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Análise do uso dos computadores no 1º Ciclo do Ensino ...hera.ugr.es/tesisugr/18587653.pdf ·...

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TESIS DOCTORAL Análise do uso dos computadores no 1º Ciclo do Ensino Básico do Concelho de Felgueiras (PORTUGAL) Departamento de Didáctica e Organização Escolar O DOUTORANDO: Carlos Augusto Guimarães DIRECTOR: Dr. Manuel Lorenzo Delgado Dr. Benito Moreno Peña Dr. Juan Antonio López Núñez Octubre, 2009 Facultad de Ciencias de la Educación
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TESIS DOCTORAL

Análise do uso dos computadores

no 1º Ciclo do Ensino Básico do Concelho de Felgueiras

(PORTUGAL)

Departamento de Didáctica e Organização Escolar

O DOUTORANDO:

Carlos Augusto Guimarães

DIRECTOR:

Dr. Manuel Lorenzo Delgado Dr. Benito Moreno Peña Dr. Juan Antonio López Núñez

Octubre, 2009

Facultad de Ciencias de la Educación

Editor: Editorial de la Universidad de GranadaAutor: Carlos Augusto GuimaraesD.L.: GR 2677-2010ISBN: 978-84-693-2005-1

“Evitai (disse o lavrador) vender a herança

Que de vossos pais veio

Esconde um tesouro em seu seio.

Mas ao morrer o sábio pai

Fez-lhes esta confissão:

-O tesouro está na Educação”.

(Fábula de La Fontaine: O Lavrador e os

Filhos).

ÍNDICE AGRADECIMENTOS Pág. 1

INTRODUÇÃO Pág. 3

PARTE I : AS ANTIGAS (NOVAS) TECNOLOGIAS

CAPÍTULO 1. A INSERÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO SISTEMA EDUCATIVO Pág. 7

1. A EMERGÊNCIA DAS TIC’S COMO PARADIGMA DE MODERNIZAÇÃO

TECNOLÓGICA DA SOCIEDADE E DA ESCOLA Pág. 9

2. A DINÂMICA DOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM Pág. 17

2.1. Motivação do aluno nas pedagogias centradas no

Professor Pág. 18

2.1.1. Emulação Pág. 19

2.1.2. As Pedagogias Centradas no Aluno Pág. 20

3. A EDUCAÇÃO OU A UTOPIA NECESSÁRIA Pág. 22

3.1. As TIC’s como meio de comunicação na escola Pág. 24

3.1.1. A sua evolução Pág. 24

3.1.2. Os meios de comunicação e a criança Pág. 33

3.1.3. Processamento comunicacional e a difusão da

mensagem Pág. 40

3.1.4. Importância dos meios de comunicação na educação

da criança Pág. 43

3.1.5. Comunicação Educativa Pág. 47

CAPÍTULO 2. ABORDAGENS CONCEPTUAIS AOS CONCEITOS DE TÉCNICA E TECNOLOGIA Pág. 61

1. OS CAMINHOS DA TECNOLOGIA Pág.64 2. INOVAÇÃO EDUCATIVA E O COMPUTADOR Pág. 71 3. A TECNOLOGIA EDUCATIVA NA RENOVAÇÃO ESCOLAR Pág. 77 4. AS NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA Pág. 79 5. O ESTUDANTE VITALÍCIO – UMA IMPOSIÇÃO DA

MODERNIDADE Pág. 84 5.1.1. A Tecnologia e a Tecnologia Educativa Pág. 86

6. A TECNOLOGIA, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A INOVAÇÃO EDUCATIVA Pág. 94

7. A TECNOLOGIA COMO FACTOR INTERACTIVO NA APREENSÃO DA REALIDADE E NA FORMAÇÃO DO CONHECIMENTO Pág.101

CAPÍTULO 3. OS COMPUTADORES COM RECURSO PEDAGÓGICO E DIDÁCTICO Pág.107

1. O ENSINO EM PORTUGAL COMO CONTEXTO DA

INVESTIGAÇÃO Pág.110

2. O COMPUTADOR E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Pág.122

2.1. A relação pedagógica estabelecida entre o

professor e o computador Pág.122

2.2. O computador e a formação de professores

nas TIC’s Pág.129

2.3. A formação inicial de profesores Pág.135

2.3.1. Problemas associados à Formação Inicial

dos Professores Pág.140

2.3.2. Problemas associados à Formação Contínua

dos Professores Pág.145

CAPÍTULO 4. OS TIC’S E A INFORMÁTICA NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO E A CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO PARADIGMA PEDAGÓGICO Pág.163

1. A HISTÓRIA DO COMPUTADOR Pág.165 2. O COMPUTADOR NA ESCOLA EM PORTUGAL Pág.174 3. A INFORMATIZAÇÃO DO ENSINO Pág.177 4. O PAPEL DO PROFESSOR COM AS NOVAS TIC Pág.179

4.1. Relacionamento Professor Aluno Pág.181

5. FORMAÇÃO DOS AGENTES EDUCATIVOS EM TIC Pág.185 5.1. Formação inicial (em TIC) Pág.190

5.2. Formação Contínua (em TIC) Pág.194

6. O COMPUTADOR E OS CURRÍCULOS ESCOLARES NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO Pág.199

7. A IMPLEMENTAÇÃO DAS TIC NAS PRÁTICAS CURRICULARES

DO 1º CICLO NO CONCELHO DE FELGUEIRAS Pág.207

8. ALGUNS BONS EXEMPLOS Pág.216

CAPÍTULO 5. AS TECNOLOGIAS DE “PONTA”: PERSPECTIVAS DO SEU POTENCIAL, IMPLEMENTAÇÃO E UTILIZAÇÃO PEDAGÓGICA Pág.221

1. CONTEXTO DO E- LEARNING Pág.223 2. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A INOVAÇÃO EDUCATIVA

NA ESCOLA Pág.224

3. O SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÊS E AS TECNOLOGIAS DE PONTA Pág.231 3.1. Os meios de comunicação como factor interactivo na

apreensão da realidade e na formação do conhecimento Pág.234

4. O ENSINO À DISTÂNCIA (EAD) Pág.240

4.1. Aparecimento e razão de ser do EAD Pág.242

4.2. Características do EAD e a sua implementação Pág.245

5. MOODLE Pág.251

PARTE II : INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA

CAPÍTULO 6. QUADRO TEÓRICO-METODOLÓGICO Pág.265

1. CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE INVESTIGAÇÃO Pág.267

2. PROBLEMÁTICA E PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO Pág.270 2.1. A problemática Pág.270

2.2. O problema Pág.272

2.3. Objectivos da investigação Pág.273

2.4. População – Amostra Pág.275

3. INSTRUMENTOS UTILIZADOS Pág.278

3.1. Validação Pág.281

3.2. Fiabilidade Pág.281

3.3. Tratamento de dados Pág.284

CAPÍTULO 7. TRATAMENTO DE DADOS Pág.285

1. ANÁLISE NUMÉRICA E COMENTÁRIO DE GRÁFICOS Pág.287 2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DESCRITIVO POR FACTORES Pág.321 3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Pág.329

CAPÍTULO 8: CONCLUSÃO Pág.339

1. CONCLUSÃO Pág.341 2. RECOMENDAÇÕES FINAIS Pág.351

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Pág.355

ANEXOS Pág.373 ÍNDICE DE GRÁFICOS Pág.385

ÍNDICE DE TABELAS Pág.387

SÍGLAS Pág.388

1

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho, só foi possível graças ao apoio de

algumas pessoas que contribuíram para a concretização do mesmo:

- Dr. Manuel Lorenzo Delgado, orientador atento ao desenrolar o

trabalho, aconselhando e orientando o rumo das minhas ideias.

- À minha esposa e filhos, pela compreensão tida ao longo desta

caminhada, mesmo nos momentos em que não os

acompanhei, como seria minha vontade.

- A meus pais, pelo ânimo que me transmitiram.

- A alguns dos meus colegas pelo apoio que sempre me deram

mesmo quando desistir parecia o caminho próximo a percorrer.

- A todos os outros familiares e amigos.

2

- Como os últimos são sempre os primeiros, agradeço também

àqueles que com a sua inveja, raiva, ódio, dor de cotovelo e

vontade de me ver derrotado mais força me incutiram ao ponto

deste trabalho ser possível.

O Meu Obrigado Sincero

3

INTRODUÇÃO

Ao longo deste trabalho, farei uma retrospectiva daquilo que tem

sido o ensino em Portugal, quando influenciado pelas novas

tecnologias.

Numa altura em que muito se fala de “Choques Tecnológicos” e

“Auto Estradas da Educação”, urge repensar se a sociedade está

preparada para isso.

Serão tratados os temas primeiro num âmbito geral e depois mais

centralizada no concelho de Felgueiras.

Precisamos fundamentalmente de saber se os intervenientes no

processo educativo estão preparados para uma mudança que tem sido

muito rápida. Tentarei fazer uma abordagem centrada nos diversos

factores educacionais nomeadamente, professores, alunos. e escolas

Os professores, ao longo da sua formação inicial receberam

formação suficiente para usar essas tecnologias?

Estão os professores preparados para ser um elemento

colaborativo na educação em detrimento de ser dono do saber

absoluto? Como evoluíram as mentalidades dos professores ao longo

desta evolução?

4

E os alunos? Será que estão preparados para a autonomia que os

multimédia lhe dão?

E as escolas? Tentarei também ver até que ponto estão

preparadas para este embate. No concelho de Felgueiras, farei um

levantamento exaustivo daquilo que existe e das condições em que é

aplicado.

Posto isto, e porque Felgueiras serve de mostragem a nível

nacional, tirarei as minhas conclusões, farei os meus comentários e

propostas para o futuro.

A dicotomia professor, aluno, comunidade educativa está

preparada para cada uma fazer a sua parte e engrenarem no sistema

de ensino ou apenas se nota um conjunto de “peças” desgarradas e que

cada uma puxa para o seu lado?

Este é o desafio que me proponho desvendar para ver até que

ponto a política educativa portuguesa está ou não a ser a mais

conveniente para a sociedade futura.

5

PARTE I

AS ANTIGAS (NOVAS)

TECNOLOGIAS

6

7

CAPÍTULO 1

A INSERÇÃO DAS NOVAS

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NO SISTEMA

EDUCATIVO

8

9

1. A EMERGÊNCIA DAS TIC’S COMO PARADIGMA DE

MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA SOCIEDADE E DA

ESCOLA

O homem é um ser eminentemente social que só em sociedade se

realiza. Contudo, o cumprimento desta predestinação gregária implica a

realização de uma aprendizagem para que essa integração na

comunidade seja plena e dela advenham realizações mútuas. Esta

aprendizagem decorre de diferentes actos e múltiplos contextos, sendo

que à escola compete especial responsabilidade na sua implementação,

dinamização e sucesso.

Objecto de múltiplas e diferentes solicitações, à Escola compete,

ainda, dar resposta às exigências do desenvolvimento económico,

social, cultural e ético e vencer, também, o desafio da tecnologia.

Contando com os riscos que eventualmente lhe possam estar

associados, as TIC’s constituem uma das principais vias de acesso à

educação contemporânea. É a complexidade deste puzzle educativo e

dos factores que, de forma mais ou menos explicita, interferem e

condicionam a sua acção.

As novas tecnologias são uma realidade cada vez mais presente

mesmo nos mais elementares actos do nosso quotidiano.

10

Facto que exige das camadas emergentes uma nova formação

constante. Só um estudante vitalício será capaz de se manter

actualizado.

Face às constantes inovações científicas e tecnológicas,

beneficiando das muitas vantagens que disponibilizam, as novas

tecnologias são cada vez mais fundamentais na nossa escola, até

porque exercem simultaneamente uma atitude crítica perante as

eventuais consequências do seu uso.

Impõe-se nesta realidade educativa aprofundar o conhecimento e

implicações das TIC’s no processo educativo, porquanto, a sua

implementação curricular se constitui como uma das mais significativas

mudanças ocorridas nos últimos anos. No ensino, a sua utilização

enquanto recurso educativo, viabilizou um significativo desenvolvimento

pedagógico.

Educação implica evolução, e esta foi, desde sempre, objectivo

orientador de grande parte da actividade humana. As profundas

mudanças que ocorrem ao longo da história da humanidade

demonstram o quanto o ser humano busca soluções para as

problemáticas que constituem o seu dia-a-dia.

11

Subjacentes às alterações a que assistimos na actualidade estão

as inovações tecnológicas que têm, quase sempre, consequências

sociais, culturais, educativas e comunicativas.

Embora sendo o responsável pelas transformações que resultam

desta evolução, o homem tem que aprender a viver com as mudanças

que elas processam no seu quotidiano.

Esta aprendizagem ocorre, formalmente, com a mediação da

escola, instituição que detém dupla responsabilidade: apreender as

mudanças e geri-las na preparação das camadas emergentes para a

sua vida pessoal e social.

Os tempos actuais são tempos de profundas transformações

tecnológicas, as quais estão cada vez mais presentes nos mais

elementares actos do nosso quotidiano, facto que cria à escola a

necessidade de reflectir as suas práticas, para cumprir a sua vocação

social.

Esta constatação fez com que, nos últimos anos, muitos sistemas

de ensino tenham vindo a repensar os seus objectivos e modelos de

funcionamento, procurando renovar-se e adaptar-se às exigências de

uma realidade que se renova a intervalos temporais cada vez mais

curtos.

12

A integração de novos recursos tecnológicos no ensino resulta

num dilema para o sistemas educativo na medida em que, ou se aceita

a nova tecnologia com toda a sua capacidade inovadora, assumindo,

por consequência, a transformação de todo o sistema educativo, ou se

ignora esta inovação abdicando das potencialidades educativas que

lhes estão associadas e criando uma ruptura acentuada entre escola e

todo o espaço exterior quer familiar, quer social.

É reconhecidamente imperativo que a educação, sem desprezar

as suas raízes, actue no presente com os olhos voltados para o futuro:

que sem abdicar das ferramentas tradicionais, adopte as suas; que

tenha audácia de ser inovadora nas suas práticas, moderna nos

recursos, criativa nas metodologias, presente na realidade do contexto

sócio-cultural em que se insere, desempenhando com eficácia o seu

papel de participante activo na revolução tecnológica.

Um velho adágio popular afirma que «De pequenino se torce o

viminho» (Parente, 2005: 193). Reconhecendo que os provérbios

referem um saber de “experiência feito” entendemos relevante o

conceito de que a educação é um processo contínuo com origem no

nascimento e que deve acontecer ao longo da vida.

13

Formalmente o seu início acontece com a entrada na escola fase

que Azevedo (1994: 61) caracteriza como determinante ao sucesso

educativo «O 1º ciclo é o nobre momento de construção das

fundações».

Enquanto profissionais da educação sabemos bem o quanto é

pertinente esta asserção, pelo que pretendemos, ao longo deste

trabalho, fazer uma breve análise às novas tecnologias de informação e

comunicação aplicadas ao ensino, e à importância que detêm na

modernização e adequação da instituição escolar à sociedade de

informação em que vivemos. É face a este desafio que nos compete

dotar as camadas mais e menos jovens em formação, de competências

que lhes assegurem a realização pessoal e uma plano de integração

social. Perseguindo de perto as ideias de Paulo Freire devemos fazê-lo

sempre com a prioridade de as utilizar nestes termos: «A educação e

comunicação, é diálogo, na medida em que não é transmissão de um

saber, mas um encontro de interlocutores que procuram a significação

dos significados».

O sistema tradicional de ensino está em acentuada decadência,

mas não consideramos, no entanto, que as TIC’s sejam a solução para

todos os males que afectam a Educação, pois a aceitação desta

premissa induzir-nos-ia a um optimismo que nos fizesse acreditar que a

14

“Nova Tecnologia” poderia resolver “Velhos Problemas”. As TIC’s não

representam o fim do insucesso nem tornam o sucesso educativo dados

adquiridos.

Postman (2002), a este respeito, considera que os problemas que

a escola não conseguir resolver sem os computadores também os não

resolverá com eles. No entanto, reconhece-se que tal como a imprensa

no século XV, a actual revolução social e tecnológica venha a reflectir-

se de forma marcante na escola, tal e qual o faz na sociedade.

Entendo como relevante que a educação, embora sem desprezar

a herança de estratégias metodológicas, objectivos gerais e recursos,

actue sobre o presente com o futuro como linha orientadora. Ao mesmo

tempo, não abdicando das ferramentas tradicionais, deverá, também,

potenciar aquelas que a modernidade lhe disponibiliza e que,

reconhecidamente, se tornarão a realidade do seu quotidiano próximo.

Impõe-se, neste entendimento, que a escola proporcione, desde as

primeiras experiências institucionais, o contacto com a diversidade

tecnológica quer no que respeita a audiovisuais quer a software

educativo.

15

Também conta neste tipo de análise a nossa experiência

profissional, principalmente quando sabemos existir um grande deficit

de sensibilização quer na prática do uso destas ferramentas como na

formação de professores.

Nas últimas décadas, com o avanço exponencial das novas

tecnologias e dos meios de comunicação de massas, novas exigências

se foram impondo à sociedade. Por isso, a escola não pode ficar parada

no tempo, e, como tal, terá que se adaptar a uma sociedade em

constante e rápida mudança.

Perceba-se que, perante este quadro evolutivo das TIC’s, a

consolidação da sociedade da informação é uma promessa para o

século XXI.

A digitalização da informação operou uma revolução no mundo da

comunicação caracterizada, sobretudo, pelo aparecimento de

dispositivos multimédia e pela ampliação das redes telemáticas.

As novas tecnologias estão a invadir todos os níveis da sociedade.

Elas estão a criar novas formas de socialização. A extensão das

tecnologias e das redes informáticas tornam possível a comunicação à

escala mundial, mas também podem reforçar as tendências para o

isolamento.

16

Em termos de educação e de cultura, o maior risco parece residir

na criação de novas rupturas e de novos desequilíbrios.

Os desequilíbrios verificam-se entre aqueles que foram capazes

de se adaptar às novas tecnologias e aqueles que ainda não foram

capazes de se adaptar por razões económicas ou por qualquer outra

razão. A separação, entre aqueles que dominam os novos meios de

comunicação e de informação e os que não têm essa possibilidade,

pode ser muito profunda.

O aparecimento da sociedade de informação constitui um desafio

para a educação.

Cabe aos sistemas educativos assumirem um papel privilegiado e

de grande responsabilidade para fornecer a todos os jovens os meios

para dominarem a enorme quantidade de informação, para as

seleccionar e hierarquizar, revelando sempre espírito crítico sobre as

suas prioridades, necessidades e utilização.

Por outro lado, a rapidez das alterações tecnológicas fez surgir a

necessidade de flexibilidade qualitativa de mão-de-obra.

A escola necessita de ajudar os jovens a acompanhar estas

mudanças e a adaptarem-se à "revolução da inteligência".

17

Interessa preparar pessoas para a inovação, pessoas capazes de

evoluírem, de se adaptarem a um mundo em constante mudança e

capazes de dominarem todas as transformações que vão ocorrendo.

2.A DINÂMICA DOS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM

A aprendizagem, tal como uma qualquer actividade, necessita de

uma dinâmica. Esta define-se por uma energia e por uma direcção.

Em termos de psicologia, a dinâmica tem por base as motivações.

Not (1987: 97) refere que motivações são:

“[…] as forças mais ou menos racionais, mais ou menos

conscientes, que fazem agir o ser vivo. O conceito de motivação

engloba os motivos conscientes e os móbiles inconscientes, as

necessidades e as pulsões de origem biológica, as reacções

afectivas aos estímulos vindos do meio ou do próprio indivíduo

[…].”

Em termos educativos, um dos problemas com que os professores

se debatem é o de motivar os alunos. Tal problema pode ter diversas

soluções, de acordo com os modelos pedagógicos a que se pode

recorrer.

18

2.1 Motivação do aluno nas pedagogias centradas no

Professor

Nas pedagogias centradas no professor, a motivação não é

fundamental, porque o essencial, para não dizer toda a actividade, é

assegurada pelo próprio professor. Cabe a ele tomar as iniciativas e

dirigir o processo. Não há preocupação em perceber quais são os

desejos e objectivos dos alunos, porque o que realmente parece

interessar é preparar o aluno para a vida adulta, para o desempenho de

uma actividade profissional. Para a criança, a vida profissional está

muito longe e por isso, tal perspectiva não é motivação para a sua

actividade no presente.

O aluno deve agir porque, uma vez que tem o estatuto de aluno, a

isso se encontra obrigado. Há, assim, um dever de obediência por parte

do aluno. A dinâmica das situações educativas não se baseia apenas

no dever, mas também no direito de punir ou de recompensar. O aluno

estuda motivado pelo desejo da recompensa ou para evitar a punição.

As punições só apresentam móbiles exterior à relação essencial

aluno-conhecimento não estando relacionadas de um modo directo com

o desejo, a necessidade.

19

2.1.1. Emulação

O termo emulação significa o esforço desenvolvido pelos

indivíduos para se igualarem ou se ultrapassarem uns aos outros

através da sua maneira de agir, de ser, pelo seu rendimento, pelo seu

saber.

A emulação como refere Louis Not, fundamenta-se em

determinados aspectos psicológicos:

Na admiração ou imitação;

Na competição e no desejo de se distinguir dos outros;

Na concorrência;

Na combatividade.

A emulação conduz a classificações e a hierarquias: os bons

alunos, os médios, os maus. Apoia-se, essencialmente, na procura de

determinados benefícios, distinções.

A escola não deve, apenas, ter por objectivo o lucro ou a

glorificação dos alunos, mas, também, a redução das desigualdades no

acesso ao saber e a permanência, com sucesso, desses alunos nos

processos de formação/educação.

20

2.1.2. As Pedagogias Centradas no Aluno

As pedagogias centradas no aluno baseiam-se na necessidade

que é consequência duma insatisfação ou de uma falta. A necessidade

desencadeia e orienta a acção que é capaz de a satisfazer. Para além

da necessidade, é preciso ter em atenção o interesse.

De acordo com Folquié, (Folquié et. al. 1962: 237, in Louis Not,:

106); interesse é “[…] o que importa e faz com que ela fixe a nossa

atenção […]”.

Claparède (1958: 64 , in Louis Not,: 106); dá uma noção de

interesse que pode ser considerada mais precisa, uma vez que o

interesse é tudo aquilo «...que causa activação de certas reacções» e,

ainda afirma que «essa causa não é apenas uma necessidade, nem

apenas um objecto, é o objecto em relação com a necessidade».

O interesse parece estar relacionado com as necessidades do

sujeito e com as propriedades do objecto e, é importante em actividades

de aprendizagem, uma vez que parece contribuir para uma melhoria na

qualidade do trabalho para aumentar a perseverança e o esforço.

Segundo Louis (Louis Not, : 108):

21

“Desprezar o interesse nas situações didácticas pode levar a

criança a procurar as suas orientações fora delas e a fazê-la

perder de vista o verdadeiro significado do seu trabalho. Querer

que a criança se esforce por simples respeito da disciplina

abstracta é esquecer que a criança não é ainda adulto e que os

valores deste correspondem na criança outros valores […].”

Não se pretende deixar a criança ligar-se apenas aos seus

interesses espontâneos, mas tão simplesmente ligar o que se lhe quer

ensinar à sua vida:

“A escola deve transformar os objectivos futuros visados pelos

programas em interesse presentes para a criança, diz-se

frequentemente. A curiosidade da criança é muito grande e o

seu desejo de saber é real, pelo menos enquanto a escola não

o extingue ou domina através de ensinamentos tradicionais na

forma e enciclopédicos no conteúdo. Só que ela gostaria de

satisfazer a sua curiosidade de uma vez só e a forma das

aprendizagens escolares, que resulta geralmente das

exigências do objecto em estudo, parece-lhe em percurso

penoso e tanto mais fastidioso quando não compreende a sua

utilidade” (Louis Not, : 108).

22

3. A EDUCAÇÃO OU A UTOPIA NECESSÁRIA

“Face aos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como

um trunfo indispensável à humanidade na sua construção dos

ideais da paz, da liberdade e da justiça social” (Delors, 1996:

11).

A educação é essencial para o desenvolvimento contínuo das

pessoas e da sociedade, porque surge como o meio adequado a um

desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico. Surge,

igualmente, como um meio para fazer recuar a pobreza, a exclusão

social, as opressões, as incompreensões, entre outras.

A Comissão Internacional sobre a educação para o século XXI

considera que as políticas educativas são,

“[…] um processo permanente de enriquecimento dos

conhecimentos, do saber fazer, mas também è talvez em

primeiro lugar, como uma via privilegiada de construção da

própria pessoa, das relações entre indivíduos, grupos e nações”

(Delors, 1996: 11).

23

As políticas educativas são questionadas por grandes desafios:

“A tensão entre o global e o local: toma-se, pouco a pouco,

cidadão do mundo sem perder as suas raízes e participando,

activamente, na vida do seu país e das comunidades de base.

A tensão entre o universal e o singular: a mundializaçâo da

cultura vai-se realizando progressivamente, mas parcialmente.

A tensão entre tradição e modernidade tem origem na mesma

problemática: adaptar-se sem se negar a si mesmo, construir a

sua autonomia em dialéctica com a liberdade e a evolução do

outro, dominar o progresso científico. É com espírito que se

deve prestar particular atenção ao desafio das novas

tecnologias da informação” (Delors, 1996: 14).

Face a toda esta mudança marcada pelo enorme desenvolvimento

tecnológico, surge a preocupação com igualdade de oportunidades, que

aliás já é uma questão clássica.

Há uma preocupação com a procura “[…] duma educação básica

que ensine a viver melhor através do conhecimento, da experiência e da

construção duma cultura pessoal” (Delors, 1996: 15).

24

De acordo com Delors, caminhamos para "uma sociedade

educativa", devendo-se dar relevo ao potencial educativo dos modernos

meios tecnológicos e da comunicação.

3.1. As TIC’s como meio de comunicação na escola

3.1.1. A sua evolução

A vida do homem decorre numa sociedade na qual a evolução é

uma constante, que resulta essencialmente das profundas

transformações tecnológicas que se processam a um ritmo alucinante.

Embora sendo o responsável pela evolução tecnológica e consequentes

alterações na sua vida pessoal e social, o homem tem, também, que

aprender a viver com as mudanças que ocorrem no seu quotidiano e

impõem novas formas de interagir e comunicar. Esta aprendizagem

processa-se com a mediação da escola, instituição que detém dupla

obrigação: apreender nas mudanças e geri-las na preparação das

camadas emergentes para a sua vivência social.

Face às novas realidades sociais, muitos sistemas de ensino têm

vindo a repensar os seus objectivos e modelos de funcionamento

visando uma mais eficaz resposta às novas necessidades educativas

que esta evolução impõe. Múltiplos são os factores que exigem o

25

repensar da Escola, mas de entre eles destacam-se os rápidos

desenvolvimentos tecnológicos que, a cada dia, se introduzem nas

nossas vivências quotidianas. Por inerência, tais desenvolvimentos

tecnológicos reflectem-se nas práticas educativas, uma vez que escola

e educação formal são dois conceitos que se complementam. Com

efeito, a educação formal, entendida como uma responsabilidade da

escola enquanto instituição vocacionada para assegurar que as

camadas em formação adquiram conhecimentos e competências

essenciais à sua realização pessoal e integração social. A educação

reveste-se de aspectos pessoais e sociais que resultam sobretudo das

interacções que se estabelecem entre cada indivíduo e o meio

envolvente. Delors (1996:11), a propósito, concebe-a como «um

processo permanente de enriquecimento dos conhecimentos, do saber

fazer mas também e em primeiro lugar, uma via privilegiada de

construção da própria pessoa, das relações entre indivíduos, grupos e

nações».

A necessidade de comunicar, subjacente ao processo educativo,

implica, desde logo, a necessidade de criar e desenvolver competências

comunicativas, cuja optimização se inicia no conhecimento e domínio da

linguagem, aquisição de competências comunicativas e capacidade de

manipulação de ferramentas tecnológicas que constituem o universo da

26

sociedade da informação em que vivemos.

O reconhecimento da necessidade de envolver a escola neste

processo cria um dilema para o sistema educativo: porquanto, ou se

aceita a nova tecnologia, com toda a sua capacidade inovadora,

assumindo a profunda transformação que isso pressupõe ou se ignora

esta inovação, distanciando dela as suas vantagens e mantendo a

continuidade de uma pedagogia tradicional. Como afirma Carvalho

(1986:64) «A diferença de fundo que distingue entre si as diversas

épocas da História da Pedagogia reside no tipo de homem que a escola

pretende criar».

Na sociedade actual o conhecimento e a informação são duas das

vertentes fundamentais para a formação e sucesso profissional dos

indivíduos. O rápido evoluir das novas tecnologias, que se reflecte com

particular incidência no mercado de trabalho, cria às empresas a

necessidade de formar e actualizar os seus trabalhadores e logicamente

com o menor gasto possível de tempo e dinheiro. Neste contexto, o

Ensino à Distância constitui-se como resposta adequada e desejável.

Também o é para aqueles que, com custos mais reduzidos, apostam na

sua formação e qualificação profissional.

27

A abrangência dos factores envolvidos e a diversidade das suas

implicações na educação actual são aspectos cuja repercussão no

ensino justifica este estudo. Assim, pretendemos ao longo deste

trabalho abordar as grandes invenções tecnológicas e respectivas

potencialidades educativas, vantagens vs desvantagens da sua

utilização quer no ensino presencial quer no ensino à distância. O nosso

especial destaque recairá sobre o e-learning que se constitui nos dias

de hoje, como resposta educativa à necessidade de uma formação

constante, condição essencial a um eficaz desempenho profissional.

As transformações que ocorrem no mundo contemporâneo em

consequência do incremento, desenvolvimento e aplicação das novas

tecnologias, conduziram à passagem da sociedade industrial para a

sociedade de Informação. A sociedade em que vivemos é uma

sociedade de comunicação generalizada, marcada pelo predomínio dos

meios de informação, facto que cumpre o carácter iminente social do

Homem e lhe faculta uma relação contínua com o meio exterior, a qual

tem sido o motor de progresso, sendo através dela que as sucessivas

gerações transmitem às demais as suas aquisições, os seus êxitos e os

fracassos.

28

Desde os seus primórdios à actualidade as sociedades as

sociedades estão assentes na capacidade que o homem possui de

comunicar, transmitindo os seus sentimentos, conhecimentos e

experiências.

Esta actividade é essencial para a sobrevivência, porquanto a

interacção com os seus semelhantes lhe assegura a satisfação das

características gregárias que lhe são inatas.

A comunicação foi e é factor de grande importância no

relacionamento humano, quer em épocas remotas quer no presente. As

formas de comunicar evoluíram ao longo dos tempos, mas a sua

essência permanece constante. A primeira fase deste processo

evolutivo é a “comunicação interpessoal” etapa da exteriorização na

qual o corpo é o cinético meio de que o Homem dispõe para se

expressar. Exprime-se pelo seu corpo através de gestos e palavras,

sendo simultaneamente homo faber e homo loquens. Esta exclusividade

da comunicação oral foi ultrapassada quando, na Idade Antiga, foram

inventados os alfabetos. Mas a sua complexidade exigia conhecimentos

específicos pelo que o seu uso foi reduzido, dentro das comunidades

humanas, a grupos especializados.

29

O alargamento das sociedades, o desenvolvimento económico e

cultural e as necessidades daí decorrentes reflectiram-se numa

progressiva elaboração comunicativa que resultou da transformação em

códigos precisos e comunicativos de gestos e sons emitidos, cujo

domínio marca a supremacia do homem sobre as restantes espécies do

mundo animal. «Comunicar já não é uma função instintiva mas uma

função de cultura» (Cloutier; 2001: 10). A primeira linguagem do homem

é «audiovisual» tanto a nível de expressão - gesto e fala; como a nível

de percepção – visão e audição. Nesta fase da comunicação emissor e

receptor da mensagem partilham o mesmo espaço pelo que os media

são, neste contexto, meros suportes materiais que viabilizam a

comunicação “[…] o ser humano que gesticula e que fala é o primeiro

médium audiovisual” (Cloutier, 2001: 11).

A esta comunicação obrigatoriamente presencial sucede a

“comunicação de elite”. As linguagens utilizadas caracterizam-se pelo

recurso ao desenho, musica e sobretudo à “escrita fonética”, primeiro

passo da linguagem “scriptovisual” que conjugava uma componente

escrita com informação visual. Este é o primeiro medium móvel por

permitir vencer a distância no tempo, e no espaço. Esta forma de

comunicação está associada a civilizações sedentárias e urbanizadas e

permite uma estruturação comunicativa que realça as desigualdades

30

entre os comunicadores porque o domínio ou o desconhecimento do

código utilizado faculta a inserção ou exclusão em grupos sociais

específicos. A escrita passa a ser um conhecimento especializado que

promove a ascensão social dos escribas.

A progressiva simplificação dos caracteres, a capacidade de lhes

atribuir significado e inerente produção de imagens mentais pela

enunciação dos discursos e utilização de ferramentas de construção de

sentido, assim como a descoberta de diferentes materiais para registo

escrito, foram factores que determinaram, no seu todo, a competência

de codificar as mensagens em sons, imagens e escrita. A comunicação

passa a dispor de media suportes que permitem que as mensagens

cumpram a sua missão sem que tempo e distância sejam impeditivos.

A invenção da imprensa contribuiu decididamente para que a

comunicação perdesse a sua característica elitista e se tornasse

acessível às massas. É na era de comunicação de massas que o papel

da escola começa a ser questionado. Entendida até então como o único

espaço de transmissão e aquisição de saber, vê a sua hegemonia posta

em causa pelo aparecimento da chamada “escola paralela”, resultante

da exploração dos media que integram o quotidiano das populações e

facultam o acesso a tudo o que acontece na “aldeia global” em que

vivemos.

31

Face a esta realidade, impõe-se ao Sistema Educativo repensar

os objectivos da sua educação. A educação pelos média, com os media

e para os media é uma nova dimensão que se associa ao acto

educativo.

Contudo a evolução tecnológica prossegue e os seus reflexos na

comunicação são evidentes.

Da comunicação de massas passamos a comunicação individual.

Os self media facultam o acesso a mensagem sempre disponíveis e a

capacidade de se exprimir sempre que o desejar. É, agora, possível

gerir o ritmo comunicativo:

“EMEREC é o ponto de partida e o ponto de chegada da

comunicação. Já não é apenas informado, ele próprio informa e

se informa: já não é o estudante que frequenta cursos durante

alguns anos da sua vida, é o auto educando da educação

permanente” (idem, 1975: 43).

A evolução prossegue e a comunicação individual cede lugar à

“comunicação comunitária”. As telecomunicações passam de

analógicas a digitais facto que abre novas perspectivas aos actos

comunicativos. O homem pode, a partir de agora, comunicar à distância

32

quer em tempo real, quer diferido acedendo as linguagens áudio-

scripto-visuais.

Mas para nós esta etapa é já passada. Vivemos a etapa da

“comunicação universal”. Que assenta numa “[…] imensa teia planetária

tecida pela Internet que oferece aos diversos media um mesmo terminal

e um mesmo sistema numérico” (idem, 2001: 9).

O desenvolvimento da informática e da electrónica provocou uma

autêntica revolução nos meios de comunicação.

É imensurável o caminho percorrido desde a mímica à

comunicação multimédia e vive-se hoje a febre da Internet, rede

mundial de computadores que interliga pessoas dos mais recônditos

lugares do mundo.

A comunicação venceu barreiras, ultrapassou fronteiras, alargou o

conceito de próximo global, transformou o mundo.

33

3.1.2. Os meios de comunicação e a criança

“É hoje claro que nem as políticas, nem os conteúdos, nem os

métodos de educação, nem a formação inicial ou contínua de

professores, nem a investigação em ciências de educação

podem ignorar de ora em diante a problemática nascida do

afrontamento da Educação e da Comunicação”

(Henri Dieuzeide, 1984).

Comunicar é sinal de vida. E para comunicar a Humanidade

inventou formas e meios de comunicação, que possibilitam atingir um

número, cada vez mais elevado de pessoas.

“O homem é um ser que não pode prescindir da comunicação

profunda com as outras pessoas para realizar-se como tal.

Se entendemos a educação como um processo de

comunicação e integração constante dos elementos externos e

internos na personalidade de cada indivíduo, de tal forma que

contribuem para o desenvolvimento de todas as suas

potencialidades, estamos favorecendo a sua realização pessoal.

Podemos concluir assim que não existe educação sem

comunicação, isto é, fenómeno educativo dá-se quando a

34

comunicação se desenvolve de acordo com todas as suas

potencialidades, quando o educando realiza o encontro

(comunicação) com a realidade”. (Ribeiro, 1983:127)

A comunicação está na base de toda a vida em sociedade.

Comunicamos todos os dias e a todo o momento. É uma troca de

compreensão de ideias, de mensagens, de conceitos, de ideias e de

valores relacionados com a obtenção de um conjunto de objectivos.

