UNIVERSIDADE DE SO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRO PRETO
ALINE MARIA BONINI MOYSS
Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no
tratamento quimioterpico
RIBEIRO PRETO
2014
ALINE MARIA BONINI MOYSS
Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no tratamento
quimioterpico
Dissertao apresentada Escola de
Enfermagem de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo, para a obteno
do ttulo de Mestre em Cincias, junto ao
Programa de Ps-Graduao Enfermagem em
Sade Pblica.
rea de Concentrao: Enfermagem em
Sade Pblica
Linha de Pesquisa: Processo Sade-Doena e
Epidemiologia
Orientadora: Profa. Dra. Thais de Oliveira
Gozzo
Ribeiro Preto
2014
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL E PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL E ELETRNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRFICA
Moyss, Aline Maria Bonini
Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no
tratamento quimioterpico. Ribeiro Preto, 2014.
152 p. : il. ; 30 cm
Dissertao de Mestrado, apresentada Escola de Enfermagem de
Ribeiro Preto/USP. rea de concentrao: Enfermagem em Sade
Pblica.
Orientadora: Gozzo, Thais de Oliveira.
1. Nusea. 2. Quimioterapia. 3. Neoplasias. 4. Diagnstico de
Enfermagem.
FOLHA DE APROVAO
Nome: MOYSS, Aline Maria Bonini
Ttulo: Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no tratamento
quimioterpico.
Dissertao apresentada ao Programa de
Enfermagem em Sade Pblica da Escola
de Enfermagem de Ribeiro Preto da
Universidade de So Paulo para a obteno
do ttulo de Mestre em Cincias.
Aprovado em: ____/____/ _____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________
Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________
Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________
Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________
Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________
Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________
DEDICATRIA
Aos pacientes com cncer, grandes
guerreiros, por enfrentarem sem escolhas o desafio
entre o tratamento quimioterpico e os eventos
adversos advindos dele.
Mulheres, idosos, crianas, que mesmo
indiretamente contriburam tanto no decorrer deste
trabalho, s tenho a lhes agradecer.
AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Marcelo, por compartilhar cada momento comigo, os bons, os
difceis, as angstias, privaes e agora esta conquista.
Aos meus pais, Sueli e Jos Pedro, pela educao, apoio, segurana e palavras de
otimismo diante dos desabafos sobre a profisso.
Aos meus irmos, Alexandre, Andr e Amanda, que tambm acompanharam o
transcorrer deste trabalho.
A minha famlia e famlia do Marcelo que estiveram presentes e dando palavras de
apoio nesta trajetria.
A todos os meus amigos que de alguma forma acompanharam este momento,
sempre apoiaram e incentivaram minha escolha.
A minha orientadora, Profa Dra Thais de Oliveira Gozzo, pela leveza com que
conduziu esta orientao, pelas discusses clnicas, no cobrando mais do que eu
poderia oferecer, respeitando minhas limitaes e acima de tudo pela parceria.
A Profa Dra Ana Maria de Almeida, pelas contribuies, ensinamentos no Grupo
de Pesquisa e por estar presente neste momento. Voc tem todo meu respeito.
A Profa Dra Emlia Campos de Carvalho, pela sugesto do tema a ser investigado,
pelo importante e rico aprendizado durante as disciplinas na ps-graduao.
A Profa Dra Maria Clia Barcellos Dalri e Profa Dra Renata Cristina de Campos
Pereira Silveira pelas valiosas contribuies durante o exame de qualificao e no
decorrer deste trabalho.
Aos demais docentes, funcionrios da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto e
funcionrios da Universidade de So Paulo Campus de Ribeiro Preto, que me
forneceram conhecimento, amadurecimento profissional e me auxiliaram em
diversos momentos na ps-graduao.
A minha chefia do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina de Ribeiro
Preto que me proporcionou condies e apoio para o desenvolvimento deste
trabalho.
As minhas amigas Lilian de Andrade S e Rosemeire Aparecida de Oliveira de
Carvalho, primeiramente pela amizade, mas tambm pelas oportunidades,
discusses enriquecedoras, apoio nos momentos de fraqueza, palavras de incentivo,
por compartilhar e compreender as barreiras em conciliar assistncia e cincia,
enfim, meu muito obrigada.
A toda equipe de enfermagem e escriturrias da Central de Quimioterapia e
Ambulatrio de Oncologia do HCFMRP, que acompanharam minha jornada e
pela forma humanizada com que assistem os pacientes oncolgicos.
DESEJOS
Desejo a vocs...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no porto
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sbado com seu amor
Chope com amigos
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de voc
Msica de Tom com letra de Chico
Ouvir uma palavra amvel
Ter uma surpresa agradvel
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter f em Deus
Rir como criana
Escrever um poema de Amor
Que nunca ser rasgado
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova cano
Esperar algum na estao
Queijo com goiabada
Pr-do-Sol na roa
Uma festa
Um violo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Tocar violo para algum
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
E muito carinho meu.
Carlos Drummond de Andrade
http://pensador.uol.com.br/autor/carlos_drummond_de_andrade/RESUMO
MOYSS, A. M. B. Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem nusea no
tratamento quimioterpico. 2014. 152 f. Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem
de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2014.
Este estudo trata-se de uma anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no
tratamento quimioterpico, de acordo com o modelo de Walker e Avant. Os objetivos
foram: identificar e sintetizar o conceito nusea em pacientes durante o tratamento
quimioterpico por meio de uma reviso integrativa; identificar os atributos, os
antecedentes, as consequncias e os referenciais empricos da nusea relacionada
quimioterapia; elaborar um caso modelo, um caso-relacionado e um caso-contrrio do
conceito nusea em pacientes durante o tratamento quimioterpico; comparar a definio
de nusea da NANDA-I, edio de 2012-2014 com as definies de nusea encontradas
nos estudos da reviso integrativa; comparar os atributos definidores da nusea relacionada
quimioterapia na literatura com as caractersticas definidoras e os antecedentes com os
fatores relacionados do diagnstico de nusea da NANDA-I. Foram seguidas as oito etapas
da anlise de conceito de Walker e Avant: seleo do conceito, objetivos da anlise
conceitual, identificao dos possveis usos do conceito, determinao dos atributos
definidores, identificao do caso modelo, identificao de casos adicionais, identificao
de antecedentes e consequncias e definio de referenciais empricos. Para este estudo foi
selecionado o conceito de nusea em pacientes em tratamento quimioterpico e o objetivo
da anlise foi investigar se o diagnstico de enfermagem nusea da NANDA-I contempla o
tratamento quimioterpico como fatores relacionados. Posteriormente foi realizada uma
reviso integrativa para identificar os possveis usos do conceito, bem como os referenciais
empricos, os antecedentes e consequncias. O atributo definidor mais frequente foi
transpirar; os antecedentes mais encontrados foram idade menor que 50 anos, potencial
emtico do quimioterpico e ansiedade e a consequncia foi reduo na qualidade de vida.
Quanto aos referenciais empricos mais usados pelos autores dos estudos da reviso
integrativa foram, dirio do paciente, Escala Visual Analgica e entrevista. No houve
divergncias entre a definio de nusea da NANDA-I e as dos estudos da reviso. Entre as
caractersticas definidoras e os fatores relacionados da NANDA-I, edio de 2012-2014,
foram identificados nos estudos da reviso integrativa: averso comida, relato de nusea,
salivao aumentada, cinetose, ansiedade e medicamentos. Esta anlise de conceito
possibilitou a percepo de que tratamento quimioterpico ou a quimioterapia devem ser
includos relao dos fatores relacionados do diagnstico de enfermagem Nusea da
NANDA-I. Este trabalho poder ser norteador para o desenvolvimento das outras etapas do
processo de validao do diagnstico de enfermagem Nusea, no tratamento
quimioterpico.
Palavras-chave: nusea, quimioterapia, neoplasias, diagnstico de enfermagem.
ABSTRACT
MOYSS, A. M. B. Concept analysis of diagnosis of nausea during chemotherapy
treatment in nursing. 2014. 152 f. Masters Thesis - University of So Paulo, at Ribeiro
Preto College of Nursing, Ribeiro preto, 2014.
The present study is an concept analysis of nausea during chemotherapy treatment
according to the model by Walker and Avant. The objectives of the study were to identify
and synthesize the concept of nausea in patients during chemotherapy treatment by means
of an integrative review; identify the attributes, antecedents, consequences, and empirical
references on chemotherapy-related nausea; construct a model case, a borderline case, and
a contrary case of the concept of nausea during chemotherapy treatment; compare the
definition of nausea according to 2012-2014 issue of NANDA-I with definitions found in
integrative review studies; compare the defining attributes of chemotherapy-related nausea
found in the literature with the its defining characteristics, and the antecedents with the
factors related to the diagnosis of nausea found in NANDA-I. The eight steps of concept
analysis by Walker and Avant were followed: selecting a concept, aims of the analysis,
identifying the possible uses of the concept, determining the defining attributes, identifying
the model case, identifying the additional cases, identifying the antecedents, and
consequences, and defining empirical references. For the present study, the concept of
nausea in patients undergoing chemotherapy treatment was selected and the aim of the
analysis was to investigate whether the diagnosis of nausea in nursing found in NANDA-I
contemplates chemotherapy as a related factor. The, an integrated review was carried out
so as to identify the possible uses of the concept as well as empirical references,
antecedents and consequences. The most frequently found defining attribute was sweating;
the antecedents most commonly found were age (under 50), emetic potential of the
medication and anxiety, and the consequence found was lower quality of life. The
empirical references most commonly used by authors of integrative review studies were
the patients journal, Visual Analogue Scale, and interview. There were no disagreements
between the definitions in the 2012-2014 issue of NANDA-I and the review studies.
