicologiaAnalítica;
GrupoANDJung;IndividuaçãoANDGrupo;SombraANDGrupo;PersonaANDGrupoPsicologiaArquetípica
ANDGrupoeHillmanANDGrupo.
OsseguintestermosforampesquisadosnabaseScopus,restritosaoscamposresumo,títuloepalavras-
chave:Analytical Psychology AND Group; Jung AND Group; Anima OR Animus AND Group; Hillman and Group;
Archetypical Psychology AND Group; Shadow AND Group; Persona AND Group e Individuation AND Group.No
campo“autores”foipesquisadoLouisZinkin,reconhecidoporsuaproduçãosobregrupos.
Nasbasesdaspublicaçõesdepsicologiaanalítica–JungJournal,JournalofAnalyticalPsychologyeo
InternationalJournalofJungStudies–otermopesquisadofoiGroup.
Essesresultadossomam50artigos,mas42nototal,seretiradasasrepetiçõesderesultados.Entreos
artigoslevantadosverificou-sequemetadedaprodução–21artigos–pertenceàsdécadasde1980e1990.
Asdécadasde1950,1960e1970somam11artigos,eosanos2000até2018totalizam10artigos.
Destes,17artigosforampublicadosemrevistasespecializadasempsicologiaanalítica,20empublicações
especializadasempsicoterapiasdegrupo,e5empublicaçõesdetemasdiversos.Asduaspublicaçõescomo
maiornúmerodeartigossobregruposepsicologiaanalíticasãooJournalofAnalyticalPsychology,daSocietyof
AnalyticalPsychology,totalizando12,eaGroupAnalysis,daGroupAnalyticSociety,comototalde10.Ambas
publicaçõessãoprodutosdesociedadessediadasemLondres.Oprincipalautordocampojunguianoquetrata
arespeitodepsicoterapiadegrupos,LouisZinkin,eramembrodeambasetinhacomosupervisorementor
oanalistajunguianoMichaelFordham,fundadordaescoladesenvolvimentista,oquesugereumainfluência
destaescolanarevisãodopapeldogruponodesenvolvimentopsíquicodosujeitoe,consequentemente,a
possibilidadedeumamodalidadegrupaldepsicoterapianocampodapsicologiaanalítica.
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Discussão
Individuação e grupos
Apartirdosartigoslevantados,foipossívelpercebertrêsimportantespontosarespeitodaspsicoterapias
degruponumaperspectivajunguiana.Oprimeiroéumaposiçãopositivadosautoresarespeitodapossibilidade
deindividuaçãonointeriordessesgruposeosegundooreconhecimentodealgunsdosprincipaisautoresda
presençadetendênciasregressivasnosmesmos,porentenderqueseuaspectomaternaleacolhedorpoderia
infantilizarsimoindivíduo,mastambémdesempenharumimportantepapelnastransformaçõesindividuaisque
ocorremnointeriordosgrupos.Oterceiropontoéqueaindanãoexisteummétodojunguianosistematizado
deanálisedegrupos,massimalgumaspossibilidadesinteressantes.
Começandopelaprimeiraconstatação:apossibilidadededesenvolvimentopsicológiconointeriorde
pequenosgrupos.PrimeiramenteveremoscomoJungtrataessapossibilidadeeemseguidaacontraposição
feitaporautoresposteriores.A individuaçãoéumdos conceitos centraisna teoria analíticaepode ser
compreendidacomoarealizaçãodapersonalidadetotaloriginária–oself.“Apesardeserumideale,portanto,
inalcançável,ametafinaldaindividuaçãoseriaaatualizaçãodoselfcomoumtodo.Destaformaoself seria,
portanto,oresultadodoprocesso,masaomesmotempo–comoumagenteorganizadorinconsciente–éo
impulsoorientadordaindividuação,reciprocamenteregulandoosvárioscomponentesdapersonalidade”20.
Jung21defendequeaindividuaçãoimpulsionaohomemparaoincomum,paraoemancipar-sedasmassas,
dosgruposedeseuscaminhos.Nestetexto,decorrentedeumaconferênciade1932,apalavragrupodeve
sercompreendidacomosinônimodemassa.ParaJung,somenteassim,separando-sedocomum,ohomem
possuiriaumapersonalidadeverdadeira,poisobedeceriaàsuapróprialeiedelanãopoderiaesquivar-se.