A situação de ensino aprendizagem é uma situação de

comunicação, cujos suportes pedagógicos são os meios de

comunicação. Eles tornam possível a comunicação à distância quer no

espaço, quer no tempo. No fundo, o fenómeno educativo é

fundamentalmente um fenómeno de comunicação. Comunicação de

valores, de princípios de constructos que acabam por condicionar as

nossas posturas e atitudes, mas que, mesmo assim são apreendidos

através do acto comunicativo.

No entanto, nem sempre o homem comunicou com idênticos

processos, com idênticos recursos. A evolução da tecnologia permitiu

que o acto comunicacional deixasse de ser eminentemente feito em

presença, pessoalmente, para passar a fazer-se à distância técnica e

tecnologicamente fundamentado.

35

Sem dúvida alguma, que uma das características mais

importantes da sociedade actual, é a presença dos meios de

comunicação. A sua acção em maior ou menor medida, directa ou

indirecta, consciente ou inconscientemente, chega a todos os domínios,

entre os quais se encontra a educação.

Os meios de comunicação social e a informação que

proporcionam, fazem parte do horizonte em que se move a vida

quotidiana. Estes oferecem uma versão dos acontecimentos, uma

interpretação do real, que contribui para uma formação e a construção

da realidade numa perspectiva social.

Perante uma sociedade em constante mudança, mais do que

nunca, é necessário que a escola «eduque na actualidade».

Uma das preocupações da escola moderna é, sem dúvida, a

necessidade de responder aos novos desafios que o desenvolvimento

tecnológico e científico põe nas nossas mãos. A imprensa, a rádio, o

cinema, a televisão, entre outros; são partes inseparáveis da nossa

forma de ver e de interpretar o mundo; são vertentes inconfundíveis da

educação; são a outra versão educativa e constituem, no fundo, a

denominada “escola paralela”, que o professor não pode ignorar, sob o

risco de negar os cruciais fundamentos do acto educativo moderno.

36

Na sociedade actual, todos os dias somos confrontados com

situações novas, algumas bem complexas para resolver; por isso é de

vital importância que a escola prepare as crianças para serem “[…]

indivíduos que pensem de uma forma flexível, crítica, eficaz e criativa”

(Lopes et al., 1990: 7), capazes de um processo comunicacional

multidimensionado, criativo, humanizador.

É fundamental que as crianças, desde cedo, aprendam e sejam

encaminhadas para experiências motivadoras, inovadoras e

diversificadas, para um processo educativo onde a comunicação se

apresente como verdadeira expressão de um ser necessariamente

solidário, o ser humano.

É extremamente importante que a educação nas nossas escolas

de centre no ponto – educar para a mudança – proporcionando o

contacto com as novas tecnologias de informação e comunicação.

“Tudo indica que o mundo de amanhã será profundamente

tecnológico e que no seu seio terão lugar preponderante as

tecnologias de informação. Por isso, quem não for capaz de

utilizar e compreender minimamente os processos informáticos

correrá o risco de estar tão desinserido na sociedade do futuro

como um analfabeto o está na sociedade de hoje” (Ponte, 1997:

9)

37

É nesta perspectiva que podemos entender Durkheim (1963, in L.

Porcher, 1976: 31) quando refere que à medida que a civilização evolui

as tradições e os processos ancestrais de comunicação enfraquecem.

Com efeito, se é certo que o aparecimento dos media aumentou a

complexidade e maleabilidade do tecido social, não será menos

evidente que eles acabaram igualmente por ser causa de “[…] uma

maior indeterminação das atitudes dos grupos sociais, relativamente

aos valores essenciais da existência, como sejam o tempo, a felicidade,

o lazer, a cultura, etc.”

Assim sendo, temos então de convir que a mudança provocada

pelos meios de comunicação acabou necessariamente por afectar todo

o processo educativo, já que a escola tem agora de preparar-se para os

novos valores daí provenientes, de assumir novas posturas, de assumir

novas vertentes educacionais e comunicacionais.

Face à transformação provocada pelos novos meios de

comunicação, perdeu-se para sempre, no processo educativo o carácter

de perenidade que os valores apresentavam, ficando a pairar a cada

momento, qual espada de Dâmocles, sob a permanente incerteza do

logo, do amanhã.

38

Mutações tão rápidas que tornam o mundo de hoje pelo de

encanto, pois que enquanto

“[…] as outras gerações pensavam que se podiam dar ao luxo

de preparar os seus filhos para viver numa sociedade

semelhante à sua, a nossa é a primeira geração a ter atingido a

sabedoria socrática de não conhecer o mundo em que os

nossos filhos irão viver” (Leite & Orvalho, 1995: 27).

Na verdade, com os novos meios de comunicação o mundo

deixou de ser a projecção linear do passado. A educação deixou de

limitar-se a ser mera reprodução de um permanente passado, para

preparar para um desconhecido futuro. A escola da sociedade industrial

“[…] oferecia-nos os conhecimentos necessários para a vida

inteira e a nossa tarefa consistia em aprender e aplicar

fielmente esses conhecimentos; neste contexto, o papel do

professor era muito claro: o professor possuía a informação,

que transmitia ao aluno […]” (Leite & Orvalho: 28).

39

utilizando para tal todos os meios à sua disposição. A educação

consistia num processo comunicacional fechado, já que se pautava por

uma mera reprodução dos ensinamentos ministrados.

Hoje, face aos novos meios de comunicação o processo

comunicacional alterou-se profundamente. As auto-estradas da

comunicação abrem novas portagens, novos horizontes, exigem novos

parâmetros educacionais. A linguagem verbal, fonte primordial da

comunicação de antanho, cede cada vez mais o passo ao “logo”, à

comunicação electrónica, à era digital.

Perante tais transformações, estamos convictos de que a

educação tem de assumir estas novas exigências e os processos de

comunicação não podem esquecer igualmente a sua vertente educativa,

sob o risco de, se tal acontecer, fundamentarem uma comunicação fria,

cibernética, desumanizada.

40

3.1.3. Processamento comunicacional e a difusão da

mensagem

Comunicar significa etimologicamente “tornar comum”, é partilhar

algo que representa interesse para todos os seres que integram a

espécie.

A comunicação, como acabámos de referir, é condição

fundamental para o progresso da humanidade.

Nos primórdios da existência humana o ser racional, ainda muito

incipiente, não se afastaria muito dos símios nos seus processos de

comunicação. O homem primitivo foi ajustando lenta e

progressivamente a dinâmica da comunicação às necessidades de

organização e progresso. A comunicação diversifica-se, aperfeiçoa-se e

adapta-se às necessidades das diversas sociedades humanas.

Para Jean Cloutier (1975) a comunicação é um processo global

com várias funções tais como informar, educar, animar e distrair e, que

deverá ser estudada através de todos os seus aspectos.

Ainda segundo o mesmo autor, fizeram-se vários estudos

referentes à comunicação enquanto fenómeno, estudos esses que

foram marcados, directa ou indirectamente, por um artigo publicado em

1948, da autoria de um americano, Harold Lasswell, professor de direito

em Yale e cuja formula, por ele preconizada, ficou conhecida pelo

41

“paradigma de Lasswell”, que decompunha o fenómeno da

comunicação em cinco campos de estudos especializados.

Foi esta fórmula instantaneamente generalizada aos cinco cantos

do mundo e aplicada a todos os domínios de actividades, incluindo,

como óbvio se torna o domínio da educação.

Quadro 1

Processo de comunicação, segundo Lasswell

Quem, era a fonte de comunicação; diz o quê, a mensagem;

através de que meio, referia-se ao canal transmissor da mensagem; a

quem, seriam os receptores; com que efeito, colocava o problema de

influência dos media sobre as massas.

EMISSOR RECEPTOR MÉDIUM MENSAGEM IMPACTO

QUEM? DIZ O QUÊ? ATRAVÉS DE QUE

MEIO

A QUEM? COM QUE EFEITO?

42

Estas perguntas equacionadas na figura 1, ajudam a questionar

ainda hoje, a actividade de alguns profissionais da comunicação, da

educação e de outros domínios, ajudam sobretudo a compreender o

processo do fenómeno da comunicação nas suas diversas e imediatas

relações.

A situação de ensino-aprendizagem é uma situação de

comunicação, é um espaço privilegiado de troca de conhecimentos,

maneiras de fazer e de ser e, de experiências diferentes. Cada

elemento tem de se sentir seguro e confiante, para que as mensagens

circulem com fluidez e em todas as direcções.

Podemos, por isso, dizer que a comunicação não é mais que um

processo, em que os emissores / receptores, são alunos em formação.

As mensagens são conteúdos que se querem transmitir aos alunos. Os

meios de comunicação são os suportes que se tem. O contexto é a sala

de aula ou um posto de trabalho qualquer, onde o professor

desempenha o papel de provocador e gestor da comunicação.

O fundamental em qualquer forma de comunicação consiste na

transmissão por parte de algum, o emissor, origem da comunicação, de

uma mensagem, que seria recebida por outrem, receptor ou

destinatário, com o mínimo de pedras de informação pelo caminho. No

entanto, para que essa comunicação se estabeleça de forma

43

satisfatória, é indispensável que ambos os participantes, para além de

utilizarem uma linguagem comum, estejam familiarizados com o meio

transmissor, de forma que a descodificação da tecnologia não constitua

um obstáculo, dificultando ou até mesmo impossibilitando a

comunicação, é necessário estarem dentro do mesmo contexto

comunicacional, para que não haja um desfasamento de entendimento

do significado da mensagem, um ruído que impeça a compreensão da

mensagem.

3.1.4. Importância dos meios de comunicação na educação

da criança

Os meios de comunicação são uma fonte de enriquecimento, de

conhecimentos e de abertura para os outros e para o mundo. Eles são

os suportes materiais que tornam possíveis a comunicação entre pontos

distantes.

Ao contrário do que se pensava há uns anos atrás, a educação

para os media é muito importante para a criança, que desde sempre é

uma grande comunicadora. Ela precisa de mexer, de experimentar, de

conviver, de brincar, desenvolver o seu imaginário e de aprender a lidar

com os outros.

44

É o trabalho conjunto de vários agentes, professores, pais e

outros, poderá fazer dos media o meio de transmissão de

conhecimentos, educação e socialização, de uma forma harmoniosa.

Pela influência que exercem sobre as crianças, os media estão

prestes a modelar o futuro adulto, proporcionando novas referências

culturais.

Devido a razões de ordem psicológica, as crianças são um terreno

privilegiado onde se podem exercer de forma duradoura e eficaz a

influência dos meios de comunicação de massa.

“O uso dos media e dos audiovisuais da escola (ou na

formação) é obviamente diferente do seu uso quotidiano nos

lares, e na intimidade, ou mesmo noutras práticas sociais. Na

escola tudo tem um cunho pedagógico, ou seja, nenhuma

actividade, nenhum projecto, vale por si mesmo” (Abrantes,

1992: 39).

No sistema escolar, os meios de comunicação podem permitir que

os alunos desenvolvam situações, processos, conheçam melhor a

realidade.

45

O uso pedagógico dos meios de comunicação contribuem para

reforçar nos alunos determinados métodos e hábitos intelectuais e

pedagógicos, e ao mesmo tempo pode transforma-los em criadores de

informação.

Aprender investigando é, pois, consequência da aplicação de um

processo ensino-aprendizagem adaptado nos seus fins e nos seus

métodos, no qual os meios de comunicação constituem não só um

suporte, mas também fonte de conhecimento. Os meios de

comunicação propiciam a interdisciplinaridade e um tipo de ensino

aberto, flexível e dinâmico.

Os meios de comunicação podem ajudar a criar sentido, a revelar

sentido ou a descobri-lo, a partir de um trabalho pedagógico consciente.

Eles estão na rua, na sociedade e não podem faltar na escola,

contribuindo para formar cidadãos livres, críticos e responsáveis.

Perante isto e face aos desafios tecnológicos do quotidiano “a

função da escola encontra-se totalmente empenhada” (Porcher, 1976:

195). Tal situação, no entanto, não pode fazer alienar nem a sua função

educativa, nem tão pouco desmotivar ou desconcertar os professores.

A mudança exigirá uma actualização constante, para a qual necessário

se torna

46

“[…] desenvolver uma tomada de consciência muito nítida às

qualidades matriciais que (os professores) deverão possuir para

embarcarem no processo da auto-descoberta e reinvenção

exigida por uma significativa mudança de funções […]” (Leite &

Orvalho, 1995: 29),

no sentido de cada vez mais ser capaz de tornar significativas as

aprendizagens para a criança.

Face à influência dos media, o papel da escola tem

necessariamente de se afastar dos padrões de outrora. Segundo os

mesmos autores (Leite & Orvalho, 1995), a escola não pode ser um

lugar cujo único objectivo é preparar os jovens para o mercado do

trabalho, mas deverá tornar-se num verdadeiro centro de

aprendizagem, para a vida e para todos.

Para J.D. Novack e D.B. Gowin (1996) a criança, agente activo da

sua aprendizagem, terá oportunidade, através dos media de cada vez

mais tornar significativas as suas aprendizagens, de as conectar com

os seus reais significados e significantes fundamentando cada vez o

seu saber e, sobretudo a sua estrutura mental.

47

Esta opinião é reforçada por H. Salema (1997), que afirma que

através dos media acriança encontrará insondáveis e numerosos

caminhos que a conduzirão a um saber por si construído, ajudando-a

cada vez mais a saber ser, a saber fazer-se.

3.1.5. Comunicação Educativa

Ao longo dos tempos evoluíram os meios de comunicação e

consequentemente as formas de a realizar. A partir de finais do século

XX a evolução das sociedades modernas tem-se pautado pelo

desenvolvimento tecnológico e inerentes transformações a nível

cultural, económico, social e sobretudo educacional.

Partindo da premissa que qualquer acto educativo se caracteriza

por um conjunto de interacções e pressupõe um acto de comunicação,

consideramos imperativo que a escola repense o seu papel

comunicacional porque

“[…] a escola é antes de tudo uma estrutura de comunicação.

Tudo é baseado sobre a informação, as inter-relações e as

interacções. Com a chegada massiva das tecnologias da

informação e comunicação, nos estabelecimentos de ensino os

papéis mudam” (Cloutier, 2001: 30).

48

Este entendimento da repercussão nas práticas pedagógicas da

evolução tecnológica é partilhada por Caldas (2001: 21) “[…] a evolução

do conceito de comunicação acaba por influenciar decisivamente os

processos didácticos desenvolvidos em ambientes educativos”. Esta

constatação remete-nos para a certeza de que à Comunicação

Educativa se impõem também reformas adequadas que advêm

sobretudo de perspectivas do ensino por descoberta com consequente

mudança de papel do professor o qual deve vocacionar os seus actos

para a promoção de ambientes educativos capazes de promover a auto

aprendizagem em detrimento da mera armazenarão de conhecimentos

“[…] os diferentes contextos de comunicação podem se configurar dois

modos diferentes de comunicação educativa: formal e informal” (Caldas,

2001: 23).

A comunicação educativa formal caracteriza-se pela partilha

espacio-temporal entre professores e alunos. O professor, detentor do

saber, académico, transmite-o aos alunos, tornando-se a comunicação

“[…] restrita a um numero limitado de interlocutores e desenvolve-se

num contexto essencialmente grupal” (Caldas, 2001: 23).

Clautier (2001: 30) defende o fim da educação formal e a

diversificação de papéis e métodos a

49

“[…] escola muda e deve mudar mais rapidamente ainda […] o

esquema linear da comunicação que fazia do professor um

Emissor “que sabe” dos alunos Receptores passivos “que não

sabem nada” e do conteúdo a ensinar “mensagens

incontestáveis” já não se aplica (ou pelo menos não se deveria

aplicar). É o modelo EMEREC que deveria prevalecer”.

A educação formal usufruindo das vantagens dos media pode

evoluir para uma comunicação mista, identificando-se

“[…] no continuum espacio-temporal, no mesmo lugar e em

diferente tempo, uma vez que pode etilizar documentos

mediatizados, previamente preparados, tempo diferente, como

fontes de conhecimento que completam a comunicação directa

entre os indivíduos” (Caldas, 2001: 23).

A comunicação educativa informal é mais flexível na utilização das

combinações entre os interlocutores o que obviamente a aproxima das

vivências do quotidiano e poderá contribuir para o sucesso da sua

aplicação, uma vez que

50

“[…] a comunicação passa sobretudo pela experiência vital dos

interlocutores, renovada pelo encontro com o outro em

condições e formas variadas desde a simples conversa aos

meios de comunicação social” (Silva, 1998: 67).

Podemos, assim, afirmar que a educação vive hoje um momento

de clivagem entre o tradicional e a modernidade entre a comunicação

educativa formal e a informal sendo que a primeira está associada uma

hiper codificação da mensagem, selecção, complexidade e elevada

sistematização dos assuntos e com a segunda se conta a hiper

codificação da mensagem, baixa complexidade e sistematização dos

assuntos que não são “filtrados” pedagogicamente.

Contudo, por si só, estas definições não são suficientes para

validarem uma ou outra opção e o recurso a cada uma delas deve ser

ponderado para cada situação especifica “[…] será pois através destes

dois processos de comunicação educativa que se conseguirá algum

equilíbrio nos processos educativos e nos sistemas de educação formal

[…]” (Caldas, 2002: 25).

51

Desta asserção se infere que a educação das camadas em

formação se deve processar pela integração nas práticas educativas

dos recursos que as novas tecnologias disponibilizam de forma a que a

aprendizagem resulte de pedagogias estruturadas e integradas dos

diferentes saberes e da apropriação das potencialidades das

tecnologias informação e comunicação que assim podem cooperar “[…]

nos processos de construção, gestão e disseminação do conhecimento

com ênfase no ‘aprender e aprender’ e na educação permanente ao

longo da vida” (Silva & Silva, 2005: 43). Ainda segundo os autores (Silva

& Silva, 2005: 45) “[…] o acto pedagógico nas escolas precisa de ser

revisto profundamente nas suas concepções epistemológicas, nos

aspectos curriculares e principalmente nas abordagens didácticas”.

Á escola moderna e perante a necessidade de dar uma resposta

eficaz ao contexto social em que se insere impõe-se abordagens

pedagógicas compatíveis com a interactividade e capacidade de

promover novas aprendizagens decorrentes da integração de novas

tecnologias no ensino.

52

A este propósito referimos a perspectiva de Means e Obson

(1997: 9):

“[…] há necessidade de promover a aprendizagem através do

envolvimento colaborativo em actividades autênticas,

estimulantes e multidisciplinares, da criação de ambientes

complexos, realistas para a pesquisa, disponibilizando

informação e ferramentas de apoio à mesma”.

Desta constatação se infere que a aprendizagem interactiva,

utilizada pelos novos meios de comunicação dispõe de potencialidades

que se apresentam como contributo a ter em conta na promoção de

sucesso educativo.

Vivemos uma revolução de mentalidades e de culturas das

organizações. A educação vitalícia é sinónimo de uma escola à

conquista de novos públicos que capricha em acompanhar os seus

formandos ao longo da sua vida pessoal profissional e da construção de

um sistema aberto e flexível que faz da proximidade e da articulação

com a vida real um factor permanente de modernidade e auto

renovação.

53

Assiste-se a um grande desenvolvimento da informação que

chega disponível aos cidadãos. Os alunos chegam à escola com uma

noção do mundo real e fictício que os rodeia que ultrapassa em muito

os limites que as famílias lhe transmitiram.

Os meios de informação transmitem mensagens de variadíssima

ordem que muitas vezes entram em contradição ou em concorrência

com os saberes que lhe são transmitidos na escola.

Assume-se hoje a aquisição de competências como objectivo

primordial da escola. A relação saberes - conhecimento – competências

é dinâmica. Ela tem lugar em instituições educativas e assumem o

papel de centros de aprendizagem inter e multi geracional. As escolas

são organizações aprendentes e aos professores cabe a

responsabilidade de liderar a sociedade que aprende em continuidade.

São cada vez mais evidentes as novas exigências no que respeita a

competências necessárias e perfis profissionais desejáveis.

Hoje os professores encontram-se confrontados com novas

tarefas: fazer da escola um lugar mais atraente para os alunos e

fornecer-lhes as chaves de uma compreensão verdadeira de uma

sociedade de informação. A educação tem de passar a ser encarada

como um lugar de aprendizagem em vez de um espaço onde o

professor se limita a transmitir os saberes ao aluno; deve tornar-se num

54

espaço onde são facultados os meios para construir o conhecimento,

atitudes e valores e adquirir competências. Só assim a escola será um

dos pilares da sociedade do amanhã.

As mudanças a que se assiste na sociedade moderna, quer na

organização do trabalho quer no funcionamento das sociedades

demanda aptidões de adaptação e de inovação cada vez mais críticas,

de grande relevância a interdependência entre a inovação científico

tecnológica e a formação que faculte o seu aproveitamento. O conceito

de Educação deve por isso evoluir ultrapassando as fronteiras do

espaço e do tempo sendo um instrumento onde a criança faz o seu

percurso de escolarização.

Para tal, a criança passa pelos diferentes níveis de ensino do

sistema educativo para dar lugar a um processo de aprendizagem

durante toda a vida, isto é facultando a cada indivíduo a capacidade de

saber conduzir o seu destino num mundo onde a rapidez de mudanças

se conjuga com o fenómeno da globalização. Digamos que este novo

conceito de educação será uma das chaves de acesso no sec. XXI.

55

A convivência com as novas tecnologias é hoje uma constante.

Elas são o principal gerador e transmissor dos novos conhecimentos.

A literacia necessária ao eficaz uso das novas tecnologias integra

as competências básicas e saberes instrumentais que cada cidadão

deve possuir e devem ser interiorizadas tão cedo quanto possível pelo

que faz todo o sentido a sua implementação ao longo do ensino básico.

Segundo o Livro Verde para a sociedade de Informação em

Portugal (1997: 44), a formação de uma pessoa gira em torno de quatro

aprendizagens fundamentais que embora interligadas constituem os

principais itens do conhecimento:

“[…] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos de

compreensão, combinando uma cultura geral, suficientemente

vasta, com a possibilidade de trabalhar em profundidade um

pequeno número de matérias, o que também significa aprender

a aprender, para beneficiar das oportunidades oferecidas pela

educação ao longo da vida;

Aprender a fazer para poder agir sobre o meio envolvente, a fim

de adquirir não somente uma qualificação profissional mas

também competências que tornem a pessoa apta a enfrentar as

mais diversas situações e a trabalhar em equipa;

56

Aprender a viver em comum, a fim de participar e cooperar com

os outros, no respeito pelos valores do pluralismo, da

compreensão mútua e da paz;

Aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes e

que permita a cada um desenvolver melhor a sua

personalidade, ganhar capacidade de autonomia, discernimento

e responsabilidade […]”.

Do meu ponto de vista, é importante falarmos destes itens porque

parto do princípio que todos tem a mesma importância para o

desenvolvimento do ser humano. Nenhum deles deve ser encarado

como menor ou maior importância do que o outro numa perspectiva da

formação integral do indivíduo o que pressupõe que a educação global

não poderá excluir nenhum sob pena de o indivíduo perder estabilidade

emocional.

O entendimento do primeiro item realça a importância do aprender

a aprender considerando-se que só se aprende verdadeiramente quem

aprende a aprender para usufruir das oportunidades que a educação lhe

oferece ao longo da vida. Mas aprender a conhecer também implica o

aprender a pensar como base da reflexividade na acção.

57

O segundo item engloba várias dimensões: qualificações

profissionais; trabalho em equipa; coordenar o trabalho com a escola.

No terceiro item aprender a viver com os outros, entende-se o

desenvolvimento da compreensão do outro e a percepção das

interdependências, a gestão de conflitos, o respeito pelo pluralismo e o

trabalho de grupo.

No quarto e último item, aprender a ser, implica responsabilidade,

autonomia valorização pessoal, reconhecimento das suas capacidades

e potencialidades nomeadamente memória, raciocínio, estética,

capacidade física e capacidade de comunicação.

Aprender e comunicar, são hoje processos que pressupõem a

competência de entendimento e produção da capacidade tecnológica de

armazenar, processar, agir e transmitir dados presentes em conteúdos

digitais. Os saberes sob a forma digital, constituem-se como um novo

desafio à escola, um apelo à sua criatividade.

Num contexto de saberes digitais, e de novas competências

criativas cada indivíduo é estimulado a conquistar o conhecimento e o

sentido das coisas. O aprender fazendo é uma prática cuja validade tem

vindo a ser demonstrada pela necessidade constante de adequar os

comportamentos à situação específica a ser vivida.

58

As fontes de informação são cada vez mais vastas, os caminhos

possíveis e os ritmos de aprendizagem também pelo que é essencial a

participação empenhada dos pais e professores.

Devem, no entanto, estes agentes requalificarem-se quando

necessário para poderem ser parte não ultrapassada no processo

educativo.

Existe, contudo, uma diferença nos nossos dias comparada com

os nossos antepassados pois não precisam de ser depósitos de

sabedoria e informação pois têm ao seu dispor muitos recursos para

aceder a toda a informação necessária.

Também o conceito de saber tudo e de arrogante superioridade

não tem razão de ser. Com as novas tecnologias e com os novos

conceitos de aprender, precisa-se muito mais de abordagens

multidisciplinares e multiculturais. É no fundo uma questão de

estratégia.

Conhecimento, cultura e confiança, são designações que nos

remetem para uma trilogia imprescindível numa sociedade centrada nos

saberes e determinada a construir um objectivo e sentido para os seus

habitantes. Uma sociedade do conhecimento e da informação

desenvolve nos seus cidadãos uma cultura aprendente apoiada na

curiosidade no estudo, na investigação pessoal e na valorização da

59

apropriação do novo.

Educar na e pela qualidade é o grande desafio que se coloca aos

hodiernos sistemas educativos.

Todos os actores educativos são reconhecidamente agentes de

uma mudança que se impõe pela constante inovação e

desenvolvimento tecnológico A um contexto social marcado pela oferta

de informação e de conhecimento opõe-se uma sociedade condicionada

pelo ritmo das aprendizagens e pela procura da sabedoria - a sociedade

educativa.

O grande objectivo desta sociedade é realizar a unidade e a

continuidade do aprender promovendo comunidades aprendentes cujos

membros se tornem capazes de gerir o ritmo das suas aquisições e as

opções metodológicas do processo educativo.

Uma sociedade educativa pressupõe a prioridade da

aprendizagem permanente e inerente partenariada alargada entre

escolas, centros de formação, empresas e utilidades de investigação

assumindo esta complementaridade como competências básicas para

formação ao longo da vida.

60

A educação articula-se com a sociedade de informação pois

baseia-se na utilização, actualização e aquisição de conhecimentos.

Nesta sociedade de informação são mais que muitas as possibilidades

de termos acesso a fontes de informação. Por isso, “[…] a educação

deve facultar a todos a possibilidade de terem ao seu dispor,

recolherem, seleccionarem, ordenarem gerirem e utilizarem essa

mesma informação” (Delors, 1996: 20). Também para este autor

(Delors, 1996), “[…] a educação deve, pois, adaptar-se constantemente

a esta transformação da sociedade, sem deixar de transmitir aquisições

, os saberes básicos frutos da experiência humana […]”.

A escola, como meio privilegiado que é, deve contribuir de modo

fundamental para garantir o princípio de democraticidade e igualdade de

oportunidades.

61

CAPÍTULO 2

ABORDAGENS CONCEPTUAIS AOS

CONCEITOS DE TÉCNICA E

TECNOLOGIA

62

63

Toda a pessoa - Criança, adolescente e adulto - deve poder

beneficiar duma formação concebida para responder às suas

necessidades educativas fundamentais. Tais necessidades dizem

respeito quer aos instrumentos essenciais de aprendizagem (leitura,

escrita, expressão oral, resolução de problemas), quer aos conteúdos

educativos fundamentais (conhecimentos, aptidões, valores e atitudes)

de que o ser humano tem necessidade para sobreviver, desenvolver

todas as suas faculdades, viver e trabalhar com dignidade, participar

plenamente no desenvolvimento, melhorara qualidade da sua

existência, tomar decisões esclarecimentos e continuara aprender.

(Artigo H)

(Declaração Mundial sobre a educação para todos e quadro de

acção para responder às necessidades educativas fundamentais, 1990)

64

1. OS CAMINHOS DA TECNOLOGIA

Muito se fala ultimamente nas novas tecnologias aplicadas ao

ensino. Ao longo dos séculos, o homem procurou novas e melhoras

formas de comunicação, novos e mais eficientes meios de transmitir aos

outros ideias, deixando para a posterioridade uma dádiva que os

tornaria imortais.

Se durante muito tempo existiram obstáculos à descoberta e que

“impediram a difusão dos novos saberes, a evolução tecnológica e a

consequência alteração das mentalidades, foram-se impondo,

modificando as relações entre os homens e as tradicionais formas de

comunicação” (Camacho, L., 1996:19).

O termo Tecnologia provém do grego tecnê (arte e ofício) e logos

(estudo de) e tem como referente a fixação de termos técnicos,

designando os utensílios, as máquinas e suas partes e as realizações

dos ofícios. De uso muito vulgarizado por se tratar de uma definição

descritiva e numerativa não teve grande prestígio social durante

milénios.

65

Em princípios do século XVIII ao saber técnico associa-se o saber

intelectual, sempre tão valorizado, e a reflexão sobre a técnica enraíza-

se fortemente sobretudo a partir do século XIX. Segundo o dicionário

Espasa-Calpe técnica é um «conjunto de procedimentos e recursos de

que se serve uma ciência ou uma arte e a perícia ou habilidade para

usar esses procedimentos ou recursos».

O século XX constitui-se como referência no que respeita a

avanços tecnológicos sendo visíveis tais progressos nas comunicações,

na indústria, nos transportes, na medicina, o que afecta de forma

relevante a própria vida e valores do ser humano.

Durante a Segunda Guerra Mundial começaram a usar-se, de

forma sistemática, equipamentos e meios audiovisuais, sobretudo nos

E.U.A. com os quais se desenvolveu a aceleração rápida da técnica ao

aparelho e à indústria

militar.

A intensificação de tais técnicas e recursos rapidamente se

reflectiu nos espaços e processos pedagógicos dos sistemas educativos

e, por inerência a aplicação do conceito de tecnologia educativa

associado a meios e equipamentos audiovisuais. Mais recentemente

desenvolveram-se nas ciências pedagógicas outras perspectivas

segundo as quais a educação é entendida como ciência e a tecnologia

66

como o seu modo operacional, a sua aplicação. Segundo este enfoque

a tecnologia educativa, apesar de conservar a dimensão de

equipamento e de meios áudio - visuais como um dos seus campos de

acção é, cada vez mais, identificada como «o desenvolvimento,

aplicação e avaliação de sistemas, técnicas e meios para melhorar a

aprendizagem» (Hendrey; 1978: 521).

A designação de audiovisual sofreu, a partir da segunda metade

do século XX, um significativo alargamento semântico, pois refere

«todos os processos de educação e de informação baseados nas

descobertas modernas da reprodução das imagens e dos sons e, mais

particularmente, o cinema e a televisão, o gravador de som e a rádio»

(Pieron; 1973: 40).

Ao longo dos séculos, a Educação sofreu alterações mas foi a

partir de 1950 que ocorreram as maiores mudanças em termos

educativos.

Ao falarmos de mudanças, referimo-nos a modificações profundas

da forma de transmissão dos conhecimentos. Gradualmente, passámos

de um ensino centrado no professor, detentor da verdade, para um

virado para o aluno. Ao longo dos anos, surgiram novas teorias da

psicologia da Educação, novas ideias e, principalmente, novos

conhecimentos. Assim, hoje em dia, surgem novas informações, novos

67

dados sobre todos os conteúdos possíveis. A verdade já não é estática,

o que é hoje verídico pode o não ser amanhã. Isto obriga o professor a

estar em constante actualização.

Outro factor que contribuiu imenso para a alteração do ensino foi o

surgimento de novos meios didácticos. Estes meios não foram criados

para servir unicamente a Educação, foram criados com outras intenções

mas foram aproveitados, e bem, para ajudar o ensino e o professor.

Falamos do cinema, televisão, vídeo… e mais recentemente do

computador e da Internet. Com estes meios, o professor passou a ter a

oportunidade de leccionar de forma mais atractiva e diversificada.

Nos últimos dez anos, a Internet desenvolveu-se de forma

extraordinária e podemos dizer que, hoje em dia, tudo se encontra na

rede. Qualquer dúvida que tenhamos pode ser elucidada através de

algumas pesquisas na Internet. Até se pode dizer que existe um

excesso de informação.

Com o desenvolvimento desta rede, multiplicaram-se as páginas

pessoais, criadas a título individual. Os professores também aderiram a

esta “moda” colocando na rede os materiais que vão construindo (fichas

de trabalho, fotografias, esquemas, apresentações em Power Point…)

materiais esses que podem ser utilizados por qualquer outra pessoa,

desde que respeitados os direitos de autor. A Internet passou assim a

68

ser, para os professores, uma fonte inesgotável de apoio e recurso, têm

assim a oportunidade de diversificar o seu ensino. Por exemplo, um

professor do 1º ciclo do Ensino Básico (6-10 anos), pode encontrar na

Internet tudo sobre Luís de Camões, os rios e montes, experiências

científicas… Encontra vídeos, fotos, textos…

No entanto, este excesso de informação também tem um lado

negativo. Pois, se existem pessoas que querem ajudar as outras e que

transmitem informações correctas e fiáveis, outras aproveitam a Internet

para difundir ideias erradas, xenófobas, inúteis… Também encontramos

páginas não actualizadas ou cuja navegação é bastante difícil.

Infelizmente, ao acedermos a uma página web, nada nos indica que

esta não é aconselhável.

Assim, e perante o número cada vez maior de páginas web, surgiu

a necessidade de as avaliar para que os professores pudessem

escolher as melhores e as mais adequadas ao seu propósito.

Ao longo desta evolução o audiovisual passa de “um meio auxiliar

do ensino” para um “conjunto de processos de educação e de

informação”. Na primeira das acepções referidas, audiovisual designa

um meio auxiliar do professor, cabendo a este o papel principal como

transmissor de conhecimentos; na segunda os audiovisuais

desempenham um papel de maior relevo, porquanto já se não reduzem

69

a meros coadjutores do docente, antes alargam a sua importância e

ultrapassam até os limites da escola, constituindo-se como “escola

paralela” cuja influência das camadas jovens é, por todas, reconhecida.

Nos finais do século XX, com a evolução dos meios mediáticos de

comunicação, ocorre o agrupamento de todas as tecnologias

anteriormente implementadas. Desenvolve-se uma tecnologia mais

eficaz, que oferece cumulativamente todas as possibilidades já

exploradas na imprensa, na rádio e na televisão, capaz de interacção e

velocidade no seu processamento. O utilizador não se reduz ao papel

de mero receptor passivo, é lhe dada a possibilidade de escolha, de

tomar decisões.

O volume e a rapidez de informação aumenta substancialmente,

viabilizando situações inovadoras.

A leitura de um jornal publicado em qualquer parte do mundo,

assistir uma entrevista, participar em conferências, ler, discutir,

conversar, trocar correspondência, ouvir música são algumas das

ofertas disponibilizadas, em tempo real, por um único instrumento, uma

“máquina comunicacional” denominada computador, cujas

possibilidades passam ainda pela eventual conexão a milhares de

outras, formado uma complexa rede de informação.

70

A progressiva complexidade da tecnologia disponível ocorre a um

ritmo tão acelerado, que reduz a curtos períodos o tempo que medeia

entre a descoberta, invenção e comercialização do produto fazendo

com que o último grito tecnológico rapidamente se torne ultrapassado e

rapidamente obsoleto.

Ao século XXI poderá estar associada a 4ª geração dos meios de

comunicação: “a comunicação virtual”.

Consideram-se antecessoras aquelas que, sendo também marcos

de referência neste domínio, foram ultrapassadas por posteriores e

relevantes invenções.

A primeira - dos audiovisuais ocorreu em princípios do século XX

quando da apresentação dos primeiros protótipos de laboratório:

fonógrafo, ondas de rádio, ecrã de televisão;

A segunda – dos mass media – associa-se o aparecimento dos

meios de comunicação de massa (fotografia, televisão);

A terceira ocorre a partir da década de 70 – dos meios

audiovisuais – caracteriza-se pelo aparecimento e vulgarização dos

sistemas de gravação de imagens em vídeo.

71

As sociedades hodiernas vivem o que Cloutier (2001: 9) designou

por sexto episódio da comunicação “comunicação universal” o qual

assenta numa «[…]enorme teia planetária tecida pela Internet, que

oferece aos diversos media um mesmo terminal e um mesmo sistema

numérico».

A utilização de recursos multimédia resulta da intenção de tornar a

comunicação mais interessante e completa porque o interesse do

receptor é condição determinante para o sucesso comunicativo tal como

a coesão e a coerência da mensagem.

Em educação, comunicar é um acto imprescindível; existe uma

relação profunda entre os actos educativos e os comunicativos.