Among the defining characteristics and related factors in the 2012-2014 issue of NANDA-
I, aversion to food, reports of nausea, increased salivation, cinetosis, anxiety, and
medication. The present concept analysis has led to the perception that chemotherapy
should be included in the list of related factors of the diagnosis of nausea in nursing in
NANDA-I. The present study could be a roadmap for the development of other steps in the
process of validation of the diagnosis of nausea in nursing.
Key Words: nausea, chemotherapy, neoplasias, diagnosis in nursing.
RESUMEN
MOYSS, A. M. B. Anlisis de concepto del diagnstico de enfermera Nusea en el
tratamiento quimioterpico. 2014. 152 f. Disertacin (Maestra) - Escuela de Enfermera
de Ribeiro Preto, Universidad de So Paulo, Ribeiro Preto, 2014.
En este estudio se trata de analizar el concepto del diagnstico de enfermera Nusea en el
tratamiento quimioterpico, de acuerdo con el modelo de Walker y Avant. Los objetivos
fueron: identificar y sintetizar el concepto nusea en pacientes durante el tratamiento
quimioterpico por medio de una revisin integradora; identificar los atributos, los
antecedentes, las consecuencias y los referenciales empricos de la nusea relacionada con
la quimioterapia; elaborar un caso modelo, un caso relacionado y un caso contrario al
concepto nusea en pacientes durante el tratamiento quimioterpico; comparar la
definicin de nusea de la NANDA-I, edicin de 2012-2014, con las definiciones de
nusea encontradas en los estudios de la revisin integradora; comparar los atributos
definitorios de la nusea que es relacionada con la quimioterapia en la literatura con las
caractersticas definitorias y los antecedentes con los factores relacionados del diagnstico
de nusea de la NANDA-I. Se siguieron las ocho etapas del anlisis de concepto de Walker
y Avant: seleccin del concepto, objetivos del anlisis conceptual, identificacin de los
posibles usos del concepto, determinacin de los atributos definitorios, identificacin del
caso modelo, identificacin de casos adicionales, identificacin de antecedentes y
consecuencias y definicin de referenciales empricos. Para este estudio se seleccion el
concepto de nusea en pacientes en tratamiento quimioterpico y el objetivo del anlisis
fue investigar si el diagnstico de enfermera Nusea de la NANDA-I contempla el
tratamiento quimioterpico como factor relacionado. Posteriormente se realiz una revisin
integradora para identificar los posibles usos del concepto, as como los referenciales
empricos, los antecedentes y consecuencias. El atributo definitorio ms frecuente fue
transpirar; los antecedentes ms encontrados fueron edad menor que 50 aos, potencial
emtico del quimioterpico y ansiedad y la consecuencia fue la reduccin de la calidad de
vida. En cuanto a los referenciales empricos ms usados por los autores de los estudios de
la revisin integradora, fueron diario del paciente, Escala Visual Analgica y entrevista.
No hubo divergencias entre las definiciones de nusea de la NANDA-I y las de los
estudios de la revisin. Entre las caractersticas definitorias y los factores relacionados de
la NANDA-I, edicin de 2012-2014, se identificaron en los estudios de la revisin
integradora: aversin a la comida, relato de nusea, salivacin aumentada, cinetosis,
ansiedad y medicamentos. Este anlisis de concepto posibilit la percepcin de que el
tratamiento quimioterpico o la quimioterapia se debe incluir a la relacin de los factores
relacionados del diagnstico de enfermera Nusea de la NANDA-I. Este trabajo podr ser
conductor para el desarrollo de las otras etapas del proceso de validacin del diagnstico
de enfermera Nusea, en el tratamiento quimioterpico.
Palabras clave: nusea, quimioterapia, neoplasias, diagnstico de enfermera.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Consideraes anatmicas.......................................................... 30
Figura 2 Fluxograma da distribuio do nmero de artigos encontrados
em cada base de dados aps a estratgia de busca, dos
selecionados aps leitura dos ttulos e resumos, do texto
completo e amostra final............................................................
62
Figura 3 Escala Visual Analgica para avaliao de nuseas.................. 94
Figura 4 Escala Visual Analgica para avaliao de nuseas, segundo
Pompeo (2012)...........................................................................
94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano
de publicao e frequncia relativa de nusea aps a
administrao da quimioterapia.................................................
32
Quadro 2 Distribuio dos estudos consultados em relao autoria,
ano de publicao e frequncia relativa de nusea
antecipatria...............................................................................
32
Quadro 3 Potencial emtico dos Agentes Antineoplsicos endovenosos.. 34
Quadro 4 Graduao das nuseas e consequncias clnicas.......................
36
Quadro 5 Regime antiemtico para a preveno de mese induzida pela
quimioterapia por categoria de risco emtico............................
38
Quadro 6 Distribuio das bases de dados consultadas segundo os
descritores controlados e no controlados utilizados na busca
dos estudos.................................................................................
56
Quadro 7 Descrio das estratgias de busca realizadas nas bases de
dados e o nmero de artigos identificados.................................
59
Quadro 8 Distribuio das publicaes excludas segundo a base dos
dados e as causas da excluso, aps leitura dos ttulos e
resumos.......................................................................................
61
Quadro 9 Distribuio das causas da excluso das publicaes aps a
leitura dos estudos na ntegra, segundo as bases de dados.........
62
Quadro 10 Classificao de nveis de evidncia..........................................
64
Quadro 11 Distribuio dos estudos primrios includos na RI, segundo
autoria, ttulo, ano de publicao, peridico, tipo do estudo e
nvel de evidncia.......................................................................
69
Quadro 12 Distribuio dos atributos definidores da nusea nos estudos
da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................
74
Quadro 13 Distribuio dos antecedentes da nusea encontrados nos
estudos da RI, segundo frequncia absoluta e relativa...............
79
Quadro 14 Distribuio das consequncias da nusea encontradas nos
estudos da RI, segundo frequncia absoluta e relativa...............
88
Quadro 15 Distribuio dos referenciais empricos da nusea nos estudos
da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................
93
Quadro 16 Definies da Nusea segundo a NANDA-I, edio de 2012-
2014 e os estudos da RI..............................................................
97
Quadro 17 Distribuio das caractersticas definidoras do DE Nusea
propostos pela NANDA-I, edio de 2012-2014 e os
encontrados nos artigos da RI, segundo frequncia absoluta e
relativa.........................................................................................
99
Quadro 18 Distribuio dos fatores relacionados do DE Nusea propostos
pela NANDA-I, edio de 2012-2014, encontrados nos artigos
da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................
100
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABVD - Adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina
ANA - American Nurses Association
ASCO - American Society of Clinical Oncology
BCRP - Biblioteca Central da Universidade de So Paulo de Ribeiro Preto
CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CID-10 - Classificao Internacional de Doenas
CINAHL - Cumulattive Index to Nursing and Allied Health Literature
COMUT - Servio de Comutao Bibliogrfica
CTCAE - Common Terminology Criteria for Adverse Events
DE - Diagnstico(s) de Enfermagem
DeCS - Descritores em Cincias da Sade
EMBASE - Excerpta Medica Database
EORTC-QLQ-C30 - European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality
of Life Questionnaire-C30
ESMO - European Society for Medical Oncology
EUA - Estados Unidos da Amrica
EVA- Escala Visual Analgica
FACT-G - Functional Assessment of Cancer Therapy-General
FDA - Food and Drug Administration
FEC - 5-fluouracil, epirrubicina e ciclofosfamida
FLIE - Functional living index-emesis
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade
MANE - Morrow Assessment of Nausea and Emesis
MASCC - Multinacional Association of Supportive Care in Cancer
NANDA - North American Nursing Diagnosis Association
NANDA-I - North American Nursing Diagnosis Association International
NCCN - National Comprehensive Cancer Network
NCBI - Nacional Center for Biotechnology Information
NLM - US National Library of Medicine
NVIQ - Nuseas e vmitos induzidos por quimioterapia
OMS - Organizao Mundial de Sade
PE - Processo de Enfermagem
PG-SGA - Patient-Generated Subjective Global Assessment
RI- Reviso Integrativa
SAE - Sistematizao da Assistncia de Enfermagem
SIBi-USP - Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de So Paulo
WHO - World Health Organization
SUMRIO
APRESENTAO ................................................................................................................. 18
1. INTRODUO ................................................................................................................. 21
1.1.Os diagnsticos de enfermagem ................................................................................ 22
1.2. Delimitao do problema Nusea .......................................................................... 29
1.3. Referencial Terico - Anlise de conceito e o modelo proposto por Walker e Avant
......................................................................................................................................... 40
1.3.1. Primeira etapa: Seleo do conceito .................................................................. 42
1.3.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual ................................................ 43
1.3.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito ............................ 43
1.3.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores ...................................... 43
1.3.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo ...................................................... 44
1.3.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-
relacionados, casos-contrrios, casos-inventados e casos-ilegtimos) ......................... 44
1.3.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias ........................... 46
1.3.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos ............................................ 46
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 47
2.1. Objetivo geral ........................................................................................................... 48
2.2. Objetivos especficos ................................................................................................ 48
3. MTODO .......................................................................................................................... 49
3.1. Anlise de Conceito .................................................................................................. 50
3.1.1. Primeira etapa: Seleo do conceito .................................................................. 50
3.1.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual ................................................ 51
3.1.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito ............................ 51
3.1.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores ...................................... 52
3.1.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo ...................................................... 52
3.1.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-
relacionados, casos-contrrios e casos-inventados) ..................................................... 52
3.1.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias ........................... 52
3.1.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos ............................................ 53
3.2. Reviso Integrativa da Literatura .............................................................................. 53
3.2.1. Primeira fase: Identificao do tema e formulao da questo de pesquisa ...... 54
3.2.2. Segunda fase: Amostragem ou busca na literatura ............................................ 55
3.2.3. Terceira fase: Definio das informaes a serem extradas dos estudos
selecionados ................................................................................................................. 63
3.2.4. Quarta fase: Avaliao dos estudos includos na amostra ................................. 64
3.2.5. Quinta fase: Interpretao dos resultados .......................................................... 65
3.2.6. Sexta fase: Apresentao da reviso/sntese do conhecimento ......................... 65
4. RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................................ 67
4.1. Avaliao dos estudos includos na amostra ............................................................. 68
4.2. Anlise de conceito ................................................................................................... 74
4.2.1. Quarta etapa da anlise de conceito: Determinao dos atributos definidores .. 74
4.2.2. Quinta etapa da anlise de conceito: Identificao do caso modelo .................. 75
4.2.3. Sexta etapa da anlise de conceito: Identificao de casos adicionais (casos-
limtrofes, casos-relacionados, casos-contrrios e casos-inventados) ......................... 77
4.2.4. Stima etapa da anlise de conceito: Identificao de antecedentes e
consequncias .............................................................................................................. 79
4.2.4.1. Antecedentes............................................................................................. 79
4.2.4.2. Consequncias.......................................................................................... 88
4.2.5. Oitava etapa da anlise de conceito: Definio de referenciais empricos ....... 92
4.3. Comparao dos componentes do DE Nusea encontrados nos estudos da RI com os
da NANDA-I, edio de 2012-2014. ............................................................................... 97
4.3.1. Definio ............................................................................................................ 97
4.3.2. Caractersticas definidoras ................................................................................. 99
4.3.3. Fatores relacionados ........................................................................................ 100
5. CONCLUSO ................................................................................................................. 103
6. CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 107
REFERNCIAS ................................................................................................................... 110
APNDICES ....................................................................................................................... 125
ANEXO ................................................................................................................................ 149
18
APRESENTAO
___________________________________________
19
APRESENTAO
H dez anos iniciei minha atividade profissional enquanto enfermeira atuante na
rea de enfermagem oncolgica. Inicialmente, trabalhei em uma Enfermaria de Pediatria
de um hospital geral, onde prestava assistncia a crianas e adolescentes com cncer,
dentre outras especialidades. Nesta fase pude perceber o incmodo de pacientes em relao
aos eventos adversos ocasionados pelos tratamentos para o cncer, seja quimioterpico,
radioterpico ou para aqueles em cuidados paliativos.