Emoutraspalavras,umprocessodeadaptaçãoaomundointerno.“Agrandezadaspersonalidadeshistóricas
jamaisconsistiuemsubmeterem-seincondicionalmenteàsconvenções,masaocontrário,emselibertaremese
livraremdasconvenções.Aspersonalidadessedestacaramdamassacomopicosdemontanhaseescolheramseu
própriocaminho,enquantoamassaseapegavaatudooqueécoletivo:temores,convicções,leisemétodos”21.
Emoutrotexto,datadode1916,Jungdizqueaindividuaçãoeacoletividadesãoumpardeopostos,
doisdestinosdivergentes,poisaexigênciadogruposocialperanteo indivíduoéqueele trilhecaminhos
autorizadosevalidadospelacoletividade,atravésdaimitaçãoedaidentificação.Aindividuaçãoretirariaa
pessoadacoletividade.Noentanto,issonãodeveriasercompreendidodemaneiraliteral,esimemtermos
deseparaçãopsíquica5.
Esses textosexplicitamavisãode Jung sobreosefeitosnegativosdogrupo socialnoprocessode
individuação–quecomoéconcebidocomoumprocessodeadaptaçãoaomundointerno,paraeleindividuação
ecoletividadeseriamcaminhosirreconciliáveis.Porémissodeveserpensadonocontextodegrupocomo
sinônimodemassa,maséprecisoconsiderarquenemtodogrupooperadestamaneira.
Inegavelmenteosgruposestãonabasedaconstituiçãopsíquicadohumano.Hobson22, Fiumara20 e
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Zinkin23defendemqueoprocessodedesenvolvimentopsíquicodepende,emqualqueridade,decomplexos
padrõesderelacionamentosgrupais.HobsonestranhaqueocampodaPsicologiaAnalíticatenhaevitado
aplicarseusprincípiosaocontextogrupal,jáquearelaçãoentreindivíduoegruposocialéinerenteànoção
deinconsciente.Seriaapartirdosocial–oudoinconsciente–queoindivíduoemergeatravésdoprocesso
dediferenciaçãoeindividuação.“Sociedadeéarealidadeprimáriaaqualéanterioraoindivíduoe,assim
comoaconsciênciasedesenvolveapartirdoinconsciente,oindivíduosedesenvolveapartirdasociedade”10.
ParacorrigiressalacunaentreosprincípiosdaPsicologiaAnalíticaeodesenvolvimentodapersonalidade
tambémapartirdosocial,Samuels24afirmaqueéprecisocorrelacionaroprocessodeindividuaçãoaosgrupos
eavidaemsociedade,poisnãoexistequalquercontrassensoteóriconestarelação.A individuaçãoéum
processoaomesmointrapsíquicoeinterpsíquico,marcadoporumamelhoranacapacidadederelacionar-secom
componentesnãoegóicos.Assimsendo,praZinkin23aindividualidadesópodeexistirseexistirprimeiramente
nacultura,poisasociedadenãosóameaçaoindivíduomastambémocultivaeécultivadoporele,sendoo
convíviohumanoeodiálogocondiçõesprimáriasparaaindividuação,porpossibilitaradiferenciaçãoentre
egoenão-ego,alémdesíntesesentreoselementos.ComobemapontaWhitmont7,antesdesermoscapazes
dedialogarcomasfigurasdomundointernoéprecisodialogarcomasfigurasdomundoexterno.
Freitas3 e Fiumara20 ressaltamtambéma importânciadavivênciadospapéissociaisnaconstituição
psíquicadoindivíduo.Àmedidaemqueasrelaçõesinterpessoaisvãoseestabelecendo,oindivíduopode
ir sediferenciandopelospredicadosque lhes sãoatribuídos.Ospapéis sociaispodem lhegarantiruma
definição,umstatus,quelhepermitiriamover-selivrementenasociedadeatravésdeseuspapéisetambém
desuaspersonas,poisseantespersonaeradefinidacomoumsegmentodapsiquecoletiva,queemprestava
aosujeitoumaaparênciadeindividualidade,enquantoeraapenasumcompromissoentreeleasociedade,e
quenecessariamentedeveriaserremovidaparaqueoselfserevelasse,hojesabe-sedopotencialcriativoda
persona,cujaprincipalfunçãoéadepôrohumanoemrelacionamentosemnecessariamentedestituí-lode
suaindividualidade.Edestaformaasupostaoposiçãoentreindivíduoecoletividadeérelativizada3.