Esta relação explica a associação criada entre o desenvolvimento

tecnológico da comunicação e a tecnologia educativa.

2. INOVAÇÃO EDUCATIVA E O COMPUTADOR

Podemos afirmar que a inovação é hoje um tema fulcral nos

debates sobre a escola.

No entender de Glatter (1992), quando falamos em inovação

estamos necessariamente a ligar-nos a um vasto conjunto de domínios

onde se processam mudanças, domínios que estão ligados não só às

alterações na organização das escolas, mas também nas alterações de

72

técnicas, métodos e currículos, todas elas fundamentadas em

determinadas perspectivas axiológicas.

No entanto, há distinções conceptuais profundas entre mudança e

inovação, já que enquanto a primeira tende a ser entendida como uma

evolução natural no sentido da adaptação, a inovação tem um carácter

deliberado, planificado, intencional. Este é o entendimento de Morrish,

quando afirma que

"Uma inovação é uma melhoria que pode ser medida, resulta de

uma escolha deliberada e do seu desenvolvimento, tem de estar

estreitamente associada à evolução da tecnologia social, em

pontos fundamentais e não apenas por uma mudança das

aparências..." (Morrish, I., 1981:26)

A inovação nem sempre tem penetrado nas escolas, mais sujeitas

a mudanças contextuais, do que propriamente as alterações

sistematizadas e sistémicas. Com efeito, actualmente, há uma

impressão generalizada, de desilusão em relação ao funcionamento da

escola, que ao contrário de outrora, "surge como um espaço

essencialmente conservador de tradições e reprodutor de

condicionalismos sociais" (Afonso, C. 1993:9)

73

De facto, a inovação anda arredada da realidade quotidiana das

nossas escolas, não sendo facilmente encontrada nem por professores,

nem por alunos, até porque o sistema burocrático que sustenta a

organização escolar em nada a favorece.

As práticas de inovação podem ser ajudadas através de um

conjunto de factores de entre os quais se destacam, as novas

tecnologias. Com efeito, "As novas tecnologias da informação,

particularmente o computador, constituem um desses "novos inventos",

a pretexto do qual se fundamentam tentativas de renovação - inovação

da Escola," (Afonso, C. 1993:10).

É certo que a inovação não pode ser encarada como mero

produto, como resultado final. É, antes, um processo, complexo e

motivador de diferentes concepções, muitas vezes contraditórias, do

próprio termo - inovação - por parte dos vários agentes, autores e

instituições nele envolvidas, como anteriormente acabámos de verificar.

Assim e independentemente da perspectiva dos autores, torna-se

importante que para a análise de um processo de inovação, se tenham

em conta todos os elementos que possam condicionar a sua

implementação através de um processo que aborde globalmente o

fenómeno educativo, nos seus diversos componentes.

74

E precisamente porque tem de ser encarada como processo, onde

forças, por vezes contraditórias e dialécticas se entrecruzam, a tentativa

de implementação de inovações, nem sempre vai de encontro aos

objectivos e anseios últimos que estiveram na sua origem.

Na tentativa de explicar toda esta problemática, Carlos Afonso

aponta um conjunto de razões, de entre as quais considerámos por bem

destacar:

"1. uma concepção de inovação contraditória, cuja natureza,

objecto e objectivos não são entendidos do mesmo modo pelos

actores sociais envolvidos, quer na sua implementação, quer na

sua adopção

2. um modelo de funcionamento da inovação idealmente

concebido, sem atender ao quadro institucional, aos

constrangimentos institucionais e organizacionais e às

aspirações, necessidades e preocupações individuais dos

potenciais adoptastes;

3. uma estratégia de implementação da inovação que atribui

diferentes papéis a um "centro" que tudo sabe e uma "periferia"

à qual é reservada a função de simples aplicação do que é

definido alhures." (Afonso, C., 1993:19)

75

Face a tais pressupostos, desde logo nos apercebemos que no

âmbito da inovação pedagógica há um conjunto diversificado de

factores que acabam por ter papel activo no seu desenvolvimento e

que, por isso mesmo, não podem ser esquecidos devido ao papel que

possam vir a desempenhar nessa mesma inovação.

No entanto, se teoricamente há princípios e pressupostos

facilmente aceitáveis, a prática nem sempre é tão linear,

impossibilitando muitas vezes pragmaticamente o que nos estritos

domínios da teoria se nos oferece como viável, concretizável, facilmente

realizável. Com efeito, no que directamente concerne ao universo

escolar, a "vontade" de inovar, depara-se com imposições da própria

escola enquanto organização, com imposições provenientes dos

agentes sociais, enfim, das influências de toda uma vasta fonte de

imagens e atitudes, que condicionam a aceitação de estratagemas

relativos ao comportamento perante uma inovação.

Segundo o já citado Carlos Afonso, a importância do computador

no processo inovador da escola é deveras relevante, já que a entrada

no sistema educativo de uma inovação como essa, é justificado por

razões de ordem social, vocacional, pedagógica e catalítica, fazendo do

computador um "salvador", cuja presença transformaria a escola no seu

todo.

76

Óbvio que a consciência de tais propósitos aconselha desde logo

um conjunto de determinadas circunstâncias condicionadoras da

utilização do computador, assim como de formas específicas de

promover o seu uso.

Seja qual for, no entanto, o papel dos média no processo de

inovação, inclusive do computador, bom será que não sejam encarados

como possível panaceia como milagroso elixir, capaz de ajudar a

ultrapassar todo um conjunto de limitações que, fundamentadas na

própria escola, se extravasam por um conjunto de limitações que,

fundamentadas na própria escola, se extravasam por um conjunto de

agentes e factores que fazem com que, apesar de tudo, continue "estar-

se ainda bem longe do sonho de Papert, de transformação progressiva

e global da escola" (Afonso, C, 1993:68)

77

3. A TECNOLOGIA EDUCATIVA NA RENOVAÇÃO

ESCOLAR

Os diferentes inventos comunicativos foram sendo utilizados em

contexto educativo como uma mais-valia pedagógica consequência de

se constituírem como um recurso capaz de enriquecer as metodologias,

diversificar as práticas, aumentar a motivação, em suma, potencializar o

processo ensino-aprendizagem.

A escola enfrenta hoje o desafio de enfrentar a chamada “era da

telemática” na qual se unem as telecomunicações e a informática.

A informática disponibiliza um leque imensurável de possibilidades

técnicas, que fortalecem o sistema educacional e apontam para uma

nova sociedade. Pierre Lévy (1998:78) considera que «[…] emerge,

neste final do século XX, um conhecimento por simulação que os

epistemologistas ainda não inventariam».

Esta forma de aceder ao conhecimento talvez seja a base da nova

escola, da nova educação, do novo papel educativo dos meios de

comunicação. As escolas nos diferentes níveis de ensino, começam a

integrar o computador nas suas práticas quotidianas embora nem

sempre sejam capazes de rentabilizar adequadamente as suas muitas e

diversificadas potencialidades.

78

Contudo, para além do computador, invento que mais

recentemente integrou as nossa vivências outros há, cuja utilização

valoriza, diversifica e enriquece a acção educativa sobretudo na

educação das faixas etárias mais baixas. O seu uso está ligado à

história do ensino.

Foram instrumentos de importância vital no alargamento do

universo educativo, a televisão e o vídeo didáctico que viabilizaram o

ensino a populações cuja localização geográfica impedia a frequência

dos estabelecimentos vocacionados para a sua pratica presencial e que

se constituem como o modelo padrão do sistema educativo. A sua

secundarização no ensino é consequência do ritmo do desenvolvimento

tecnológico. A inovação disponibilizada em tempo cada vez mais

próximo reflecte-se em novas formas educativas cuja adopção assume

carácter obrigatório face à globalização das sociedades modernas.

Segundo o Livro Verde, a vida nas sociedades de hoje exige de

todos e de cada um uma capacidade de captar, transmitir e processar

dados disseminados num espaço cada vez mais global e mais

facilmente acessível, transformando-os em informação e saberes

pertinentes capazes de tornar perceptíveis os diferentes cenários e

trajectórias de evolução possível nos percursos pessoais e colectivos.

79

4. AS NOVAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

Nos últimos tempos, as tecnologias têm-se revelado importantes

como instrumentos básicos para a mudança.

Com o aparecimento da televisão, depois do vídeo, a escola, no

nosso país, permitiu às crianças das zonas rurais prolongarem a sua

escolaridade obrigatória.

O aparecimento do vídeo deu ao professor a oportunidade de

fazer uso do vídeo/cassete, nomeadamente para rever a matéria.

O problema é que nem todas as escolas têm tecnologias à sua

disposição e, mesmo aquelas que têm nem sempre aproveitam as suas

potencialidades. Segundo Abrantes (1992: 53) “[…] a escola, em

relação ao vídeo, parece ainda adormecida. Ainda não se apercebeu de

que tem ao seu alcance um instrumento que, sem ser mágico, pode

fazer magia”.

A comunidade escolar pode evoluir no sentido de integrar os

objectos técnicos no processo de ensino aprendizagem, ela tem que

estar preparada para tal. Para dar resposta a esta questão surge um

novo corpo de conhecimento baseado nas teorias Sistémicas e Hiper

mediáticas que irão constituir o domínio da Tecnologia Educativa

(Duarte, 1993)

80

Quando depois da Segunda Guerra Mundial se iniciou a utilização

de meios audiovisuais no campo educativo, entendia-se a tecnologia

educativa como sinónimo de utilização de instrumentos tecnológicos

facilitadores da aprendizagem.

Se fosse este o conceito de tecnologia educativa poderíamos

recuar no tempo para reflectir sobre quando o homem utilizou meios

para ajudar a sua aprendizagem e qual a especificidade dos mesmos.

É consensual admitir que os primeiros facilitadores da

comunicação e da aprendizagem utilizados pelo homem na sua vida

quotidiana, foram as suas capacidades inatas: a expressão oral e a

gestual.

Avançando no tempo, o homem lançou mão de muitos outros

instrumentos ao longo da sua existência, que seria fastidioso estar a

enumerá-los.

Com o aparecimento do computador, desenvolveram-se novas

formas de aprendizagem e de formação. Cabe à escola proporcionar

aos alunos a possibilidade de usarem o computador, dando-lhes uma

perspectiva realista sobre o mundo do trabalho, para além de lhes

proporcionar novas possibilidades de aprender: “[…] acredito que certos

usos da tecnologia computacional e das ideias computacionais podem

81

prover as crianças com novas possibilidades de aprender, pensar e

crescer tanto emocional como cognitivamente” (Papert, 1985: 34).

Numa escola que se deseja construtivista as tecnologias têm o

seu lugar, porque ajudam os alunos a construir a sua aprendizagem e

ajudam-nos a tornarem-se investigadores do seu saber. Ponte (1992)

refere que “[…] o conhecimento verdadeiramente importante não se

apoia na memorização de grande quantidade de dados, mas na

capacidade de utilizar eficazmente a informação, por isso, o essencial é

saber-se procurar a informação de que se necessita” (Ponte, 1992: 83).

É preciso perceber que há uma diferença significativa entre a

evolução tecnológica sofrida pela sociedade e a existente na escola. A

escola tem de vencer esse desafio da tecnologia, de modo a preparar

de forma conveniente os jovens. Se o não fizer “[…] corre o risco de se

constituir como travão do próprio progresso social e perder desse modo

toda a sua razão de ser” (idem, 1997: 11).

Cabe à escola preparar os alunos para uma sociedade cada vez

mais informatizada. É fundamental realçar que as novas tecnologias

apresentam potencialidades enormes ao nível da aquisição de

conhecimentos e da obtenção de informação. O professor não pode

ignorar esta realidade, sobretudo agora que já vivemos numa época

pós-industrial. A este propósito,

82

Da Ponte e Serrazina (1998: 9) referem:

“Na sociedade industrial que antecede a sociedade da

Informação, o veículo essencial de transmissão do saber é o

livro. O texto escrito e o suporte gráfico (estático) são as

linguagens dominantes. O saber - na sua acepção mais comum

- é encarado como um corpo de conhecimentos que é sobretudo

para ser compreendido por quem aprende. A televisão

acrescenta o dinamismo das imagens e a força da transmissão

em directo, mas falta-lhe (ainda) a interactividade e a

possibilidade de livre pesquisa por parte do utilizador. Na

sociedade de Informação diversificam-se os suportes do saber,

que passam a incluir o computador e o acesso a redes de

comunicação à distância de cunho interactivo”.

Os mesmos autores (Da ponte e Serrazina, 1998) continuam,

dizendo que,

“Acreditamos que os livros não desaparecerão porque eles

ajudam ao nível do desenvolvimento da capacidade de

83

compreensão, mas surgirá um outro significado para o saber.

Este passará a centrar-se na procura, no saber interpretar e no

saber integrar as diferentes fontes de dados”.

Há um outro aspecto que merece ser considerado e reflectido e

que se prende com a possível alteração na relação professor - aluno.

Como salientam Da Ponte e Serrazina,

“Na realização de uma investigação ou na exploração de uma

simulação complexa, o professor tem de estudar profundamente

o trabalho do aluno para poder responder às suas dúvidas e

questões. Tem procurar compreender as suas ideias. Tem,

muitas vezes, de efectuar ele próprio uma pesquisa a propósito

de questões que não tinha considerado inicialmente. Professor

e aluno passam a ser parceiros de um mesmo processo de

aprendizagem”.

O professor acaba por ser um aprendiz, aproximando-se, assim,

dos alunos e mantendo com eles um novo tipo de relacionamento. Ele

não é mais o detentor exclusivo do saber, a autoridade que nunca se

contesta.

84

As Novas Tecnologias permitem um novo relacionamento com o

saber e uma nova interacção professor - aluno.

O próprio professor tem de ter uma nova atitude perante as novas

tecnologias. Não pode revelar uma atitude de desconfiança, de rejeição

face ao que as tecnologias podem oferecer.

5. O ESTUDANTE VITALÍCIO – UMA IMPOSIÇÃO DA

MODERNIDADE

Segundo o Livro Verde, as tecnologias da informação e das

comunicações são já parte integrante do nosso quotidiano. Para a

Sociedade da Informação em Portugal (1978: 8) elas contribuem

«[…]para a melhoria da estrutura organizativa aliviando o peso

da burocracia no Estado e nas empresas. Criam-se assim

condições de aumento da eficiência na oferta de serviços ao

cidadão, de melhoria da qualidade do ensino e da prestação dos

serviços de saúde, de acesso à cultura e ao conhecimento […]»

85

Ainda, neste quadro de pressupostos, diz-nos J. Delors (1997: 35)

que,

«As novas tecnologias fizeram entrar a humanidade na era da

comunicação universal; abolindo as distâncias concorrem

muitíssimo para moldar a sociedade do futuro, que não

corresponderá, por isso mesmo, a nenhum modelo do passado»

A informação circula instantaneamente podendo ser recebida e

transformada por cada um de nós em conhecimento pessoal, em

acréscimo de compreensão, de sabedoria, de autoformação, em valor

acrescentado para a sociedade e mercado de trabalho. Este

entendimento impõe que consigamos «permanecer numa atitude

constante de “aprendizagem”» (cf. Livro Verde para a Sociedade da

Informação em Portugal, 1997: 11).

A democratização que as redes telemáticas viabilizam impõe que

o acesso à informação e ao conhecimento seja assegurado a todos,

sem qualquer discriminação de origem social. Segundo o Livro Verde, a

aquisição de conhecimento está hoje a transformar-se, partindo de um

estádio em que se privilegiava a memorização de informação com

carácter estático, para uma nova postura de pesquisa dinâmica de

86

informação em suportes digitais, servindo de apoio à construção de

componentes de conhecimento em permanente evolução. Tendo em

conta o mesmo livro, o Saber é, cada vez mais, uma componente

fundamental do desenvolvimento.

Viver de forma integrada na Sociedade de Informação exige uma

contínua consolidação e actualização de conhecimentos. A constatação

está subjacente ao conceito de educação ao longo da vida enquanto

construção contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e

da sua capacidade de discernir e agir…

«O conceito de educação deve, por isso, evoluir ultrapassando

as fronteiras do espaço e do tempo ao longo do qual o aluno faz

o seu percurso de escolarização […] para dar lugar a um

processo de aprendizagem durante toda a vida» (cf. Livro Verde

para a Sociedade da Informação em Portugal, 1997: 33).

5.1. A Tecnologia e a Tecnologia Educativa

Ao termo tecnologia é-lhe associado o conceito que resulta do

estreitamento de laços entre os saberes técnicos (práticas) e

intelectuais (teóricos) «[…] tecnologia estuda a forma profunda e

segundo uma ordem sistemática, como encontrar os meios de atingir

87

um objectivo final, a partir de princípios verdadeiros e de experiências

seguras» (Deforge, 1979: 8). Ainda segundo o mesmo autor (Deforge,

1979), a tecnologia «[…] passa a ser considerado como aplicação de

conhecimentos científicos na resolução de problemas, de tal modo que,

hoje em dia, falar em tecnologia é sinonimo de ciência aplicada».

Tal como já referimos escola e meio são duas realidades

indissociáveis pela interdependência que se verifica.

Esta constatação aplica a necessidade que a escola tem de se

aproximar das vivências quotidianas dos seus educandos, visando dois

objectivos específicos: percorrer as camadas em formação para lidarem

com a tecnologia, a que pertencem e evitar que entre escola e o meio

se desenvolvam um abismo que isole a escola formando a sua

frequência um período desfasado das aquisições concretizadas no meio

próximo em que a criança “cresce”.

Assim é imperativo que a escola se modernize e se adeqúe à sua

prática didáctica aos recursos que a tecnologia disponibiliza à

sociedade.

A especificidade das funções a que se vocacionam exige

designação própria – Tecnologia Educativa que

88

«[…] pode ser definida como aplicação sistemática de

conhecimentos científicos e tecnológicos à solução de

problemas educacionais ou como teorias de estudos específicos

sobre o desenvolvimento e o emprego de ferramentas,

maquinas e procedimentos técnicos, em geral, em educação»

(Fidalgo & Machado, 2000: 23).

As tecnologias sofrem evolução constante, que resulta na

necessidade de dar respostas eficazes aos múltiplos desafios que se

colocam ao homem. Os benefícios resultam na utilização de

variadíssimos sectores sociais em que se aplicam tornam-se extensivos

à educação.

A inserção de recurso tecnológicos em contexto escolar é um

processo que tem vindo a decorrer com alguma morosidade. É

significativo o número de investigadores sobre esta problemática se tem

debruçado, quer para analisar vantagens como desvantagens. A

perspectiva de análise é evidente nas múltiplas definições associadas à

designação de Tecnologia Educativa.

Arranzazu Areese (1977: 309) alerta para a necessidade de

diferenciar entre “tecnologia na educação” e “Tecnologia da Educação”.

É ainda este autor que considera três níveis de realização na

89

Tecnologia Educativa:

1.º Nível – A maquina e as suas técnicas de aplicação. Este

nível prioriza a instrumentação da tecnologia, sendo a maquina uma

mais-valia no processo educativo, facilitando a consecução dos seus

objectivos.

2.º Nível – Metodologia. Releva o processo

ensino\aprendizagem mediático por instrumentos tecnológicos.

3.º Nível – Concepção sistemática de educação.

Entendimento de que métodos e instrumentos se integram no âmbito da

tecnologia.

Para Ordem (1981: 37) tecnologia educativa é um «estudo de

sistemas de desenho e programação, transmissão e avaliação de

mensagens didácticas mediante o uso de técnicas de instrumentos».

Gagné (1971) entende-a como

«[…] um conjunto de esforços intelectuais e operacionais

empreendido desde alguns anos para reagrupar, ordenar e

sistematizar a aplicação de métodos científicos à organização

de combinação de equipas e novos materiais que contribuem

para optimizar os processos de aprendizagem».

90

Destas diferentes perspectivas podemos concluir que tecnologia

educativa se não reduz à mera utilização de máquinas mas se constitui

como processo de aprendizagem de tecnização de vida, cenário certo

nas sociedades actuais, que exige consciência das vantagens e riscos

de ambientes tecnológicos. De modo geral trata-se de um processo

sistemático de resolução de problemas, no âmbito da ciência aplicada,

simplificação do processo educativo e uso crítico dos recursos

disponíveis na actualidade.

«A tecnologia Educativa surge, assim, por um lado como uma

via de acesso ao processo geral da tecnização da vida, isto é, o

homem deve ser educado para actuar conscientemente num

ambiente tecnológico e, por outro lado, como ciência aplicada

capaz de contribuir para tornar o processo educativo mais

eficaz» (Blanco & Silva, 1993: 39).

Em linguagem corrente, Tecnologia Educativa refere-se aos

processos de optimização de eficácia educativa. É ainda Arrese (1977:

314) que entende caber à tecnologia educativa a responsabilidade de

91

construir sistemas de ensino e aprendizagem que contribuem para o

êxito do sucesso educativo porque «[…] põe nas mãos da educação

uma racionalização dos sistemas escolares, uma sistematização dos

processos de ensino aprendizagem, uma aplicação dos princípios

científicos à actividade educativa». Blanco (1983) organiza em três

etapas a evolução do conceito de Tecnologia Educativa.

A primeira que associa a modernização, desempenhando os

recursos tecnológicos o papel de auxiliares do processo de ensino; na

segunda etapa – optimização dos processos – os recursos estão mais

vocacionados para a aprendizagem; a terceira etapa que designa como

integradora dos processos de mudança, constituindo-se como uma

abordagem sistemática à tecnologia na educação, mantendo o conceito

tradicional de ensino, uma introdução de instrumentos fruto da técnica

actual.

Os primeiros recursos tecnológicos a serem usados na escola

privilegiavam, na imagem, a ideia de “concretização” inovadora face a

“abstracção” do verbalismo e modernização tão presente na escola

tradicional.

«Tratava-se de uma tecnologia para o ensino em que as

técnicas auditivas creditam o seu valor por uma apresentação

92

massiva de informação icónica (fixa e móvel) e as aparelha

consideram-se uma ajuda ao ensino que facilitam e ampliam os

processos de introdução. Com eles procura-se apenas

modernizar as escolas» (Blanco & Silva, 1989: 43).

O segundo momento, direccionado para a aprendizagem,

representa uma evolução do conceito de recurso, enquanto aparelho,

para «uma perspectiva mais ampla, em continuidade com as noções de

método e de tecnologia. Por recurso deve entender-se uma série de

meios, de procedimentos, de vias de actuação para resolver uma

situação» (Blanco & Silva, 1989:43) Este é, ainda e segundo autor

(Blanco & Silva, 1989),

«[…]um processo complexo e integrado que implica homens e

recursos numa interacção homem-máquina, método que exige

inovação e uma organização eficiente (engenharia e sistemas)

para analisar os problemas e imaginar implementar, gerir e

avaliar as suas soluções numa nova meta caracterizada por

mudança educativa».

93

Em síntese, a tecnologia integra processos, técnicas, meios,

métodos e instrumentos, cuja função mediadora revela os dois planos

educativos com professor aluno e o processo de ensino aprendizagem.

A Tecnologia Educativa pode ainda ser entendida como «[…] um

processo complexo e integrado que envolve pessoas, procedimentos,

ideias, dispositivos e organização para analisar problemas envolvidos

em todos os aspectos da aprendizagem humana» (AECT, 1997: ).

Independentemente da diversidade das definições de Tecnologia

educativa é consensual o entendimento das potencialidades de que

dispõe porque

«[…]representam, aproximam, facilitam o acesso do aluno à

realidade que se aprende, não tem sentido nenhum por si só, a

não ser pelo papel que se lhes concede dentro do curriculum,

ou seja, em relação com as necessidades, prioridades,

objectivos, conteúdos e actividades que se trabalham numa

determinada área» (Raposo, 2002: 50).

Dos diversos entendimentos da designação de tecnologias

educativas, resultam as expressões “meios e recursos tecnológicos”,

94

naturalmente possíveis de utilização em contexto escolar.

Consequentemente, Cinelli (2003: 19) perspectiva

«[…] os recursos didácticos são meios que tornam a

aprendizagem mais fácil, mas para isso é necessário que a

escola, longe de ser apenas uma fonte de informações verbais,

assegure aos alunos oportunidades e facilidades de viver em

directo com a vida, proporcionar-lhe os meios e a forma de se

aproximarem, o mais possível, da experiência real» .

6. A TECNOLOGIA, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A

INOVAÇÃO EDUCATIVA

A educação tende cada vez mais a reflectir a influência das

componentes da galáxia Guttemberg, do universo de MacLuhan, das

cada vez mais numerosas descobertas tecnológicas e de meios de

comunicação, do universo do scriptoaudio-visual que dia a dia vê

aumentar a sua inegável influência nos domínios da área educativa.

De facto, dadas as suas excepcionais capacidades, as novas

tecnologias, “tendem a ofuscar os meios de comunicação tradicionais

como o livro, a imprensa, o cinema, a televisão e a rádio” (Ponte, J. P.,

1947:42). Seja qual for a tecnologia emergente, ela permitirá certamente

95

a construção de novas coisas, contribuirá para a consolidação de novos

conhecimentos, totalmente impossíveis até ao seu aparecimento.

Como em todos os processos de mudança e inovação, as

transformações nem sempre são fáceis, apresentando-se a maior parte

das vezes morosas, inicialmente restritas a um limitado número de

utentes, para progressivamente se irem tornando elementos do

quotidiano, do cidadão comum.

Não muitos imaginariam certamente, há bem poucos anos, que

tão rapidamente em cada casa, em cada mesa de trabalho surgiria um

P.C., objecto ao alcance apenas de alguns homens da investigação e

das ciências. Hoje o contrário é que seria inimaginável.

Com efeito, no início do seu aparecimento, as novas tecnologias

estiveram bem longe de serem a acessíveis ao comum dos cidadãos,

sendo privilégio quase exclusivo de um bem restrito número de

pessoas. Demorou algum tempo até que a sociedade, no seu todo,

assimilasse as novas vertentes de inovação tecnológica, começasse

massivamente a tirar partido das suas potencialidades.

Segundo Ponte, (1997), ninguém duvida que a civilização do

amanhã será altamente conotada e condicionada por essas mesmas

tecnologias, que acabarão por ter repercussões profundas na própria

96

organização da sociedade, na personalidade das pessoas e até, nos

seus processos de pensamento.

A resistência social e intelectual e muitas das inovações

tecnológicas e, sobretudo, às implicações que a sua massificação

comporta, não diferirá muito, queremos, em circunstâncias e

conjunturas diversas, como é obvio, daquela que a invenção da

comunicação escrita trouxe nos tempos de outrora.

De facto, ninguém certamente questionará a importância da

comunicação escrita na civilização. Nas suas diferentes formas, a

comunicação escrita foi uma das tecnologias que maior influência

exerceu na cultura e na civilização humanas. No entanto, apesar de

toda a sua riqueza, de todo o seu contributo para o progresso e para a

evolução das mentalidades, da organização social e do próprio

desenvolvimento do pensamento humano, “a sua invenção foi objecto

de oposições semelhantes às que hoje existem em relação aos

computadores”, (Pedro, J.P., 1997:44).

Efectivamente, se atentarmos nesta possível relação, poderemos

verificar que tal como a escrita, também o computador se assume como

verdadeiro objecto mediador. Nele, como nos símbolos verbais, o

homem guarda informação, da qual se servirá sempre que necessário

se torne comunicar, sempre que necessite de fundamentar a sua

97

relação cognitiva, técnica e mesmo epistemológica. Ainda segundo o

mesmo autor, mais do que um simples instrumento técnico, o

computador serve de real fundamento para o desenvolvimento do seu

próprio conhecimento.

Esta possível relação é de tal modo estreita que o próprio

computador se associa à escrita ao poder ser utilizado como

processador do texto. No entanto, a tecnologia implícita neste

instrumento tecnológico, facilita ainda mais a escrita, na medida em que

o texto elaborado no computador pode ser guardado e recuperado

sempre que se precisar. Além disso, podem-se fazer alterações, desde

a simples correcção ortográfica até à reformulação de frases ou à

reordenação de parágrafos.

Essa facilidade de se escrever, corrigir e voltar a escrever,

quantas vezes forem necessárias, contem um convite natural à reflexão,

ao aperfeiçoamento e desenvolvimento das ideias, assume-se como

verdadeiro factor do próprio desenvolvimento de pensamento, facilita a

criatividade, desenvolve o pensamento divergente.

Óbvio que por muitas vantagens que a tecnologia do computador

comporte, ele jamais se substituirá completamente o livro e as formas

de comunicação escrita tradicionais. Podemos recordar, a propósito,

98

que o livro possui limitações, a maior das quais é ser estático, enquanto

o computador permite que se reformule constantemente a informação.

Por outro lado, não podemos esquecer que o livro apresenta

vertentes que, desde do seu aspecto estético, à portabilidade, à

facilidade de manuseamento, entre outras, que o computador não

possui. Assistimos aos primeiros passos da tecnologia do computador.

“Mas os progressos têm sido rápidos e incessantes, permitindo

afirmar que o que se fará com o computador dentro de poucos

anos certamente terá muito pouco a ver com a realidade de

hoje.” (Ponte, J.P., 1997:44)

Mais recentemente, presenciamos o aparecimento da INTERNET,

verdadeira auto-estrada da comunicação, do conhecimento e do saber.

Esta rede proporciona vários serviços e permite a constituição de

grupos de utilizadores que realizam discussões sobre temas do seu

interesse, trocando mensagens entre si.

A INTERNET permite-nos visualizar a informação sobre os mais

variados assuntos. Inicialmente conhecida nos meios académicos,

rapidamente se propagou aos negócios, até chegar finalmente às

nossas casas.

99

Esta rede possibilita-nos estar permanentemente a par de tudo o

que vai acontecendo pelo mundo nas nossas áreas de interesse.

As facilidades de comunicação que esta rede permite, criou novas

formas de trabalho cooperativo entre os utilizadores dos mais

longínquos pontos geográficos, modificando por completo a situação de

isolamento intelectual, que caracteriza as pequenas comunidades,

fazendo do computador uma verdadeira biblioteca, uma fonte

inesgotável de informação e de saber.

Deste modo, o computador como novo meio de expressão e de

comunicação, veio revolucionar a cultura e a mentalidade dos nossos

dias, expressando-se como uma das dimensões cibernéticas que maior

influência desempenham e certamente desempenharão o

desenvolvimento do pensamento humano, na situação do homem face

à técnica, ao conhecimento, e aos próprios valores.

Como afirma Alan Kay, citado por Ponte, P., 1997: 46, “o

computador é o primeiro metamedium e que por isso, tem graus de

liberdade para representação e expressão nunca antes juntos num

único instrumento”.

100

O mesmo autor sugere que as crianças comecem a usar o

computador o mais cedo possível, visto que todas as suas

possibilidades serão o papel e o lápis do futuro próximo.

“Não podem os educadores perder de vista a convicção

optimista de que o futuro se inicia no presente que o prepara e

faz acontecer. O futuro não é um momento temporal porque se

espera, para nele poder entrar (…) ignorar, agora, os desafios

do futuro, pensar a educação no curto horizonte do aqui e do

agora, se ria o mesmo que ignorar a evolução que se verifica

para lá dos limites do nosso espaço próprio e não participar na

caminhada para a comunidade educativa do futuro.” (A. Carrilho

Ribeiro,1993:16).

Mais de facto, ignorar as transformações tecnológicas de nossos

dias, mais do que negar o presente é hipotecar o futuro, já que ocultam

as reais dimensões da utopia que move as civilizações, dessa dimensão

humana que se chama imaginação, que é o espírito criador.

101

7. A TECNOLOGIA COMO FACTOR INTERACTIVO NA

APREENSÃO DA REALIDADE E NA FORMAÇÃO DO

CONHECIMENTO

Ensino e aprendizagem são duas faces de uma mesma moeda,

duas vertentes integrantes de um mesmo processo, necessariamente

dinâmico e interactivo e cuja eficiência se traduz numa progressiva e

articulada construção e consolidação do conhecimento.

Aprender não é apenas assimilar conhecimentos. A aprendizagem

é um processo que implica todo um conjunto de estruturas mentais que,

na opinião de Piaget, (1974), se estruturam e constroem na acção do

sujeito sobre o meio. Por isso a aprendizagem não poderá nunca

confinar-se ao mero domínio cognitivo, já que o sujeito é uma totalidade

e como totalidade, como pessoa age e conhece.

“A aprendizagem é um processo complexo, que vai muito além

da simples aquisição de conhecimentos; ela implica a

construção de estruturas mentais umas a partir das outras e

compreende diversas vertentes, nomeadamente a cognitiva e a

afectiva.” (Camacho, L., 1996:135).

102

Nesta interacção com o meio, há um conjunto de factores que

facilitam ou dificultam o conhecimento do sujeito. Quanto mais

significado os elementos trouxerem para o sujeito, quanto mais as

novas aprendizagens se enquadrarem nas experiências anteriores,

mais facilmente o sujeito adquirirá os conhecimentos, num processo de

aprendizagem que segundo Ausubel (1980) é denominado de

aprendizagem significativa.

Entre os factores que podem facilitar a aprendizagem estão, entre

outros, as novas tecnologias de informação e comunicação. Sé que por

si elas não constituirão certamente, condição suficiente para

aprendizagem aconteça. São, no entanto, potenciais facilitadores da

mesma, instrumentos que podem tornar uma aprendizagem mais

duradoura, mais perene, mais significativa segundo a opinião de

Camacho, L. (1996).

Para que a aprendizagem se verifique é necessário, como

dissemos, que ela seja significativa, que aconteça em contextos

energéticos, e onde os alunos através de um caminho de pesquisa e de

descoberta, construam o seu próprio conhecimento. Em todo este

processo, onde a intervenção do professor tem um papel fundamental,

intervêm factores que limitam e condicionam, de forma significativa, o

processo e os resultados da aprendizagem:

103

“as diferenças individuais na aprendizagem, o papel dos

conhecimentos pré-existentes, a importância da zona próxima

de desenvolvimento, a influência da interacção social, a

necessidade de contextualização da aprendizagem em

situações da vida real e a transferência de capacidades

cognitivas de umas áreas para outras.” (Camacho, L. 1996:136).

O processo de aprendizagem, terá de ser de cada um, num

processo de ensino – aprendizagem individualizado, na perspectiva de

um currículo flexível, atento às necessidades de uma verdadeira escola

comunidade.

Na opinião de Costa, V. (1995) este processo não deverá ser

nunca um “currículo pronto a vestir”, uniforme feito em estereotipadas

medidas burocráticas e aplicado a todos da mesma maneira,

independentemente da sua especificidade, dos seus significados e

significantes, com os seus padrões socioculturais próprios e

identificativos.

Caberá ao professor conhecedor dos seus alunos, ajustar as

estratégias e métodos às especificidades de cada um, de modo a

originar em todos o interesse, a motivação tão necessária a uma

104

efectiva aprendizagem. O comportamento motivado, como se sabe, é

gerado numa resposta a uma necessidade. Caberá, por isso, ao

professor ajudar a despertar no aluno esse sentimento de necessidade,

capaz de despertar a pulsão motivadora.

Os alunos gostam que lhes seja dada a oportunidade, através de

trabalhos de investigação e pesquisa, descobrirem por si o

conhecimento.

“A descoberta conduz à construção pessoal do saber e este

percurso individual, embora realizado com o apoio e sob

orientação do professor, permitirá que cada um construir a sua

própria versão da realidade e as estruturas necessárias à sua

compreensão.” (Camacho, L., 1996:139).

As crianças fazem descobertas mais frutuosas quando lhes são

proporcionados ambientes, cuidadosamente construídos para esse

efeito, ora as novas tecnologias podem ajudar a criança nesse

percurso, podem facilitar a aprendizagem, podem constituir-se em

meios privilegiados.

105

Neste fim de século, a preparação para a sociedade tecnológica

deverá começar no ensino básico, entendido como proporcionado de

uma formação inicial básica, a educação para a cidadania. A esta

primeira formação, juntar-se-ão outras, mais gerais ou mais específicas,

que vão aprofundando e complementando a interior. A auto-

aprendizagem torna-se um elemento primordial para a qual os

ambientes virtuais criados pelo computador, poderão ser um importante

auxiliar.

Esta construção do saber, no entanto, ajudada agora com o

recurso às novas tecnologias, não prescindirá nunca da intervenção do

professor. O aluno sozinho sente-se perdido nos meandros da procura,

da instigação, da construção do seu saber. A orientação e o apoio do

professor, deverá completar a descoberta do conhecimento feito pelo

educando.

É a partir do equilíbrio entre a actividade de exploração e da auto-

aprendizagem do aluno e o apoio do professor, nascerá um ambiente

de aprendizagem que proporcione a superação de dificuldades e o

desenvolvimento de capacidades.

106

Urge, por isso, orientar o processo de ensino aprendizagem de

modo a que cada aluno seja autor da descoberta do seu conhecimento,

uma construção cada vez mais pessoal, mais significativa, mais

contextualizada.