Posteriormente, fui alocada na Central de Quimioterapia do mesmo hospital e o
foco da assistncia passou a ser o tratamento quimioterpico. No mais centrado em
crianas e adolescente, mas pacientes de todas as faixas etrias e em diferentes fases da
doena. Novamente os eventos adversos apresentados por estes me inquietaram e as
nuseas e vmitos por eles vivenciados tornaram-se mais marcantes em minha prtica
clnica. Fatos que despertaram meu interesse em aprofundar meus conhecimentos acerca
deste conceito e assim poder lhes proporcionar uma assistncia de melhor qualidade.
Com isso busquei capacitao profissional e fiz o curso de Especializao em
Enfermagem Oncolgica. Tive a oportunidade de aprofundar um pouco mais sobre a
temtica nuseas e vmitos na elaborao e defesa da monografia intitulada Toxicidade
gastrointestinal e a qualidade de vida de mulheres com cncer de mama durante o
tratamento quimioterpico.
Manejar o paciente oncolgico que a presenta nusea relacionada ao tratamento
quimioterpico sem dispor de protocolos ou sistematizao da assistncia, tem sido um
desafio.
A nusea torna-se ainda mais complexa por ser um sintoma subjetivo, sendo que
muitas vezes os pacientes a apresentaro no domiclio, longe dos olhos dos profissionais da
sade, o que faz com que este sintoma no tenha a devida importncia na prtica clinica.
Devido ao fato de a nusea ser um sintoma frequentemente referido pelos pacientes
em tratamento quimioterpico e que interfere em suas atividades dirias de forma negativa,
acredito que explorar esse conceito nos trar alicerce para prosseguir com o
desenvolvimento da validao deste diagnstico de enfermagem (DE). Alm de nortear os
enfermeiros oncolgicos a elaborarem o processo de enfermagem de forma completa,
desde a coleta de dados, planejamento das intervenes e avaliao das mesmas.
O processo de enfermagem atividade exclusiva do profissional enfermeiro e cabe
a ns, enfermeiros, buscar o conhecimento produzido nas pesquisas clnicas bem como nas
20
revises integrativas e/ou sistemticas estreitar os laos entre o que produzido na
literatura e o que aplicado na prtica clnica.
Por isso, julgo pertinente que os enfermeiros passem a desenvolver estudos
especficos sobre o processo de enfermagem, mais especificamente acerca dos DE, tendo
sido escolhido por mim o DE Nusea.
O DE Nusea da NANDA-I edio de 2012-2014, apesar de listar inmeros fatores
relacionados, no aborda especificamente a nusea relacionada ao tratamento
quimioterpico.
Acredito que a partir do momento em que os profissionais conhecerem o fenmeno,
podero melhorar sua prtica no sentido de investigar este sintoma, incluindo essa
investigao nas consultas mdicas e extendendo-a ao histrico de enfermagem no dia da
infuso da quimioterapia, dando suporte s intervenes de enfermagem que iro englobar
o indivduo tanto nos aspectos fsicos, como no social e no psicolgico.
Este estudo proporcionar aos enfermeiros que assistem pacientes oncolgicos
maior suporte e embasamento cientfico para conhecer o estado da arte deste conceito e
posteriormente desenvolver estratgias para seu controle.
Diante do exposto, senti a necessidade de desenvolver este trabalho, aperfeioar o
conhecimento do conceito nusea na rea da enfermagem, durante o tratamento
quimioterpico.
21
1. INTRODUO
___________________________________________
22
1. INTRODUO
1.1.Os diagnsticos de enfermagem
A idia de atividade diagnstica teve incio na Enfermagem com o advento da
enfermagem moderna, quando Florence Nightingale, durante a Guerra da Crimia, em
1854. Aliada a 24 freiras e outras 14 mulheres, diagnosticaram e trataram problemas de
sade de forma efetiva e o resultado foi uma queda de 42 para 2,2% na taxa de mortalidade
nos hospitais britnicos (FARIAS et al., 1990).
Na dcada de 1920, ressurge a idia de atividade diagnstica, quando Harmer
sugere que cabe aos enfermeiros usar o mtodo cientfico, organizar a cincia
Enfermagem, identificar problemas especficos de enfermagem, registrar os problemas
identificados e designar prescries para estes problemas (FARIAS et al., 1990). J na
dcada de 1950, McManus especificou o termo diagnstico como uma atividade de
enfermagem, e descreveu as funes de responsabilidade do enfermeiro da seguinte forma:
identificao ou diagnstico de problemas e a deciso sobre as intervenes de
enfermagem a serem implementadas para a soluo destes (CARVALHO; GARCIA,
2002).
J em 1953, Vera Fry acrescentou enfermagem ao termo diagnstico, quando
publicou um estudo em que foram identificadas cinco reas de necessidades do cliente e
considerou-se como domnio da Enfermagem e como foco para os DE. O maior interesse
por este conceito evidenciou-se na dcada de 1960 com a publicao de artigos que
fizeram referncia aos DE, ao reconhecimento da importncia de uma avaliao clnica
identificao dos problemas de sade que requerem intervenes de enfermagem (FARIAS
et al., 1990).
Associado a isso, nos Estados Unidos da Amrica (EUA) desde 1950 o Processo de
Enfermagem (PE) tem levado em conta a estrutura para o raciocnio clnico da
enfermagem. Ao contrrio de outros pases, o PE nos EUA foi desenvolvido para organizar
o raciocnio e para rapidamente solucionar os problemas enfrentados pelos pacientes.
Rituais, tradies e procedimentos operacionais padro foram substitudos por raciocnios
clnicos. O mtodo de identificao de problemas estimulou educadores a lecionar o PE
como um mtodo de resoluo de problemas fundamentado na avaliao (PESUT, 2006).
A utilizao do PE foi incentivada quando lideranas da rea da enfermagem
reconheceram que este mtodo de trabalho poderia ser til na busca de autonomia
profissional e na individualizao do cuidado ao paciente (BARROS, 2012).
23
A primeira gerao do PE (1950-1970) envolvia avaliao, planejamento,
interveno e re-avaliao, ao longo do raciocnio clnico estruturado por problemas
solucionados. As aes de enfermagem, procedimentos e intervenes foram
desenvolvidas e usadas nos cenrios clnicos (PESUT, 2006).
Esta primeira gerao evoluiu dando lugar segunda gerao do PE (1970-1990),
que passou a explorar as dimenses e processos dos DE e da argumentao (PESUT,
2006).
O PE envolve uma sequncia de etapas, tais como obteno de informaes
multidimensionais sobre o estado de sade, identificao das condies que requerem
intervenes de enfermagem, planejamento das intervenes necessrias, implementao e
avaliao das aes, com a finalidade de prestar atendimento profissional ao cliente. Pode-
se dizer que se trata da expresso do mtodo clnico na nossa profisso (CARVALHO;
BACHION, 2009).
Em resposta ao crescente interesse na aceitao dos DE e na necessidade de
formular um sistema para promover o uso da referida terminologia, Kristine Gebbie e
Maryann Lavien, enfermeiras norte-americanas da Universidade de St. Louis convocaram
a Primeira Conferncia do Grupo Norte-Americano para Classificao dos Diagnsticos de
Enfermagem, em 1973. Foram convidadas enfermeiras dos EUA e Canad, e o evento
contou com cem participantes (GORDON, 1979).
Os DE foram definidos como a identificao das necessidades bsicas afetadas e
do grau de dependncia do paciente em relao enfermagem, para seu atendimento por
Horta (1979), precursora na consolodao da enfermagem no Brasil, bem como na
implantao do PE.
Em 1982, a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) foi
formalmente organizada e seu regimento interno aprovado. A partir de ento suas
conferncias foram abertas a toda a comunidade de Enfermagem (CRUZ, 1994).