Alémdisso,pareceserpossívelafirmarquegruposfazempartedodesenvolvimentopsíquicodetodo
serhumano.Aadaptaçãopsicológicaaomundoexternoe,portanto,aosvalorescoletivos,édefundamental
importâncianesseprocesso.AtémesmoJungnãodesconsideraaimportânciadasociedadenesseprocesso:
“Oindivíduoéobrigado,porexigênciadacoletividade,acomprarsuaindividualidadeatravésdeumaobra
equivalenteemfavordasociedade”5.
EmprestodeBoydoparágrafoaseguircomoresumodestaprimeiraparte:“[...]existesuportetanto
teóricoquantoempíricoparaaafirmaçãoqueaparticipaçãoempequenosgrupostemopotencialdefacilitar
osprocessosdeindividuação,apesardadifundidarelutânciaentremuitospsicólogosdeabordagemanalítica
emaceitarestatese.Suasobjeçõesparecempresumirqueopequenogrupointerativopermanececomouma
massaindiferenciadaqueinduzumaperigosaregressãoeconformismoentreseusmembros.Existepouca
dúvidadeque,casonãosejaconduzidopropriamente,opequenogrupopossaemanifesteessascaracterísticas
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indesejáveis,maisatribuídasamultidãoouaopopulacho.Contudo,comotemosvisto,quandoconduzidopor
lídereshabilidosos,opequenogrupointerativopodeetrabalhaatravésdessasinfluênciaspotencialmente
destrutivas.Oresultadoéumcontextosocialqueelevaopotencialparaquetransformaçõesocorramentre
seusmembros.Dadoopotencialdopequenogrupointerativoparacontribuircomtransformaçõesnaturais
noscompetecompreendermelhorasdinâmicassubjacentesdessesgruposeaformacomoessasdinâmicas
podemtantofacilitarquantoimpediroprocessodedesenvolvimentoentreseusmembros”11.
O aspecto feminino, regressivo e transformador dos grupos: da Grande Mãe ao mito do Herói
Asegundaconstatação feitaapartirdo levantamentodosartigoséo reconhecimentoporgrande
partedosautoressobreoaspectofemininodospequenosgruposterapêuticos.Whitmont7,Boyd11, Fiumara20
eZinkin23,25,26salientamqueoaspectomaternalefemininodosgruposserelacionadiretamentecomsua
capacidadedeinstaurarumaexperiênciadeproteçãoecontençãonumacomunidade.Ogruposocialserve
primeiramentecomoumamatrizparaodesenvolvimentodoindivíduo,quetendeaficarinconscientecaso
permaneçanumestadodeidentificação.Emseuaspectopositivo,aidentificaçãoprovêumsensodesegurança
eproteção,eemseuaspectonegativo,acabaporameaçaraindividualidadeeaconsciênciadeseusmembros.
Sercontidoemumgrupoépsiquicamenteanálogoàcontençãodoegopeloinconsciente.Talsetting
acolhedorpodeinduziroindivíduoaumaregressãoparaummodomaisinfantilizadodecomportamento,
masissosóseriaumproblemacasohouvesseumafixaçãonessefuncionamento,levandoàestagnaçãodeseu
processodeindividuação–assimcomopoderiasertambémproblemáticocasosedessenumapsicoterapia
individual.
Jung27 afirmaquea regressãoda libido,assimcomoaprogressão, sãoetapasdodesenvolvimento
psicológico,quepassamaimpressãodoindivíduoestaremumestadoinfantil,ouatémesmoembrionário,
noseiomaterno.Écomumquearegressãoocorraemmomentosdedificuldadeadaptativa,enelaécomose
alibidoescoassedaconsciênciaefossedirigidaaoinconsciente,comafinalidadedeativarnelenovosmodos
deser,ouentãoaquelesconteúdosqueficaramcindidosousubdesenvolvidosnoinconsciente.Destaforma,
umanovaadaptaçãopodeocorrercomoauxíliodessesnovosconteúdose,frequentemente,apsicoterapia
ébuscada–sejaindividualougrupal–emmomentosdedificuldadeadaptativa.