Para Salema, H., (1997) os alunos ajudados pelas novas

tecnologias, poderão, em verdadeiro projectos de aprendizagem,

desenvolver as suas capacidades, e facilitar a superação de

dificuldades, objectivos de um ensino que procura provocar a mudança

na educação, que mais do que se preocupar com o saber ou com o

saber fazer, ou mesmo com o ser, se preocupa essencialmente com o

saber fazer-se numa preparação para a vivência para a cidadania.

Educar é tão importante como desenvolver capacidades. Preparar os

jovens para uma participação consciente e democrática na organização

em que se inserem, em conjunto com o desenvolvimento de atitudes de

respeito e tolerância para com os outros, apoiadas nos valores da

cooperação e solidariedade, deverão ser objectivo da educação.

107

CAPÍTULO 3

OS COMPUTADORES COM

RECURSO PEDAGÓGICO

E DIDÁCTICO

108

109

Muito se fala hoje do ensino em Portugal. Critica-se ou apoia-se,

debate-se ou esquece-se mas penso que o problema já vem de há

muito e precisa de ser estudado nos seus antecedentes.

Muitas medidas “avulsas” têm sido tomadas como a mudança de

gestão, as reformas curriculares mais ou menos avulsas que vão sendo

implementadas, a criação de lugares para professores de Apoio com

uma rentabilidade mais ou menos duvidosa, mas sempre sem a

profundidade que seria de esperar e pior do que isso, sempre querendo

resultados mais ou menos imediatos.

Falar de ensino é falar de gestão de recursos fundamentalmente

Humanos e de implementar uma reforma nas leis, mas tentar mudar as

mentalidades. Geralmente, tais pressupostos reformistas redundam em

fracasso, porque as pessoas não foram “criadas” com essas novas

ideias.

É costume dizer-se que o que se paga a dinheiro é o que fica mais

barato. Também em educação aquilo que se faz em investimento

financeiro, aquilo que se investe em recursos materiais é mais fácil de

concretizar do que aquilo que se investe em recursos humanos e,

principalmente, é mais visível à vista do povo em geral.

110

Vou então debruçar-me sobre a história do ensino em Portugal

para tentar provar ou dissipar, aquilo que tenho como introdução a este

tema.

1. O ENSINO EM PORTUGAL COMO CONTEXTO DA

INVESTIGAÇÃO

Breve apontamento histórico

A história da formação de professores caracterizou-se, durante

muito tempo, pelo imobilismo, a inexistência de planificações, a médio e

a longo prazo, a incoerência de algumas determinações, a desconexão

entre a formação e o trabalho, a sectorização, uma visão puramente

economicista do problema, ignorando a importância primordial que ela

tem para o desenvolvimento do processo educativo.

O facto do ensino se ter tornado público e de deixar de haver

limites à educação de grupos sociais específicos trouxe tanto a

necessidade de elaborar programas e de definir metodologias, como a

de formar docentes.

111

Remonta a 1772 a lei sobre a Educação Pública, sendo definida a

escolaridade obrigatória, através de sucessivos diplomas, desde 1835

passando por 1844 (criam-se sanções para o seu não cumprimento),

1870, 1894, 1911, 1919, 1927 (Nogueira, 1991).

Em 21 de Abril de 1862, o Rei D. Luís inaugura a Escola Normal

Primária do Distrito de Lisboa. Em 1866/67 entra em funcionamento,

também em Lisboa uma escola "para alunas - mestres"; em 1895 criam-

se escolas normais nas capitais do distrito; em 1911 e 1914, é reforçada

a importância das escolas.

Em 22 de Março de 1930 é limitada a obrigatoriedade escolar às

três classes de "ensino propriamente elementar" de programas que já

tinham sido reduzidos em 1929. Esta limitação leva a um retrocesso de

longas e dramáticas consequências na educação dos portugueses,

nomeadamente na formação de professores, pois traz a ela associada a

criação de postos escolares em que ensinam as regentes escolares, a

quem não era exigida formação condigna, mas somente (e só a partir

de 1935) a 4ª Classe.

Nesse mesmo ano de 1930, paralelamente a estas

condicionantes, eram criadas mais escolas de "preparação" do

professorado primário e infantil, sob a designação de Escolas do

Magistério Primário.

112

Em 1936, já que se "resolvia a questão" com as regentes

escolares, são suspensas as matrículas nas Escolas do Magistério,

tanto oficiais como particulares. O seu encerramento verifica-se durante

seis anos (Nogueira, 1991).

Com o regresso da obrigatoriedade dos 4 anos de escolaridade

(em 1956 para os rapazes e 1960 para as raparigas) houve

necessidade de mais professores. O incentivo à frequência de cursos foi

notória, até que em 1964 passou a ser de 6 anos sendo através do

estabelecimento do curso complementar (5ª e 6ª classe) que se

preparam professores para leccionarem essas classes terminais.

Com todo este percurso, deveras doloroso, pode-se afirmar que é

relativamente ao 1ºCiclo do Ensino Básico (Ensino Primário) que existe

formação inicial como condição necessária para o exercício das funções

docentes.

Relativamente ao ensino pós-primário também, por muitas vezes,

se equacionou o problema de como proporcionar aos docentes

formação no campo científico específico e na área das ciências da

educação e prática pedagógica, já que na formação académica (grande

parte dos professores) possuíam preparação adequada.

113

Em 1911 são criadas as Escolas Normais Superiores anexas às

Faculdades de Letras e de Ciências das Universidades de Lisboa e

Coimbra, cujo funcionamento só foi regulamentado em 1918 e

mantendo-se em vigor até 1930.

A partir dessa data, até 1957, a estrutura da formação pedagógica

mantem-se como uma cultura pedagógica obtida na Universidade e

prática pedagógica realizada nos liceus normais e nas escolas técnico-

profissionais designadas para o efeito (Nogueira, 1990).

Com efeito, a preparação científica do professor adquiria-se em

cursos universitários, cujos currículos não se condicionavam a esse

objectivo. Por outro lado havia uma desarticulação total entre a

formação científica e a formação pedagógica: curso e estágio de dois

anos em liceu normal ou escola designada para tal.

Depois de dois anos de trabalho não remunerado e uma vez

realizado um Exame de Estado ficavam profissionalizados.

Em 1957 procede-se à Reforma das Faculdades de Letras e

estabelece-se como uma das suas finalidades a preparação de

professores do ensino secundário (Nogueira 1990).

114

A institucionalização do Ciclo Preparatório (1968-1969) vem

levantar o problema da formação de professores que nele viessem a

ensinar. É então que pela primeira vez, entre nós, se faz a formação de

professores à distância (utilização da televisão e da rádio). Surge um

processo acelerativo de formação que não é de forma alguma garantia

de qualidade.

No entanto, a partir de 1970, com o aumento desproporcional

entre o ritmo de crescimento do número de alunos matriculados nos

ensinos liceal e técnico e o do acréscimo do número de professores

profissionalizados, há que recorrer a outros habilitados

academicamente, sem profissionalização nem tão pouco especialidade.

Um projecto novo surge em 1971 com a criação do ramo de

Formação Educacional da Faculdade de Ciências que procura a

integração da formação inicial, contínua e especializada e define

objectivos novos para o estágio dos seus alunos.

Um projecto de criação de uma Faculdade de Pedagogia, fica-se

pela intenção no ano de 1976/77.

Todas estas alterações introduzidas, ao longo dos anos, na

profissionalização não tinham fundamentação científica nem resultavam

de novas concepções de formação de professores. É o caso da redução

do tempo de estágio para um ano.

115

Em 1979/80 encerra-se a vigência deste Sistema de

Profissionalização em exercício. Apesar de tardar a sua concretização

devido à falta de componentes essenciais e de se acumularem as

alterações, é de considerar como essencial o facto desta nova

concepção de formação de professores prever três vectores

fundamentais como componentes de formação: a turma, a escola e o

sistema Educativo; de se pretender que o formando tivesse o estatuto

de sujeito do processo de formação; de se procurar que esse estatuto

fosse assegurado pelas formas previstas de auto e hetero-avaliação.

Caminhos muito diferentes do tradicional estágio baseado na pedagogia

do "modelo".

A formação em serviço é considerada como uma fase do processo

de formação permanente do professor e da comunidade escolar,

articulando formação inicial com formação contínua.

Em 1985 é de novo alterado o processo de profissionalização,

cabendo agora às instituições de Ensino Superior (por exemplo às

Escolas Superiores de Educação, às Faculdades com licenciaturas em

ensino) promoverem formação educacional, tanto com o intuito de

preparar docentes para a profissão, como também para o

desenvolvimento pessoal e formação pedagógica (Nogueira, 1990).

116

Com este projecto põe-se fim à sectorização das componentes da

formação inicial, embora, nem sempre projecto e realização se

identifiquem totalmente, prevalecendo ainda a sectorização dentro do

ensino básico: 1º, 2º e 3º ciclos, e continuando a coexistir nas escolas

professores em situações díspares de formação a quem se incumbem

responsabilidades idênticas.

Paradoxal em relação às orientações atrás referidas, é a

existência desde 1936 de instruções legais que apontavam para: "os

professores têm por obrigação fazer o seu aperfeiçoamento contínuo

sob pena de processo disciplinar […]" (cf. in Decreto-Lei nº 27084, de

1936) e em 1973 "[…] a formação permanente dos agentes educativos

constitui obrigação do Estado […] e deverá ser suficientemente

diversificada, de modo a assegurar a actualização dos conhecimentos e

aperfeiçoamento da preparação pedagógica e a favorecer a promoção

e mobilidade profissionais" (Base XXVI da Lei n.º 5/73, de 25 de Julho).

Ao longo dos séculos, a Educação sofreu alterações mas foi a

partir de 1950 que ocorreram as maiores mudanças em termos

educativos. Ao falarmos de mudanças, referimo-nos a modificações

profundas da forma de transmissão dos conhecimentos. Gradualmente,

passámos de um ensino centrado no professor, detentor da verdade,

para um virado para o aluno. Ao longo dos anos, surgiram novas teorias

117

da psicologia da Educação, novas ideias e, principalmente, novos

conhecimentos. Assim, hoje em dia, surgem novas informações, novos

dados sobre todos os conteúdos possíveis. A verdade já não é estática,

o que é hoje verídico pode o não ser amanhã. Isto obriga o professor a

estar em constante actualização.

Outro factor que contribuiu imenso para a alteração do ensino foi o

surgimento de novos meios didácticos. Estes meios não foram criados

para servir unicamente a Educação, foram criados com outras

intenções, mas foram aproveitados, e bem, para ajudar o ensino e o

professor. Falamos do cinema, televisão, vídeo… e mais recentemente

do computador e da Internet. Com estes meios, o professor passou a ter

a oportunidade de leccionar de forma mais atractiva e diversificada.

Nos últimos dez anos, a Internet desenvolveu-se de forma

extraordinária e podemos dizer que, hoje em dia, tudo se encontra na

rede. Qualquer dúvida que tenhamos pode ser elucidada através de

algumas pesquisas na Internet. Até se pode dizer que existe um

excesso de informação. Com o desenvolvimento desta rede,

multiplicaram-se as páginas pessoais, criadas a título individual. Os

professores também aderiram a esta “moda” colocando na rede os

materiais que vão construindo (fichas de trabalho, fotografias,

esquemas, apresentações em Power-Point…) materiais esses que

118

podem ser utilizados por qualquer outra pessoa, desde que respeitados

os direitos de autor. A Internet passou, assim, a ser, para os

professores, uma fonte inesgotável de apoio e recurso tendo assim, a

oportunidade de diversificar o seu ensino. Por exemplo, um professor do

1º ciclo do Ensino Básico (6-10 anos), pode encontrar na Internet tudo

sobre Luís de Camões, os rios e montes, experiências científicas…

Encontra vídeos, fotos, textos…

Os desafios lançados à educação do século XXI são, de facto,

imensos. O notável progresso tecnológico e científico alterou de forma

irreversível a relação do homem com todo o meio envolvente integrando

neste os seus pares.

A Escola e a Educação enfrentam desafios que exigem

flexibilidade e grande capacidade de adaptação, reflexão e avaliação.

Impõe-se definir desafios e tensões para que se proponham estratégias

educativas que respondam à linguagem da velocidade, eficácia e

mudança que se vivencia nas sociedades actuais. Há, ainda, que

repensar as reformas educativas para que sejam acompanhadas da

tomada de consciência dos perigos de exclusão «[…] não é legitimo

abandonar os mais desprotegidos e deixar criar uma classe de info-

excluídos. É imprescindível promover o acesso universal à info-

alfabetização e à info-competência» (L.V.P.S.I.,: 9).

119

É consensual o entendimento de que respeitar os diferentes

estilos cognitivos e ritmos pessoais de aprendizagem facilita o processo

de aquisição de conhecimentos e competências. Uma aprendizagem

efectiva pressupõe que os alunos disponham de uma escola-centro de

recursos de rápido acesso e resposta eficiente.

A deslocação da clássica relação professor-aluno para um novo

eixo de referência no qual as ferramentas multimédia desempenham

uma função de mediação alterou significativamente a correlação das

forças. Aliás, a introdução de ambientes com tecnologia integrada levou

a que o professor deixasse de ser o único protagonista na veiculação da

informação e do conhecimento. Esta realidade não põe em causa a

importância do professor; reconhece-se que a Escola do Futuro exige

que os professores desempenhem um novo papel, consubstanciado na

facilitação dos processos de aprendizagem. A sua eficiência resultará

de uma gestão cuidada, do equilíbrio entre a competência científica e

pedagógica, aliada à competência técnica patente na utilização das

novas tecnologias.

Ao longo da sua carreira, o professor, qualquer que seja o nível de

ensino que leccione, recorre diariamente a meios didácticos, uns mais

tradicionais outros mais modernos e tecnológicos. O recurso aos

materiais didácticos tem por principal objectivo facilitar o acto educativo,

120

ou seja a compreensão dos conteúdos por parte dos alunos.

Existem inúmeros meios didácticos, uns desenhados

especificamente para a Educação e outros que foram criados para

outros fins mas que podem ser utilizados na sala de aula. A selecção de

meios por parte do docente depende de vários factores e ele tem para

tal a possibilidade de consultar grelhas de classificação de meios. A

selecção de meios educativos dependerá essencialmente do

conhecimento que o próprio professor tem dos meios em questão.

Veremos neste trabalho como podem ser utilizados na sala.

Antes de recorrer a um meio didáctico, o professor deve verificar

se corresponde às suas necessidades e para tal efectua uma avaliação

desse meio de forma a verificar a sua utilidade. Existem várias formas

de avaliar meios e cada família de meio (TV, material impresso, vídeo,

cinema…) possui critérios específicos de avaliação.

Estando agora no início do século XXI e verificando o

desenvolvimento cada vez maior da Internet e do seu uso no ensino,

acho interessante estudar de forma mais aprofundada este novo meio,

verificar o que trouxe de novo para a Educação e como alterou o papel

do professor. Hoje em dia, os docentes recorrem à Internet sobretudo

para consultar páginas Web educativas onde poderão encontrar

actividades, histórias, fichas… para trabalhar com os alunos. Tal como

121

com os outros meios, o professor deverá avaliar a página Web que

pretende trabalhar com os alunos, de forma a verificar que está

adequada ao seu propósito. Para realizar esta avaliação, ele tem à sua

disposição algumas grelhas, poucas, de avaliação de páginas Web

educativas. A partir dessas grelhas, determinei os critérios de avaliação

que cada autor considera importante uma página Web educativa conter

para ser de qualidade. Ainda procedi à avaliação de uma página Web

educativa com recurso a cada um dos instrumento de avaliação

encontrado de forma a determinar qual o melhor.

Por tudo o que referimos, poderemos afirmar que os cenários de

ensino e formação do futuro serão determinados pela procura de melhor

educação e formação, a partir das fontes mais eficientes. Contudo, o

ensino presencial ainda que com recurso a ferramentas tecnológicas

continua a dispor de uma componente de interacção e contacto humano

que o ensino à distância não consegue, de todo, substituir.

Atentando na natureza eminentemente gregária e social do

Homem, à sua realização estará sempre subjacente a necessidade de

uma interacção directa e real com outros e a esta necessidade não há

dispositivo tecnológico capaz de dar resposta. Se isto é assumido para

a generalidade de actos muito mais o é para os educativos que

pressupõem uma predisposição de emoções e aptidões.

122

O professor deteve, detém e continuará certamente a deter um

lugar de primordial importância no processo educativo, embora se

imponha, como é natural, uma atitude de actualização constante face ao

contexto em que exerce a sua profissão. «O ensino deve, também, ser

personalizado: esforçar-se por valorizar a originalidade […] e implicar

em acordos ou parcerias educativas as famílias em diversos actores

sociais» (Delors; 1997: 49). Educação pressupõe equilíbrio, evolução,

análise, reformulação; em nenhum caso rotura, conflito, iniciação ou

desumanização.

2. O COMPUTADOR E A FORMAÇAO DE PROFESSORES

2.1. A relação pedagógica estabelecida entre o

professor e o computador

O processo educativo é já uma realidade e inclui a tecnologia

como principal arma. Ao professor cabe o papel de se adaptar às suas

novas exigências sob o risco de, a não o fazer, deixar para trás todo um

conjunto de potencialidades deveras enriquecedor.

Com efeito, a escola encara, actualmente, o grande desafio de ter

necessariamente de se adaptar e progredir de acordo com as novas

exigências e possibilidades colocadas ao seu dispor pelas novas

123

Tecnologias de Informação e Comunicação, que exigem, por outro lado,

do professor uma constante adequação à nova realidade, uma

formação contínua, numa perspectiva de educação permanente.

Apela-se, assim, a um novo tipo de professor, mais polivalente e

consciente das finalidades da educação, aberto aos novos recursos e

desafios das TIC’s. Com efeito, como oportunamente referem Elvira

Leite e Luísa Orvalho (1995:27),

“[…] a nossa é a primeira geração a ter atingido a sabedoria

socrática de não conhecer o mundo em que os nossos filhos

irão viver: o futuro deixou de ser uma projecção linear do

passado; no entanto os desafios trazem consigo oportunidades

que não são menores para os que são responsáveis pela

educação das gerações seguintes”.

Face, por isso, aos novos desafios perfila-se necessariamente um

novo tipo de professor, que tenha em conta os novos recursos, que seja

capaz de os manejar, a fim de através deles responder aos novos

desafios do processo educativo. É precisamente nesta óptica que

perspectivando o futuro educacional, Ponte (1992) refere que professor

e computador no máximo das suas potencialidades constituem a equipa

124

pedagógica do futuro. Na verdade, quando utilizado convenientemente,

o computador pode contribuir para desenvolver a autonomia, elevar a

auto-estima e fortalecer os laços de inter-ajuda dos alunos.

Em relação às crianças, o computador funciona como um

mecanismo de aprendizagem, que caminha, passo a passo, com outras

estratégias, tais como os jogos, os instrumentos musicais ou os

desenhos. Encorajar as crianças a conhecer o mundo do computador é

sem dúvida relevante, pois que ele se pode pautar como um dos mais

válidos instrumentos ao serviço das aprendizagens da criança.

As crianças, de facto, enquanto observam os colegas a trabalhar

no computador, podem aprender como este funciona, ou como se

resolve um jogo. Ser capaz de trabalhar num computador com um

colega, é o incentivo certo para que a criança tente algo de novo com

sucesso. Para as crianças com dificuldades de interacção social, o

computador é o feedback perfeito que permite interagir com a criança

no início e servir depois de intermediário com os pares, podendo

mesmo ser um instrumento privilegiado na ajuda às crianças que

apresentam necessidades educativas especiais.

Freitas e Teodoro (1991) defendem que o computador quando

inserido em ambientes adequados de ensino-aprendizagem, facilita

esse mesmo processo, de forma a possibilitar uma mais fácil

125

consecução dos objectivos educacionais.

Esta perspectiva surge, desde logo, reforçada por Papert (1980)

que entre os possíveis benefícios do computador realça o seu contributo

em termos de equilíbrio emocional e das interacções sociais, para além

da criatividade e das destrezas motoras quando utilizado de forma

lúdica.

Segundo outros autores, nomeadamente Ponte (1992), o

computador desempenha também, papel relevante no desenvolvimento

sócio-emocional, o que acaba por ser comprovado por investigações

levadas a cabo nesta área e que têm demonstrado que nos trabalhos de

computador desenvolvem se espontaneamente, laços de cooperação

entre as crianças, para além do seu inegável contributo no

desenvolvimento e consolidação do seu auto - conceito.

Não se ficam, no entanto, por aqui os benefícios do computador,

segundo o referido autor. De facto, ele aponta ainda o seu contributo

nas relações, reflectindo-se profundamente ao nível dos valores, no

aumento da motivação e no estímulo a comportamentos positivos.

Na medida em que proporciona oportunidades de sucesso e

promove o autocontrolo, o computador ajuda a elevar a auto-estima da

criança (crianças impulsivas tornam-se menos agressivas com o

computador).

126

Deste modo, há uma nova relação do professor, já que o ensino

com computador “[…] é constantemente interactivo, obrigando o aluno a

responder, fazer escolhas, a participar...não deixa que o aluno se

transforme num recipiente passivo de informação” (Sprinthall &

Sprinthall, 1993: 269), o que obriga o professor a procurar os

significados mais profundos do aluno para, da aprendizagem activa

passar à aprendizagem significativa.

A aprendizagem feita com a interacção do computador terá

resultados mais desenvolvidos e cumulativos. Quanto mais cedo a

criança começa a trabalhar com o computador, mais bem incorporadas

são as estratégias de aprendizagem.

O consenso predominante é que o ensino com a interacção do

computador, é um bem essencial que tende a promover a motivação, o

sucesso e um espírito de cooperação.

Enquanto auxiliar do ensino, o computador permite simular

actividades que de outro modo, o aluno não teria oportunidade de

experimentar.

E para que a inovação tecnológica seja um factor primordial para a

mudança educacional que se pretende implementar, ela só é possível,

quando correctamente articulada com um outro elemento fundamental -

o professor. O seu papel revela-se ainda mais crítico nesta era

127

tecnológica, exigindo-lhe novas competências e modificando o seu

estatuto. Esta alteração assumirá maior relevância, já que, da correcta e

eficaz utilização das novas tecnologias de informação e comunicação,

dependerá o desenvolvimento cognitivo e uma melhor formação dos

alunos.

No entanto, para que tal relação se consolide é necessário que os

professores se sintam motivados para a utilização das novas

tecnologias e que tenham ao seu dispor, todos os meios necessários,

nomeadamente uma adequada e circunstanciada formação contínua,

para ajudar a superar as dificuldades com que se irão deparar.

Face às novas exigências, o papel do professor torna-se pois, o

de "[…] facilitador da aprendizagem dos alunos, um igual que se coloca

ao lado dos seus educandos, trabalhando com eles, sentindo as

mesmas dificuldades e alegrias, triunfos e fracassos" (Camacho, 1996:

123).

Contudo, o seu papel, longe de perder a tradicional importância,

implica que, pelo contrário, ele saia reforçado, já que agora se

apresenta como a chave de todo o processo de integração das novas

tecnologias de informação e comunicação. Pela motivação que

transmite aos alunos, pelo exemplo que fornece, pela ajuda no domínio

progressivo da tecnologia e, também, porque só ele conhece os alunos

128

e está atento às suas diferenças individuais na aprendizagem, o

professor da era das TIC’s apresenta-se como um verdadeiro facilitador

de aprendizagens.

"O papel dos professores, não é o de simples correias de

transmissão, baseiam do o seu ensino em produtos

educacionais padronizados e prontos a usar. Pelo contrário,

cabe-lhes a responsabilidade de desenvolver as alternativas

educacionais mais apropriadas para os seus alunos e em

particular, a decisão sobre os objectivos e os modos de usar

estas tecnologias" (Ponte, 1997: 100).

Camacho (1966) refere que no actual processo de ensino-

aprendizagem, as novas tecnologias de informação e comunicação,

exigem ao professor uma permanente adequação às novas tecnologias,

colocam-no perante a necessidade de adquirir um conjunto diversificado

de conhecimentos, que incluam, uma compreensão do seu papel nas

várias áreas de actividade social, um conhecimento das suas

possibilidades e limitações como instrumentos educativos, a capacidade

de encontrar, seleccionar e usar programas já feitos.

129

Finalmente, e face às exigências das novas tecnologias caberá ainda ao

professor o não menos importante papel de, com a ajuda das TIC’s, se

afirmar como indesmentível auxiliar do desenvolvimento de atitudes e

valores de solidariedade e cooperação dos seus alunos, contribuindo,

assim, cada vez mais decisivamente para a construção de uma

sociedade democrática e humanista, para uma maior e mais profunda

vivência da cidadania.

2.2. O computador e a formação de professores nas

TIC’s

As novas tecnologias acabaram por provocar profundas alterações

em numerosas profissões. Dadas as suas grandes possibilidades

enquanto instrumento educativo, seria impensável que não

influenciassem também a actividade dos professores.

Aos professores cabe a responsabilidade de criar opções

educacionais, mais convenientes aos seus alunos, bem como, decidir

sobre os objectivos e formas de utilizar essas novas tecnologias. Os

novos instrumentos tecnológicos constituirão, para o professor, outras

tantas fontes de estratégias destinadas a promover o sucesso

educativo. Todavia, o professor tem de estar preparado para ser alvo de

uma formação contínua, capaz de dar resposta às transformações e às

130

mudanças a cada momento provocadas pelas novas tecnologias. Só

assim poderemos ter um ensino de qualidade, pois que "[…] não há

ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica

sem uma adequada formação de professores" ( Nóvoa, 1995: 9).

Torna-se, pois, indissociável da sua carreira, a exigência de

desenvolvimento permanente. Perante esta situação, o professor

assemelha-se aos seus alunos e tal como eles, tem de estar sempre a

aprender. Tal situação torna-se, por vezes, incomoda, no que diz

respeito ao domínio do computador e ao conhecimento da diversidade

das suas aplicações. Com efeito, longe vai o tempo em que o professor

se assumia como o detentor do saber, como o depositário dos

conhecimentos.

Hoje, mais do que nunca, "O professor deixa de ser o depositário

incontestado do saber para passar a ser, muitas vezes, quem menos

sabe" (Ponte, 1997: 102).

Assim sendo, torna-se natural que também a relação professor-

aluno tenha sofrido alteração, tenha sido intimamente modificada pela

utilização das novas tecnologias.

Ainda que, com bases e funções diferentes, professor e alunos

passam a ser parceiros de um mesmo processo de aprendizagem,

elementos de uma educação permanente. Assim, o professor tem que

131

fazer não só um esforço constante de aprendizagem por si e consigo,

como também e essencialmente, de aprendizagem com o aluno.

Para que os docentes dominem as novas tecnologias é necessário

um suporte de formação que, ausente da formação inicial na maioria

esmagadora dos professores actualmente em exercício, encontra na

formação contínua um meio capaz de permitir o colmatar de patentes

lacunas no domínio das novas tecnologias.

Por isso, a formação deve ser entendida como um processo

aberto, direccionado para o desenvolvimento de novas técnicas e

criação de ideias, como um método concentrador de inovação e

alteração, de adaptação e de consecução de capacidade de resposta

aos novos desafios.

Só com uma formação aberta, centrada nas reais necessidades

dos professores e da escola, se pode incentivar o aparecimento de

professores capazes de proporcionar aos seus alunos, actividades

educacionais de harmonia com as exigências com as quais a escola é

confrontada.

Na opinião de V. Costa (1994), as mudanças no papel dos

professores, terão de incidir basicamente na sua formação inicial, na

qual se destacam três componentes essenciais: a formação científica, a

formação educacional e a prática pedagógica. Cada uma destas

132

componentes terá de contribuir para incutir nos novos docentes um

espírito de disponibilidade para a mudança constante, de prazer pela

aprendizagem contínua, de abertura à inovação e à renovação

pedagógica. Ser professor hoje, mais do que ser "instrutor", é sobretudo

ter a mentalidade disponível, aberta para os desafios da mudança; é

saber que jamais conseguirá saber tudo, que terá necessariamente de

procurar nos outros os momentos de aprendizagem, certo de que o

saber é uma construção feita sobre cada aquí e cada agora, num

mundo em mutação constante.

Corroborando a perspectiva do Conselho Científico-Pedagógico

da Formação Contínua (1998), a par da formação inicial, assume cada

vez mais importância a necessidade de formação contínua. Esta terá

que ser, forçosamente, ligada à escola e não deve descurar as

componentes de autoformação e de trabalho de grupo, devendo ser

ligada à prática pedagógica dos professores, aos seus contextos de

trabalho, às suas práticas profissionais.

A formação de professores em exercício deverá fundamentar-se,

por isso, no enquadramento e na base das suas actividades e

iniciativas, onde as suas necessidades e anseios se transformem em

métodos de desenvolvimento profissional, em momentos de

desenvolvimento pessoal.

133

Na actividade normal do professor, cada vez mais as novas

tecnologias se tornam um elemento que não se pode contornar, já que

cada vez mais fazem parte do seu quotidiano, dos seus valores,

crenças e atitudes.

Caminhamos para novos e diferentes meios de relações

educativas bem como de novos significados do que é ser professor. O

professor necessita de estar sempre a aprender e a melhorar,

estreitando a sua relação com os alunos.

As novas tecnologias fazem com que o professor

necessite de

"[…] adquirir um conjunto diversificado de competências e

conhecimentos que incluam uma compreensão do seu papel

nas várias áreas da actividade social, um reconhecimento das

suas possibilidades e limitações como instrumentos educativos,

a capacidade de encontrar, seleccionar e usar na aula

programas já feitos" (Ponte, 1997: 103).

Cabe, também, ao professor verificar se os objectivos

educacionais desses programas se apropriam aos seus alunos.

134

Segundo João Pedro da Ponte (1992: 104) os professores só

utilizam o computador na sala de aula, quando o equipamento for

disponibilizado, a formação adequada, as sugestões curriculares lógicas

em termos de objectivos e iniciativas bem como o necessário apoio de

retaguarda. De facto, ainda segundo o mesmo autor, a base essencial

deste desenvolvimento, passa pela criação de estruturas de apoio e

iniciativas das próprias escolas, que devem, no entanto, ser

devidamente encorajadas e enquadradas, sendo responsáveis neste

domínio a política e a administração educativas.

Apesar de tudo, nada é possível sem a participação dos

professores. A formação inicial, aliada a uma efectiva educação

permanente é a peça chave para aceder ao mundo da comunicação no

âmbito educativo.

Para que o professor possa formar as novas gerações na

utilização crítica, criativa, investigadora e lúdica dos meios de

comunicação e das novas tecnologias, é necessário que ele próprio se

forme previamente.

Podemos, pois, concluir, que as estratégias de formação devem

proporcionar a formação na área das novas tecnologias de informação,

a qual deverá ser contemplada na formação inicial; um apoio

135

permanente e estruturado aos professores, o acompanhamento

constante às escolas e encontros periódicos de trocas de experiências;

actividades de formação contínua, que levem a uma informação

constante e actualizada dos professores, no que diz respeito ao

software, documentação, entre outros; a frequência de centros de apoio

local ou centros de recursos diversos, de maneira a proporcionar aos

professores informações sobre as TIC’s na educação, a qualidade e

variedade de software existente e consulta de materiais impressos,

bases de dados ou teletextos.

2.3. A formação inicial de professores

Pretende-se com a formação inicial equipar a “bagagem” dos

professores com algumas competências de natureza científica e

pedagógica para desempenhar integral e eficazmente a sua profissão.

Desde muito cedo, a função docente se identificou como

actividade paralela, inicialmente desempenhada por padres e monges e,

mesmo quando se assistiu a um esforço de laicização da profissão, os

Seminários continuaram a ser centro formador de professores capazes

de desempenhar a sua acção fora do âmbito especificamente

eclesiástico.

136

O recrutamento dos professores (principalmente para o ensino

secundário) fazia-se, sobretudo, no seio da burguesia.

Com a 1ª República (1910-1926) a formação dos chamados

"mestres de ler, escrever e contar" fica a cargo das recém-criadas

escolas normais sedeadas em Lisboa, Porto, e Coimbra. Os estudos

superiores passam a ser administrados pelas Universidades de Lisboa e

Porto. As Universidades de Lisboa e Coimbra ficam encarregadas de

organizar de forma dinâmica as Escolas Normais nelas integradas

(Campos, 1986).

O Estado Novo (1933-1974) não avançou com grandes medidas

que denunciassem a sua preocupação com a formação inicial dos

professores, principalmente do ensino secundário. Referenciava-se,

apenas, à necessidade de uma formação científica e uma formação

pedagógica. A científica era cometida às Universidades e a pedagógica

vulgarizada com a designação de "estágio", tinha lugar nos liceus ou

escolas designadas para tal, com reduzido número de vagas,

condicionadas ainda pela existência de um exame de admissão. Era um

processo distorcido de profissionalização ligado à formação inicial que,

hoje, se assume viciado pela ambiguidade de um paradoxo: a exigência

imposta por um exame e o afastamento determinado pela clausura

restritiva de um determinado número de vagas.

137

A partir do 25 de Abril de 1974 e até à viragem para a década de

oitenta, assumiu-se a consciência da necessidade de colmatar as

brechas e anular as deficiências que a formação inicial, nas suas

vertentes científica e pedagógica, então mostrava. Houve que recorrer à

criatividade e por vezes à utopia, numa ânsia apressada de impor em

pouco tempo aquilo que era julgado fundamental e imprescindível para

uma formação inicial básica e elementar. Neste contexto, criam-se

Institutos, Faculdades e outras instituições vocacionadas para as

Ciências da Educação.

Todavia a falta de uma planificação articulada com as realidades

do país impossibilitou a realização dos ajustamentos inevitáveis, do

refazer de estratégias imprescindíveis e conduziu ao fracasso um

projecto por descoordenação de iniciativas.

A entrada e o decorrer dos anos 80, segundo João Formosinho

(1993) são marcados pela criação e implementação de cursos

superiores ou equiparados no ramo educacional com estágios

integrados, mantendo-se, porém, em simultâneo a possibilidade de

profissionalização em "situação" no que respeita aos professores com a

formação académica legalmente estabelecida para o grau de ensino

onde exercem a sua actividade docente.

138

No primeiro caso e proporcionando o estágio integrado

encontram-se, por um lado, algumas universidades que preparam

professores para o 3º Ciclo e para o ensino secundário e, por outro lado,

os CIFOP's (Centros integrados de Formação de Professores) e as

Escolas Superiores de Educação que têm vindo a formar professores

para o 1º Ciclo e 2º Ciclos do Ensino Básico.

No caso denominado de profissionalização em "situação", muitos

têm sido os modelos sucessivamente adoptados. Desde os estágios

clássicos, que ainda constituem a formação de grande número de

professores que actualmente exercem a sua actividade docente,

passando pela profissionalização em exercício (da responsabilidade do

Ministério de Educação), até às múltiplas variantes de formação em

serviço, em presença ou à distância, com intervenção de instituições de

ensino superior (Rodrigues, 1993). De tudo tem existido um pouco. E

tanto a profissionalização em exercício, como a formação em serviço

foram criadas com o objectivo de dar resposta à necessidade premente

e óbvia de se profissionalizarem todos os professores no mais curto

espaço de tempo.

139

Nesta luta contra o tempo acontece, porém, que os diferentes

modelos de formação inicial têm manifestado algumas inconsistências,

por nomeadamente tonificarem a componente científica (e nem sempre

é a mais adequada à actividade do futuro docente) e relegarem para

segundo plano a componente pedagógico-didáctica, ou melhor dizendo

a prática pedagógica. Encontra-se, neste caso, a formação inicial

proporcionada por algumas universidades segundo o modelo do Ramo

Educacional da Faculdade de Ciências e mais recentemente das

Faculdades de Letras, a par da formação em serviço apoiada nas

ESE’s, na Universidade Aberta. E embora muitos defendam a criação

de um ano de indução, o facto é que, até agora, isso não foi possível.

A formação científica é indispensável a um bom professor, mas

não é suficiente para ser bom professor (Mialaret, 1981) e, como não é

incompatível com a pedagógico-didática, dever-se-ão complementar e

nunca eleger uma em detrimento da outra. Ao Educador não compete

apenas desempenhar o papel de mero transmissor de conhecimentos.

A formação inicial deve ser o início, o primeiro elo de uma cadeia

que é a formação integral e contínua segundo uma perspectiva de

formação permanente.

140

2.3.1. Problemas associados à Formação Inicial dos

Professores

São várias as interrogações que se colocam aos actuais modelos

de formação inicial de professores, interrogações essas, extensivas às

características das entidades formadoras. Como defende A. Nóvoa

(1992), a história da formação de professores nos últimos vinte anos

pode ser contada como uma história de sucesso (desenvolvimento de

instituições e cursos de profissionalização da maioria dos docentes em

exercício). Mas também pode ser contada como uma história de

incapacidade no fracasso demonstrado para melhorar significativamente

a formação científica e as competências profissionais dos professores.