Em 1986 a American Nurses Association (ANA) encaminha a Taxonomia da
NANDA para a Organizao Mundial de Sade (OMS), para sua possvel incluso como
um captulo da Classificao Internacional de Doenas (CID-10), (FARIAS et al., 1990).
Na stima Conferncia realizada em 1986, foi aprovada a Taxonomia I da NANDA,
porm tal aprovao deu-se em meio a crticas por ter sido elaborada sem uma perspectiva
terica especfica da Enfermagem. Foi ento que em 1989 foi publicada pela NANDA a
Taxonomia I revisada, a qual incluiu DE testados em pesquisa e no uso clnico. Foi em
maro de 1990, na nona Conferncia que a NANDA apresentou aos seus membros a
24
Taxonomia II. Esta surgiu da dificuldade encontrada pelo Comit de Taxonomia em
categorizar os novos diagnsticos recm-aprovados na estrutura revisada da Taxonomia I
(FARIAS et al., 1990; NANDA, 2002).
Durante a nona Conferncia da NANDA, em 1990, foi aprovada uma definio
para DE, como sendo um julgamento clnico das respostas do indivduo, da famlia ou da
comunidade aos processos vitais ou aos problemas de sade atuais ou potenciais, os quais
fornecem a base para a seleo das intervenes de enfermagem, para atingir resultados,
pelos quais o enfermeiro responsvel (FARIAS et al., 1990).
Em 2002 a NANDA torna-se NANDA International e assim passa a ser chamada a
partir da edio de 2003-2004. Tal mudana surgiu do aumento do interesse, em todo o
mundo, pelo campo do desenvolvimento de termos para a enfermagem e por ser usada na
prtica clnica de enfermeiros de diversas nacionalidades (CHAVES, 2008; NANDA-I,
2010).
Alm da definio citada, os DE podem ser classificados de diferentes formas,
como (NANDA-I, 2005; NANDA-I, 2008):
Diagnstico de enfermagem real: descreve respostas humanas a condies de
sade/ processos vitais que existem em um indivduo, famlia ou comunidade. sustentado
pelas caractersticas definidoras (manifestaes, sinais e sintomas) que se agrupam em
padres de pistas ou inferncias relacionadas.
Diagnstico de enfermagem de risco: descreve respostas humanas a condies de
sade/ processos vitais que podem desenvolver-se em um indivduo, famlia ou
comunidade vulnerveis. sustentado por fatores de risco que contribuem para uma
vulnerabilidade aumentada.
Diagnstico de enfermagem de promoo da sade: julgamento clnico da
motivao e do desejo de uma pessoa, famlia ou comunidade de aumentar o bem-estar e
concretizar o potencial de sade humana, conforme manifestado em sua disposio para
melhorar comportamentos especficos de sade, como a alimentao e a atividade fsica.
Diagnsticos de promoo da sade podem ser utilizados em qualquer condio de sade,
no necessitando de nveis de bem-estar atuais. Essa disposio sustentada por
caractersticas definidoras. As intervenes so escolhidas junto com o indivduo/ famlia/
comunidade, para melhor assegurar a capacidade de alcance dos resultados enunciados.
Diagnstico de enfermagem de bem-estar: descreve respostas humanas a nveis de
bem-estar em um indivduo, famlia ou comunidade que tm potencial de aumento ou
melhora deste bem-estar.
25
A Taxonomia II foi projetada para ser multiaxial na sua forma, aumentando
substancialmente, dessa maneira, a flexibilidade da nomenclatura e permitindo realizar
facilmente acrscimos e modificaes (NANDA, 2002). Foram realizadas modificaes
adicionais na estrutura, dividindo, renomeando domnios e acrescentando novos. Foram
desenvolvidas definies para todos os domnios e classes da estrutura e feitas revises e
modificaes na colocao dos diagnsticos para assegurar a mxima combinao entre
domnio, classe e diagnsticos. Finalmente a estrutura foi composta por 13 domnios, 46
classes e 167 DE (NANDA-I, 2005).
Um domnio representa uma esfera de atividade, estudo ou interesse e uma classe
uma subdiviso de um grupo maior; uma diviso de pessoas ou coisas por qualidade,
grau ou categoria. medida que novos diagnsticos foram aprovados pela NANDA
International, o Comit de Taxonomia continuou a inclu-los, sendo que a edio da
NANDA-I de 2005-2006 j contava com 13 domnios, 47 classes e 172 DE (NANDA-I,
2006). Atualmente, na edio da NANDA-I de 2012-2014, a taxonomia composta por 13
domnios, 47 classes e 217 DE (NANDA-I, 2013).
medida que o trabalho de nomear e classificar a linguagem da enfermagem
progride, h uma contnua necessidade de validar essa linguagem e transpor as fronteiras
culturais, para testar e validar sua utilizao na prtica clnica (NANDA, 2000).
Os DE apresentam os seguintes componentes: enunciado diagnstico, definio,
caractersticas definidoras, fatores relacionados e/ ou fatores de risco. So definidos como
(NANDA-I, 2005; NANDA-I, 2010):
Enunciado diagnstico: estabelece um nome ao diagnstico. um termo ou expresso
concisa que representa um padro de indcios relacionados. Pode incluir modificadores.
Definio: estabelece uma descrio clara e precisa; delineia seu significado e ajuda a
diferenci-lo de diagnsticos similares.
Caractersticas definidoras: pistas/ inferncias observveis que se agrupam como
manifestaes de um DE real ou de bem-estar.
Fatores de risco: fatores ambientais e elementos fisiolgicos, psicolgicos, genticos ou
qumicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivduo, famlia ou comunidade a um
evento insalubre.
Fatores relacionados: fatores que aparecem para demonstrar algum tipo de
relacionamento padronizado com o DE. Tais fatores podem ser descritos como
antecedentes a, associados com, relacionados a, contribuintes para ou estimuladores.
26
Os diagnsticos da NANDA-I so conceitos construdos por meio de um sistema
multiaxial. um sistema que consiste em eixos, nos quais os componentes so combinados
para tornar os diagnsticos, substancialmente, iguais na forma. Assim sendo, um eixo
definido de forma operacional, como uma dimenso da resposta humana considerada no
processo diagnstico (NANDA-I, 2013). So eles:
-Eixo 1- foco do diagnstico: O foco do diagnstico o elemento principal, ou a parte
fundamental e essencial, a raiz do conceito do diagnstico. Descreve a resposta humana
que o elemento central do diagnstico.
-Eixo 2- sujeito do diagnstico: O sujeito do diagnstico definido como a(s) pessoa(s)
para quem determinado um DE. Os valores neste eixo so indivduo, famlia, grupo e
comunidade, representando a definio de paciente da NANDA-I.
-Eixo 3- julgamento: Um julgamento um descritor ou modificador que limita ou
especifica o sentido do foco do diagnstico. Este, junto do julgamento do enfermeiro a seu
respeito, compe o diagnstico. Por exemplo: prejudicado ou ineficaz.
-Eixo 4- localizao: A localizao descreve as partes/regies do corpo e/ou as funes
relacionadas, ou seja, todos os tecidos, rgos, locais ou estruturas anatmicas, por
exemplo, vesical, auditivo, cerebral.
-Eixo 5- idade: Refere-se idade da pessoa que o sujeito do diagnstico, por exemplo:
beb, criana, adulto.
-Eixo 6- tempo: O tempo descreve a durao do conceito diagnstico, por exemplo:
crnico, agudo, intermitente.
-Eixo 7- situao do diagnstico: Refere-se realidade ou potencialidade do
problema/sndrome, ou categoria do diagnstico como um diagnstico de promoo da
sade. Por exemplo: real, de risco, de promoo da sade.
O DE Nusea da edio da NANDA de 1999-2000 era composto pelos seguintes
componentes:
- Definio: uma sensao desagradvel, semelhante a uma onda, na parte de trs da
garganta, epigstrio ou atravs do abdmen, que pode ou no levar ao vmito.
- Caractersticas definidoras: Normalmente precede o vmito, mas pode ser experimentada
aps vomitar ou quando o vmito no ocorre; acompanhada de palidez, pele fria e
pegajosa, salivao aumentada, taquicardia, estase gstrica e diarria; acompanhada de
movimentos de deglutio causados pela musculatura esqueltica; relata nusea ou estar
doente do estmago.
27
- Fatores relacionados: Quimioterapia; anestesia ps-cirrgica; irritao do sistema
gastrintestinal; estimulao de mecanismos neurofarmacolgicos.
Em 2003 o DE Nusea foi revisado por Hsiao Chen Jane Tang e sua nova verso
foi apresentada na edio da NANDA-I de 2003-2004. Este passou a ser composto por:
- Definio: uma sensao subjetiva desagradvel, semelhante a uma onda, na parte de trs
da garganta, epigstrio ou no abdome, que pode levar ao impulso ou necessidade de
vomitar.
- Caractersticas definidoras: relato de nusea ou de estar mal do estmago, salivao
aumentada, averso comida, sensao de tentar vomitar sem conseguir, gosto cido na
boca, deglutio aumentada.
- Fatores relacionados: so subdivididos em referentes terapia, como medicamentos (p.
ex., aspirina, antiinflamatrios no-esterides, esterides, antibiticos), lcool, ferro e
sangue; distenso gstrica (esvaziamento gstrico retardado causado por intervenes
medicamentosas, p. ex., uso de narcticos, agentes anestesiantes); medicamentos (p. ex.,
analgsicos, antiviral contra HIV, aspirina, substncias similares ao pio ou a seus
derivados, agentes quimioterpicos); toxinas (p. ex., radioterapia); biofsico, como
distrbios bioqumicos (p. ex., uremia, cetoacidose diabtica, gravidez); doena cardaca;
cncer de estmago ou tumores intra-abdominais (p. ex., cncer colorretal ou dos rgos
plvicos); doena esofgica ou pancretica; distenso gstrica devido ao esvaziamento
gstrico, obstruo pilrica, disteno de vescula biliar e gnito-urinria, compresso
externa do estmago, fgado, bao, ou contra dilatao de rgo que diminui a velocidade
de funcionamento do estmago-sndrome do estmago comprimido, alimentao
excessiva; irritao gstrica devido inflamao peritoneal e/ou farngea; distenso da
cpsula esplnica ou fgado; tumores localizados (p. ex., neuroma do acstico, tumores
cerebrais primrios ou secundrios, metstases sseas na base do crnio); cinetose, doenas
de Menire ou labirintite; fatores fsicos (p. ex., presso intracraniana aumentada,
meningite); toxinas (p. ex., peptdeos produzidos por tumores, metabolismo anormal
devido ao cncer); situacional, como fatores psicolgicos (p. ex., dor, medo, ansiedade,
odores nocivos, estmulo visual desagradvel).