ParaZinkin,oaspecto femininodogruposeriamanifestadopor contenção, suporteenutrição–o
continente.Enele,conteúdoecontinentesetransformariamreciprocamente,deformaanálogaàrelaçãoentre
conscienteeinconsciente.Nasmitologias,esseaspectocontenedoretransformadordogrupoérepresentado
porumcontinentemágico,umvasooucálicemiraculoso,queoperatransformações23,25,26.
Omaior (grupo/ inconsciente) contémomenor (indivíduo/ego),e, comoEdinger28 coloca, o ego
podedissolver-seno inconscienteetersua individualidadeameaçada,mastambémpodebanhar-secom
finsderenovação,emmútuatransformação.“Pensavamosalquimistasqueumasubstâncianãopoderiaser
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transformadasemantestersidoreduzidaàprima materia”28.Essareduçãodasubstânciaàprima materia
equivaleria,emtermospsicológicos,aumadissoluçãoparcialdaconsciênciaeumaregressãoaumestado
maisinconsciente,indiferenciado,comocondiçãonecessáriaparatransformaçãodapersonalidade.Emoutras
palavras:osaspectosregressivospossibilitariamodesaparecimentodeummododeserdoegoparaqueuma
formaregeneradapossasurgir.Quandoofenômenodadissoluçãoparcialdoegoatravésdaregressãoocorre
numgrupo,istosignificariaqueoself estásendoexperimentadocomoumaprojeção,eele–projetadoou
não–seriaoagentedestadissolução.Talfenômenoprovoca“acoletivizaçãodoindivíduo,cujascaracterísticas
ímparessãodissolvidasporumaidentificaçãocomonovopontodevista”28.Porém,adissolução,emseu
aspectosuperior,seriaapossibilidadedareduçãodoegocomoumprelúdioaoposteriorsurgimentodeuma
personalidade mais ampla, vinculada ao self.
Então,desdequeosmembrosnãosefixemnosaspectosregressivosdogrupo,estadissoluçãodeaspectos
egóicosnãovinculadosaoself seriaumadascondições fundamentaisparaaocorrênciada individuação.
Hobson10eBoyd11ressaltamqueessesaspectosregressivosdogruposãoeventualmentenecessáriosparaa
retomadadedesenvolvimentodapersonalidade.Essapossibilidadedequeepisódiosregressivosfaçamparte
dodesenvolvimentopsicológiconormaldoindivíduoatééreconhecidanomeiojunguiano,aomesmotempo
queafixaçãonessacondição(fixaçãonamãe)sejaaltamentetemida29.
Jungcolocaclaramentequearegressãonãosetratadeumadegradaçãopsicológica,esimumafaseda
evolução,equesósepoderiafalareminvoluçãocasohouvesseumaestagnaçãoemtalestado27.
Osmembrosdeumgrupoterapêuticopodemaprenderaseprotegercontraapossibilidadedeterem
suasindividualidadesdissolvidaspelaidentificaçãoregressiva,poisnosettingterapêuticocadaparticipante
temaoportunidadede seafirmarede ser confirmadopelosoutros integrantese,destemodo,ogrupo
favoreceodesenvolvimentodaalteridadeprotegendoseusmembrosdadissoluçãodaconsciênciaecriando
umaimunidadeaocontágiopsíquicodasmassas3,7.
Pelostrabalhosqueforamlevantados,parecequeapsicoterapiadegrupopodefavoreceroprocessode
individuaçãodeseusmembrosdesdequenãohajaumafixaçãoemmodosmaisinfantilizadosouregredidosde
funcionamento.Mas,aregressãoemsinãopodeserconsideradaoproblema,poisfazpartedodesenvolvimento
normaldoindivíduo.Alémdisso,éumfenômenoqueaparecetambémnapsicoterapiaindividual.Veremos
aseguirosmétodosdeanálisedegrupospropostospelosartigosselecionados,queporseuspressupostos
teóricosmaisseaproximariamdeumaanálisejunguianadegrupos.