Ainda segundo o mesmo autor, os principais problemas

identificados pela maioria dos estudos são:

a) Falta de qualidade nomeadamente na adequação às

necessidades de educação das crianças e dos jovens de hoje;

b) Primazia da formação inicial, levando a criar maiores

expectativas e interesse na formação contínua;

c) O modelo integrado, considerando a condição da

existência de cursos específicos de formação de professores;

d) Necessidade de uma completa reestruturação no que

respeita a algumas dualidades do (actual) sistema-graus

141

académicos (bacharelato e licenciatura); componentes de

formação (científica e pedagógica); tipos de prática pedagógica

(turmas próprias ou turmas do orientador).

Os problemas atrás enunciados e possivelmente outros que

escapam, mostram, segundo A. Nóvoa (1992), a necessidade de

mudanças no actual sistema.

Pode-se, assim, apontar as fundamentais:

1. Diminuição de necessidades de formação inicial: Na

realidade tudo indica que a oferta de mão-de-obra docente é

actualmente, muito superior às necessidades do sistema, salvo em

alguns grupos disciplinares muito específicos. É urgente, por outro lado,

identificar mais pormenorizadamente as necessidades futuras: que

níveis de ensino, que disciplinas, que áreas geográficas (regiões do

pais);

2. O modelo integrado: Nos departamentos universitários

ligados à formação de professores começam a surgir dúvidas sobre a

validade deste modelo, até há pouco inquestionável. E isto, porque se

admite o falhanço na sua principal razão de ser: a desarticulação entre

a formação para a / as disciplinas e ensinar e a respectiva formação

142

pedagógica. Outra razão não menos importante, parece ser, a desde

sempre menor motivação da classe docente universitária para estes

cursos que consideram ter estatuto inferior;

3. A prática pedagógica - dificuldades de formação: Se por

um lado todos reconhecem a importância da vertente pedagógica, o

aumento do número de alunos em formação e a falta de capacidades

das escolas do ensino básico e secundário em assegurar uma

colaboração eficaz com as instituições de formação inicial, são

apontadas como as maiores dificuldades à operacionalidade do modelo.

Cada vez é menor o número de professores das escolas a quererem

prestar colaboração; cada vez há menor número de lugares docentes

nas escolas que possam ser preenchidos pelos novos professores;

reconhecimento de que há poucos professores nas escolas habilitados

e qualificados para supervisionarem os professores em formação;

finalmente, e como já referimos, uma quase completa desarticulação

entre as escolas (onde a prática pedagógica decorre) e as instituições

de formação inicial.

A solução para este problema não é fácil mas, em princípio,

segundo Armando Rodrigues (1993), terá de passar forçosamente por

uma melhoria na articulação escola/universidade, maior especialização

dos docentes supervisores e melhoria material da sua colaboração e

143

para a implementação (prevista) do ano de indução " em que o

acompanhamento não seja feito necessariamente pela mesma

instituição em que o professor efectuou a formação inicial ". Estas

medidas terão que ser complementarizadas por uma correcta

adequação dos cursos às necessidades educativas dos alunos,

competindo às instituições de formação elaborar e desenvolver os

respectivos planos de estudo adequados a tais perfis.

Para concluir, é bom recordar que está na ordem do dia o diploma

na Lei de Bases do Sistema Educativo que determina as qualificações

para a docência. Na realidade, não existe qualquer estância de

acreditação dos cursos, isto é, que verifique a adequação dos planos de

formação aos perfis, sendo que, vários autores apontam para a criação

dessa instância que certificaria os cursos ou de um Conselho de

Formação Contínua que poderiam ter funções não só relativamente à

formação inicial, mas também à profissionalização em serviço, à

Formação Contínua e à formação pós-graduada.

Daqui se infere que a Formação Inicial forma professores em

áreas de conhecimento individualizado, com carácter disciplinar,

devendo por isso ser apenas o ponto de partida necessário para a

formação contínua, numa perspectiva de formação permanente que,

esta sim, se reserva para dar resposta à problemática de integração

144

curricular dos saberes individualizados.

A formação inicial não responde às necessidades quotidianas da

prática pedagógica dos docentes, pois estes são formados em áreas

individuais.

Deverão ser proporcionadas condições de acesso e frequência

dos professores a cursos, acções ou outras iniciativas no âmbito da

formação que, permitindo ou não a aquisição de novos graus

académicos, contribuam para a melhoria do desempenho profissional

dos docentes.

Uma das grandes apostas deverá ser, além de outras, a formação

na Área-Escola pois esta representa a oportunidade de operacionalizar

a interdisciplinaridade de uma forma generalizada correspondendo ao

paradigma emergente do conhecimento científico.

A organização do currículo por disciplinas conduz a um

conhecimento fragmentado, espartilhado, constituído por saberes

herméticos, estanques, que produzem, na maior parte dos casos, uma

visão deturpada do real segundo Armando Rodrigues.

A Área-Projecto ao concretizar-se através do desenvolvimento de

projectos interdisciplinares, contribui para a construção de um novo

conceito de saber: em que segundo Derouet (1985: 53, 115), o

estabelecimento de ensino pode definir-se como um “Conglomerado de

145

Recursos” ou como uma nebulosa de recursos latentes cuja mobilização

e utilização podem revestir sentidos diversos e dar lugar a diferentes

configurações da escola.

Esta prática gera alterações nas formas de interacção dos

professores na escola: surge como necessário um diálogo/colaboração

sistemáticos entre professores de áreas e formações diferentes. Por

outro lado, o desenvolvimento de um novo tipo de trabalho com os

alunos (projectos voltados para o meio, onde convergem diferentes

disciplinas e metodologias) desencadeia um novo tipo de interacção

entre os diferentes actores.

2.3.2. Problemas associados à Formação Contínua dos

Professores

Fazendo uma leitura atenta, poder-se-á afirmar que os Centros de

Formação de Associação de Escolas, nascidos e desenvolvidos à luz do

Regime Jurídico da Formação Contínua de Educadores de Infância e de

Professores dos Ensino Básico e Secundário (Decreto-Lei 249/92) em

finais de 1992, de que resultou uma rede nacional de cerca de duas

centenas de Centros de Formação, da responsabilidade e iniciativa

directa dos professores e das escolas associadas, são os herdeiros de

uma tradição de Formação Contínua que remonta aos anos setenta.

146

Apesar de terem de ser vistos como um ponto de partida para a

"mudança", estamos em presença de uma importante inovação no

âmbito do sistema escolar português, com a introdução destas

instituições originais que poderão criar importantes repercussões no

sistema a médio e longo prazo

Surgiram, logo após o 25 de Abril de 1974, concepções de

modalidades de Formação Contínua de professores, "centradas na

escola", em ruptura com o paradigma escolar. Daí até aos dias de hoje,

um sucessivo conjunto de experiências, apareceram com o intuito de

materializarem a formação de professores. Apesar de reduzidas,

constituíram um valioso capital de ensaios permitindo a construção mais

lúcida de práticas actuais.

Para fazer um balanço retrospectivo destes "centros" de formação

de professores, remontei a minha análise aos CRAP's (Centros

Regionais de Apoio Pedagógico). Já desde o tempo de Veiga Simão

(com a reforma educativa por ele formalizada) surge a ideia de se

criarem Centros Regionais vocacionados para dinamizarem e prestarem

apoio técnico às escolas e promoverem a formação em serviço dos

professores bem como apoiarem projectos de desenvolvimento

curricular.

147

O Ministério da Educação, com a colaboração da OCDE, tenta

implementar o projecto dos CRAP’s. No ano de 1975, através da sua

Secretaria de Estado da Orientação Pedagógica. Primeiramente foram

instaladas Comissões no Porto, Faro, Funchal e Ponta Delgada, para o

seu lançamento a título experimental. Não passou porém, de

experimental, pois não foi mais além, devido à política de

"normalização" do 1º Governo Constitucional (Estrela, 1991).

É uma perspectiva orgânica do tipo da "criação progressiva de

Centros Regionais e locais de documentação e inovação pedagógica e

de formação de professores, coordenados por um centro nacional" que

se avança para a criação do INIP (Instituto Nacional de Inovação

Pedagógica) que surge como sucessor e herdeiro do ITE (Instituto de

Tecnologia Educativa) e que os CRAP’s são concebidos em Portugal.

Constituiriam, portanto, "extensões regionais" primeiro do ITE e depois

do INIP coordenando e dinamizando os centros locais e servindo de

interlocutor com as instituições de formação inicial de professores e com

as delegações regionais de outros serviços centrais do Ministério da

Educação.

148

As orientações genéricas dos CRAP's visavam, segundo A.

Amiguinho (1994):

- Facultar ao nível da sua área de influência, um estilo mais

contínuo e flexível de formação em serviço apoiado numa diversidade

de formas de apoio prático aos professores;

- Enquanto elemento local de um sistema nacional, além de

encorajar programas e iniciativas locais, deviam ajudar a

implementação de programas e políticas nacionais;

- O apoio logístico a prestar aos professores e às escolas

deveriam concretizar-se através da ajuda na utilização dos materiais

curriculares. Se entendido como necessário, estes podiam ser

modificados para ir ao encontro das circunstâncias locais;

- Aos CRAP's. é também cometida a função de prestar assistência

às escolas secundárias, bem como de promover a educação não

formal, e tomar parte em outras espécies de animação local;

- No desenvolvimento das suas actividades, cumpria-lhes

encorajar a participação activa dos professores. Deviam encorajar os

professores e servirem-se da escola como um centro de ensino não

formal. Os professores e outras autoridades de direito podiam tentar

diminuir (com o auxilio dos CRAP's) o analfabetismo entre os adultos.

Podiam, ainda, promover actividades culturais e sociais, tirando partido

149

das facilidades da escola;

- Dada a filosofia de intervenção educativa preconizada pelo

projecto dos CRAP's deixou marcas que viriam a ser retomadas em

propostas posteriores;

- Surgem em 1981 os CRAP's (Centros Regionais de Apoio

Pedagógico), um projecto de Formação Contínua de professores do

Ensino Primário concebidos como centros de recursos, ao serviço de

uma rede de escolas dum determinado concelho ou território "social".

Deveriam dispor de instalações, meios e pessoal próprios, implicando

directamente os professores abrangidos pelo Centro favorecendo o

acesso às situações de formação de acordo que venham a ser os

próprios, implicando corresponsabilizados pela sua programação e

execução.

Foram organizados em três vertentes de actividades: formação,

organização de documentos e ligação à comunidade. Tal foi feito

segundo quatro eixos orientadores:

- Proporcionar situação de encontro e intercâmbio entre os

professores;

- Articular a actualização científica e pedagógica com a mudança

de práticas;

150

- Favorecer processos formativos atravessados por uma dimensão

de pesquisa;

- Articular a relação da escola com a comunidade local, sendo os

professores os agentes dinamizadores do desenvolvimento comunitário,

privilegiando o conhecimento da realidade envolvente da escola.

Estes Centros acabaram por não sobreviver por muito tempo,

sendo formalmente extintos aquando da transferência dos materiais

para o PIPSE (Programa Internacional de Promoção do Sucesso

Escolar) em 1991. Aos poucos os CARP’s foram entrando em

decadência pelo isolamento a que foram votados, pelo inconformismo

dos professores e pelo "esquecimento" do Ministério da Educação para

a necessidade de apoios materiais e humanos.

Entretanto e no quadro do desenvolvimento do Ensino Superior

Politécnico, nascem durante a década de oitenta, as ESE’s (Escolas

Superiores de Educação) (Campos, 1986) que tinham por objectivo

articular, numa só instituição, funções de formação inicial, contínua e de

extensão educativa, no âmbito regional.

A criação de uma ESE em cada distrito do país, e a construção de

uma rede regional de instituições de Formação Contínua de

professores, trazia de novo, implícita a recuperação da filosofia dos

CRAP's.

151

Dentro de cada ESE prevê-se a criação de um CAFOP (Centro de

Apoio à Formação Contínua de Professores). Para assegurar a

formação dos responsáveis destes Centros, foi feita no estrangeiro,

formação específica a dez futuros gestores de recursos dessas ESE’s.,

que tinham por função essencial, nomeadamente a produção,

documentação, investigação e animação educativas e pedagógicas,

baseadas nas experiências dos CRAP’s.

Este projecto não tem também continuidade, salvo numa ou

noutra ESE cujo funcionamento e estrutura actual ainda é influenciado,

hoje, por esses princípios.

O início da década de oitenta foi fértil, também, no aparecimento

de outros projectos em matéria de formação de professores do 2º e 3º

Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário. Exemplo desses

programas é a de formação em serviço destinado essencialmente a

professores que exercendo há longos anos a profissão não possuíam,

contudo, as necessárias habilitações pedagógicas, este ficou conhecido

como EAP (Equipas de Apoio Pedagógico).

Vinham tentar corrigir uma lacuna estrutural decorrente do

recrutamento massivo de pessoas para a docência, não habilitadas

profissionalmente, devido ao rápido crescimento, massificação e

expansão quantitativa do sistema escolar.

152

A acção destas equipas (que reuniam a nível regional o conjunto

de orientadores pedagógicos, das diferentes áreas disciplinares), por

acções conjugadas do Ministério e das instituições do Ensino Superior,

marca um claro retrocesso no processo de escolarização da formação.

De facto, ela é encarada como uma formação inicial "serôdia",

desvalorizando quer a experiência dos formandos, quer a articulação

com os contextos de trabalho.

A lógica de "profissionalização em exercício", nada tinha a ver

com a filosofia de intervenção destas Equipas, pois já desde 1979 que

se vinha tentando defender a corrente da formação "centrada na

escola", caminhando embora muito lentamente para princípios e

práticas que gerassem dinâmicas formativas de cariz inovador.

As EAP’s seriam, consequentemente, um elemento charneira

entre as instâncias centrais e locais. O seu apoio era de assessoria,

numa perspectiva de peritos externos que ajudavam a identificar e

resolver problemas.

Mais tarde (finais de 1981) foram definidas as competências das

EAP’s bem como a natureza da sua relação com as escolas. Era às

escolas que competia, através do seu Conselho Pedagógico, programar

e executar as actividades de profissionalização dos docentes. As EAP’s

prestavam apoio ao Conselho Pedagógico para a elaboração e

153

concretização do programa de formação bem como promoviam

intercâmbio de experiências entre as escolas e entre os professores,

configurando um dispositivo em" rede" (Milaret, 1981).

As EAP’s, seriam instaladas em CRAP’s os quais seriam

equipados com os necessários recursos documentais, audiovisuais e

outros, para poderem auxiliar a formação de professores nas escolas.

Sei que muitos dos normativos não foram cumpridos, mas acredito

que as práticas efectivas desenvolvidas no terreno, apesar de

heterogéneas (e ainda bem) foram conseguidas em torno dos contornos

definidos pela profissionalização em exercício, tornando claro a

existência de mais um elo, na cadeia de projectos e experiências que,

remontando aos CRAP’s, definem uma tradição de Formação Contínua

centrada nos contextos de trabalho.

A característica central, comum a estas várias experiências ou

projectos é a tentativa de criar um dispositivo permanente de formação

em que um centro de recurso, articulado funcionalmente com um

conjunto de escolas, define uma rede de Formação Contínua de

professores.

154

Estes conjuntos de experiências têm partido de iniciativas da

administração central. Contudo, têm-se baseado em princípios e

práticas, com variantes e graus de concretização diversos, que se

encontram quer em iniciativas de grupos de professores ou escolas,

quer em projectos de âmbito mais alargado, mas que são autónomos do

aparelho ministerial.

Após o seu nascimento em 1992 o futuro dos CFAEs. (Centros de

Formação das Associações de Escolas), o seu futuro depende, em

larga medida, do modo como forem capazes, por um lado, de se

apropriar criticamente da experiência passada e, por outro lado, de

antecipar modalidades de resposta e questões chave que se colocam

ao seu desenvolvimento (Pires 1987).

Os professores já formados (com necessidade de "mudança de

atitude" na escola), as Escolas Superiores de Educação, as

Licenciaturas em ensino, a Universidade Aberta, os Centros de

Formação de Professores, as Modalidades diversas de Formação

Contínua, são recursos que juntos, coadunando-se e combinando-se

numa mesma construção, serão o garante da redução progressiva do

que ainda resta (e não é pouco) de improvisação, de sectorização, de

desarticulação, de desconexão...

155

Hoje em dia, assiste-se a um esforço para integrar a formação

como uma das componentes dos projectos de mudança, articulando o

desenvolvimento profissional dos professores com a produção de

inovação das escolas. O espaço privilegiado da Formação Contínua tem

por centro o professor em todas as suas dimensões, colectiva,

profissional e organizacional.

As decisões organizativas devem estar próximas do terreno

profissional, adaptando-se com flexibilidade às diversas situações.

Importa, portanto, que se valorizem as redes locais e regionais na

concepção e na regulação dos projectos de formação contínua,

incentivando a ligação dos agentes educativos aos outros actores

sociais.

A formação deverá ser entendida como um espaço de (re)

construção de identidades pessoais, de apropriação reflexiva das

trajectórias escolares e profissionais. A tendência actual vai no sentido

de se prestar uma grande atenção aos processos de autoformação e à

formação experiencial: neste sentido, é fundamental compreender a

diferença entre formar e formar-se.

156

A Formação Contínua é, sobretudo, um processo de produção de

saberes pertinentes, do ponto de vista pessoal e profissional. A

competência para participar na produção dos saberes de referência da

sua profissão é uma questão vital para o futuro dos professores, que

alguns insistem em ver como meros aplicadores ou transmissores de

conhecimentos construídos por outros.

Daí, entendermos a formação como um processo de

desenvolvimento integrado nos contextos e situações de trabalho. Este

aspecto á particularmente relevante para estruturar uma Formação

Contínua centrada nas práticas dos professores, e não numa amálgama

pouco consistente de conteúdos académicos, científicos ou

pedagógicos.

Segundo Gaston Mialaret (1981: 13) se a um professor não se

pode exigir que saiba tudo sobre tudo, é, no entanto importante que ele

seja capaz de responder às questões que no seu quotidiano se lhe

deparam. Nesta perspectiva, que é a que nos interessa, a formação

académica e pedagógica deverá ser considerada como um dos elos de

ligação da educação permanente de adultos, voltada para o futuro,

capaz de evolução e renovação sistemática de modo a desempenhar o

papel de traço de união entre os alunos e o conhecimento científico de

cada época. A formação intuitiva ou espontânea, terá de dar lugar a

157

uma actuação cada vez mais científica, assente em formas e

modalidades de acção mais eficazes, favorecendo o desenvolvimento

dos processos e diminuindo as ocasiões de bloqueamento e do

insucesso. Assim, o acto educativo e o desempenho dos actores

envolvidos terá de assumir cada vez mais os contornos de um acto

eminentemente político: as opções que se tomam em educação

pressupõem uma determinada concepção de homem e do seu papel na

sociedade e com a natureza. A opção actual, terá que, tendencialmente,

valorizar cada vez mais a formação científica dos professores, no

sentido de desenvolver atitudes objectivas perante os factos,

conduzindo os indivíduos a interrogar-se a partir das suas observações

e experiências profissionais, na procura de soluções racionais,

favorecendo a avaliação objectiva e sistemática da sua acção e/ou

resultados da mesma.

Para Diamond (1991) é preciso reconhecer que a prática e a

experiência profissional não são formadoras só por si, por isso, a

reinvenção de espaços, que permitam um investimento das práticas

como lugar de reflexão é uma condição "sine qua non" de uma

Formação Contínua que contribua para um maior controlo dos

professores sobre a sua profissão.

158

Por um lado, as novas realidades tecnológicas interrogam-se

permanentemente sobre as práticas pedagógicas e constituem um

desafio importante para a Formação Contínua dos professores. De

facto, constata-se que, sem embarcarmos na paranóia global da era dos

computadores, reconhecemos que grande parte dos projectos de

inovação educacional têm hoje como ponto de partida as novas

tecnologias e a sua utilização no terreno escolar. Nomeadamente, ao

nível dos centros de recursos, as novas tecnologias constituem um dos

mais poderosos instrumentos de (auto) formação.

A utilização das teorias de aprendizagem no campo da formação

permanente de adultos, por outro lado, tem conhecido uma renovação

significativa e de grande amplitude. Partindo de perspectivas diferentes,

autores como Delannoy (1983), Sikes (1985), L. Measor, (1985) e P.

Woods, (1985), têm evidenciado a necessidade de considerar a

especificidade das estratégias de aprendizagem no processo de

formação de adultos. É preciso que as práticas de formação contínua de

professores integrem estas novas reflexões, não continuando a

reproduzir modelos escolarizados de organização e de trabalho

pedagógico (Lei de Bases).

159

Na actual reforma educativa em curso, os professores são

chamados a desempenhar o papel de "agentes da reforma" se bem que,

muitas vezes, a contra gosto e numa postura extremamente crítica:

Vêem-se submetidos a um controle cada vez mais apertado, tanto das

instâncias hierarquicamente superiores como dos parceiros locais e

simultaneamente detêm, cada vez mais, uma menor liberdade de acção

individual e colectiva. Neste contexto, a Formação Contínua de

professores, assume uma importância crucial, contribuindo para um

esforço de renovação, com consequências para os programas de

formação inicial, o estatuto da profissão, a mudança das escolas e o

prestígio social dos professores.

A Formação Contínua terá de ser entendida e desenvolvida tendo

por base a realidade que os professores vivem e deverá ser orientada

para as necessidades de formação desses mesmos professores,

enquanto membros de uma comunidade. As actividades de formação

deverão constituir pólos dinamizadores das actividades desenvolvidas

na escola e nelas integradas. É uma verdade, que centrando a

actividade formativa na escola, mais directamente se apercebe que os

destinatários últimos da formação de professores são os alunos e que

uma das finalidades sempre presente é a melhoria da qualidade de

ensino e das aprendizagens.

160

A Formação Contínua de professores, é hoje, absolutamente

necessária para promover a uma actualização científica, pedagógica e

didáctica na educação e deverá ter como consequência uma melhoria

na qualidade de ensino e a criação de uma consciência crítica, capaz de

criar participação em processos de mudança. A comunidade educativa

e os alunos em particular, são os verdadeiros destinatários dos

resultados que se obtêm com a formação dos professores.

Na perspectiva, de Bártolo Paiva Campos (1986) a Formação

Contínua de professores deverá alicerçar-se nos seguintes grandes

pilares:

a) A Formação Contínua deve alimentar-se de perspectivas

inovadoras, que não utilizem preferencialmente "formações

formais", mas que procurem investir do ponto de vista educativo

nas situações escolares;

b) A Formação Contínua deve valorizar as actividades de

(auto)formação participada e de formação mútua, estimulando a

emergência de uma nova cultura profissional no seio do

professorado;

c) A formação continua deve capitalizar as experiências

inovadoras e as redes de trabalho que já existem no sistema

educativo português, investindo-as do ponto de vista da sua

161

transformação qualitativa, em vez de instaurar novos dispositivos

de controle e enquadramento.

Citando Ferry Gilles (1987: 41) "A quem sabe alguma coisa, ou a

quem sabe fazer alguma coisa, parece fácil e natural transmiti-lo a

outros".

162

163

CAPÍTULO 4

OS TIC’S E A INFORMÁTICA NO 1º

CICLO DO ENSINO BÁSICO E A

CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO

PARADIGMA PEDAGÓGICO

164

165

1. A HISTÓRIA DO COMPUTADOR

O conjunto de problemas que se põem a quem tem de pensar,

decidir e desenvolver o processo educativo é bastante complexo. Boa

parte dessa complexidade deriva de o planeador ter de prever o futuro,

fazer mais prospectiva do que perspectiva. O que se vai passar

entretanto a nível da evolução das tecnologias parece relativamente

previsível, mas poucos apostarão alto em tal domínio. Por certo o ritmo

de crescimento da investigação não abrandará, e, de ano para ano

haverá aperfeiçoamentos enormes na tecnologia disponível, e é

também quase certo que os custos vão continuar a baixar, fazendo cair

os preços no mercado (o que terá influência no equipamento das

escolas e portanto na capacidade de usar efectivamente as

tecnologias). Mas merece a pena reflectir sobre alguns que tem sido

mais comummente discutidos sobre educação e novas tecnologias.

Com efeito, tal como os conhecemos hoje, a sua existência é

relativamente curta - cerca de 40 anos. No entanto, se procurarmos

enquadrá-los numa perspectiva mais ampla, então, a sua utilização

remonta à época em que o Homem sentiu necessidade de «guardar»

informação, agarrando algumas pedras ou traçando riscos no chão.

166

E, no fundo, esta é, de facto a real essência do computador -

representar por algo físico, um número ou uma quantidade. Uma vez,

expressos desta maneira é possível manipulá-los ou alterá-los, até

porque o computador pode armazenar, de uma forma definitiva, o

cálculo bem como todo o processo que conduziu ao mesmo.

Numa breve perspectiva da evolução do computador poderíamos

considerar que o primeiro computador foi desenvolvido por um

matemático inglês, Charles Babbage, quando tentava construir uma

máquina de calcular.

Estava-se no ano de 1823 e a tecnologia da altura não lhe

permitiu ainda a concretização dos seus objectivos últimos. No entanto,

as ideias que delineou deram forma a muitos dos princípios usados

mais tarde na concepção dos computadores modernos e estiveram na

origem das suas bases.

Em 1904 surge a invenção das ampolas de vácuo: É o elemento

fundamental que faltava para se processar a construção de um

computador electrónico. Com efeito, estas ampolas acabariam por ser

utilizadas nos primeiros computadores como amplificadores tendo, por

volta de 1940, a sua função sido ampliada para os interruptores on/off,

tendo começado a ser então usadas para representar o código binário.

167

A era das ampolas de vácuo, no entanto, será breve, não durando

mais do que uma escassa meia dúzia de anos. Com efeito, cedo se

passou aos transistores inventados em 1947, nos Estados Unidos da

América pela Bell Telephone Laboratories. Com estes novos elementos,

os computadores tornam-se mais pequenos, mais potentes e muito

mais baratos, sendo sobretudo utilizados nas grandes empresas, como

os bancos, onde eram conhecidas por mainframes.

A partir de então, assistiremos a uma vertiginosa evolução dos

diversos elementos utilizados na fabricação de computadores, cedo

chegado aos computadores pessoais.

Com efeito, no início dos anos 60, os nomes mais conhecidos do

mundo das mainframes eram a IBM (International Business Machines) e

a Sperry Univac, que dominavam o comércio de computadores a nível

mundial.

Em1959, uma empresa Norte-Americana, a Texas Instruments,

inventou o conjunto que ficou conhecido por "circuito integrado"( ou

silicon chip).

Em 1971, a INTEL, fabricante de circuitos integrados fabricou o

processador 4004, que foi facturado como um "computador" num chip. A

INTEL não demorou a fazer progredir o desenho do chip de modo a

trabalhar 8 bits, resultando no processador 8080. Com ele tudo o que

168

era preciso para construir um computador pessoal, era alguma memória

RAM, e uma forma de fazer a informação entrar e sair do sistema.

Em fins de 1976, o Apple I estava à venda em todas as lojas dos

EUA. Era constituido por urna placa de circuito e um teclado opcional.

Em 1977, foi lançado o Apple II. Com o sucesso do Apple e de outros

sistemas completos, o mercado de computadores expandiu-se

rapidamente. O mundo de software prosperava. Os computadores

pessoais haviam chegado, embora a sua utilização se limitasse pratica

e genericamente aos utilizadores em casa e ao mercado educacional.

Através de um sistema operativo chamado CP/M (Control Program

for Microprocessors) os PC entraram no mercado das empresas.

Ao longo dos anos 70, a história do computador pessoal fazia-se

também na PARC (Palo Alto Research Center) o ramo de investigação

mais avançada da Xerox Corporacion, cuja invenção mais significativa

foi a interface gráfica, mais conhecida por GUI (Graphical User

Interface). Neste sistema usa-se um rato ou um joystick, para controlar

imagens gráficas no ecrã.

Em 1981, a IBM lança um computador pessoal, construído em

torno do novo processador da INTEL. O novo PC era duas vezes mais

rápido e oferecia ainda suportes de expansão destinados a acrescentar

dispositivos, tais como discos rígidos ou mais memória.

169

A IBM encomendou a uma empresa de software, a Microsoft, a

criação de um novo sistema operativo para o PC.

Ao longo dos anos 80, os computadores pessoais cresceram e

desenvolveram-se.

Será, no entanto, nos anos 90, que os programas multimédia para

PC arrancaram, devido sobretudo ao lançamento da versão 3.0 da

Windows, o sistema operativo da Microsoft.

Na medida em que as aplicações ficavam mais sofisticadas, a

tecnologia dos processadores ia também evoluindo, o computador

tornava-se cada vez mais potente, mais barato e mais utilizado.

Recentemente, surgiu na microinformática um novo processador,

desenvolvido em conjunto pela Apple, a IBM e a Motorola - o Power PC.

Os primeiros computadores a usarem este processador, foram os

Power Macintosh, da Apple, lançados em 1994. Entretanto, a INTEL,

desenvolveu um chip que combina CISC (Complex Instruction Set

Computing) e RISC (Reduced Instruction Set Computing) - o Pentium,

que equipa as últimas gerações de computadores Assim, assistimos à

evolução do PC, que se vai transformando numa máquina multimédia

em fins dos anos 80. A evolução e a tecnologia cada vez mais

sofisticadas tornaram os computadores cada vez mais rápidos e

potentes.

170

Hoje, cremos que ninguém questiona o papel que o pequeno ecrã

de 14 ou 17 polegadas teve na civilização actual. Não há, cremos,

nenhum sector da organização social que por ele não tenha sido

influenciado, que ele não tenha revolucionado.

O próprio processo de ensino-aprendizagem foi fortemente

influenciado, não se concebendo já o processo educativo alheio ao

contributo dos PC, indiferente à evolução tecnológica que a cibernética

nos trouxe e de que o computador é um dos representantes mais

visíveis.

Verdadeiro auxiliar do aluno no seu processo de descoberta, o

computador apresenta-se assim como um real auxiliar na pesquisa, na

procura de novos caminhos, de novos modelos de aprendizagem,

pauta-se como verdadeiro instrumento capaz de auxiliar na inovação

pedagógica e educativa.

“O computador pode ser usado como um instrumento de

trabalho, ao qual os alunos devem ter acesso fácil e deve ser

usado como meio para que possam expressar a sua

criatividade” (Ponte, 1997: 61).

171

O mesmo autor defende que é preciso rever o papel da aula. Esta

não é mais o local exclusivo de aprendizagem, mas deve ser

completado com actividades que serão desenvolvidas em diferentes

espaços, em áreas interdisciplinares e extra curriculares. O computador

serve, não apenas, para a realização de tarefas, mas também para a

realização de múltiplas actividades.

Pode ser usado na apresentação de uma matéria através do

sistema de projecção (datashow e, mais tarde, o vídeo projector); para a

consulta de programas que complementem as matérias curriculares,

para acesso a base de dados, como auxiliar em utilidades de cálculo;

para jogos educacionais; na realização de experiências e situações de

investigação e de simulação e para consulta na Internet.

No ponto de vista dos professores, estes tem uma certa

desconfiança das novidades que lhes possam parecer uma ameaça.

Pode ser uma ameaça à sua autoridade, ou à sua segurança ou

até por se pensar pôr em causa a sua profissão. Uma das questões

mais discutidas, embora seja também das mais inúteis é saber se as

tecnologias podem substituir o professor, roubar-lhe a profissão. Esta é

uma questão inútil porque o professor, como pessoa, é insubstituível. As

tecnologias não poderão, em caso algum suprir o papel que só o

professor, bem ou mal , sabe desempenhar.

172

É menos certo que as tecnologias não possam ameaçar, pelo

menos ao de leve o professor, na sua segurança de detentor do saber.

De facto, uma base de dados tem um conjunto de saberes que um

professor nunca pode reunir. Mas essa ameaça só existe para quem

não compreenda o que é hoje um professor, qual a sua função

dinamizadora e não transmissora de saber a este propósito Freitas e tal,

(1997:13) afirmam:

“é necessário desenraizar do espírito dos docentes essa ideia.

Em parte isso está já acontecendo, e à medida que avançamos

no tempo ela acabará por ser irradicada. De facto, são os

professores mais velhos os que se sentem menos confortáveis

com o uso das novas tecnologias, precisamente porque não

foram treinados para elas”

A história da educação deste século pode ilustrar como essas

tecnologias mais antigas foram sempre consideradas, nos seus

primeiros anos, como esperançosa realidade para a educação. O

cinema, a rádio a televisão por esta ordem foram preocupação de

educadores e investigadores e foram usados com maior ou menor

173

sucesso, quer em países ricos ou em pobres para os quais se augurava

que fossem chave para o progresso.

Também foram motivo de desconfiança pois iriam “interferir “ e

“anular” a importância do professor.

Todos eles foram motivo de receio mas a televisão naquele

tempo, foi-o mais.

Nem sempre os meios evolutivos foram reconhecidos como tal, só

na década de sessenta o computador conseguiu tornar-se um meio

imprescindível para a educação.

Há quem diga que essa guerra até foi ganha em demasia e muitos

são aqueles que hoje já pensam que talvez já exista informação em

demasia. Defendo que a informação quando associada à educação

nunca é excessiva desde que devidamente trabalhada e adaptada às

necessidades que realmente temos.

Penso ser este o ponto principal dessa questão.

O computador serve como instrumento de consulta e de trabalho,

assistindo alunos e professores. O computador não substitui o

professor. Este continua e deve continuar a gerir e a organizar as

actividades e deve fomenta o ensino participativo, a curiosidade dos

alunos na pesquisa e na descoberta.

174

2. O COMPUTADOR NA ESCOLA EM PORTUGAL

É no decorrer dos meados da década de 80, que se assiste à

tentativa de implementação do computador na generalidade dos países.

Em 1985, Portugal vê nascer o grande projecto nacional de

introdução do computador na escola. No entanto, já antes havia sido

feito algo neste domínio, que teria o seu auge na fundação do "Projecto

Minerva".

Os primeiros documentos oficiais no nosso país sobre a

introdução do computador no ensino, datam de 1984. Este documento,

nomeia um grupo de trabalho, que elabora um relatório conhecido como

"Relatório Carmona", publicado em 1985.

A história da introdução dos computadores no ensino foi-se

desenrolando.

Na sequência de uma experiência realizada na Faculdade de

Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, nasce o projecto

Minerva que foi institucionalizado por despacho do então ministro da

educação, em 1985.

As preocupações que sobressaíam eram principalmente as de

renovação da escola, com as quais se legalizava a introdução dos

computadores nas mesmas, face a reclamações das estruturas

socioeconómicas.

175

Mais tarde, o projecto foi entendido pelos agentes sociais, como

urna oportunidade de aproveitamento das possibilidades pedagógicas

do computador, bem como a altura de transformar a escola e até a

própria comunidade.

A estratégia seguida na implementação do computador, passaria

pelo funcionamento dos "Centros Escolares de Informática", os quais se

responsabilizavam pela generalização da utilização do computador nas

respectivas escolas.

O Projecto Minerva desenvolveu-se até 1994.

Em 4 de Outubro de 1996, por despacho do Ministério da

Educação surgiu o programa Nónio - Século XXI - Programa de

Tecnologias de Informação e de Comunicação na Educação.

Este programa, constitui antes do mais, uma homenagem ao

grande matemático, geógrafo e pedagogo, que foi Pedro Nunes (1502 -

1578): "O Nónio” é um instrumento de medida de grande precisão. É

assim um símbolo de rigor e de melhor conhecimento da realidade que

nos cerca, que, quando surgiu pretendia ser um exemplo para o futuro.

Pretendia este projecto formar profissionais e introduzir no ensino

novas tecnologias pois eram consideradas agentes facilitadoras e

potenciadoras de bons processos de aprendizagem. Actualmente, as

tecnologias de informação e comunicação são também instrumentos de

176

rigor e de conhecimento. Por esta razão se tomou a designação, que se

dirige para o futuro, através da alusão ao novo século cujas bases

lançamos com a Educação.

"Tendo presente a importância dos mais recentes

desenvolvimentos tecnológicos, nomeadamente a emergência e

a importância da sociedade de informação e o potencial

renovado de comunicação do equipamento e do material

multimédia procura-se encontrar respostas diversificadas,

adequadas à nova fase de evolução científica e técnica que

atravessamos com vista è criação de uma "escola informada" e

"aberta ao mundo". Com o intuito de fomentar o ambicionado

equilíbrio entre a iniciativa local e as escolas, pretende ao

realização do Programa Nónio - Século XXI "a sustentabilidade

dos projectos, a racionalidade dos apoios e a generalização ao

sistema educativo de resultados positivos alcançados na

sequência das experiências já lançadas e em curso" (Despacho

N° 232 / ME / 96).