Observa-se que com a reviso deste DE, houve alterao tanto na definio, como
nas caractersticas definidoras e nos fatores relacionados. Porm houve um acrscimo de
fatores relacionados e o que antes era chamado de quimioterapia, mudou para agentes
quimioterpicos.
28
A edio da NANDA-I de 2007-2008 trouxe uma maior quantidade de revises e
acrscimos de diagnsticos. Afirma-se tambm que nesta edio quase todos os
diagnsticos apresentaram algumas mudanas em suas caractersticas definidoras e em
seus fatores relacionados ou de risco. Foi assim que se pode observar a retirada do fator
relacionado agentes quimioterpicos do DE Nusea, o qual se mantm ausente at a
edio atual de 2012-2014.
Mais uma vez, na ltima edio de 2012-2014, o DE Nusea foi revisado. A
apreciao foi enviada por Gilmaikon Roela Pereira e Llian Guardian. Foi revista a
definio deste DE e foram includas as referncias usadas (NANDA-I, 2013).
Finalmente, o DE Nusea pertence ao Domnio 12: Conforto, Classe 1: Conforto
fsico e seu cdigo 00134. Apresenta-se abaixo a verso atual do DE Nusea, segundo a
NANDA-I (2013):
- Definio: um fenmeno subjetivo de uma sensao desagradvel, na parte de trs da
garganta e no estmago, que pode levar ou no resultar em vmito.
- Caractersticas definidoras: averso comida, deglutio aumentada, relato de gosto
amargo na boca, relato de nusea, salivao aumentada, sensao de vontade de vomitar.
- Fatores relacionados: so subdivididos em biofsicos, como cinetose, distenso da cpsula
do fgado, distenso da cpsula esplnica, distenso gstrica, distrbios bioqumicos
(exemplo: uremia, cetoacidose diabtica), doena de Menire, doena esofgica, doena
pancretica, dor, gravidez, irritao gstrica, labirintite, meningite, presso intracraniana
aumentada, toxinas (exemplo: peptdeos produzidos por tumores, metablitos anormais
devido ao cncer), tumores intra-abdominais, tumores localizados (exemplo: neuroma do
acstico, tumores cerebrais primrios ou secundrios, metstases sseas na base do crnio),
referentes ao tratamento, como distenso gstrica, medicamentos, irritao gstrica e
situacionais como ansiedade, dor, estmulo visual desagradvel, fatores psicolgicos,
medo, odores nocivos e sabor nocivo.
Avant na edio de 1999-2000 da NANDA afirma que uma linguagem de
enfermagem dinmica necessria se deseja expressar a riqueza e a mudana das prticas
de enfermagem. Revises sempre contribuem para aumentar a especificidade e a
sensibilidade da linguagem (NANDA, 2000).
Mediante a identificao dos DE em uma clientela, os enfermeiros podem propor
intervenes fundamentadas e especficas, proporcionando a implementao de aes
eficazes e imediatas para a resoluo dos problemas identificados (DALRI; ROSSI;
29
DALRI, 2006). Por isso estes diagnsticos devem ser validados e, quando necessrio,
reformulados (CHAVES; CARVALHO; HASS, 2010).
A validao de DE uma ferramenta necessria para alicerar a prtica clnica do
enfermeiro, uma vez que subsidia tanto o estabelecimento das intervenes de enfermagem
quanto avaliao propriamente dita (CHAVES, CARVALHO, ROSSI; 2008).
A taxonomia da NANDA-I no possui todos os seus DE validados contribuindo
para uma baixa adeso ao seu uso, uma vez que muitos deles podem no representar as
reais necessidades de sade dos pacientes (CHAVES, 2008).
1.2. Delimitao do problema Nusea
Nusea pode ser definida como uma sensao desagradvel, mal-estar ou
desconforto localizado no epigstrio, regio da garganta e/ou difusamente pelo abdmen
(BONASSA; GATO, 2012). Outra definio de nusea apresentada pelo Common
Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), como uma desordem caracterizada por
uma sensao de enjo e/ou impulso para vomitar (UNITED STATES, 2010). Enquanto o
vmito pode ser definido como expulso forada do contedo do estmago, duodeno e/ou
jejuno proximal pela boca e nariz, acompanhado de alteraes somticas (BONASSA;
GATO, 2012).
Os termos nusea e vmito so frequentemente utilizados juntos, embora cada
fenmeno deva ser avaliado separadamente. O vmito pode ser objetivamente medido em
termos de nmero de episdios emticos, enquanto que a nusea um fenmeno subjetivo
que requer ferramentas de medio e definies diferentes (ROILA, 2010).
Os aferentes vagais abdominais parecem ter a maior importncia para as nuseas e
os vmitos induzidos pela quimioterapia (NVIQ). Receptores, incluindo os 5-
hidroxitriptamina 3 (5-HT3), neuroquinina-1 e colecistoquinina-1, esto localizados nas
extremidades terminais dos aferentes vagais. Estes receptores encontram-se em estreita
proximidade com clulas enterocromafnicas localizadas na mucosa gastrointestinal, do
intestino delgado proximal, que contm um nmero de mediadores locais, tais como a 5-
hidroxitriptamina (5-HT), a substncia P e colecistoquinina. Agentes antineoplsicos, por
meio da mucosa ou mecanismos diretos transmitidos pelo sangue, estimulam as clulas
enterocromafnicas para libertar mediadores, os quais, em seguida, se ligam aos receptores
apropriados das fibras vagais adjacentes, conduzindo a um estmulo aferente que termina
no tronco dorsal do crebro, principalmente no ncleo do trato solitrio, e, posteriormente,
30
ativa o gerador de padro central. Acredita-se que dentre os vrios mediadores locais, 5-
HT, localizado nas clulas enterocromafnicas, desempenham o papel mais importante
(ANDREWS; SANGER, 2002; HESKETH, 2008).
Esta via vagal-dependente considerada o principal mecanismo pelo qual a maior
parte dos agentes antineoplsicos iniciam a mese aguda, enquanto que a mese tardia
desencadeada por dopamina, histamina, mediadores de inflamao como a prostaglandina
e substncia P (BECKER; NARDIN, 2011). A fisiologia do processo emtico est ilustrada
na Figura 1.
Figura 1 Fisiologia do processo emtico
Fonte: Associao Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP, 2011). Adaptado de Hesketh (2008).
31
As nuseas e os vmitos so os eventos adversos mais estressantes e incmodos
referidos pelos pacientes durante o perodo de quimioterapia. So sintomas frequentes e
contribuem para a diminuio da qualidade de vida relacionada sade (JORDAN;
GROTHEY; SCHOBER, 2010; PERWITASARI et al., 2012).
Nuseas e vmitos induzidos pela quimioterapia atualmente esto classificados em
agudos, tardios e antecipatrios, e sero descritos a seguir (JORDAN; KASPER;
SCHMOLL, 2005; NAVARI, 2003):
Agudos: nuseas e vmitos que ocorrem nas primeiras 24 horas aps a administrao da
quimioterapia, so causados principalmente pela liberao de serotonina, a partir das
clulas enterocromafnicas.
Tardios: so os episdios que ocorrem 24 horas aps a administrao da quimioterapia e
podem permanecer por at cinco dias. Evidncias recentes sugerem que podem iniciar em
at 16 horas aps a administrao da quimioterapia. As causas mais frequentes so
associadas induo da substncia-P, perturbao da barreira hematoenceflica, alterao
na motilidade gastrintestinal e hormnios da adrenal.
Antecipatrios: resposta condicionada que ocorre antes do ciclo de quimioterapia seguinte
ao primeiro episdio de nuseas e vmitos significativos devido quimioterapia anterior.
Em geral, so observados em pacientes cujos episdios emticos estiveram associados a
gosto, odores, viso, pensamentos, ou ansiedade, secundrios a uma histria de m
resposta aos agentes antiemticos.
Estudos apontam que, durante a quimioterapia, a prevalncia de nusea e vmito
varia de 38 a 60% (ESPINOSA et al., 2004; LINDEN et al., 2007; PICCART et al., 2001).
Quando avaliados separadamente, nusea apresenta incidncia de 37 a 70% e vmitos de
13 a 34% (PIRRI et al., 2011). Estes dados comparativos mostram a importncia do
desenvolvimento e da implementao de estratgias eficazes na preveno das nuseas. No
Quadro 1, esto apresentados dados relativos incidncia de nusea em estudos publicados
ao longo de 15 anos.
32
Quadro 1 - Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano de publicao e
frequncia relativa de nusea aps a administrao da quimioterapia
Autores Ano de
publicao
Nusea ps-quimioterapia
Tyc; Mulhern; Bieberich 1997 26%
Tsavaris et al. 1998 83%
Roscoe et al. 2000 97%
Tsavaris et al. 2000 81,4%
Hickok; Roscoe; Morrow 2001 62%
Molassiotis et al. 2002 81,7% aguda
88,7% tardia
Roscoe et al. 2004 22% aguda
Bloechl-Daum et al. 2006 36,2% aguda
54,3% tardia
Shih; Wan; Chan 2009 68,1% aguda
73,6% tardia
Huertas-Fernndez et al.