Psicoterapia de grupos junguiana
Aanálisejunguiana,sejanotrabalhoindividualougrupal,adotaumaperspectivasimbólicae,segundo
Samuels24, a teoria do self,comocontinenteereguladordetodasaspartesdistintasdapersonalidade,éaplicável
tambémàpsicologiadosgrupos.Porém,háumconsensoentremuitosautoresdosartigoslevantadossobre
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afaltadeummétodosistematizadoparaumapsicoterapiadegrupojunguiana10,30.
Ospsicólogosdaáreatentamdescreverasdinâmicasdosgruposterapêuticosemtermosdemodelos
consideradosarquetípicosesimbólicos31.Essaideiadequeimagensarquetípicasesímbolostememergido
espontaneamenteesidoobservadosemgruposéreferenciadapordiversosautores.Estesestudiososafirmam
quetemasarquetípicossemanifestamatravésdosconteúdosproduzidospelosmembros,assimcomoem
seuspadrõesderelacionamento,equeosurgimentodeimagensarquetípicasobserváveisnosgruposfornece
materialparaanálise,assimcomosinalizamasfasesdetransformaçãopelasquaistantoogrupoquantoseus
membrospassam,jáqueessasimagensarquetípicasilustramtambémarelaçãoentreconscienteeinconscien-
te7,10,11,20,22,23,26,32,33,34,35.
Aautonomiaeamanifestaçãodasimagensarquetípicasnosgrupospareceserumagrandepreocupação
deJung:“Quandosetratadomovimentodamassaenãomaisdoindivíduo,cessamosregulamentoshumanos
eosarquétipospassamaatuar”36.Aúnicasaídaparaumaeventualcatástrofeseriase“amaioriadosindivíduos
conseguiramortecerosefeitosdosarquétipos”36atravésdaconsciência.Taltemordevesercompreendidoem
relaçãoaumgrupomassificado.AomesmotempoemquetemeesselevantearquetípicoJung1reconheceo
valordessesconteúdos,comoumapromessaderenascimento.Whitmont7mantémomesmoentendimento
eafirmaqueosconteúdosarquetípicosconsteladosnogrupopoderiamcertamentecausarproblemasquando
desrespeitados,mas,comoquaisqueroutrosarquétipos,poderiamserconstrutivosquandoconfrontados
adequadamentepelosmembrosdessegrupo.Paraoautorcertasdimensõesdoarquétiposópoderiamser
experimentadasemgrupo–eporissocertasreligiõessugeririampráticasgrupais.
Outropontoquemuitosautoresconcordamnosartigos levantadoséqueexistempelomenostrês
níveisprincipaisousistemas interacionaisenvolvidosnosprocessosgrupais.Cadasistemaatuacomoum
subsistemadooutro,eoprimeirodelesseriaointrapsíquico–ouindividual.Osegundotratadospapéise
dasinteraçõesentreseusmembros,sendointerpsíquicooutransacional.Oterceirodelesseriaogrupocomo
umtodo,quecompreendeaideiaatémesmodeumselfgrupal.Byington38 ampliou o conceito de self para
abrangerqualquerdimensãodetotalidadealémdapersonalidadeindividual.Oself grupal seria um sistema
queemfunçãodarepresentaçãoedainteraçãopsicodinâmicadeseuscomponentesseriacapazdeestruturar
aidentidadedoegoedooutro,tantonaconsciênciaquantonoinconsciente.Boyd11,aodiscorrersobrea
estruturadosgrupos,concordaqueelaécompostaporessesmesmossistemas,eapesardemanterosentido
osnomeiadeformaanáloga:pessoal,socialecultural.Eleformulaummétodosistemáticoparaaanálise
dodesenvolvimentodaconsciênciaempequenosgrupos.Suametodologiaéfocadanosistemaculturalde
pequenosgruposeaênfaserecainodesenvolvimentodogrupocomoumtodo.Zinkin23,25,26,39, assim como
Boyd11,tendeaenfatizarogrupocomoumtodo,aindaquereconheçaquesejaumaabstraçãocontroversa,
eressaltaaimportânciadaconstruçãodeumsettingquefavoreçaatransformaçãodogrupo,porumhábil
condutor,paraobemdoindivíduo.Hobsonconcebeetrabalhacomogrupotantocomounidadequanto
comomultiplicidade:“[...]umgrupopodeserdescritoecompreendidodeduasformasdistintas,tantoem
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termosdemecanismospsicológicosdecadaumdeseusmembrosquantoemtermosdepadrõesdinâmicos
observadosnogrupocomoumtodo”22.