177

Com a introdução das novas tecnologias, em cooperação com o

Ministério da Ciência e Tecnologia, com a formação contínua de

professores nesta área, com a produção de software educativo e com o

estímulo ao efeito de rede e à colaboração internacional, o Programa

Nónio - Século XXI aponta para o lançamento de uma experiência de

desenvolvimento progressivo estabelecendo uma continuidade, que

permita às escolas portuguesas uma modernização, que privilegie o

rigor, a qualidade e a autonomia.

3. A INFORMATIZAÇÃO DO ENSINO

O verdadeiro problema que se põe a um professor nos nossos

dias é reflectir sobre os fundamentos teóricos da sua acção na sala de

aula. É lugar comum dizer-se que os professores não são

particularmente atraídos por teorias, preferindo considerar-se como

práticos. Na verdade, muitas vezes as teorias apresentam-se como um

conjunto de ideias muito vagas, abstractas, pressupondo o que a prática

depois não pode confirmar. No entanto, a prática só tem sentido se se

fundamentar numa teoria ou se, ela própria, servir para a formulação de

teorias.

178

Tal reflexão levará por certo à conclusão de que o elemento

central em educação é o processo de ensino-aprendizagem,

considerando este como a interacção entre o professor, a quem cabe a

tarefa de ensinar, e o aluno, a quem cabe a tarefa de aprender. Toda a

investigação educacional aponta para a relevância dessa interacção, o

que tem levado ao abandono dos métodos tradicionais, em que na aula

o professor assumia o papel de fonte de informação unilateral,

discursando ou lendo. As investigações mais recentes concordam,

genericamente, com o princípio de que a aprendizagem é um processo

construtivo no qual o aluno interage com dados de nova informação,

procurando estabelecer um conhecimento que, pessoalmente, tenha

significado. O aluno pode interagir com a informação de muitas

maneiras, no entanto, a melhor interacção segundo Freitas (et al, 1997:

13),

"[...] é a que resulta de uma discussão, a dois ou em pequeno

grupo, porque é aquela na qual a informação é elucidada, vista

de yários ângulos. Também é importante a interacção vivida na

experiência do dia-a-dia".

179

Se é assim, então o processo de ensino-aprendizagem para os

autores referidos deverá ser organizado de maneira a "[...] favorecer o

máximo de interacção significativa combinada com o máximo de

informação apropriada" (Freitas, 1997: 14).

É neste contexto que as tecnologias da informação aparecem

como meios educacionais.

4. O PAPEL DO PROFESSOR COM AS NOVAS TIC

Não deixa de ser curioso assinalar que são os professores mais

empenhados pedagogicamente, ou seja, aqueles que procuram usar

métodos inovadores para suscitar a aprendizagem dos alunos - os que

mais usam a Internet nas suas salas de aula. Pelo menos até

determinado nível, parece não haver incompatibilidade entre interesse

pela inovação educacional e pela inovação tecnológica por parte do

professor.

Este vê-se agora na contingência de ter não só de aprender a usar

constantemente novos equipamentos e programas, mas também de

estar a par das novidades. No entanto, mais complicado do que

aprender a usar este ou aquele programa, é encontrar formas

produtivas e viáveis de integrar as TIC no processo de ensino-

180

aprendizagem, no quadro dos currículos actuais e dentro dos

condicionalismos existentes em cada escola. O professor, em suma,

tem de ser um explorador capaz de perceber o que lhe pode interessar,

e de aprender, por si só ou em conjunto com os colegas mais próximos

a tirar partido das respectivas potencialidades. Tal como o aluno, o

professor acaba por ter de estar sempre a aprender. Desse modo,

aproxima-se dos seus alunos. Deixa de ser a autoridade incontestada

do saber para passar a ser, muitas vezes, aquele que menos sabe.

A relação professor-aluno pode ser profundamente alterada pelo

uso das TIC, em especial se estas são utilizadas intensamente. Na

resolução de um problema, na realização de um projecto, na pesquisa e

interpretação da informação recolhida, o professor tem de compreender

profundamente o trabalho do aluno para poder responder às suas

dúvidas e questões. Tem de procurar compreender as suas ideias. Tem,

muitas vezes, do efectuar ele próprio uma pesquisa a propósito de

aspectos que não tinha considerado inicialmente. Professor e aluno

passam a ser parceiros de um mesmo processo de construção do

conhecimento.

As TIC proporcionam uma nova relação dos actores educativos

com o saber, um novo tipo do interacção do professor com os alunos,

uma nova forma de integração do professor na organização escolar e

181

na comunidade profissional. Os professores vêm a sua

responsabilidade aumentar. Mais do que intervir numa esfera bem

definida de conhecimentos de natureza disciplinar, eles passam a

assumir uma função educativa primordial. E têm de o fazer mudando

profundamente a sua forma dominante de agir: de (re)transmissores de

conteúdos, passam a ser co-aprendentes com os seus alunos, com os

seus colegas, com outros actores educativos e com elementos da

comunidade em geral. Este deslocamento da ênfase essencial da

actividade educativa da transmissão de saberes para a

(co)aprendizagem permanente é uma das consequências fundamentais

da nova ordem social potenciada pelas TIC e constitui uma revolução

educativa de grande alcance.

4.1. Relacionamento Professor Aluno

O futuro de um país está na educação dos seus cidadãos e esta,

em grande parte, depende do que forem os seus professores. Apesar

de esta perspectiva poder parecer determinista, atribui, contudo, um

grande protagonismo à formação de professores na actualidade, o que

é, a nosso ver, uma questão indiscutível se considerarmos que o

professor deve ser um agente essencial da mudança, não obstante a

implantação de moderníssimos meios de aprendizagem.

182

Delors (1996: 18) afirma:

"Sem dúvida nada pode substituir o sistema formal de

educação, que nos inicia nos vários domínios das disciplinas

cognitivas. Nada substitui a relação de autoridade, mas também

de diálogo, entre professor e aluno. Todos os grandes

pensadores clássicos que se debruçaram sobre os problemas

da educação, o disseram e repetiram. Cabe ao professor

transmitir ao aluno o que a Humanidade aprendeu já acerca de

si mesma e da natureza, tudo o que ela criou e inventou de

essencial".

Na nossa concepção tal visão é muito importante, mas encerra

uma perspectiva pedagógica enviesada por uma velha categoria: a da

transmissão-aquisição de conhecimentos. Será mais correcto não

falarmos de transmitir, mas sim de construir conhecimento com os

alunos, desenvolvendo uma visão de co-aprendizagem.

António Magalhães (1998: 17), crítico em relação à questão da

transformação da relação transmissão-aquisição de conhecimentos

levantada pela possibilidade de o professor ser substituído por outros

processos, nomeadamente pelo computador, considera que a questão

não está na presença da compuradorização do saber na relação

183

pedagógica mas na perspectivação das possibilidades emancipatórias

dessa mesma presença, na própria relação pedagógica.

Esta visão confronta-se claramente com a que preconiza a morte

do professor com a visão da desescolarização.

É, ainda, António Magalhães (1998: 110) que aprofunda muito

oportunamente o problema:

"[...] mais do que questionar a computadorização do

ensino/aprendizagem, o fundamental é assumir e perspectivar

as possibilidades - no sentido de saber se estas proporcionam

ou não processos de teor emancipatório - dessa já incontornável

presença dos computadores na produção, transmissão e

aquisição do saber, ao nível da relação pedagógica e do

processo de circulação do saber. Quer dizer, não é pelo facto de

os computadores estarem presentes na relação de

transmissão/aquisição de saber que o teor emancipatório da

relação pedagógica é neutralizado, mas, antes, porque a

relação pedagógica não é reflexivamente inserida e

compreendida num contexto em que as estruturas sociais - os

paradigmas sociais, digamos - e o paradigma no qual o saber se

produz e se transmite."

184

Lopes e Pinto (1999: 64-65) referindo-se às alterações que as TIC

introduzem nos processos educativos e nas funções dos professores

afirmam:

"A figura do docente como detentor do saber e do conhecimento

dará lugar à de dinamizador de actividades, atento aos

elementos que cada aluno necessita para o seu trabalho e

desenvolvimento. Conhecer a localização da informação e

localizar e dominar os acessos à mesma, bem como os

processos de transferência, e encontrar forma s de utilização

que se traduzam no desenvolvimento dos conhecimentos que

em cada momento são fixados para os alunos, constituirão

algumas das novas funções docentes".

Iríamos mesmo mais longe, sustentando que o professor deverá

constituir-se como um portal humano para os seus alunos,

complementando as restantes fontes de informação da net e dos

centros de recursos. Esse é, provavelmente, um dos maiores apelos

actuais à formação docente que valorize um paradigma pedagógico

alternativo, proporcionando que o docente se prepare para a

diversidade e não para a uniformidade e impessoalidade de práticas a

que tradicionalmente está associado.

185

Dada a pluridimensionalidade das funções docentes, a formação

deverá incluir as vertentes científica, pedagógica, didáctica e

tecnológica, numa perspectiva de articulação das principais áreas de

intervenção do professor, ou seja, numa perspectiva transdisciplinar.

5. FORMAÇÃO DOS AGENTES EDUCATIVOS EM TIC

A formação de docentes, mas também a formação de formadores,

exige a integração de urna forte componente de reflexão sobre o modo

como se aprende, estimulando a predisposição para a inclusão, abrindo

perspectivas sobre uma prática pedagógica reflexiva.

Deve, portanto, valorizar o estudo da abordagem da cognição e da

metacognição (processos do aprender a aprender, da consciência

cognitiva, da consciencialização de estratégias funcionais nas tarefas

cognitivas).

Neste contexto, não é de desprezar a promoção de formação com

uma natureza mais interdisciplinar de âmbito temático - como são

exemplos paradigmáticos a educação ambiental, a educação para a

saúde, a educação para a paz, a educação para a preservação e defesa

do património e cultural - que permita o entendimento de que há cada

vez menos barreiras entre as ciências naturais e as ciências sociais.

186

Santos (1998: 42) afirma sobre esta matéria em relação ao novo

paradigma epistemológico:

“E cómo se o dito de Durkheim se tivesse invertido em vez de

serem os fenómenos sociais a ser estudados como se fossem

fenomenos naturais, serem os fenomenos naturais estudados

como se fossem fenomenos sociais”.

Evidentemente que as modalidades tradicionais de formação terão

que ser enriquecidas com novas modalidades e com o desenvolvimento

dessas novas modalidades, o que já se começa a praticar a par dos

habituais cursos de formação ministrados por especialistas e

investigadores: aprofundamento da formação centrada na escola onde

se desenvolvem projectos, seminários, círculos de estudo temáticos,

oficinas.

Um projecto educativo baseado nas TIC pode continuar a ser um

projecto mobilizador embora pensadores e especialistas nesta área,

como António Dias de Figueiredo (1998), afirmem que o projecto

mobilizador hoje já não é o das tecnologias mas o do desenvolvimento

sustentado.

187

Mas, se é urgente integrar as TIC na escola numa perspectiva de

combate à info-exclusão, não continua a promoção de uma cultura de

escola favorável à sua utilização adequada a ser essencial como uma

vertente desse desenvolvimento sustentado? Seguramente que, para

isso, pode contribuir de forma positiva, pois a utilização das TIC tem que

surgir com protagonismo na filosofia de qualquer projecto educativo de

escola e quanto mais bem apetrechados em termos teóricos e práticos

estiverem os docentes mais reflexivamente poderão agir.

Evidentemente que na sociedade actual,

"[...] o computador não é, só por si, um factor de progresso

educativo. Conforme as decisões que se tomem relativamente à

sua utilização e enquadramento que se estabeleça, tanto

podemos ver a desempenhar um papel de elemento de

renovação como de simples reforço de práticas e atitudes

pedagógicas cada vez mais desfasadas das realidades actuais"

(Ponte, 1997: 6)”.

188

Tal significa que na utilização do computador e de outras

tecnologias a ele associadas e, consequentemente, na formação de

professores, também é necessário um novo paradigma convergente

com o novo paradigma sócio-cultural e não baseado numa leitura da

realidade com velhas categorias e velhos conceitos do

ensino/aprendizagem e que, portanto, seja motivador e mobilizador.

A utilização educacional do computador é um excelente leit motiv

para pensar inovação e mudança em Educação desde que seja

encarado como instrumento de trabalho, de consulta e de comunicação,

entre vários outros, mas que tem a particularidade de ser facilitador e

potenciador de processos organizativos e da cognição, acrescentando

mais-valia ao processo de aprendizagem, como ferramenta ao serviço

do trabalho de projecto, como instrumento de criatividade, como suporte

privilegiado de aprendizagens em contexto e partilhadas e ainda como

meio de realização pessoal.

O domínio das novas tecnologias pelos docentes requer, portanto

um importante suporte de formação. Sinal dos tempos, a palavra

formação passou subitamente a estar muito em voga - havendo, no

entanto múltiplas maneiras de a conceber. É interessante observar que,

na sua conotação original, este termo implica, segundo Ponte (1997:

102) "[...] uma acção fechada, limitativa: formar é dar forma,

189

normalmente uma forma preconcebida, considerada como a mais

perfeita ou a mais desejável". Mas a formação pode também ser

entendida como

"[...] um processo aberto, virado para a criação de novas ideias

ou para o desenvolvimento de novas técnicas, como um

processo catalisador de inovação e transformações " (Ponte,

1997:102).

A formação encarada na sua perspectiva fechada estava

adaptada às necessidades uniformizantes da sociedade baseada no

modelo das linhas de montagem. Só com uma formação aberta se pode

estimular o surgimento de professores capazes de proporcionar aos

alunos actividades educacionais concordantes com as novas exigências

que a escola é agora chamada a satisfazer.

As transformações no papel dos professores terão de se reflectir

de algum modo nos seus programas de formação inicial. Estes

programas consagram normalmente três componentes: a formação

científica, a formação educacional e a prática pedagógica. Cada uma

destas componentes tem de contribuir para formar nos novos

professores um espírito de receptividade à mudança permanente, de

gosto pela aprendizagem contínua, da abertura à inovação e à

190

renovação pedagógica. A formação educacional não deve ser vista

como a aquisição de um conjunto de técnicas de ensino, mas deve

proporcionar aos futuros professores uma visão ampla do que irão ser

as suas funções como educadores. Seria um erro sobrecarregá-la com

o tipo de questões de ordem prática que facilmente se aprendem nas

escolas, sob a supervisão de um professor experiente. O seu próprio

contacto com os alunos, orientado por professores competentes e

dinâmicos, é decisivo para que os futuros professores possam adquirir e

desenvolver as qualidades e as atitudes necessárias para o

desempenho da sua profissão.

5.1. Formação inicial (em TIC)

As TIC oferecem novas oportunidades aos professores para

dedicarem mais tempo à preparação das actividades, ao apoio

individual aos alunos e à avaliação, reduzindo o peso das lições

repetitivas e das tarefas administrativas. Mas, para manterem a sua

actualização como utilizadores das TIC, tendo em conta o rápido

avanço destas, necessitarão de fazer um esforço pessoal de

investimento em autoformação.

Num estudo elaborado Ponte (1998), publicado pelo DAPP/ME,

procurou-se saber como estava a formação em TIC em diversos cursos

191

de formação inicial de professores. Para isso, recolheram-se dados

através de um questionário, sendo as próprias instituições a indicar a

sua auto-avaliação em diferentes campos. A utilização do

processamento de texto a ferramenta genérica de longe mais utilizada

atingia níveis razoáveis em muitas instituições de formação, embora

sem alcançar ainda o valor desejável em certos casos. Em

contrapartida, o uso do correio electrónico e de programas de

navegação na Internet atingiam níveis muito insatisfatórios na

generalidade das instituições. Além disso, a preparação dos futuros

professores relativamente aos efeitos sociais das TIC e ao uso destas

tecnologias no ensino-aprendizagem estava longe de atingir os níveis

desejáveis em muitas instituições de formação.

O estudo mostra ainda que a formação dos professores do 1º

Ciclo do Ensino Básico e dos Educadores de Infância relativamente às

TIC e ao seu uso educativo, fica francamente abaixo da formação

proporcionada aos professores do 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e do

Ensino Secundário de Matemática e Ciências, embora não se distinga

da generalidade dos cursos de formação de professores dos mesmos

ciclos das restantes áreas.

192

Aparentemente, a formação em TIC e no uso das destas

tecnologias é muito mas conseguida junto dos futuros professores de

Matemática e Ciências, que não só têm um maior número de disciplinas

especificamente consagradas às TIC nos seus planos de estudo, como

vêem estas tecnologias ser fortemente usadas num maior número de

disciplinas do curso. Segundo os dados do estudo, na generalidade dos

casos, as disciplinas dedicadas às TIC ou usando estas tecnologias na

formação dos professores do 1º Ciclo e dos Educadores de Infância

parecem constituir uma pequena ilha no meio de um largo conjunto de

disciplinas que ignoram ostensivamente estas tecnologias.

Há que promover a formação inicial de professores, integrando as

TIC nos curricula dos cursos superiores que preparam para a docência,

pois é manifesta a ausência de formação em TIC. Delors (1996: 137),

recomenda que se devem,

"[...] estabelecer laços mais estreitos entre as universidades e

os institutos de formação de futuros professores do primário e

do secundário. Em última análise, o objectivo deverá ser fazer

com que todos os professores, mas em especial os do

secundário, possam frequentar estudos superiores, sendo a sua

193

formação assegurada em cooperação com as universidades ou

mesmo em contexto universitário".

Por outro lado, tendo em conta o papel do futuro professor no

desenvolvimento da personalidade dos alunos, esta formação deverá

incidir sobretudo nos quatro pilares da educação já descritos neste

trabalho.

Para que os objectivos enunciados relativamente à formação em

TIC dos novos professores possam ser atingidos é necessário que as

instituições de formação desenvolvam um conjunto de boas práticas em

diversos campos, incluindo nas suas disciplinas de formação geral, de

educação de didáctica e de prática pedagógica, bem como,

naturalmente, nas suas disciplinas especialmente consagradas às TIC.

Nesse sentido, torna-se indispensável criar um conjunto de

incentivos para o efectivo desenvolvimento, por parte das instituições de

ensino superior, das competências em questão nos cursos de formação

inicial de professores. Para alcançar o duplo objectivo de que os

formadores utilizem, eles próprios, as novas tecnologias preparem os

futuros professores para as usarem e para capacitarem os futuros

alunos para essa utilização, há que investir em incentivos às instituições

de formação, para a clarificação das expectativas sociais através da

194

definição dos perfis e dos padrões de qualidade da formação inicial de

professores.

5.2. Formação Contínua (em TIC)

Ao lado da formação inicial assume cada vez maior importância a

formação contínua. Esta não deve ser desligada das escolas nem

negligenciar as componentes de autoformação e de trabalho de grupo e

deve ser estreitamente ligada à prática pedagógica dos professores.

Perante as metas apontadas para a formação generalizada dos

professores, haverá que fazer um grande investimento na preparação

de formadores em TIC e em modalidades de formação a distância. A

formação deve ser realizada em estreita ligação com a realidade das

escolas e as necessidades da prática profissional, valorizando as

componentes de auto-formação e de trabalho de grupo.

A formação contínua tem sido muitas vezes perspectivada como a

oferta de cursos, pelos centros de formação e pelas instituições do

ensino superior, mas deve contemplar, cada vez mais, na opinião de

Ponte (1997: 102),

195

"[...] outros processos de apoio às actividades e iniciativas dos

docentes, através de modalidades como projectos de

investigação-acção e de desenvolvimento curricular, oficinas de

formação e círculos de estudo, onde as necessidades e

preocupações dos professores têm oportunidade de se

transformar em processos de desenvolvimento profissional".

A formação contínua pode também recorrer às TIC para conceber

dispositivos de apoio baseados na lógica da formação à distância.

Deste modo, será possível o trabalho em equipa de docentes e

formadores e a reflexão conjunta, bem como o acesso a um manancial

de materiais e informação impensáveis nos dispositivos de formação

mais tradicionais. Há assim que intensificar a mobilização dos

professores para a aquisição e desenvolvimento de competências

através da formação contínua adequada e que associe a utilização das

TIC ao processo didáctico-pedagógico, alterando as metodologias

utilizadas. Trata-se, não só, de conferir aos professores o domínio das

ferramentas TIC mas também o conhecimento dos modos de usar estas

ferramentas para promover a aprendizagem. Deve-se incentivar as

entidades formadoras a recorrer em maior escala às modalidades de

formação de tipo projecto, que permitem desenvolver metodologias de

196

investigação/ formação centradas na realidade experiencial da vida

escolar e comunitária, incrementar o trabalho cooperativo em equipa e o

diálogo pluri e interdisciplinar, favorecer a capacidade para resolver

problemas e desenvolver planos de acção, aprofundar a capacidade

para relacionar o saber e o fazer, a aprendizagem e a produção,

potenciar a integração afectiva, a socialização e a realização de

interesses pessoais e colectivos. Por outro lado, deve-se incentivar a

formação à distância que permita uma formação flexível e à medida das

necessidades individuais dos professores. Delors (1996: 137) a este

propósito afirma:

" O recurso a técnicas do ensino à distância pode ser uma fonte

de economia e permitir que os professores continuem a

assegurar o seu serviço, pelo menos a tempo parcial. Pode,

também, ser um meio eficaz de introduzir reformas, novas

tecnologias ou novos métodos".

A formação à distância é um modelo exigente no que concerne a

planeamento, acompanhamento e monitorização, requerendo um

grande investimento em recursos humanos e, como tal, é um sistema

dispendioso. Este é um modelo que deve ser desenvolvido pelas

197

universidades e institutos politécnicos, quer para a formação inicial de

professores quer para a formação contínua. Estas instituições são as

que estão melhor posicionadas para desenvolverem pedagogias

relacionadas com a aplicação das TIC.

Para além de uma formação generalizada que dê resposta às

competências básicas em TIC dos professores há que abranger a

formação específica dos professores que leccionam as disciplinas de

informática nos cursos do ensino secundário.

No âmbito da Acção 5.1. do PRODEP III - Formação contínua e

especializada nos ensinos básico e secundário, poderá ser financiada, a

título de incentivo, a formação de iniciativa individual em acções de

formação não financiadas pelo FSE que visem, entre outros objectivos,

o aprofundamento de competências em TIC pelos docentes dos ensinos

básico e secundário de forma a apoiar a criação, desenvolvimento e

manutenção de redes informáticas internas e a generalização do acesso

à Internet como efectivas metodologias de aprendizagem.

Não obstante, é na senda deste amplo quadro de pressupostos

que visam a informatização do sistema de ensino em Portugal que

surgiu, em Setembro de 2007, uma iniciativa legislativa, por meio da

Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, de 18 de Setembro,

do XVII Governo Constitucional, que versa a implementação do

198

chamado Plano Tecnológico da Educação. Com um amplo

enquadramento na chamada Estratégia de Lisboa e consequente

Programa de Educação e Formação 2010, trata-se de um plano que

visa valorizar e modernizar a escola, criando estruturas físicas que

favorecem um melhor desempenho docente e o sucesso dos alunos.

Acredita, assim, o legislador estar a introduzir e a consolidar o papel das

TIC’s na escola portuguesa. Trata-se, aliás, de um Plano que pressupõe

que se implementem medidas decisivas tendo em vista determinados

objectivos, como por exemplo, aumentar um rácio de 2 alunos por

computador, assegurar um videoprojector em cada sala de aula,

assegurar um quadro interactivo em cada 3 salas de aula e, assegurar a

consequente renovação contínua destes recursos. Contudo, em termos

de principais medidas, o Projecto apenas se refere em fornecer tais

recursos às escolas dos 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário, sendo que

as escolas ou salas de aula do 1.º ciclo do ensino básico surge em

lacuna legislativa.

Não deixando de ser um indicador que, a título oficial, evidencia

alguma preocupação em desenvolver as TIC’s no ensino,

aparentemente, continuam a haver “parentes pobres” na educação.

Para além disso, devemos considerar que a implementação das TIC’s e

o seu desenvolvimento na escola portuguesa surge muito mais como

199

um ethos cultural do que propriamente um aporte material. Com efeito,

o que está em causa será sempre, a par do necessário apetrecho e

fornecimento actualizado dos suportes materiais, a construção e

desenvolvimento de uma matriz cultural que consolide, de facto, a

introdução e o pleno uso pedagógico, didáctico, curricular e

organizacional das TIC’s.

6. O COMPUTADOR E OS CURRÍCULOS ESCOLARES

NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO

As novas tecnologias de informação têm sofrido uma evolução

permanente, assumindo-se como verdadeiros factores de

transformação da generalidade da vida da sociedade.

O uso dos computadores no 1o ciclo do Ensino Básico apresenta

um conjunto diversificado e numeroso de potencialidades. No entanto, a

sua utilização, deve ser rodeada de necessárias atenções, já que

convém não esquecer que uma utilização indiscriminada pode ser

nociva, podendo não só contribuir para o isolamento de crianças

"solitárias", como também para a substituição de vivências essenciais à

sua aprendizagem, no entender de M. Belchior (1993).

200

Tais riscos, outra face da moeda das virtualidades e

potencialidades do computador na sala de aula, apenas serão

ultrapassados pela capacidade dos professores em proporcionarem um

ambiente de aprendizagem estimulante que estimule os alunos a uma

utilização válida do computador. Utilizar o computador na sala de aula,

só por utilizar, pode não significar nem mudança, nem inovação, já que

o seu emprego deverá estar de acordo com os objectivos gerais da

escola e o seu sucesso no 1o ciclo depende em grande parte de uma

integração adequada deste na sala de aula.

Uma das grandes virtualidades do computador na sala de aula do

1o ciclo é que permite a criação de situações em que professores e

alunos podem aprender activamente e em conjunto, o que se revela de

extrema importância, na medida em que "[…] aumenta a vitalidade e

entusiasmo e entusiasmo das interacções que se

estabelecem"(Belchior, 1993:12).

Por isso, o grande desafio que se coloca em termos de utilização

do computador nas salas de aula do 1o ciclo é a capacidade de o

professor ser capaz de tornar rentável esse entusiasmo, alargando o

número de situações educativas dadas às crianças, O trabalho inovador

de ludismo levado a cabo por Freinet (1984) com a sua célebre

imprensa, assume agora contornos idênticos, com situações e

201

instrumentos diversos, embora. Agora, como então, para que os

objectivos sejam alcançados necessário se torna que o uso dos

computadores se inclua no projecto global específico, com o

envolvimento dos alunos, numa aprendizagem activa, significativa e

também cooperativa.

Teremos, no entanto, de ter em conta um conjunto de

pressupostos de entre os quais avultará certamente a consciência da

forte atracção que o computador exerce sobre algumas crianças, o que

poderá ser causa de isolamento, cabendo ao professor o dever de gerir

o tempo dispendido pelo aluno, no computador.

Com efeito, uma aprendizagem activa permite que a criança

desenvolva o seu conhecimento e aprendizagem através das suas

experiências e vivências. Daí a sua necessidade de manusear e

experimentar, a riqueza da aprendizagem pela tentativa de ensaio-erro,

que segundo Stern, (1971), estas acções são-lhes permitidas no

computador.

O uso do computador não deve, por isso, ser desagregado dos

currículos que o professor deseja cumprir, devendo também ser tido em

conta o software utilizado, que deverá ter em consideração os estádios

de desenvolvimento da criança.

202

O uso progressivo do computador, o contacto diário com ele,

permitirá que as crianças, a partir das suas experiências

consciencializem a nova "Idade da Informação", dentro e fora da escola.

Elas vão-se dando conta das qualidades e limites do computador bem

como de outras tecnologias, vão sendo capazes de utilizar as suas

potencialidades numa adequação cada vez maior e mais integrada às

suas vivências e experiências significativas.

Para Belchior (1993), a utilização das TIC’s na escola permite uma

cada vez maior familiarização dos alunos ao acesso à informação,

fazendo com que cada vez mais adquiram progressiva confiança com

as referidas novas tecnologias, descobrindo assim aos poucos e por si

grande parte das potencialidades destes instrumentos ao serviço da

educação, da mudança e da inovação.

Deste modo, as TIC’s apresentam-se como virtuais

proporcionadoras do progresso, de estruturas criativas do emprego da

língua por meio do currículo, de potenciais instrumentos de um

desenvolvimento curricular aberto, flexível, adequado à necessidades e

capacidades dos alunos.

203

Na opinião de Salema (1997), a nível da Língua Portuguesa, o

computador poderá ser encarado como precioso instrumento para

materializar a vivência de situações problemáticas, contribuindo para os

ajudar a pensar sobre as palavras, sobre o texto, sobre o próprio

pensamento, numa verdadeira dimensão de uma aprendizagem do acto

de aprender E assim como outrora o jornal de parede de Freinet foi

encarado como autentica inovação didáctica e pedagógica, também

hoje o computador pode ser um prestimoso auxiliar no desenvolvimento

da escrita, do raciocínio e, porque não, da própria auto-estima.

Para além de contribuir para aumentar o gosto pela escrita e

proporcionar uma prática activa da comunicação ele poderá, com efeito,

ajudar a criança a sentir-se cada vez mais segura de si própria, a

afirmar a sua identidade, consolidando desse modo a sua auto-estima,

o seu "self, numa progressiva caminhada para o sucesso educativo,

segundo J.A. Alcântara (1991).

O uso do computador no desenvolvimento curricular do 1o Ciclo

apresenta diversidades e potencialidades numerosas, conforme a

vertentes curricular a explorar. Assim, por exemplo, no domínio da

Língua Materna e no que concerne ao texto escrito, este encontra no

computador, através do processador de texto, características que o

tornam diferente dos textos produzidos nos moldes habituais, que o

204

tornam atractivo aos olhos da criança. Com efeito, as potencialidades

conferidas pelo computador, permitem "[…] afectar dinamicamente a

construção do texto, podendo-se introduzir a qualquer momento,

através de uma valorização da revisão e da leitura – acção sobre a

escrita” (Belchior, 1993: 29).

Na área da matemática, por exemplo, o uso das NTI, permite a

construção de conceitos e o desenvolvimento do pensamento crítico.

Por meio de tentativa / erro, os alunos têm a oportunidade de

explorarem estratégias diferentes, para resolverem os seus problemas.

O emprego de programas relacionados com a matemática, podem

despertar para o contacto com vários conceitos desta área, tais como o

reconhecimento de formas, a contagem e a numeração, a classificação,

entre outras.

Nesta área, como em qualquer das outras, convém ter em conta

que as actividades realizadas no computador jamais devem surgir

isoladas, ou tão pouco aparecerem como possíveis substitutos das

actividades de investigação com objectos concretos, pois estes

desempenham um papel essencial na aprendizagem da matemática.

Em relação à área de Estudo do Meio, é importante que as

crianças desenvolvam práticas de pesquisa, de selecção e de

interpretação das informações.

205

Grande parte deste trabalho de pesquisa e recolha de dados é

feito fora do computador abrangendo um nível de colaboração, procura

e discussão.

O computador poderá alargar a procura e armazenamento de

informação, podendo posteriormente essa informação ser recuperada.

O recurso a programas específicos, a viagem pelos vastos caminhos da

Internet poderão constituir atractivos suficientes para uma

aprendizagem cada vez mais alicerçada na investigação, na procura, na

experimentação.

As actividades de Expressão Artística contribuem para o

progresso dos aspectos harmoniosos e criativos na criança. O uso das

NTI nas áreas de expressão como o desenho, a pintura, a modelagem,

a composição e a audição, podem representar um auxílio importante,

"[…] nomeadamente na exploração de ideias numa variedade de formas

e efeitos visuais e auditivas” (Belchior, 1993: 34).

Evidente se torna que o computador não pode substituir outras

formas de expressão plástica e artística. No entanto, também não pode

ser liminarmente relegado, sob o pretexto de coarctar a imaginação

criadora, antes deverá ser encarado como mais uma oportunidade,

entre outras, que o aluno tem ao seu dispor, para expandir a sua

criatividade, na sala de aulas.

206

Deste modo, o computador poderá ser encarado, como um

contributo deveras positivo no desenvolvimento curricular, um

instrumento a despertar a motivação, uma possibilidade de

complemento para outros trabalhos. Seja qual for, no entanto a

finalidade última que lhe for dada na sala de aula, o computador será

cada vez mais um instrumento indispensável, uma técnica de

informação e formação, uma estratégia nas sendas de uma nova

dimensão educativa, onde a aprendizagem terá necessariamente de ser

cada vez mais activa, cada vez mais significativa, segundo Ausubel

(1980).

207

7. A IMPLEMENTAÇÃO DAS TIC NAS PRÁTICAS

CURRICULARES DO 1º CICLO NO CONCELHO DE

FELGUEIRAS

Numa sociedade como a actual, em que a criança se familiariza

cada vez mais cedo com as novas tecnologias de informação e

comunicação, que os avanços prodigiosos da Ciência e da Técnica

proporcionam, entendemos ser importante conhecer a realidade do

concelho de Felgueiras.

Sendo o computador uma dessas "novas" e sem dúvida, mais

apelativas tecnologias, resolvemos fazer um levantamento do

equipamento informático existente nas escolas, e mais importante a

utilização e aplicação do computador na situação de

ensino/aprendizagem, bem como a formação dos professores no âmbito

das novas tecnologias.

A Reorganização Curricular do Ensino Básico, a concretizar nas

escolas do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico a partir de 2001 e do 3º Ciclo

a partir de 2 das TIC. O Decreto-Lei 6/2001, que enquadra este

processo, esclarece no seu preâmbulo que a utilização das TIC constitui

uma formação transdisciplinar, a par do domínio da língua e da

valorização da dimensão humana do trabalho. Tal significa que, no

208

currículo deste nível de ensino, as TIC passam a ter presença

inequívoca na acção pedagógica em todas as disciplinas e áreas

disciplinares, bem como nas áreas curriculares não disciplinares. O art.

3º, que explicita os princípios orientadores do currículo, consagra a "[...]

valorização da diversidade de metodologias e estratégias de ensino e

actividades de aprendizagem, em particular com recurso às TIC [... ].

O art. 6º do mesmo Decreto-Lei, que se refere às formações

transdisciplinares, determina que,

"[...] constitui ainda formação transdisciplinar de carácter

instrumental a utilização das Tecnologias de Informação e

Comunicação, a qual deverá conduzir, no âmbito da

escolaridade obrigatória, a uma certificação da aquisição das

competências básicas neste domínio[...]".

Neste quadro, as TIC são chamadas a assumir uma importante

dimensão pedagógica em toda a escolaridade obrigatória, desde o 1º ao

9º ano, de forma diversificada e no quadro das diversas disciplinas e

áreas curriculares não disciplinares. Ao mesmo tempo, em cada um dos

três Ciclos do Ensino Básico, mas com maior predominância no 1º ciclo

estabelece-se que as TIC devem ter uma presença saliente nas áreas

curriculares não disciplinares, a saber: Área de Projecto, Estudo

209

Acompanhado e Formação Cívica. No que se refere ao enquadramento

destas áreas o Decreto-Lei 6/2001 indica ainda que estas devem ser

desenvolvidas em articulação entre si e com as áreas disciplinares,

incluindo uma componente de trabalho dos alunos com as Tecnologias

da Informação e da Comunicação e constar explicitamente do projecto

curricular de turma. Assim, as orientações traçadas neste Decreto

convergem na criação das condições para que os alunos do Ensino

Básico realizem as suas aprendizagens com as TIC e sobre as TIC. No

final desse percurso da escolarização os alunos deverão ter, no mínimo,

capacidade de as utilizar de forma adequada. O perfil de competências

gerais a desenvolver pelos alunos ao longo do Ensino Básico contempla

esta competência.

Um dos objectivos da Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do

Ensino Básico é permitir às crianças uma aprendizagem activa:

experimentar, brincar, escrever, discutir, construir, etc. Introduzir os

computadores nos Jardins de Infância e nas escolas do 1º Ciclo não

significa vê-los como um fim em si mesmo, mas como um instrumento

para usar na descoberta e ajudar as crianças nas suas experiências.

A Autarquia de Felgueiras, comungou da mesma ideia, equipando

as escolas com um computador e uma impressora para cada sala.

210

A sociedade computorizada em que vivemos só tem a beneficiar

com a preparação das crianças no uso dos computadores. As nossas

escolas, na maioria dos casos, apenas se encontram apetrechadas com

o referido computador oferecido pela autarquia o que é manifestamente

pouco. Este tipo de ensino necessita de mais investimento, tanto em

material informático como em consumíveis. Não há perspectivas de que

as coisas mudem de repente.

A verdade é que as crianças aprendem a trabalhar facilmente com

o computador contrastando com as dificuldades demonstradas por

muitos adultos. Este facto prende-se com a elasticidade mental e pelo

facto das crianças começarem com jogos, criando assim uma relação

afectiva com o computador.

Mas, nem só nas escolas se fazem as aprendizagens com

recursos à informática.