2010 40,7% aguda
47,1% tardia
Fernndez-Ortega et al. 2012 31%
J as nuseas antecipatrias foram abordadas em outros estudos e a sua incidncia
est descrita no Quadro 2.
Quadro 2 - Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano de publicao e
frequncia relativa de nusea antecipatria
Autores Ano de
publicao
Nusea antecipatria
Komen; Redd 1985 33%
Tyc; Mulhern; Bieberich 1997 25%
Hickok; Roscoe; Morrow 2001 19%
Akechi et al. 2010 10,3%
Nuseas e vmitos podem afetar a condio nutricional causando anorexia,
desequilbrio hidroeletroltico, complicaes metablicas graves, necessidade ou
prolongamento de internao hospitalar, impacto negativo no desempenho das atividades
do dia-a-dia, alm de comprometer a adeso e at mesmo levar ao abandono do tratamento
(GONALVES et al., 2009; SANTOS et al., 2008; SILVA et al., 2009).
33
O controle de vmitos durante o tratamento quimioterpico melhorou
consideravelmente durante os ltimos anos, sobretudo no que se refere ao manejo
medicamentoso com o desenvolvimento e uso de novos e modernos medicamentos
antiemticos. Entretanto, o controle de nuseas permanece como um desafio (ROILA,
2010) e, apesar disso, este sintoma tem sido negligenciado tanto pela equipe de sade
quanto pelo prprio paciente.
Algumas das causas provveis do difcil controle das nuseas induzidas pela
quimioterapia podem ser: a subjetividade do sintoma, a falta de foco na sua avaliao que
no dispoem de ferramentas validadas, a compreenso limitada da fisiopatologia, o relato
deficiente deste evento por parte dos pacientes, alm da falha da equipe de sade em
avaliar o impacto da nusea na vida dos mesmos, sobretudo na qualidade de vida
(MOLASSIOTIS et al., 2007).
No estudo de Molassiotis et al. (2007) foi identificado que os pacientes
entrevistados associaram nusea principalmente a perda de apetite, os vmitos e a
alterao do paladar, alm de perturbao do sono e da vida social. Os pacientes referiram
ter recebido pouca orientao dos profissionais de sade sobre o que seria recomendado
para manejar esse evento, exceto quanto ao uso de medicamentos.
Pirri et al. (2013) encontraram em seu estudo que a nusea foi mais frequente que
os vmitos ou a perda de apetite durante o tratamento oncolgico e teve um maior impacto
na qualidade de vida global dos pacientes. Embora a terapia antiemtica tenha sido eficaz
para vmitos, os benefcios para a perda de apetite foram aparentemente limitados por no
exercer controle adequado sobre nuseas em muitos pacientes.
O impacto das nuseas sobre o estado nutricional e a qualidade de vida fica
evidente poucos dias aps a administrao da quimioterapia. Como na maioria dos casos o
tratamento feito ambulatorialmente, este sintoma requer avaliao cuidadosa, a utilizao
de uma combinao de terapias farmacolgicas e no-farmacolgicas para a gesto deste
sintoma, com manejo clnico especfico e intervenes nutricionais (FARRELL, 2013).
Neste contexto, o enfermeiro que atua na rea da oncologia deve estar preparado,
com conhecimento cientfico atual e amplo para avaliar as nuseas. Alm de informar os
cuidados preventivos aos pacientes susceptveis a apresent-las e para aqueles que j
estejam vivenciando este sintoma, como possvel ameniz-lo.
A incidncia das nuseas est relacionada primariamente com o potencial emtico
do quimioterpico utilizado, associado s variaes individuais de cada paciente. O
conhecimento do potencial emtico e das caractersticas deste evento adverso, no que se
34
refere a pico e intervalo de ocorrncia fundamental e indispensvel prtica da
enfermagem oncolgica (MOLASSIOTIS et al., 2008a). A partir deste conhecimento, o
enfermeiro poder elaborar um plano assistencial individualizado e consequentemente
obter resultados mais satisfatrios.
Cada paciente submetido ao tratamento quimioterpico deve ser tratado pela equipe
holisticamente, como um indivduo com fatores de risco especficos associados ao
potencial emetognico das drogas quimioterpicas (HESKETH et al., 1997).
O potencial emtico e o conjunto de quimioterpicos pertencentes a cada classe
esto expostos no Quadro 3. Apesar desta classificao referir-se a mese, o sucesso do
manejo das nuseas correlacionado. Importante ressaltar que o risco emetognico pode
aumentar caso haja associao de drogas, ou seja, o poder emetognico de um composto
ser mais alto do que o de um nico quimioterpico administrado (HESKETH et al., 1997).
Quadro 3 - Potencial emtico dos Agentes Antineoplsicos endovenosos
Potencial emtico Agentes Antineoplsicos
Alto (> 90%) Cisplatina
Mecloretamina
Etreptozotocina
Ciclofosfamida (>1500 mg/m2)
Carmustina
Dacarbazina
Dactinomicina
Moderado (30 a 90%) Azacitidina
Alemtuzumabe
Bendamustina
Oxaliplatina
Citarabina (>1000 mg/m2)
Carboplatina
Ifosfamida
Ciclofosfamida (
35
Concluso
Potencial emtico Agentes Antineoplsicos
Baixo (10 a 30%) Paclitaxel
Docetaxel
Cabazitaxel
Catumaxomabe
Doxorrubicina lipossomal
Ixabepilona
Panitumumabe
Mitoxantrona
Topotecano
Etoposido
Pemetrexede
Metotrexato
Mitomicina
Gemcitabina
Citarabina (
36
intensidade de extrema importncia tanto para intervir em sinais e sintomas imediatos,
como prevenir agravos futuros. As nuseas podem ser graduadas, de acordo com a CTCAE
(UNITED STATES, 2010), do grau 1 ao 3, como apresentados no Quadro 4.
Quadro 4 - Graduao das nuseas e consequncias clnicas
Graduao das
nuseas
Conseqncias clnicas
Grau 1 Perda de apetite, sem alterao nos hbitos alimentares.
Grau 2 Ingesto oral diminuda, sem perda de peso significativa,
desidratao ou desnutrio.
Grau 3 Ingesto calrica ou de lquidos por via oral inadequada:
alimentao por sonda, nutrio parenteral ou hospitalizao
indicadas.
Fonte: United States (2010).
Para a preveno e tratamento de NVIQ, so empregados agentes farmacolgicos. Os
antiemticos mais utilizados atualmente so (HESKETH, 2008):
Antagonistas do receptor da serotonina (5-HT3): A introduo desta classe de
medicamentos ocorreu no incio dos anos 1990 e revolucionou o tratamento de NVIQ. So
cinco os antagonistas do receptor da 5-HT3 disponveis atualmente: ondansetrona,
granisetrona, dolasetrona, tropisetrona e palonosetrona. Estes agentes apresentam maior
eficcia em relao s nuseas e vmitos agudos do que em relao aos tardios.
Antagonistas do receptor da neuroquinina-1 (NK-1): Os antagonistas do receptor
neuroquinina-1 representam a classe mais recente de agentes antiemticos, eficazes na
preveno de NVIQ. Destaca-se o aprepitante, aprovado pelo Food and Drug
Administration (FDA) em 2003, que foi o primeiro agente disponvel desta classe.
Corticides: podem ser eficazes quando administrados como agente nico em pacientes
que recebem quimioterapia de baixo potencial emtico, porm so mais benficos quando
usados em combinao, principalmente com os antagonistas do receptor 5-HT3. So
eficazes tanto para mese aguda quanto tardia. Os corticides mais utilizados como agentes
antiemticos so dexametasona e metilprednisolona.
37
Fenotiazinas: so antagonistas dopaminrgicos, com um ndice teraputico baixo;
apropriados para uso como profilaxia primria em pacientes submetidos quimioterapia
com um baixo potencial emetognico. Representadas pelos agentes prometazina e
clorpromazina.
Benzodiazepinicos: classe de agentes que tm eficcia antiemtica modesta, porm suas
propriedades ansiolticas podem ser teis na preveno e no tratamento de mese
antecipatria. O agente mais utilizado o lorazepam.
Antagonistas do receptor de dopamina: representados pelos agentes metoclopramida,
bromoprida e domperidona. A eficcia da metoclopramida melhora com doses crescentes,
provavelmente devido sua capacidade para inibir os receptores de 5-HT3 no sangue em
altas concentraes.
Butirofenonas: possuem eficcia teraputica semelhante a metoclopramida e fenotiazinas.
Classe representada pelo haloperidol.
Nabilona canabinides sintticos e dronabinol: tm eficcia antiemtica para os
quimioterpicos com baixo a moderado potencial emtico.
Olanzapina: antagonista de vrios receptores de neurotransmissores, incluindo a
dopamina e os receptores de 5-HT3, tem sido eficaz na preveno das nuseas e vmitos
induzidos pela quimioterapia, tanto agudos quanto tardios.
A ASCO tambm define o regime de antiemticos a ser administrado antes da
infuso dos quimioterpicos, de acordo com o risco emtico de cada droga ou composto
(Quadro 5).
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Quadro 5 - Regime antiemtico para a preveno de mese induzida pela quimioterapia por
categoria de risco emtico
Risco emtico Regime antiemtico Frequncia
Alto (> 90%) Antagonistas NK1
- Aprepitante
- Fosaprepitante
Antagonistas 5-HT3
- Granisetrona
- Ondansetrona
- Palonosetrona
- Dolasetrona
- Tropisetrona
- Ramosetrona
Corticide
- Dexametasona
Dias 1 a 3
Dia 1
Dia 1
Dia 1
Dia 1
Dia 1
Dia 1
Dia 1
Dias 1 a 4
Moderado (30 a 90%) Palonosetrona
Dexametasona
Dia 1
Dias 1 a 3
Baixo (10 a 30%) Dexametasona Dia 1
Mnimo (< 10%) Prescrever conforme necessrio Conforme
necessrio Fonte: Basch et al. (2011).