Outraquestão relevanteque surgenosartigoséopapeldodiálogoedas interaçõeshumanasno
desenvolvimentodapersonalidade.SegundoZinkin23,39 e Fiumara20,odiálogoseriaoelementochavenãosó
naanálisegrupal,comoestarianocentrodocrescimentohumanodesdeainfânciaatéamorte.Odiálogo
contribuinoprocessodeindividuaçãoeatuacomoaquiloquesepara(distingue)ecomoaquiloquereúne.
Aseparaçãopsíquicanãosedáporisolamentosocialesimpeloconhecimentodooutro, e o diálogo com
omundoexternoétãoimportanteparaaindividuaçãoquantoodiálogocomomundointerno.Abaseda
análisedegrupoéacomunicaçãolivreentreosmembrosnumarederelacionalquepossibiliteacontenção
maternalpelogrupoparaqueastransformaçõespossamocorrer7.ParaHobson22,nosgrupospsicoterapêuticos,
odesenvolvimentoocorrepelamodificaçãodasatitudesconscientesatravésdaassimilaçãodoselementos,
atéentãoinconscientes,alcançadospelaexperiênciaepelorelacionamentocommaispessoas.Outraforma
detrabalhopsicoterapêuticogrupal,numaperspectivajunguiana,queaparecenapesquisasãoosgrupos
vivenciais.Freitas3argumentaqueelesfavorecemavivênciadosconteúdosaoinvésdaanálisedosmesmos,
etrabalhamtambémnostrêssistemassupracitados.
Conclusão
Ocampodapsicologiaanalíticanegligênciaoestudodapsicologiadosgruposeconsequentemente
suaaplicaçãoatravésdapsicoterapiagrupal.Elaéreconhecidacomoummétododialético,entreterapeutae
paciente.Cronologicamente,nosescritosdeJung,percebemosamanutençãodeseuposicionamentocontrário
asinfluênciasgrupaisatéquaseofimdesuavida–1955–eumavisãoconsistentedequequalquergrupo
depessoasseconfigurariacomoumacoletividade.Osgrandesargumentosresponsáveisporessalacunasão
otemoremrelaçãoaosaspectosregressivosgrupais,comorebaixamentodaconsciênciaeosperigosdo
aumentodasugestionabilidadeedainfluência/possessãocoletivaporcomplexosautônomosouarquétipos.
Alémdisso,navisãoclássica,aparticipaçãoemgrupospareceservistacomoalgoquecaminharianacontramão
doprocessode individuação,poispressupõe-sequeo indivíduopriorizaria seguiras leiseasnormasda
coletividadeenãoasdesipróprio.Noentanto,algunsanalistasperceberamainfluênciafundamentalepositiva
dasociedadenodesenvolvimentopsíquicohumanoedesenvolveramtrabalhoscomgrupos terapêuticos,
assentadosnopressupostodequeasociedadeéacondiçãoprimáriaparaodesenvolvimentodoindivíduo23.
Essaspesquisastambémrelativizamotemorarespeitodosaspectosregressivosgrupais,que,apesardeocorrer
emeventualmentenosgruposterapêuticosporcontadeseucarátermaterno,nãonecessariamenteseriam
algoqueoperariacontraodesenvolvimentopsíquico,esimafavordelequandobemmanejado,atéporque
seriaumadascondiçõesnecessáriasaoprocessodeindividuação.Aregressãosóseriaumproblemacaso
houvesseumafixaçãonesteestágiodedesenvolvimento(fixaçãonaGrandeMãe).Acontençãodoindivíduo
numgrupopodeforneceramatrizparaaretomadadodesenvolvimentodaconsciênciaeparaaafirmação
daindividualidadeatravésdosrelacionamentoshumanos.Cabemmaispesquisassobreseodesenvolvimento
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daconsciênciaeoprocessodeindividuaçãosãopossíveisemgrupo,comoissosedaria,assimcomoopapel
daregressãonessesprocessos.Algunsautorestêmtrabalhadoparaesclarecerestasquestõesediminuira
lacunateóricasobreestetemanapsicologiaanalíticaeconsequentementeampliarosmétodosetécnicas
paraapráticadeumapsicoterapiadegrupojunguiana.