Em alguns agregados familiares as crianças, desde cedo têm

acesso aos computadores, ou porque vêem os pais a utilizá-los ou

porque estes lhe oferecem consolas de videojogos. É pois no agregado

familiar que as crianças têm maior contacto com o computador, os

programas que utilizam são também diferentes dos que utilizam na

escola. Em casa são sobretudo videojogos de comercialização

massificada, e na escola utilizam-se sobretudo programas com uma

211

finalidade didáctica, embora hoje em dia seja cada vez mais comum

programas que embora mantendo a sua componente lúdica, têm

também objectivos educativos.

Os computadores podem ser introduzidos na escola, como meios

auxiliares dos processos de ensino aprendizagem. Segundo Miranda

(2000) podemos classificar a utilização no computador segundo duas

perspectivas:

O computador assume o papel de um professor

electrónico que dá a matéria, propõe exercícios e avalia o

tutor - é o computador como tutor;

O computador é visto como um instrumento de apoio

à aprendizagem, ao serviço de educadores e alunos — é o

computador como ferramenta. São vistos como um

instrumento polivalente de apoio aos processos de ensino e

aprendizagem.

As TIC aumentam a capacidade para lidar com a informação e, se

bem utilizadas permitem aumentar o funcionamento cognitivo dos

alunos durante a aprendizagem.

212

"A organização do espaço e de actividades na escola deverá

proporcionar todo um conjunto de experiências enriquecedoras

e motivadoras para um crescimento rico e harmonioso,

equilibrado e global de cada criança, individualmente e em

grupo" (Afonso, 1993: 49).

Se é certo que as crianças gostam de novidades, gostam de

surpresas, quando estas surgem por parte do professor são geralmente

muito bem aceites, ora o computador é ainda, sem dúvida para muitas

crianças, uma novidade. Poder desenhar no computador, imprimir o seu

desenho, é muitíssimo fascinante.

Geralmente o que não é muito habitual, torna-se desejado. Na

maioria das escolas as crianças não vêem o professor a utilizar o

computador pessoal e raramente têm acesso a ele O espaço próprio

que o computador pode e deve assumir nas escolas do 1º Ciclo do

Ensino Básico, tem a ver sobretudo com a necessidade de se dar uma

correcta imagem do computador e da atitude pedagógica que se

assume diante dele. Deve ser encarado como um material ao lado dos

outros materiais, que faz aquilo que nós queremos que ele faça. É

necessário retirar ao computador a carga mágica, chamando a atenção

das crianças para que ele não sabe tudo, nem faz tudo, sendo

213

necessário em muitos casos ensinar o computador para que depois ele

faça o que nós pretendemos.

Nas escolas do nosso concelho, nem sempre todos os

professores estão preparados para aplicar e inovar nas suas aulas com

os computadores. Por vezes os professores sentem a falta de

consumíveis, acham que apenas um computador para a turma inteira é

manifestamente pouco ou pura e simplesmente acham-se pouco

preparados para corresponder aquilo que quem investiu espera deles.

No contexto pré-escolar e do ponto de vista pedagógico deve

existir um espaço para a actividade com o computador, espaço esse

não conflituante e perfeitamente compatível com o de outras

actividades. Essa compatibilidade resulta do modo natural como for

introduzido nas outras actividades e também da adequação dos

programas utilizados.

De uma maneira geral os grandes objectivos da utilização da

linguagem informática e do computador em particular nos Jardins de

Infância e escolas do 1º Ciclo são:

214

"Promover e contribuir para o desenvolvimento global da criança

através de um novo instrumento de trabalho;

Proporcionar um contacto efectivo com o computador. Começar

a conhecê-lo melhor nos seus diversos aspectos: ecrã, teclado,

rato...;

Estimular na criança momentos de livre utilização, de modo a

realizar sozinha algumas funções; Utilizar o computador como

um complemento e instrumento de apoio e não como um fim em

si mesmo" (Afonso, 1993: 52)

Concluindo, as TIC devem estar o mais possível presentes na

formação inicial e contínua de professores, sendo importante que os

formandos vão muito para além do seu simples domínio instrumental.

Para isso, elas devem ser enquadradas por uma pedagogia que valorize

sobretudo a pessoa que aprende e os seus projectos, debatendo as

grandes questões, promovendo permanentemente uma atitude crítica.

Integração, é a ideia chave no que respeita às TIC. Por um lado, estas

tecnologias devem estar plenamente integradas nas instituições

educativas, dispondo alunos, docentes e professores de condições de

acesso facilitado e de frequentes oportunidades de formação. Por outro

lado, as TIC devem estar plenamente integradas na actividade de

215

ensino-aprendizagem, ao nível dos saberes disciplinares e

transdisciplinares. Por outro lado, ainda, os futuros professores devem

ser capazes de tirar partido das TIC no planeamento e na realização de

situações de ensino-aprendizagem, integrando-as numa perspectiva

curricular coerente. As TIC devem ter um papel importante na prática

pedagógica, cabendo ao centro de formação um papel importante no

apoio às escolas e na formação dos seus docentes pelo que constituem

exemplos de boas práticas em todos os campos, incluindo o uso das

TIC. O papel das TIC na formação inicial não se deve, assim, restringir

às disciplinas de TIC e a uma ou outra didáctica mais arejada, mas deve

impregnar a cultura e a actividade pedagógica de toda a instituição. O

uso destas tecnologias é uma questão a ser discutida enfrentada por

toda a instituição e não só pelos professores mais interessados por este

tema.

No concelho de Felgueiras, tem-se investido alguma coisa na

informatização das escolas, mas talvez por as escolas serem

geograficamente bastante dispersas e pequenas, não tem sido possível

equipá-las como seria desejável. Um computador por sala, funciona

apenas como objecto de trabalho e não como ferramenta ao dispor das

crianças.

216

8. ALGUNS BONS EXEMPLOS

Algumas escolas houve, que se anteciparam ao investimento do

município. Agruparam-se, criaram um pólo sede e candidataram-se ao

já descrito “Projecto Nónio Sec. XXI”.

Foi inicialmente um sucesso, mas um sucesso em que o corpo

docente estava com muita vontade mas com pouca formação para ser o

motor de arranque que seria necessário. Os professores, quase

nenhum possuía a referida formação inicial em TIC, escasseavam os

formadores e quando os havia, os professores não possuíam

computadores pessoais para poderem treinar e “perder o medo”

Serviu no entanto de exemplo. Posteriormente outras escolas

seguiram as mesmas pisadas e com alguns docentes mais jovens

incorporados (já com formação inicial em TIC).

Criaram-se clubes e jornais escolares. E principalmente criou-se o

efeito “Bola de Neve” pois as escolas que não o possuíam quiseram

modernizar-se através de equipamento e actualizar-se com formação

para os professores.

Hoje estamos a precisar de um novo impulso. A maioria dos

professores já possuem o seu portátil e usam-no como um instrumento

de trabalho e não como um luxo. As novas tecnologias são uma

realidade cada vez mais presente mesmo nos mais elementares actos

217

do nosso quotidiano. Face às constantes inovações científicas e

tecnológicas, beneficiando das muitas vantagens que disponibilizam, as

novas tecnologias são cada vez mais, fundamentais na nossa escola.

Estas exercem, simultaneamente, uma atitude crítica perante as

eventuais consequências do seu uso.

Impõe-se, nesta realidade educativa, aprofundar o conhecimento e

aplicações das tecnologias da informação e comunicação (TIC) no

processo educativo.

Os meios de comunicação no concelho de Felgueiras são uma

fonte de enriquecimento, de conhecimentos e de abertura para os

outros e para o mundo. Eles são os suportes materiais que tornam

possível a comunicação entre pontos distantes.

Ao contrário do que se pensava há uns anos atrás, a educação

para os media é muito importante para a criança, que desde sempre foi

uma grande comunicadora. Ela precisa de mexer, de experimentar, de

conviver, de brincar, desenvolver o seu imaginário e aprender a lidar

com os outros.

A comunicação está na base de toda a vida em sociedade. Na

escola ou fora dela. Comunicamos todos os dias e a todo o momento. É

uma troca de compreensão de ideias, de mensagens e de valores

relacionados com a obtenção de um conjunto de objectivos.

218

No sistema escolar, os meios de comunicação podem permitir que

os alunos desenvolvam algumas situações, processos e que conheçam

melhor a realidade.

O uso pedagógico dos meios de comunicação contribuem para

reforçar nos alunos determinados métodos e hábitos intelectuais e

pedagógicos, e ao mesmo tempo pode transformá-los em criadores de

informação.

Segundo Novack, J.D. e Gowin, D.B., (1996), a criança, agente

activo da sua aprendizagem, terá oportunidade, através dos media de

cada vez mais tornar significativas as suas aprendizagens, de as

conectar com os seus reais significados e significantes fundamentando

cada vez o seu saber e, sobretudo a sua estrutura mental.

Esta opinião é reforçada por Salema, H.,(19979), que afirma que

através dos media a criança encontrará insondáveis e numerosos

caminhos que a conduzirão a um saber por si construído, ajudando-a

cada vez mais a saber ser, a saber fazer-se.

Também os organismos parecem ter acordado desta nostalgia e

resolveram investir e potenciar as novas tecnologias que eles próprios e

as escolas agrupadas (Projecto Nónio) fizeram nas escolas.

219

Através do despacho nº 12591/2006 (D.R. 2ª Série) foi criada uma

nova figura no nosso ensino. Serviu para reforçar saberes e ao mesmo

tempo para que os pais pudessem ter os seus filhos “ocupados” durante

mais horas e assim pudessem ser um exemplo de produtividade. Essa

figura do ensino foi chamada “Actividade de Enriquecimento curricular”

Entre várias, surgiram as TIC que em horário extra curricular

começaram a funcionar este ano em muitas das escolas do concelho de

Felgueiras.

Pretende-se, nesta área de enriquecimento curricular, que o aluno,

ao longo dos 4 anos (1º, 2º 3º e 4º anos) desenvolva as suas

capacidades atingido alguns objectivos, sendo eles: Conhecer o

computador; Compreender a importâncias das TIC; Conhecer conceitos

básicos de informática; Criara e editar imagens (desenho); Exploração

do software de pintura; Internet Explorer; navegação na Internet;

processador de texto; criação e gestão de ficheiros; princípios básicos

do MS Paint e MS Word; Impressão de um documento; Motores de

busca; MS Exel; Correio electrónico; programa de desenho; web quest;

Microsoft PowerPoint; Programa de apresentações básicas; programa

de folha de cálculo; editor de imagem e Megalogo.

220

Nesta actividade, os alunos são avaliados consoante as suas

atitudes e comportamentos; a participação e empenho na aula; a

autonomia; e por fim, no domínio e competências das tecnologias da

informação e comunicação (TIC).

Certamente que também este é um bom exemplo a nível nacional

que o nosso concelho ou pelo menos algumas escolas dele possuem.

Oxalá que deixem de ser uma excepção e passem a ser uma regra.

221

CAPÍTULO 5

AS TECNOLOGIAS DE “PONTA”:

PERSPECTIVAS DO SEU

POTENCIAL, IMPLEMENTAÇÃO E

UTILIZAÇÃO PEDAGÓGICA

222

223

1. CONTEXTO DO E-LEARNING

No contexto global duma sociedade em transformação acelerada,

a Informação tem vindo a assumir progressivamente um papel

preponderante como elemento diferenciador e, simultaneamente,

estabilizador. A cultura digital determina que se mudem vários hábitos

que consideramos tradicionais. A problemática do e-Learning é sem

dúvida uma nova e forte investida daquilo que já conhecíamos doutras

épocas de inovação por ensino à distância.

A sociedade digital, caracterizada por uma evolução tecnológica

acentuada e por alterações frequentes na economia e no mercado de

trabalho, tem imposto novos paradigmas na área da educação e da

formação. Hoje reconhece-se inequivocamente a importância da

formação ao longo da vida como factor principal na estabilidade

profissional do indivíduo inserido no mercado de trabalho.

No passado, a educação à distância procurou responder a

solicitações de aprendizagem impossíveis de serem asseguradas pelo

ensino presencial eliminando apenas as barreiras geográficas e

temporais. Hoje em dia é fundamental conceber soluções de e-Learning

que: flexibilizem o acesso aos recursos de aprendizagem (qualquer

sítio, qualquer hora); implementem estratégias pedagógicas adequadas

a uma melhor aprendizagem; suportem relações de cooperação;

224

ajudem a aprendizagem apoiando-se nas tecnologias de informação e

comunicação mais recentes e sobretudo mais eficazes.

2. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E A INOVAÇÃO

EDUCATIVA NA ESCOLA

Ao longo dos séculos, o Homem procurou novas e melhoras

formas de comunicação, novos e mais eficientes meios de transmitir aos

outros, ideias, deixando para a posterioridade uma dádiva que os

tornaria imortais.

Se durante muito tempo existiram obstáculos à descoberta e que

“[…] impediram a difusão dos novos saberes, a evolução tecnológica e

a consequência alteração das mentalidades, foram-se impondo,

modificando as relações entre os homens e as tradicionais formas de

comunicação” (Camacho, 1997: 19).

A educação tende cada vez mais a reflectir a influência das

componentes da galáxia Guttemberg, do universo de MacLuhan, das

cada vez mais numerosas descobertas tecnológicas e de meios de

comunicação, do universo do scriptoaudio-visual que dia a dia vê

aumentar a sua inegável influência nos domínios da área educativa.

De facto, dadas as suas excepcionais capacidades, as novas

tecnologias, “[…] tendem a ofuscar os meios de comunicação

225

tradicionais como o livro, a imprensa, o cinema, a televisão e a rádio”

(Ponte, 1997: 42). Seja qual for a tecnologia emergente, ela permitirá

certamente a construção de novas coisas, contribuirá para a

consolidação de novos conhecimentos, totalmente impossíveis até ao

seu aparecimento. Como em todos os processos de mudança e

inovação, as transformações nem sempre são fáceis, apresentando-se

a maior parte das vezes morosas, inicialmente restritas a um limitado

número de utentes, para progressivamente se irem tornando elementos

do quotidiano, do cidadão comum.

Não muitos imaginariam certamente, há bem poucos anos, que

tão rapidamente em cada casa, em cada mesa de trabalho surgiria um

P.C., objecto ao alcance apenas de alguns homens da investigação e

das ciências. Hoje o contrário é que seria inimaginável.

Com efeito, no início do seu aparecimento, as novas tecnologias

estiveram bem longe de serem a acessíveis ao comum dos cidadãos,

sendo privilégio quase exclusivo de um bem restrito número de

pessoas. Demorou algum tempo até que a sociedade, no seu todo,

assimilasse as novas vertentes de inovação tecnológica, começasse

massivamente a tirar partido das suas potencialidades.

226

Ninguém duvida que a civilização do amanhã será altamente

conotada e condicionada por essas mesmas tecnologias, que acabarão

por ter repercussões profundas na própria organização da sociedade,

na personalidade das pessoas e até, nos seus processos de

pensamento.

A resistência social e intelectual e muitas das inovações

tecnológicas e, sobretudo, às implicações que a sua massificação

comporta, não diferirá muito, queremos, em circunstâncias e

conjunturas diversas, como é obvio, daquela que a invenção da

comunicação escrita trouxe nos tempos de outrora.

De facto, ninguém certamente questionará a importância da

comunicação escrita na civilização. Nas suas diferentes formas, a

comunicação escrita foi uma das tecnologias que maior influência

exerceu na cultura e na civilização humanas. No entanto, apesar de

toda a sua riqueza, de todo o seu contributo para o progresso e para a

evolução das mentalidades, da organização social e do próprio

desenvolvimento do pensamento humano, “[…] a sua invenção foi

objecto de oposições semelhantes às que hoje existem em relação aos

computadores” (Pedro, 1997: 44).

227

Efectivamente, se atentarmos nesta possível relação, poderemos

verificar que tal como a escrita, também o computador se assume como

verdadeiro objecto mediador. Nele, como nos símbolos verbais, o

homem guarda informação, da qual se servirá sempre que necessário

se torne comunicar, sempre que necessite de fundamentar a sua

relação cognitiva, técnica e mesmo epistemológica. Ainda segundo o

mesmo autor, mais do que um simples instrumento técnico, o

computador serve de real fundamento para o desenvolvimento do seu

próprio conhecimento.

Esta possível relação é de tal modo estreita que o próprio

computador se associa à escrita ao poder ser utilizado como

processador do texto. No entanto, a tecnologia implícita neste

instrumento tecnológico, facilita ainda mais a escrita, na medida em que

o texto elaborado no computador pode ser guardado e recuperado

sempre que se precisar. Além disso, podem-se fazer alterações, desde

a simples correcção ortográfica até à reformulação de frases ou à

reordenação de parágrafos.

Essa facilidade de se escrever, corrigir e voltar a escrever,

quantas vezes forem necessárias, contem um convite natural à reflexão,

ao aperfeiçoamento e desenvolvimento das ideias, assume-se como

verdadeiro factor do próprio desenvolvimento de pensamento, facilita a

228

criatividade, desenvolve o pensamento divergente.

Óbvio que por muitas vantagens que a tecnologia do computador

comporte, ele jamais se substituirá completamente o livro e as formas

de comunicação escrita tradicionais. Podemos recordar, a propósito,

que o livro possui limitações, a maior das quais é ser estático, enquanto

o computador permite que se reformule constantemente a informação.

Por outro lado, não podemos esquecer que o livro apresenta

vertentes que, desde do seu aspecto estético, à “portabilidade”, à

facilidade de manuseamento, entre outras, que o computador não

possui. Assistimos aos primeiros passos da tecnologia do computador.

“Mas os progressos têm sido rápidos e incessantes, permitindo

afirmar que o que se fará com o computador dentro de poucos

anos certamente terá muito pouco a ver com a realidade de

hoje” (idem, ibidem).

Mais recentemente, presenciamos o aparecimento da INTERNET,

verdadeira auto-estrada da comunicação, do conhecimento e do saber.

Esta rede proporciona vários serviços e permite a constituição de

grupos de utilizadores que realizam discussões sobre temas do seu

interesse, trocando mensagens entre si.

229

A INTERNET permite-nos visualizar a informação sobre os mais

variados assuntos. Inicialmente conhecida nos meios académicos,

rapidamente se propagou aos negócios, até chegar finalmente às

nossas casas.

Esta rede possibilita-nos estar permanentemente a par de tudo o

que vai acontecendo pelo mundo nas nossas áreas de interesse.

As facilidades de comunicação que esta rede permite, criou novas

formas de trabalho cooperativo entre os utilizadores dos mais

longínquos pontos geográficos, modificando por completo a situação de

isolamento intelectual, que caracteriza as pequenas comunidades,

fazendo do computador uma verdadeira biblioteca, uma fonte

inesgotável de informação e de saber.

Deste modo, o computador como novo meio de expressão e de

comunicação, veio revolucionar a cultura e a mentalidade dos nossos

dias, expressando-se como uma das dimensões cibernéticas que maior

influência desempenham e certamente desempenharão o

desenvolvimento do pensamento humano, na situação do homem face

à técnica, ao conhecimento, e aos próprios valores.

Como afirma Alan Kay (cf. in Ponte, ibidem: 46), “[…] o

computador é o primeiro metamedium e que por isso, tem graus de

liberdade para representação e expressão nunca antes juntos num

230

único instrumento”.

O mesmo autor (ibidem) sugere que as crianças comecem a usar

o computador o mais cedo possível, visto que todas as suas

possibilidades serão o papel e o lápis do futuro próximo.

“Não podem os educadores perder de vista a convicção

optimista de que o futuro se inicia no presente que o prepara e

faz acontecer. O futuro não é um momento temporal porque se

espera, para nele poder entrar […] ignorar, agora, os desafios

do futuro, pensar a educação no curto horizonte do aqui e do

agora, se ria o mesmo que ignorar a evolução que se verifica

para lá dos limites do nosso espaço próprio e não participar na

caminhada para a comunidade educativa do futuro” (Ribeiro,

1993: 16).

Mais de facto, ignorar as transformações tecnológicas de nossos

dias, mais do que negar o presente é hipotecar o futuro, já que ocultam

as reais dimensões da utopia que move as civilizações, dessa dimensão

humana que se chama imaginação, que é o espírito criador.

231

3. O SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÊS E AS

TECNOLOGIAS DE PONTA

Um grupo de trabalho, designado pela Comissão da Reforma do

Sistema Educativo (1988) elaborou um conjunto de documentos visando

o, "Estudo das Modalidades e Modernização do Ensino e da Educação,

através da Introdução de Novas Tecnologias" (1988, b: 5).

Este documento tinha em vista: a identificação das

potencialidades da Tecnologia Educativa na melhoria da eficácia do

ensino; a definição dos tipos genéricos de equipamentos que deveriam

fazer parte do apetrechamento normal do sistema escolar; o

estabelecimento das bases para um programa de formação e

sensibilização dos agentes educativos para as novas tecnologias.

Com base nestes e noutros estudos, foi introduzida a componente

de tecnologia no Novo Sistema Educativo, sendo referenciada a

"Introdução das novas tecnologias da informação no sistema educativo"

(1988b: 52).

No que concerne ao plano da garantia de recursos humanos, o

mesmo documento refere:

232

"Institucionalização de novos modelos de formação inicial e

contínua de professores, em correspondência ao paradigma da

escola pluridimensional e à reorganização curricular dos ensinos

básico e secundário" (1988c: 52).

A sensibilização e formação dos agentes educativos para a

utilização pedagógica das tecnologias da informação assumia prioridade

naquele programa, pois nele é expresso:

"A reforma do sistema educativo pressupõe, efectivamente, uma

profunda revalorização da função do professor. E o professor,

nas suas múltiplas facetas de estratego, de investigador, de

arquitecto de novos meios e contextos de aprendizagem, de

gestor de recursos, de tutor e conselheiro e de perito no

diagnóstico e tratamento de dificuldades de aprendizagem, tem

vindo a encontrar nas tecnologias da informação um forte

estímulo para operar essa transformação" (1992: 70).

A introdução das Novas Tecnologias da Informação tem em vista

as suas potencialidades como instrumentos capazes de enriquecer as

estratégias pedagógicas do Professor, de criar novas dinâmicas de

233

aprendizagem, de estimular a reflexão permanente sobre o acto

pedagógico, de incentivar nos alunos estratégias de aprendizagem mais

adaptadas à crescente intelectualização do trabalho, de criar

mecanismos de adaptação dos contextos educativos a características

particulares de alguns alunos, de serem suportes de actualizações

curriculares nas diversas disciplinas e áreas interdisciplinares, de serem

sustentáculos de novas estratégias da escola (Comissão da Reforma do

Sistema Educativo, 1987).

Os documentos fazem ainda alusão às diferentes estratégias que

o professor deve escolher quando utiliza as Novas Tecnologias, pois

cada vez mais são elas quem ditam os resultados tendo em conta o que

se pode apreender e não como se pode apreender.

Nesse âmbito, tornam-se muito pertinentes as tecnologias “de

ponta” que privilegiam a transmissão de conhecimentos à distância.

Longe vão os tempos em que a presença era factor decisivo no

sistema tanto de ensino como em qualquer outro tipo de transmissão de

saberes ou cultura.

234

3.1. Os meios de comunicação como factor interactivo

na apreensão da realidade e na formação do conhecimento

Ensino e aprendizagem são duas faces de uma mesma moeda,

duas vertentes integrantes de um mesmo processo, necessariamente

dinâmico e interactivo e cuja eficiência se traduz numa progressiva e

articulada construção e consolidação do conhecimento.

Aprender não é apenas assimilar conhecimentos. A aprendizagem

é um processo que implica todo um conjunto de estruturas mentais que,

na opinião de Piaget (1974), se estruturam e constroem na acção do

sujeito sobre o meio. Por isso a aprendizagem não poderá nunca

confinar-se ao mero domínio cognitivo, já que o sujeito é uma totalidade

e como totalidade, como pessoa age e conhece…

“A aprendizagem é um processo complexo, que vai muito além

da simples aquisição de conhecimentos; ela implica a

construção de estruturas mentais umas a partir das outras e

compreende diversas vertentes, nomeadamente a cognitiva e a

afectiva” (Camacho, 1996: 135).

235

Nesta interacção com o meio, há um conjunto de factores que

facilitam ou dificultam o conhecimento do sujeito. Quanto mais

significado os elementos trouxerem para o sujeito, quanto mais as

novas aprendizagens se enquadrarem nas experiências anteriores,

mais facilmente o sujeito adquirirá os conhecimentos, num processo de

aprendizagem que segundo Ausubel (1980) é denominado de

aprendizagem significativa.

Entre os factores que podem facilitar a aprendizagem estão, entre

outros, as novas tecnologias de informação e comunicação. Só que por

si elas não constituirão certamente, condição suficiente para que a

aprendizagem aconteça. São, no entanto, potenciais facilitadores da

mesma, instrumentos que podem tornar uma aprendizagem mais

duradoura, mais perene, mais significativa segundo a opinião de L.

Camacho (1996).

Para que a aprendizagem se verifique é necessário, como

dissemos, que ela seja significativa, que aconteça em contextos

energéticos, e onde os alunos através de um caminho de pesquisa e de

descoberta, construam o seu próprio conhecimento. Em todo este

processo, onde a intervenção do professor tem um papel fundamental,

intervêm factores que limitam e condicionam, de forma significativa, o

processo e os resultados da aprendizagem:

236

“[…] as diferenças individuais na aprendizagem, o papel dos

conhecimentos pré-existentes, a importância da zona próxima

de desenvolvimento, a influência da interacção social, a

necessidade de contextualização da aprendizagem em

situações da vida real e a transferência de capacidades

cognitivas de umas áreas para outras” (Camacho, 1996: 136).

O processo de aprendizagem, terá de ser de cada um, num

processo de ensino – aprendizagem individualizado, na perspectiva de

um currículo flexível, atento às necessidades de uma verdadeira escola

comunidade.

Na opinião de V. Costa (1995) este processo não deverá ser

nunca um “currículo pronto a vestir” (Formosinho, 1986, 1989, 1990…);

um currículo uniforme feito em estereotipadas medidas burocráticas e

aplicado a todos da mesma maneira, independentemente da sua

especificidade, dos seus significados e significantes, com os seus

padrões socioculturais próprios e identificativos.

Caberá ao professor conhecedor dos seus alunos, ajustar as

estratégias e métodos às especificidades de cada um, de modo a

originar em todos o interesse, a motivação tão necessária a uma

237

efectiva aprendizagem. O comportamento motivado, como se sabe, é

gerado numa resposta a uma necessidade. Caberá, por isso, ao

professor ajudar a despertar no aluno esse sentimento de necessidade,

capaz de despertar a força motivadora.

Os alunos gostam que lhes seja dada a oportunidade, através de

trabalhos de investigação e pesquisa, descobrirem por si o

conhecimento…

“A descoberta conduz à construção pessoal do saber e este

percurso individual, embora realizado com o apoio e sob

orientação do professor, permitirá que cada um construir a sua

própria versão da realidade e as estruturas necessárias à sua

compreensão” (Camacho, 1996: 139).

As crianças fazem descobertas mais frutuosas quando lhes são

proporcionados ambientes, cuidadosamente construídos para esse

efeito, ora as novas tecnologias podem ajudar a criança nesse

percurso, podem facilitar a aprendizagem, podem constituir-se em

meios privilegiados.

238

Neste fim de século, a preparação para a sociedade tecnológica

deverá começar no ensino básico, entendido como proporcionado de

uma formação inicial básica, a educação para a cidadania. A esta

primeira formação, juntar-se-ão outras, mais gerais ou mais específicas,

que vão aprofundando e complementando a interior. A auto-

aprendizagem torna-se um elemento primordial para a qual os

ambientes virtuais criados pelo computador, poderão ser um importante

auxiliar.

Esta construção do saber, no entanto, ajudada agora com o

recurso às novas tecnologias, não prescindirá nunca da intervenção do

professor. O aluno sozinho sente-se perdido nos meandros da procura,

da instigação, da construção do seu saber. A orientação e o apoio do

professor, deverá completar a descoberta do conhecimento feito pelo

educando.

É a partir do equilíbrio entre a actividade de exploração e da

autoaprendizagem do aluno e o apoio do professor, nascerá um

ambiente de aprendizagem que proporcione a superação de

dificuldades e o desenvolvimento de capacidades.

Urge, por isso, orientar o processo de ensino aprendizagem de

modo a que cada aluno seja autor da descoberta do seu conhecimento,

uma construção cada vez mais pessoal, mais significativa, mais

239

contextualizada.

Para H. Salema (1997) os alunos ajudados pelas novas

tecnologias, poderão, em verdadeiro projectos de aprendizagem,

desenvolver as suas capacidades, e facilitar a superação de

dificuldades, objectivos de um ensino que procura provocar a mudança

na educação, que mais do que se preocupar com o saber ou com o

saber fazer, ou mesmo com o ser, se preocupa essencialmente com o

saber fazer-se numa preparação para a vivência para a cidadania.

Ensinar a aprender é tão importante como desenvolver

capacidades. Preparar os jovens para uma participação consciente e

democrática na organização em que se inserem, em conjunto com o

desenvolvimento de atitudes de respeito e tolerância para com os

outros, apoiadas nos valores da cooperação e solidariedade, deverão

sertão tidos em conta como o objectivo da educação.

240

4. O ENSINO À DISTÂNCIA (EAD)

Tendo feito o seu aparecimento nos finais dos anos 70 e princípios

dos anos 80 do último século, o EAD tornou-se uma valiosa

componente de muitos sistemas educativos. A fundação de

Universidades Abertas, o desenvolvimento de tecnologias da

comunicação e do ensino assistido por áudio, vídeo e computador, a

nova sofisticação no design dos materiais escritos e o desenvolvimento

de sistemas mais aperfeiçoados de apoio ao formando, contribuíram

para a disponibilidade e qualidade dos programas do mesmo.

O EAD define-se como uma modalidade de ensino e

aprendizagem em que os educandos se encontram separados, no

tempo e espaço, dos educadores. Desde a sua origem até hoje tem

recorrido a diferentes técnicas, meios de comunicação e estratégias de

ensino-aprendizagem, até chegarmos hoje ao uso generalizado do

multimédia, da informática e das telecomunicações avançadas, com

potencialidades de trabalho mais atractivas e maior eficiência na

aprendizagem.

241

Hoje em dia o e-Learning tornou-se uma solução aberta e flexível

capaz de superar necessidades de aprendizagem, bem como

responder aos anseios e aos diferentes estilos de aprendizagem de

cada indivíduo.

E-Learning possibilita a auto-aprendizagem. Com a ajuda de

recursos didácticos organizados, apresentados em diferentes suportes

tecnológicos de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e

veiculado através da Internet.

Contrariamente ao ensino tradicional, o EAD dá um significado

radicalmente novo ao conceito de independência do aluno. Este é

responsável pelo início do processo de aprendizagem e, em grande

parte, pela sua manutenção.

Para quê?

São muitas as razões pelas quais o e-Learning se tornou uma

estratégia de educação:

Poucas estruturas educativas em locais de possível acesso.

Problemas de transportes ou inexistência deles, principalmente no

interior

Limitação por problemas motores ou outros que dificultem ou

impeçam as deslocações.

242

Incompatibilidade de horário ou outras exigências familiares ou

profissionais.

Dificuldades de integração, nomeadamente no caso de minorias

étnicas.

Fomentar aprendizagem contínua de novos conhecimentos, de

forma a fazer face a novas competências pessoais e profissionais.

Procura de flexibilização do ensino em termos de espaço, tempo e

ritmo de aprendizagem.

Contacto com realidades e contextos mais amplos e globais.

Relacionamento com a globalização do conhecimento e a

adequação à era da sociedade de informação.

Desenvolvimento pessoal contínuo dos indivíduos, conferindo-lhes

maior autonomia.

4.1. Aparecimento e razão de ser do EAD

No desenvolvimento recente das sociedades modernas são

claramente visíveis a influência de um conjunto de efeitos e de

tendências de evolução associadas à aceleração do progresso científico

e tecnológico nos domínios da Informação e da Comunicação e à

emergência do que se designou como “Sociedade da Informação”.

243

A Sociedade da Informação exige novos conhecimentos e novas

práticas e obriga a um esforço de aprendizagem permanente. A

competitividade instalada no mercado laboral, assim como a exigência

constante de interagir numa sociedade global cria a necessidade de

dispor de trabalhadores cada vez mais flexíveis e dinâmicos com

abertura e receptividade à mudança.

As novas tecnologias permitem alargar o ensino a grupos

populacionais geograficamente afastados dos centros educativos e

consequentemente impossibilitados de os frequentar. Elas permitem

colmatar a necessidade de educação/formação ao longo da vida,

decorrente da constante produção de novos conhecimentos e impõem

uma formação contínua que deverá decorrer no seio das empresas de

acordo com orientações estratégicas. Os objectivos e impactos

associados a esta era tecnológica contribuem para a melhoria dos

processos de ensino - aprendizagem, sendo hoje reconhecido à Escola

a primazia na construção dessa mesma sociedade.

Tendo em consideração os objectivos e o público visado, as

tecnologias enquanto acto pedagógico são um acto complexo que

consiste em estabelecer estratégias de ensino que permitam, segundo

os métodos e os meios utilizados, melhorar a aprendizagem, (Langouet,

244

1986). Deste modo, a introdução da tecnologia educativa é

incontestavelmente um potencial recurso que jamais poderá ser

menosprezado, em ordem às exigências de uma sociedade cada vez

mais apoiada na tecnologia.

O conhecimento e a informação são fundamentais para a

formação e sucesso profissional dos indivíduos numa sociedade cujo

primado é o saber. O Ensino à Distância decorre da democratização do

saber e constitui-se como inovação educativa cujo objectivo se prende

com a criação de condições de acesso à educação.

Segundo uma definição clássica - Ensino à Distância é um modelo

de educação no qual professor e alunos não se encontram fisicamente

no mesmo lugar. Situados em lugares geograficamente diferentes a

transmissão dos conteúdos educativos é efectuada através de meios

técnicos de comunicação.

A esta forma de ensino estão associados os seguintes aspectos:

- Uma forma industrializada da educação;

- Um meio de comunicação de duas vias;

- Diferente localização de professores e alunos.

245

4.2. Características do EAD e a sua implementação

Este tipo de ensino apresenta especificidades que claramente o

demarcam de todas as outras variantes. Destacamos como

fundamentais:

- O aluno é autónomo na gestão do seu tempo e forma de estudar;

- Permite um número mais elevado de alunos por curso, facto que

rentabiliza o investimento económico na produção da formação;

- Exige investimento inicial elevado embora acabe por se diluir na

população envolvida;

- Viabiliza a leccionação em diferido permitindo a adequação à

disponibilidade de cada um;

- Combina diferentes recursos tecnológicos (desde material

impresso à videoconferência, para além da Internet);

- Permite uma efectiva democratização do conhecimento (a

população estudantil provém de diferentes localidades e de diversos

estratos sociais, económicos e culturais).

246

A educação é, à partida, uma actividade que implica custos,

suportados pela sociedade que a entende como essencial ao seu

desenvolvimento.

A adopção desta variante educacional, reconhecidamente

inovadora mas simultaneamente necessária, implica que seja

equacionado o investimento nos diversos componentes cujos custos

são necessariamente altos pela tecnologia envolvida:

- Hardware (computadores, vídeos, DVD...);

- Software (programas educativos adequadamente “pensados” e

concebidos);

- Infra-estruturas – suporte de telecomunicações e de redes

telemáticas;

- Manutenção e actualização de equipamentos;

- Produção e suporte de tecnologias e de todas as estruturas a

isso inerentes;

- Pessoal – equipas necessárias à produção dos diferentes

componentes e à criação das estruturas necessárias à condução do

projecto desde a concepção até à avaliação.

Estes aspectos são no entanto confrontados com as mais valias

subjacentes a esta modalidade didáctica. Destacamos de entre elas:

247

- A acessibilidade que se traduz na possibilidade de chegar a

lugares remotos;

- Flexibilidade horária que se reflecte na liberdade que o aluno tem

de adequar o tempo de estudo à sua disponibilidade profissional ou

pessoal;

- Qualidade – os docentes responsáveis são criteriosamente

escolhidas, de entre os mais qualificados;

- Iniciativa – a interacção implícita potencia nos discentes a

curiosidade , espírito crítico e autonomia;

- Actualização e evolução – permite ao aluno a auto – formação

permanente e desejada face às suas necessidades;

- Partilha de recursos entre docentes, discentes e comunidades

educativas.

Constatada a existência de acentuadas diferenças entre o ensino

tradicional e o ensino à distância reconhece-se que este se não pode

basear nos processos clássicos de leccionação uma vez que estes se

não poderiam empregar de forma eficaz e universal.

Professores e escola perdem, neste contexto, muito da

proeminência que detinham no modelo de ensino institucionalizado o

que exige uma séria reflexão sobre os respectivos papéis e cuidadoso

enquadramento das suas responsabilidades na implementação de

248

novos modelos educativos.

A importância do papel do professor, enquanto agente de

mudança responsável pela compreensão mútua e tolerância assim

como pelo desenvolvimento de um espírito crítico que permita o domínio

da proliferação de informações, de as seleccionar e hierarquizar,

gerindo-as em função do que é relevante e efémero, é determinante do

sucesso educativo.