Estratgias de preveno das nuseas e vmitos devem ser planejadas no momento
da prescrio de um esquema de quimioterapia que envolva antineoplsicos que possuam
diferentes riscos emticos (BECKER; NARDIN, 2011). Sabe-se que a chance do paciente
apresentar tais efeitos aumenta nos ciclos posteriores se, no primeiro ciclo, o controle no
for adequado (SHIH; WAN; CHAN, 2009).
Ensaios clnicos com diversos frmacos tm sugerido tambm que, assim como
alguns agentes podem ser mais eficazes contra o vmito agudo ps-quimioterapia e contra
vmitos antecipatrios, outros agentes podem ser mais eficazes contra nuseas do que
contra o vmito e vice-versa. A identificao e caracterizao de agentes antinusea e a
incluso racional destes em esquemas antiemticos pode ser o principal desafio nos
prximos anos (ROILA, 2010).
Segundo a NCCN (2009), a escolha dos antiemticos deveria ser baseada no risco
emtico do esquema institudo, experincias prvias com antiemticos e fatores de risco
dos pacientes. Porm, sabe-se que na maioria das vezes estes critrios no so seguidos ao
instituir o tratamento quimioterpico, pois os fatores intrnsecos aos pacientes no so
39
investigados, o que ocasionar um limitado controle das nuseas e vmitos.
Alm do manejo farmacolgico, o no farmacolgico torna-se um importante
aliado para a preveno e controle de nuseas e vmitos na prtica clnica do enfermeiro
oncolgico. Este manejo consiste em implementar terapias complementares, tais como
yoga, hipnose, relaxamento, biofeedback, relaxamento muscular progressivo,
dessensibilizao sistemtica, massagem, toque teraputico, acupresso, dentre outros
(ROSCOE et al., 2011). Tais intervenes podem ser aplicadas pelos enfermeiros
independentemente da prescrio de outros profissionais. Por isso, julga-se importante a
busca pela capacitao para desenvolver habilidade destas tcnicas teraputicas, pois dessa
forma a assistncia de enfermagem no farmacolgica no ser baseada, exclusivamente,
em condutas relacionadas aos ajustes dietticos/alimentares.
Torna-se indispensvel que o profissional de enfermagem tenha conhecimentos
tcnicos e cientficos para a preveno, manejo adequado e gil destes eventos adversos,
pois assim espera-se evitar os atrasos entre os ciclos, redues de doses, que podem
comprometer a resposta ao tratamento, alm de melhorar a qualidade de vida desses
pacientes (GOZZO, 2008).
A avaliao do potencial emetognico do esquema quimioterpico e dos fatores de
risco do paciente, por meio da anamnese, so essenciais para a elaborao de um plano de
cuidados que atenda as necessidades dessa clientela. Para Thompson (2012), terapia
antiemtica combinada com educao individualizada, comunicao clara, e a gesto das
expectativas contribuem para que se consiga o controle emetognico ideal.
Os enfermeiros, trabalhando com os demais membros da equipe de sade, podem
implementar diretrizes ou prticas institucionais e planos individuais que ofeream um
melhor padro de atendimento para aos usurios. Barreiras adeso ao plano antiemtico,
como, por exemplo, financeiras, precisam ser avaliadas e tratadas antes de iniciar o
tratamento (THOMPSON, 2012).
Pensando neste contexto, possvel identificar a importncia do envolvimento do
enfermeiro no planejamento de sua assistncia em prol do bem estar do paciente. Sabe-se
que o tratamento quimioterpico provoca eventos adversos, mas se houver uma terapia
planejada, se o paciente estiver bem informado, assistido pelos profissionais de sade e
recebendo apoio familiar, o mesmo passar pelo tratamento com menos marcas e
sofrimento.
40
1.3. Referencial Terico - Anlise de conceito e o modelo proposto por Walker e Avant
Mtodos sistemticos so necessrios para o desenvolvimento ou para o
aperfeioamento dos DE, os quais so considerados conceitos. A anlise de conceito
considerada um mtodo sistemtico importante tanto no desenvolvimento de novos DE,
como no aperfeioamento dos j existentes na NANDA-I (WALKER; AVANT, 2005).
Lorraine O.Walker e Kay C. Avant (2005), enfermeiras e docentes da Escola de
Enfermagem da Universidade do Texas nos EUA, alm de especialistas em filosofia da
educao e teorias em enfermagem, introduziram na rea da enfermagem o mtodo de
anlise de conceito com adaptaes, proveniente do modelo clssico de anlise de conceito
de Wilson (1963).
Para Walker e Avant (2005), a anlise e o desenvolvimento de conceito um
processo fundamental exigido por pesquisadores da rea da enfermagem que esto
tentando medir fenmenos da sua prtica. Afirmam que, por definio, a anlise de
conceito um processo de operacionalizao de um fenmeno, de modo que este possa ser
utilizado para o desenvolvimento de teorias ou mensurao de pesquisa. Para as autoras,
um conceito desenvolvido cientificamente , por conseguinte, o primeiro passo essencial
em qualquer processo de pesquisa. A falta de se ter um processo adequado e sistemtico
para o desenvolvimento da varivel, coloca em risco a validade de toda a investigao
(DUNCAN; CLOUTIER; BAILEY, 2007).
O desenvolvimento do conceito pode ser entendido como um processo, uma
construo mental resultante das observaes e experincias em torno dos fenmenos
(VENDRAMINI et al., 2003).
Fehring (1987) recomenda que, anteriormente realizao de um estudo de
validao de DE, seja realizada uma reviso de literatura, com o objetivo de buscar suporte
e sustentao terica para a efetivao das fases seguintes, ou seja, a validao de contedo
e a validao clnica (POMPEO, 2007). Barros (2012) afirma que a anlise de conceito
uma abordagem adequada para a etapa inicial de reviso de um DE.
Sendo assim, para que se possa afirmar que um DE vlido este deve passar por
um processo em que se conclua que as caractersticas que o definem realmente so
representativas ao que encontrado na prtica clnica (MATOS, 2009).
Os conceitos so fundamentais no processo de pesquisa e suas funes podem ser
classificadas em cognitiva, pragmtica e comunicativa. No aspecto cognitivo, o conceito
delimitador; no pragmtico, deve ser operacional e permitir que o pesquisador trabalhe
41
com o conceito no campo; no comunicativo, deve ser claro, especfico e abrangente e
permitir sua compreenso pelos interlocutores de uma mesma rea de interesse (MINAYO,
2000).
Os conceitos so essenciais para a construo do conhecimento. Um dos principais
requisitos da palavra conceito que ela seja capaz de expressar por meio de seu significado
o que ocorre na realidade, isto , as palavras utilizadas para designar um conceito devem
significar idias semelhantes para diferentes pessoas (MOTA; CRUZ; PIMENTA, 2005).
Segundo Rodgers e Knafl (2000), o mtodo tem como finalidade definir os
conceitos existentes no intuito de diferenciar seus atributos definidores de outros atributos
irrelevantes, bem como mant-lo atualizado, visto que os conceitos modificam-se
continuamente.
A anlise de conceito til na classificao de fenmenos na enfermagem,
oferecendo novas formas de conceituao e descrio de uma determinada situao ou na
reaplicao de um conceito j existente, dentro de outro campo de interesse (ZAGONEL,
1996).
Considerando que os conceitos advm da prtica cotidiana, faz-se necessrio
lembrar que por meio das observaes apreendidas e refletidas na dinmica desse
cotidiano vivido no mbito da prtica de enfermagem, bem como ante as modificaes
contnuas e complexas do conhecimento cientfico, que emerge a necessidade da anlise
contnua dos conceitos de interesse (FERNANDES et al., 2011).
O desenvolvimento de um conceito por uma pessoa acontecer com o
direcionamento do contexto social na qual a pessoa interage e desenvolve conceitos.
Portanto, os fatores contextuais variaro dependendo do perodo ou das situaes em que
os conceitos so analisados (RODRIGUES, 2004).
O estudo de Dalri et al. (2008) revelou a necessidade de novas investigaes,
enfocando clientelas e situaes clnicas de sade especficas ao validar o DE Troca de
gases prejudicada em adultos no atendimento de emergncia. Neste mesmo contexto,
Pompeo (2012) desenvolveu o estudo sobre Validao do DE Nusea no perodo ps-
operatrio imediato e pretendia que os resultados incentivassem outros enfermeiros a
pesquisarem sobre a nusea em diferentes populaes.
Outras pesquisas que procederam anlise de conceito, utilizando tanto o modelo
de Walker e Avant (2005) como o modelo proposto por Rodgers (2000), destaca-se:
Tuberculose no idoso (VENDRAMINI et al., 2003); Cuidados paliativos (RODRIGUES,
2004); Fadiga (MOTA; CRUZ; PIMENTA, 2005); Condio crnica no contexto da sade
42
do idoso (FREITAS; MENDES, 2007); Morte digna da criana (POLES; BOUSSO, 2009);
Fragilidade em idosos (ANDRADE, 2010); Exerccio fsico em portadores de hipertenso
arterial (GUEDES; LOPES, 2010); Comportamento de preveno de quedas (VITOR,
2010); Incontinncia urinria de esforo (THOMAZINI, 2011); Integridade tissular
prejudicada (BARROS, 2012); Nusea relacionada ao perodo ps-operatrio imediato
(POMPEO, 2012); Dor de parto (MAZONI, 2012), Risco de leso do trato urinrio
(GARBUIO, 2012), Recuperao cirrgica retardada (ROMANZINI, 2013) e Eliminao
urinria prejudicada com foco em lactentes (MIRANDA, 2013).
A flexibilidade da Taxonomia II da NANDA-I favorece a incluso de novos
diagnsticos como tambm a incluso, por meio de estudos de reviso e validao, de
caractersticas definidoras, fortalecendo os achados clnicos (DALRI et al., 2008).