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Contribuições:AnaLuisaTesta–Análiseestatística,ColetadeDados,Investigação,Metodologia,Redação–
Preparaçãodooriginal,Redação–RevisãoeEdição;
CarlosAugustoSerbena–Supervisão.
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Correspondência
Ana Luisa Testa
e-mail:analuisatesta@gmail.com/e-mailalternativo:contato@terapiaemdia.com.br
Carlos Augusto Serbena
e-mail:caserbena@gmail.com
Submetidoem:17/10/2018
Aceitoem:11/03/2019
ANEXO
Atabelaabaixoapresentaosresultadosrelevantes,porordemdeanodepublicação:
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JungandBakhtin1996 GroupAnalysis
Mary AddenbrookeThecreativepotentialofplayandregressioninanalyticaltraining:a
personalreflection1997 JournalofAnalyticalPsychology
Laura Villares de Freitas
Gruposvivenciaissobumaperspectivajunguiana
2005 PsicologiaUSP
Dale Mathers, Fiona Palmer Barnes &
Amélie Noack
‘Heldinmind’or‘Hellinmind’:grouptherapyinPoland
2006 JournalofAnalyticalPsychology
REV. BRAS. PSICOTER., PORTO ALEGRE, 21(2), 59-77, 2019 77
PsicoteraPia de gruPos e Psicologia analítica
ISSN 2318-0404I
Autor(es) Título Ano PublicaçãoJean Kirsch & Suzy
SpradlinGroupprocessinJungiananalytictraining
andinstitutelife2006 JournalofAnalyticalPsychology
Andrew HedeTheshadowgroup:Towardsan
explanationofinterpersonalconflictinworkgroups
2007JournalofManagerial
Psychology
Roger BrookeUbuntuandtheIndividuationProcess:
TowardaMulticulturalAnalyticalPsychology
2008 PsychologicalPerspectives
Sharon HeathAJungianAliceinSocialMediaLand:
SomeReflectionsonSolastalgia,KinshipLibido,andTribesFormedonFacebook
2012 Jung Journal
Thom F. CavalliTheLostCause:AJungianCritiqueofThe
Master2013 Jung Journal
Christian MaierBionandC.G.Jung.Howdidthe
container-containedmodelfinditsthinker?Thefateofacryptomnesia
2016 JournalofAnalyticalPsychology
Alexandra L. Fidyk
Unconscioustiesthatbind–attendingtocomplexesintheclassroom:part1
2016InternationalJournalofJungian
StudiesUnconscioustiesthatbind–attendingto
complexesintheclassroom:part22016
InternationalJournalofJungianStudies
Atabelaabaixoapresentacapítulossobreotemaencontradosnaliteratura,excluindo-seartigosjácitados
natabelaanterior:
Autor(es) Capítulos AnoRobert D. Boyd & John M.
DirkxMethodologyforthestudyofthedevelopmentofcon-
sciousnessinthesmallgroup1991
John M. DirkxUnderstandinggrouptransformationthroughthefocal
person concept1991
Robert D. Boyd and J. Gordon Myers
Griefwork:asocialdynamicingrouptransitions 1991
Jean R. Saul Aconceptualizationofindividuationinlearningsituations 1991Robert Boyd & Mary Ellen
KondratTheanimaandanimusinthetransactionsofsmallgroups 1991
Robert D. BoydMary:acasestudyofpersonaltransformationinasmall
group1991
Facilitatingpersonaltransformationsinsmallgroups 1991
Louis ZinkinIsJungiangroupanalysispossible? 1998
Thedialogicalprinciple:Jung,FoulkesandBakhtin 1998