O Modelo de Anlise de Conceito de Walker e Avant composto por oito etapas:
seleo do conceito, objetivos da anlise conceitual, identificao dos possveis usos do
conceito, determinao dos atributos definidores, identificao do caso modelo,
identificao de casos adicionais, identificao de antecedentes e consequncias e
definio de referenciais empricos (WALKER; AVANT, 2005).
A seguir, sero apresentadas estas etapas, segundo Walker e Avant (2005).
1.3.1. Primeira etapa: Seleo do conceito
A seleo do conceito deve ser cautelosa, pois deve estar relacionado com a
pesquisa, ser de interesse para o pesquisador, associado com o seu trabalho ou incomod-lo
de alguma forma. A anlise do conceito selecionado deve contribuir para o
desenvolvimento do conhecimento sobre o fenmeno de interesse do pesquisador.
Termos muito amplos devem ser evitados, pelo fato de abrangerem vrios
significados, o que pode confundir a anlise.
Geralmente, a seleo do conceito reflete o tema ou a prtica de enfermagem, e
pode ser gerada a partir de pesquisas da rea de enfermagem ou desenhada a partir de uma
teoria ainda incompleta ou que tenha conceitos que no estejam claros.
43
1.3.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual
A segunda etapa refere-se a determinar os objetivos ou propsitos da anlise,
focando sobre o que exatamente se pretende fazer a partir dos resultados, tentando
responder seguinte questo: Porque estou fazendo esta anlise?.
A anlise de conceito inclui diferentes objetivos, tais como: distinguir entre o uso
comum de um conceito e o seu uso cientfico; esclarecer o significado de um conceito j
existente; desenvolver uma definio operacional; desenvolver um instrumento de
pesquisa; ou, ainda, adicionar e/ou renovar uma teoria existente.
Alm desses, existem outros possveis propsitos, mas o importante que se
decida, com antecedncia, porque h o interesse na realizao de uma anlise de conceito.
Esta definio de propsito til, pois quando comear a determinar os atributos
que definem o conceito escolhido, poder se descobrir vrios usos diferentes do conceito.
Assim, a seleo do uso especfico do conceito escolhido ir refletir os objetivos da
anlise.
1.3.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito
recomendado que se realize uma ampla reviso dos possveis usos do conceito,
ou seja, que ele seja investigado a partir de diferentes fontes, tais como, dicionrios,
enciclopdias, livros, colegas e disponveis na literatura. A reviso de literatura cientfica
importante, mas esta no deve ser restrita apenas a pesquisas provenientes da rea da
enfermagem e mdica.
Ignorar os aspectos fsicos de um conceito e se concentrar apenas no psicossocial,
por exemplo, pode priv-lo de uma grande quantidade de informaes valiosas. Importante
incluir tanto os usos implcitos como os explcitos do conceito. A leitura extensiva em
grande nmero de diferentes fontes quanto possvel inestimvel. Esta reviso da literatura
indispensvel para apoiar ou validar as escolhas finais dos atributos definidores.
1.3.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores
A medida em que o pesquisador observa e examina o maior nmero de diferentes
instncias em que o conceito utilizado, ele ir atentar-se s caractersticas que aparecem
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com maior frequncia, ou seja, as que aparecem repetidas vezes. Esta lista de
caractersticas denominada atributos crticos, definidores ou caractersticas definidoras.
Eles funcionam muito bem como os critrios para a elaborao de diagnsticos
diferenciais em medicina, pois ajudam a nomear a ocorrncia de um fenmeno especfico,
diferenciando-o do outro semelhante ou afim.
Quando todas as instncias de um conceito so recolhidas, haver um grande
nmero de possveis significados. A deciso na escolha deve basear-se nos objetivos da
anlise. Pode-se optar pela escolha de mais de um significado, porm a anlise desses
outros significados ser contnua.
1.3.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo
Ao mesmo tempo em que uma lista de atributos definidores desenvolvida, deve-se
comear a desenvolver um caso modelo. O pesquisador apresentar um caso em que o
conceito usado, trazendo todos os atributos definidores essenciais; o caso modelo pode
ser um exemplo da vida real, achado na literatura ou criado pelo pesquisador.
Nesta fase, muitas vezes til e s vezes necessrio, procurar colegas que atuem na
rea em estudo, para auxiliar na identificao de falhas ou erros no percebidos
anteriormente.
Segundo o modelo clssico de anlise de conceito de Wilson (1963), no qual se
basearam Walker e Avant, um caso modelo quando o pesquisador pode afirmar: Bem,
se isto no um exemplo deste conceito, ento nada ser.
1.3.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-
relacionados, casos-contrrios, casos-inventados e casos-ilegtimos)
Nesta etapa apresentam-se casos semelhantes ou contrrios ao conceito de interesse
ajudando no julgamento sobre quais atributos definidores ou caractersticas do conceito so
essenciais. Estes casos so construdos com a finalidade de fornecer exemplos do que no
representa o conceito em questo e para promover uma maior compreenso do conceito em
discusso.
Os casos-limtrofes ou borderline so aqueles casos ou exemplos que contm
alguns atributos crticos do conceito examinado, mas no todos eles. Podem ainda conter a
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maioria ou todos os critrios, mas diferem substancialmente em um deles, tais como a
durao ou a intensidade de ocorrncia. Estes casos so inconsistentes de alguma forma e,
como tal, eles auxiliam a entender porque no um caso modelo.
Os casos-relacionados so exemplos de conceitos que esto relacionados com o
conceito em estudo, mas que no contm os atributos crticos. Eles so semelhantes aos do
conceito em estudo e apresentam alguns atributos do conceito, mas no os mais
importantes. Eles esto de alguma forma ligados ao conceito principal e auxiliam a
entender como o conceito em estudo se encaixa na rede de conceitos que o rodeiam.
Os casos-contrrios no representam o conceito, ou seja, no contm os atributos do
mesmo; so aqueles casos que so exemplos claros do que o conceito no ". Entretanto
auxilia no julgamento sobre quais atributos definidores ou caractersticas so essenciais a
esse conceito. Estes casos podem ser reais, extrados da literatura ou elaborados pelo autor.
Wilson (1963) sugere que pode ser feita a seguinte afirmao sobre o caso contrrio "Bem,
qualquer que seja o conceito, certamente, no um exemplo disso". Os casos contrrios
so frequentemente muito teis ao pesquisador, uma vez que muitas vezes mais fcil
dizer o que no algo, do que o que ; e descobrir o que um conceito no , nos ajuda a ver
de que maneira o conceito em anlise diferente do caso contrrio. Este, por sua vez, nos
d informaes sobre o que o conceito deve ter como atributos definidores se os do caso
contrrio so claramente excludos.
Os casos-inventados so aqueles construdos usando idias fora da nossa prpria
experincia e muitas vezes so lidos como fico cientfica. Casos inventados so teis
quando se est examinando um conceito muito familiar, como "homem" ou "amor".
Utilizam idias do conceito, mas no esto presentes na vivncia e experincia do
pesquisador. Este caso no precisa necessariamente estar presente na anlise; se os demais
casos clarificam a presena do conceito, este dispensado.
Os casos-ilegtimos so exemplos do termo do conceito utilizado de forma
inadequada. Estes casos so teis quando o pesquisador se deparar com um significado
para um termo que completamente diferente de todos os outros. Ele pode ter um ou dois
dos atributos fundamentais, mas a maioria dos atributos no se aplica.
Uma vez que o caso modelo e os demais casos so construdos, os mesmos devem
ser comparados com os atributos essenciais ou que o definem mais uma vez para assegurar
que todos os atributos essenciais foram descobertos. Pode ser que algumas reas de
sobreposio, impreciso ou contradio torne-se aparente e neste ponto um refinamento se
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torna necessrio. Uma anlise no pode ser concluda at que no haja sobreposio de
atributos e sem contradies entre os atributos definidores e o caso modelo.
1.3.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias
Esta etapa muitas vezes ignorada, mas pode clarear os contextos sociais em que o
conceito geralmente utilizado. Pode ser til para aperfeioar ainda mais os atributos
crticos, pois o mesmo no pode ser um antecedente e um atributo ao mesmo tempo, por
exemplo.
Antecedentes so os acontecimentos ou incidentes que devem ocorrer antes da
ocorrncia do conceito, portanto no podem ser um atributo do conceito. Consequncias,
por outro lado, so os acontecimentos ou os incidentes que ocorrem como resultado do
aparecimento do conceito.
1.3.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos
Referenciais empricos so classes ou categorias de fenmenos reais que, pela sua
existncia ou presena demonstram a ocorrncia do prprio conceito. Para o
esclarecimento desta fase, deve-se responder seguinte pergunta: Se formos medir o
conceito ou determinar sua existncia no mundo real, como faramos?.
So teis para o desenvolvimento de instrumentos porque esto ligados s bases
tericas do conceito, contribuindo para a validao de construto e de contedo de um novo
instrumento.
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2. OBJETIVOS
________________________________________________
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2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Analisar o conceito Nusea no tratamento quimioterpico usando o Modelo de
Walker e Avant (2005) e comparar os resultados da anlise do conceito com os elementos
do DE Nusea apresentados na taxonomia II da NANDA-I (2013).
2.2. Objetivos especficos
identificar e sintetizar o conceito nusea em pacientes durante o tratamento
quimioterpico por meio de uma reviso integrativa (RI);
identificar os atributos, os antecedentes, as consequncias e os referenciais
empricos da nusea relacionada quimioterapia;
elaborar um caso modelo, um caso-relacionado e um caso-contrrio do conceito
nusea em pacientes durante o tratamento quimioterpico;
comparar a definio de nusea da NANDA-I (2013) com as definies de nusea
relacionada quimioterapia encontradas nos estudos da RI;
comparar os atributos definidores da nusea na literatura com as caractersticas
definidoras do DE Nuse