No ensino à distância o papel do professor é fundamental. A

relação entre professor, alunos e conteúdos programáticos é alterável.

O professor planifica as actividades mas o seu desenvolvimento escapa

ao seu controlo. Esta modalidade de ensino tem como foco o processo

cognitivo do aluno e a aprendizagem colaborativa.

A independência e autonomia de que o aluno usufrui assim como

a possibilidade de interacção entre vários utilizadores modificam o papel

do professor exigindo-lhe que abdique da sua posição de “mestre”

entendendo esta designação como referindo aquele que domina o

conhecimento e o transmite aos seus alunos.

Agora o seu enquadramento é de facilitador da aprendizagem já

que “ensino”, no sentido rigoroso da designação é um conceito que

cedeu lugar à “aprendizagem”. A Educação, na actualidade, centra no

aluno todo o seu desenvolvimento, sendo este o núcleo gerador de

249

todos os actos educativos. A alteração dos canais de comunicação e

das linguagens, pelo recurso às novas tecnologias, instrumentos que

permitem não só codificar outro tipo de linguagem para além da verbal e

como ainda analisar o mundo exterior e reconstituí-lo de forma

particular, reflecte-se de forma clara e imediata na relação

professor/aluno que assume neste novo contexto um carácter

prioritariamente cooperativo sendo o docente o tutor que orienta,

encaminha, partilha, discute mas nunca… impõe.

Estas duas designações são algo ambíguas, permitindo-lhes, esta

ambiguidade uma utilização em que o universo de referência é

praticamente o mesmo. Um uso mais específico e rigoroso tende a

marcar algumas diferenças no âmbito do seu atendimento; assim

técnica utiliza-se para referir técnicas artesanais, pré - científicas

enquanto que tecnologia designa as técnicas industriais, já conotadas

com o conhecimento científico.

O crescimento de cada ser vivo não se processa segundo

parâmetros pré - concebidos: resulta essencialmente de interacção de

múltiplos e diferentes factores que, de forma mais ou menos deliberada

ou intencional, promovem a acomodação de novas experiências que, no

seu todo, potenciam ou se tornam inibidoras de um desenvolvimento e

amadurecimento harmonioso sequencial.

250

A técnica e a tecnologia desempenham, neste processo, um papel

facilitador do equilíbrio e harmonia desejável para que cada indivíduo

atinja a plenitude das suas capacidades e inerente realização.

Os teóricos do saber (filósofos, historiadores e sociólogos) usam-

nos indiferenciadamente. Consideramos, no entanto, como relevantes

algumas nuances que remetem, para o uso preponderante, a partir do

início do século XX, da expressão tecnologia, sendo também a partir

dessa altura que a sua relação com o homem é mais evidente porque

afecta todos os domínios da actividade humana. É também nesta

expressão que estabelece uma relação de complementaridade com a

ciência porque se a esta se associa o saber à tecnologia associa-se o

fazer, baseando-se nos conceitos da ciência «se a ciência apontas

formas de saber, a tecnologia aponta formas de fazer baseando-se nos

conceitos científicos» (Varcácel, 2003: 23).

Estes tipos de tecnologia, cada vez mais em voga, são uma

autêntica corrida de auto-estrada em que cada corredor corre por si

mesmo, acompanhando a evolução ou ficando irremediavelmente

perdido para trás.

251

5. MOODLE

Com o novo conceito de tecnologia educativa e com todo o

manancial de recursos tecnológicos e meios de comunicação de

massas, a "nova escola" tem que apanhar o comboio da mudança,

tendo como horizonte o fim da linha. De qualquer das formas, ela não

se pode deixar descaracterizar dos seus valores e princípios

fundamentais - educar e instruir.

Para satisfazer estes objectivos, o professor tem que ser receptivo

a essa mudança, desenvolver um grande esforço de valorização

profissional e estar plenamente consciente da sua missão.

A este propósito, Layton (1993) revela-se um pouco mais

reservado e até certo ponto céptico, atendendo às múltiplas facetas do

ser professor, não esperando uma transformação radical imediata,

mercê dos condicionalismos impostos pelas exigências do imediato e as

preocupações do exercício da profissão, desviando a sua atenção

daquelas funções.

Numa outra perspectiva, (1990), alerta para o perigo de se

considerar a tecnologia como a única maneira de proceder,

desprezando-se outras alternativas possíveis, seja para intervir sobre a

realidade, seja para interpretá-la.

252

"[...] poder-se-ia temer a exclusividade de um pensamento

utilitarista que ponha de parte outras formas de pensamento

[...]" ( Sarramona, 1985: 110).

Em suma, a "escola do futuro", usando os meios ao seu dispor,

deverá preparar pessoas que sejam capazes de pensar, de planificar,

de se adaptar a condições de permanente mudança e tomada de

decisões, não esquecendo os mais altos valores humanistas, em ordem

à integral formação do indivíduo ao serviço da Humanidade.

Nesse sentido como tecnologia do futuro e nume perspectiva de

ensino à distância, enquadra-se o Moodle.

Moodle é um pacote de software para produzir disciplinas

baseadas na Internet e sítios Web. Trata-se de um projecto em

desenvolvimento que visa criar a base para um esquema educativo

baseado no construtivismo social.

Moodle distribui-se livremente na forma de Open Source (sob a

licença de Sofware Livre GNU Public License). Em resumo, isto quer

dizer que os direitos de autor estão protegidos, mas tem liberdades

adicionais: pode copiar o software, usá-lo e modificá-lo, sempre e

quando forneça o código fonte a outros, não modifique ou retire as

253

notas de copyright, e use o mesmo tipo de licença livre para qualquer

software que produza baseado neste.

Moodle poderá ser executado em qualquer plataforma que admita

PHP, e que possa suportar algum de entre vários tipos de bases de

dados (em particular MySQL).

A palavra Moodle referia-se originalmente ao acrónimo: "Modular

Object-Oriented Dynamic Learning Environment", que é especialmente

significativo para programadores e investigadores da área da educação.

Em inglês a palavra Moodle é também um verbo que descreve a acção

que, com frequência conduz a resultados criativos, de deambular com

preguiça, enquanto se faz com gosto o que for aparecendo para fazer.

Assim, o nome Moodle aplica-se tanto à forma como foi feito, como à

forma como um aluno ou docente se envolve numa disciplina "em-linha".

Quem utilizar o Moodle designa-se de Moodler.

Filosofia do Moodle

O design e desenvolvimento do Moodle seguem uma filosofia de

aprendizagem muito particular, um modo de pensar do qual pode ouvir

falar, em termos abreviados, como "pedagogia socio-construcionista".

254

A filosofia que está por detrás do Moodle tenta explicar em termos

simples o que aquela frase significa explorando os quatro principais

conceitos por detrás dela. Note que cada um deles resume um olhar

sobre uma imensa quantidade de variada investigação pelo que estas

definições podem parecer vagas se já tinha lido sobre estes assuntos

antes.

Construtivismo

Este ponto de vista defende que as pessoas constroem

activamente novo conhecimento ao interagirem com o seu ambiente.

Tudo o que lê, vê, ouve, sente e toca é confrontado com o seu

conhecimento anterior e se for plausível dentro do seu universo mental,

pode formar novo conhecimento que você passa a transportar. O

conhecimento é fortalecido se o puder usar com sucesso no seu

ambiente alargado. Você não é apenas um banco de memória que

passivamente absorve a informação, nem pode o conhecimento ser

"transmitido" para si simplesmente lendo algo ou ouvindo alguém.

255

Não quer isto dizer que não pode aprender ao ler uma página web

ou estando numa aula, claro que pode, só enfatiza que há mais

interpretação a acontecer do que uma mera transferência de informação

de um cérebro para o outro.

Construcionismo

O construcionismo afirma que a aprendizagem é particularmente

eficaz quando construíndo algo para outros experimentarem. Isto pode

ser qualquer coisa desde uma frase dita ou uma pequena publicação na

Internet, a artefactos mais complexos como uma pintura, uma casa ou

um pacote de software.

Por exemplo, pode ler esta página várias vezes e ainda assim

esquecer-se dela já amanhã – mas se tentasse explicar estas ideias a

outra pessoa usando as suas próprias palavras, ou fizesse uma

apresentação que explicasse estes conceitos, então garanto-lhe que

teria uma melhor compreensão que seria mais integrada nas suas

ideias. Por isto é que as pessoas tomam notas durante as aulas,

mesmo quando não voltam a olhar para elas.

256

Construtivismo Social

Isto estende as ideias apresentadas acima a grupos sociais

construindo coisas uns para os outros, criando em colaboração uma

pequena cultura de artefactos partilhados com significados também

partilhados. Quando alguém está imerso numa cultura deste género,

está a todo o momento a aprender como ser parte dessa cultura, a

diversos níveis.

Um exemplo bastante simples é um objecto como uma caneca.

Este objecto pode ser usado para várias coisas, mas a sua forma

sugere algum " conhecimento" sobre o conter de um líquido. Um

exemplo mais complexo é o de um curso on-line – não só as "formas"

das ferramentas de software indicam certas coisas sobre a maneira

como estes cursos devem funcionar, mas também as actividades e

textos produzidos no seio do grupo como um todo vão ajudar a definir

como cada pessoa se comporta dentro dele.

Ligados e Separados

Esta ideia entra mais a fundo nas motivações dos indivíduos no

seio de uma discussão. Comportamento de separação existe quando

alguém tenta permanecer "objectivo" e "factual", e tende a defender as

suas ideias usando a lógica para encontrar falhas nas ideias dos seus

opositores. Comportamento de ligação é uma abordagem de maior

257

empatia que aceita a subjectividade, tentando ouvir e colocando

questões numa tentativa de compreender o outro ponto de vista.

Comportamento construído existe quando uma pessoa é sensível a

ambas as abordagens e é capaz de escolher entre elas de acordo com

a situação.

Em geral, uma dose saudável de comportamento de ligação numa

comunidade de aprendizagem é um poderoso estimulante desta mesma

aprendizagem, não só aproximando as pessoas como promovendo uma

reflexão mais profunda e um re-pensar dos seus ideais presentes.

Uma vez pensando em todas estas questões, vai conseguir

concentrar-se melhor nas experiências que seriam melhores para

aprender do ponto de vista do aluno, em vez de apenas publicar e

avaliar a informação que pensa que eles necessitam. Pode também

ajudá-lo a perceber como cada participante num curso pode também

ser docente para além de aluno. O seu trabalho como "docente" pode

passar de ser "a fonte de conhecimento" a ser uma influência e um

modelo de cultura do conhecimento, comunicando com os alunos num

modo pessoal que vai de encontro às suas necessidades de

aprendizagem, e moderando discussões e actividades de um modo que

colectivamente encaminha os alunos para os objectivos de

aprendizagem da disciplina.

258

É óbvio que o Moodle não força este tipo de comportamento, mas

é nisto que é exímio. Futuramente, logo que a infra-estrutura técnica do

Moodle comece a estabilizar, novos melhoramentos no suporte

pedagógico serão a direcção principal do seu desenvolvimento.

Pela sua complexidade, o processo educativo está vinculado à

identificação dos subprocessos envolvidos que se vão manifestando

com as distintas contribuições científicas.

É uma ferramenta ainda relativamente desconhecida de muitos e

praticadas por também muito poucos. No entanto, ao ritmo que as

novas tecnologias são implementadas certamente que não vamos

esperar muitos anos para que também este passo possa ser dado rumo

às já referidas auto-estradas da comunicação.

É uma plataforma que precisa de um “grupo” para que os seus

resultados possam ser visíveis, pois parece-me existir um conjunto de

variáveis que só com uma perspectiva globalizante pode ser entendida

Se, ao incrementar-se esse número de variáveis torna mais difícil

a análise das inter-relações funcionais, dos efeitos que se produzem,

dos resultados a curto, a médio e a longo prazo, também é verdade que

se possibilita uma versão pedagógica integrada e totalizadora do

processo educativo que deve ter em conta uma maior profundidade e

extensão dos conhecimentos pedagógicos (Castillejo, 1996).

259

Tendo em consideração os objectivos e o público visado, o acto

pedagógico é um acto complexo que consiste em estabelecer

estratégias de ensino que permitam, segundo os métodos e os meios

utilizados, melhorar a aprendizagem, (Langouet, 1986). Deste modo, a

introdução destas tecnologias educativas é incontestavelmente um

potencial recurso que jamais poderá ser menosprezado, em ordem às

exigências de uma sociedade cada vez mais apoiada na globalização.

A investigação educativa, no seu conjunto, nunca teve como tema

preferencial a problemática dos meios em geral e das novas tecnologias

em particular. Todavia, foram feitas investigações em domínios chave,

como a Psicologia e a Teoria da Informação, tendo contudo esses

estudos sido realizados numa perspectiva da implicação desses meios

na aprendizagem dos alunos (Pons, 1992). Essas pesquisas mostraram

que os meios tecnológicos e a sua técnica comunicativa implícita

modificam substancialmente os processos de ensino e aprendizagem.

Acentuando esta ideia, Dias (1992: 3) refere:

"Observando os limites enquanto horizontes da capacidade de

representação e pensamento sobre o mundo através dos media

é também evidente que a complexidade mediática está

260

directamente relacionada com a especialização da produção

mental operada com e através dos media".

Young (1993: 147) constata que a investigação educativa e

referencialmente com o ensino à distância nem sempre se aplica da

melhor forma e nem sempre é aplicada da melhor forma a todos os

alunos:

"Gostaria de sugerir aos professores que prestem atenção a um

novo modelo de investigação e pensamento sistemático sobre a

prática, em especial quando a investigação clássica pôs de

lado, há muito tempo, a experiência e a perícia dos docentes".

A Comissão da Reforma do Sistema Educativo (1988c: 112) alerta

ainda para a necessidade de uma investigação pedagógica na área da

tecnologia educativa, quando refere:

"Não será demasiado realçar, também, a importância decisiva

que se atribui à investigação pedagógica [...]. A investigação em

educação, segundo a perspectiva das tecnologias educativas, e

a investigação em avaliação de processos educativos

261

emergem, assim, como bases fundamentais de um progresso

sistemático e eficaz no domínio da utilização das tecnologias da

informação no sistema educativo".

Como vemos, muito caminho temos a desbravar nas auto-

estradas da comunicação. No entanto nunca devemos esmorecer pois

aquilo que hoje são auto-estradas certamente já foram caminhos

sinuosos e difíceis de percorrer. De facto, parece-nos importante

identificar os problemas dos docentes na utilização das novas

tecnologias, quando lhes são exigidas soluções radicais no exercício da

sua actividade profissional, para fazer face aos grandes desafios das

inovações tecnológicas e comportamentais de uma sociedade em

permanente mudança.

A este propósito, a publicação "educare" faz referência ao uso das

novas tecnologias no ensino e à sua relação com aspectos sociais de

desenvolvimento.

A publicação salienta que: são os alunos de meios com índices de

desenvolvimento social baixos que mais utilizam a Internet nas escolas.

Esta é uma das conclusões de um estudo realizado no ano lectivo de

2003/2004, no âmbito do programa Nónio Século XXI, intitulado "As

Tecnologias de Informação e Comunicação: Utilização pelos Alunos".

262

263

PARTE II

INVESTIGAÇÃO

EMPÍRICA

264

265

CAPÍTULO 6

QUADRO TEÓRICO-

METODOLÓGICO

266

267

1. CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE

INVESTIGAÇÃO

As grandes transformações que têm vindo a ocorrer a partir da

década de 80, são sem dúvida as transformações económicas e sociais

provenientes da globalização da economia, do desenvolvimento das

novas tecnologias de informação e comunicação, das mudanças nos

padrões do trabalho e das estruturas sociais que deixaram de dar o

sentimento de segurança, de identidade e de estabilidade à sociedade,

nomeadamente às famílias e aos jovens.

A evolução tecnológica, sobretudo a expansão da Internet,

modificaram já os hábitos de uma grande faixa da nossa população e é

de prever que num curto espaço de tempo essa faixa se expanda. No

entanto a educação está, ainda hoje, organizada para uma sociedade

cujo modelo deixará certamente de existir. É por isso necessário tomá-

la capaz de responder a estes desafios, pois ela é o cerne do

desenvolvimento humano, quer a nível económico, tecnológico,

científico e organizacional, quer a nível político e social.

O Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal

(1997: 37), a propósito do Saber Disponível, diz:

268

"Na sociedade moderna o conhecimento é um bem de valor

inestimável, pelo que é necessário promover a criação de

mecanismos que contribuam para a sua consolidação e difusão.

Aceder à informação disponível constituirá uma necessidade

básica para os cidadãos e compete às diversas entidades

garantir que esse acesso se efectue de forma rápida e eficaz e

numa base equitativa. A Sociedade da Informação é uma

sociedade do primado do saber"

Nesse sentido, torna-se primordial apostar numa boa formação

para todos onde se incluam saberes nucleares, competências sociais e

pessoais, valores e atitudes que garantam a inserção na vida activa e a

capacidade de aprender ao longo da vida. A educação-formação para a

sociedade de informação, tem de ser fortemente dinamizada e as

últimas tecnologias de comunicação devem ser tidas em conta a todos

os níveis de ensino de um modo sustentado.

Independentemente de quaisquer enquadramentos sobre teorias

educativas, modelos sócio-políticos ou visões da escola, nunca é de

mais enfatizar a inevitabilidade do uso das TIC em contexto educativo.

269

Usar as TIC na escola coloca em jogo dois intervenientes

principais, para além da máquina: o professor e o aluno (não

esquecendo os encarregados de educação e toda a envolvência social).

É de todos que depende o sucesso da missão educativa.

O que pensam, como fazem e que expectativas têm os nossos

professores e alunos são realidades ainda pouco estudadas no nosso

país. É uma dessas vertentes que este trabalho faz emergir - a dos

professores.

Ora, de entre os diversos intervenientes no processo educativo, os

professores são os que se encontram na posição que é,

simultaneamente, a mais central e a mais vulnerável. Assinalar o papel

nuclear dos professores na organização escolar é quase desnecessário:

nada se pode fazer sem eles ou contra eles, um ponto que os primeiros

promotores das inovações descobriram, aliás, da forma mais

desagradável. Mas a sua vulnerabilidade é igualmente patente. Sendo

os executores derradeiros das políticas educativas, e a face mais visível

da organização, a sua situação é a mais exposta aos olhos dos

escrutinadores exteriores, que tendem a equacionar a produtividade da

escola com a qualidade (ou falta de qualidade) destes intermediários.

270

Estas duas características da posição dos professores em matéria

de adopção de inovações aconselham uma abordagem particularmente

cautelosa do impacto das TIC sobre a vida profissional dos docentes.

Precisamos de conhecer as consequências que a introdução das TIC

nas escolas terá sobre as tarefas tradicionais de ensino e sobre as

rotinas docentes. Necessitamos igualmente de apreciar o efeito

potencial das TIC sobre as relações que os docentes têm, por um lado,

com a matéria curricular, e, por outro, com os seus alunos e com a sua

auto-representação enquanto profissionais.

2. PROBLEMÁTICA E PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

2.1. A problemática

As sociedades modernas caracterizam-se por uma crescente

diversidade de meios educativos.

A tecnologia educativa, evoluiu muito. Numa primeira fase, deu

ênfase aos instrumentos tecnológicos e mais tarde com a dita evolução,

preocupou-se também com os problemas que daí poderiam advir, com

a utilização dessas mesmas tecnologias.

Esta preocupação, é expressa por diversos autores, entre eles

Gomez, (1986) que afirmou que as que as áreas a desenvolver dentro

da relação entre a acção educativa e utilização da tecnologia.

271

Segundo este autor, deveríamos elaborar uma taxonomia de

aplicações por objectivos, sectores e níveis de ensino.

Só assim e neste contexto, impõe-se a todas as instituições e a

cada um de nós, enquanto cidadãos responsáveis e esclarecidos, que

encaremos esta cultura globalizante como uma mais valia, capaz de

promover o enriquecimento cultural e a interiorização de valores, de

cooperação e entreajuda.

Além disso, como é que podemos canalizar todo o investimento

feito (por exemplo, em sede de Plano Tecnológico da Educação, entre

outras iniciativas oficiais ou/e oficiosas) em prol da aplicação e

promoção das TIC’s nas escolas? Como é que, de facto, o PTE está a

ser consolidado nas escolas. Qual a reacção dos professores e alunos à

sua implementação? E, para nos orientar melhor na procura das

respostas a estas questões, será importante, por exemplo, perceber o

grau de receptividade e de capacidade que as escolas e respectivos

actores escolares têm para concretizar os seus objectivos. Este

pressuposto é ainda mais importante no caso das escolas e professores

do 1.º CEB que, de forma explícita, não parece terem sido

contemplados com o PTE. E, no enquadramento global que se faz da

introdução e promoção das TIC’s, por influência directa deste PTE,

como está a ser avaliada a consolidação dos seus objectivos, não

272

apenas no grau da sua alegada implementação mas, especialmente, ao

nível das práticas e dos quotidianos curriculares, pedagógicos,

didácticos e organizacionais que se espera ter consolidado como

resultado mais absoluto desse mesmo PTE?

Nesta problemática entendemos pertinente desenvolver um

trabalho que nos permita conhecer melhor a realidade do nosso meio

próximo e como linha orientadora desse estudo, colocamos o seguinte

problema:

2.2. O problema

Estão as escolas e professores do 1º ciclo do Ensino Básico

receptivos para, pedagógica e didacticamente, utilizar as TIC’s,

nomeadamente o computador (entre outros paralelos), proporcionando

algo de inovador a quem nele trabalha e aprende, não esquecendo,

contudo, que essa receptividade dependerá em muito das condições

normativas, físicas, humanas e materiais e de um necessário ethos

cultural que favoreça a implementação e o uso das TIC’s por parte

desses actores educativos?

273

2.3. Objectivos da investigação

A reflexão sobre as vivências do nosso quotidiano induziu-nos à

análise da problemática que integra uma das questões centrais com que

se debatem as modernas democracias: aprender a viver juntos.

A escola detém, neste processo, especial responsabilidade pois

corresponde a uma das tarefas essenciais da educação «Ajudar a

transformar a interdependência real em solidariedade desejada»

(Delors, 1997: 41).

O reconhecimento da validade desta asserção e a necessidade de

avaliar se, “no terreno” estão criadas as condições para cumprir o

estabelecido no nº4 do art. 2º da lei de bases do Sistema Educativo (lei

nº46/86, de 14 de Outubro) «O Sistema Educativo responde às

necessidades resultantes da realidade social, contribuindo para o

desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos,

incentivando a formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e

solidários e valorizando a dimensão humana do trabalho» leva-nos a

estabelecer, para este estudo, os seguintes objectivos:

274

Objectivos gerais:

- Reconhecer o computador como instrumento potenciador do

sucesso educativo e de um desempenho profissional docente

organizacional, curricular, pedagógica e didacticamente optimizado;

- Perspectivar o computador como recurso estimulante e motivador

para os alunos no processo educativo;

- Referenciar o computador como um potencial recurso facilitador de

aprendizagens significativas na escola do 1.º CEB;

- Aprofundar o conhecimento sobre as potencialidades e a utilização

das TIC’s que delas se faz nas EB1 no concelho de Felgueiras;

- Estudar as principais mudanças provocadas pelo desenvolvimento

das Novas Tecnologias na Educação, designadamente pelo

incremento do PTE.

Objectivos específicos:

- Verificar a existência, nas EB1 do concelho de Felgueiras, de meios

(TIC’s) que permitam aos alunos ter uma educação e aprendizagem

mais autónoma e globalizante dos conteúdos curriculares;

- Aquilatar da receptividade dos docentes à introdução das novas

tecnologias na sua prática pedagógica.

- Saber se os projectos curriculares das turmas e das escolas,

incluem medidas especificas no âmbito dessa globalização;

275

- Averiguar o quadro de normas orientadoras ou serviços específicos

que existem para minimizar situações onde não existam essas

valências;

- Saber se os professores ao utilizarem na sua prática docente os

meios tecnológicos, o fazem ou não numa perspectiva construtivista

ou, em alternativa, numa perspectiva de um mero modismo laboral e

instrumental.

- Avaliar os instrumentos de que dispõem os professores de forma a

verificar se são suficientes ou se é necessário existir outro

instrumento de diagnóstico funcional;

- Averiguar a qualidade e quantidade dos meios de que dispõe o

professor do 1.º CEB, para a efectiva utilização e rentabilização

organizacional, curricular, pedagógica e didáctica das TIC’s na sala

de aula.

2.4. População – Amostra

Ao longo do desenvolvimento deste estudo, pretendemos

conhecer a realidade da população discente de Felgueiras no que se

refere ao uso das novas tecnologias.

A amostra sobre a qual irá incidir este estudo será o total das EB1

do referido concelho de Felgueiras.

276

Para avaliar a predisposição e competências dos docentes, para

contribuir para uma efectiva escola vocacionada para as tecnologias,

elaboraremos um questionário a tal vocacionado.

No que se refere ao conhecimento mais aprofundado do

entendimento dos docentes sobre esta problemática planeamos integrar

no universo de investigação os professores de cerca de cinquenta

escolas que constituem os cinco agrupamentos de escolas

geograficamente mais próximas do nosso local de trabalho. Serão

aplicados cerca de 250 questionários prevendo-se um índice de retorno

de cerca de 80%.

A recolha dos dados foi feita durante a primeira quinzena de

Setembro de 2008.

Uma vez recolhidas as respostas serão analisados os resultados

através de um tratamento de dados em Excel porque em simultâneo,

faremos uma leitura desses mesmos dados de uma forma mais

descritiva e além de baseada nos dados matemáticos, tentaremos

também ter por referência comentado pelos directores, coordenadores

de escola.

277

Distribuição dos questionários pelas escolas:

Agrupa

mento

Pré primário Primário 2º e 3º Ciclo Total %

Entr. Rec. Entr Rec. Entr Rec. Entr. Rec.

A 9 7 22 16 23 18 54 41 76%

B 11 8 19 14 25 20 55 42 76%

C 8 6 24 19 26 21 58 46 79%

D 7 6 17 13 19 16 43 35 81%

E 8 5 20 16 18 14 46 35 76%

Total 43 32 102 78 111 89 256 199 78%

Este quadro permite-nos ter uma ideia da matéria humana disponível nos

diversos agrupamentos do concelho de Felgueiras.

Conforme podemos ver, temos 5 Agrupamentos Escolares todos eles com os

diversos ciclos de escolaridade.

Os inquéritos foram entregues a todos os docentes.

278

3. INSTRUMENTOS UTILIZADOS

O termo investigar significa pesquisar, esquadrinhar, achar,

encontrar respostas para questões que se nos coloquem. Na raiz latina

do termo, investigação é "investigatio".

Para Rosa (in SÊCO, 1997: 111), "[...] investigação é uma

demanda daquilo que não se conhece. O investigador vai do que sabe,

os vestígios, para o que não sabe, o que os vestígios indiciam".

"Cada investigação é um caso único que o investigador só pode

resolver recorrendo à sua própria reflexão e ao seu bom senso" (Quivy

e Campenhoudt, 1992: 159).

Por considerarmos a investigação como um processo rigoroso e

sistemático de descrição e interpretação da realidade, utilizaremos

neste estudo procedimentos quer qualitativos quer quantitativos, pois

parece-nos que só assim poderão advir claras vantagens no processo

da investigação e resultados a obter.

Tendo em conta os objectivos que pretendíamos atingir, o

recurso ao inquérito por questionário pareceu-nos ser o procedimento

metodológico mais adequado.

279

Optámos pelo questionário porque, segundo vários autores por

nós consultados, é um instrumento de recolha de informação,

preenchido pelo informante, que constitui seguramente a técnica de

recolha de dados mais utilizada no âmbito da investigação sociológica.

Gil (1995: 124) define questionário como sendo

"[...] a técnica de investigação composta por um número mais

ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às

pessoas tendo por objectivo o conhecimento de opiniões,

crenças, - sentimentos,.interesses, expectativas, situações

vivenciadas,. [...] ".

O questionário apresenta uma série de vantagens, tais como:

atinge grande número de pessoas; garante o anonimato das respostas;

permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem

mais conveniente; não expõe os respondentes à influência das opiniões.

O questionário enquanto técnica de pesquisa apresenta algumas

limitações, tais como: não é aplicável a analfabetos; o inquirido pode ler

todas as questões antes de responder, o que não é conveniente e

facilita a resposta em grupo, nomeadamente se enviado por correio,

perturbando a informação; proporciona resultados bastante críticos em

280

relação à objectividade pois os itens podem ter significado diferente

para cada sujeito.

Tentamos que o questionário elaborado não fosse muito extenso,

que os itens fossem enunciados na voz activa, que tivesse um

vocabulário simples e acessível.

O questionário entregue aos professores é constituído por vinte e

quatro questões. Na primeira parte do questionário apresentamos uma

série de questões que têm como objectivo obter uma caracterização da

amostra. Assim, quisemos saber dos nossos representantes:

Idade;

Sexo;

Tempo de serviço;

Situação profissional;

Habilitação académica

Formação

icial.

A segunda parte do questionário é constituída por dezoito

questões, sendo dezasseis questões fechadas e duas abertas.

281

3.1. Validação

Este questionário foi testado numa população amostra de cerca

de 25 pessoas, que trabalham em 2 escolas deste concelho com

características diferentes.

Houve retorno de 19, motivo pelo qual afirmei que esperava

cerca de 80% dos inquéritos enviados.

Tal fidelização do questionário serviu-me de ponderação e

correcção para as perguntas que vieram a dar origem ao actual

questionário.

Não houve necessidade de fazer alterações significativas porque

as respostas, todas elas se adaptaram ao estudo que estava a fazer.

3.2. Fiabilidade

De modo a ser possível determinar se o questionário elaborado

mede o que o estudo propõe medir, realizou-se uma análise factorial a

três factores, com rotação Varimax a 25 componentes, assumindo como

critério os valores Eigen superiores a 1, obtiveram-se as seguintes

dimensões, que justificam um total de 72,55% da variância, conforme se

pode observar na tabela 1:

282

TABELA 1 – Estrutura factorial do questionário

ITENS Utilização PC Actividades Aplicações

Relação com o PC ,885

Usa a internet ,930

Comunica por e-mail ,868

Fins de utilização PC ,945

Usa o PC nas aulas ,822

TIC Quotidiano ,853

Outra ,647 ,196

Intercâmbio de rede ,954

Recreativa / Jogos ,938

Pesquisa informação ,893

Outra ,903

Processador de texto ,686

Multimédia / CD-ROM ,174 ,755

E-mail ,832

Internet ,835

Software Pedagógico ,735

% variância explicada 30,00 17,38 25,17

Valor próprio 4,800 2,781 4,027

Nota: Foram suprimidos todos os pesos dos itens com valor inferiores a 0.10 

Seguidamente, verificou-se a consistência interna do questionário

recorreu-se ao alpha de Cronbach, tendo sido obtidos os seguintes

apresentados na tabela 2:

283

TABELA 2 – Valores de consistência interna obtidos no presente estudo

 

Dimensões 

 

α do Estudo 

Utilização PC  ,832

Actividades  ,945

Aplicações  ,920

Conforme se pode observar, verificou-se a existência de valores

de alpha de Cronbach muito elevados em todas as dimensões, pois são

superiores a 0,8 na dimensão utilização de computador e sendo

superior a 0,90 nas dimensões actividades e aplicações, indicando que

o questionário tem uma consistência interna muito elevada.

Assim, podemos considerar que o questionário utilizado mensura

os factores que, efectivamente, pretende medir pois tanto a análise

factorial como a consistência interna apresentam valores que nos

permitem concluir que a escala elaborada tem uma fidelidade e validade

muito elevada.

284

3.3. Tratamento de dados

O tratamento de dados será um tratamento “misto e

personalizado “ ou seja: terei o rigor dos números coadjuvado pelo

comentário personalizado de cada Director dos estabelecimentos de

ensino. Teremos uma análise numérica, (Excel) e uma análise

descritiva.

Numa primeira fase, os dados serão tratados em excel em

termos gerais e será feito um comentário genérico a cada íten estudado.

Posteriormente, os dados principais tratados no inquérito,

aqueles que podem directamente influenciar os objectivos gerais e

específicos, serão analisados em comparação para podermos ter uma

perspectiva comparativa dentro de cada nível de ensino, coadjuvada

pelos Directores de cada estabelecimento de ensino.

Tal facto, deve-se à necessidade de darmos rigor ao nosso

estudo, tratamento em Excel, e ao mesmo tempo dar-lhe um cunho

humano porque afinal estamos e tratar de Educação, de Crianças e de

Pessoas.

285

CAPÍTULO 7

TRATAMENTO DO DADOS

286

287

1. ANÁLISE NUMÉRICA E COMENTÁRIO DE GRÁFICOS

-Distribuição dos professores por idade

A análise das idades, dos docentes inquiridos, torna-se bastante

relevante para a nossa análise. É bom saber se a formação contínua

funciona da mesma forma da formação inicial. Todos sabemos que a

formação inicial, é um fenómeno relativamente recente.

Gráfico 1 – Distribuição dos professores por idades

Conforme podemos observar, o grupo de professores inquirido, é

de três grandes grupos etários e distribuído de forma muito homogéneo.

Tal facto torna-se importante por uma questão de equidade nas

respostas.

288

- Distribuição dos professores por tempo de serviço

0

24

55

32

40

48

0

10

20

30

40

50

60

1-5anos

6-10anos

11-15anos

16-20anos

21-25anos

+de 25anos

Gráfico 2 – Distribuição dos professores por tempo de serviço

No gráfico anterior, especifica-se a distribuição dos professores

inquiridos, segundo o tempo de serviço Os intervalos fixados para a

divisão de tempo de serviço foram os definidos em estudos oficiais

(Ministério da Educação, 1993).

No que respeita à experiência profissional, segundo os anos de

serviço, podemos considerar que a amostra do presente estudo é, por

um lado, uma amostra “jovem” e por outro lado, uma amostra

constituída por professores com uma experiência profissional

significativa.

289

- Situação profissional

Gráfico 3 – Situação profissional

O gráfico acima apresentado, representa a situação profissional

dos elementos constituintes.

Por aqui podemos observar que estes professores têm uma

posição bastante estável na sua vida profissional não existindo nenhum

professor contratado.

Este tipo de população é-nos favorável para o nosso estudo

porque nos permite uma noção da evolução do ensino principalmente

no campo em estudo.

290

- Habilitações académicas

Gráfico 4 - Habilitações académicas

Neste gráfico faz-se a análise da amostra no que diz respeito ao

grau académico dos professores (licenciatura, bacharelato, mestrado,

doutoramento). Não foram contemplados outros graus académicos,

dado que os estabelecimentos de ensino constantes da amostra são

públicos e não admitem qualquer outro tipo de habilitação, não obstante

termos conhecimento da existência de professores não habilitados em

estabelecimentos do ensino privado.

291

Pelos resultados obtidos, pode afirmar-se que a amostra

apresenta um nível bastante médio, sendo que vários professores se

encontram a valorizar-se profissionalmente. No entanto, ainda não

concluíram motivo pelo qual predomina a licenciatura como habilitação

predominante.

- Formação Inicial

Gráfico 5 - Formação inicial

Este quadro, é revelador dos locais em que os professores

adquiriram a sua formação inicial. Torna-se importante para sabermos

se os diversos locais e tipos de formação inicial dão formação diferente

na área das novas tecnologias.

292

Isso levar-nos ia para uma questão diferente que passaria pela

análise dos currículos nacionais nas diversas escolas na área de novas

tecnologias.

No entanto, atendendo à diversidade de respostas, tal análise não

é muito importante precisamente devido à diversidade da formação.

- Material existente nas nossas escolas

Após uma análise dos intervenientes no processo, precisamos de

fazer uma análise ao material que as nossas escolas possuem.

Fizemos um levantamento do diverso material relacionado com as

novas tecnologias e os resultados foram os seguintes:

Gráfico 6 - Material existente nas nossas escolas

293

Estes resultados demonstram-nos que as nossas escolas estão

razoavelmente apetrechadas no que a material informático diz respeito.

Podemos observar que quase todos os professores inquiridos

possuem acesso a pelo menos um computador.

Nem sempre estão acompanhados da respectiva impressora mas

também pode ser que alguns dos professores trabalhem em equipa e

por isso não necessitem de impressoras e de scanner.

No entanto outro problema se pode colocar:

Será que os professores utilizam o material que têm ao seu

dispor? É isso que nos propomos ver nos gráficos seguintes.

294

16

24

32

1616

0

8

16

0

5

10

15

20

25

30

35

Raramente

RetroprojectorProjector deslidesTelevisão

Gravador deVídeoComputador

Scanner

Impressora

8 8

5648

96

32

96104

0

20

40

60

80

100

120

Bastantes vezes

Retroprojector

Projector deSlidesTelevisão

Gravador deVídeoComputador

Scanner

Impressora

Internet

158

119

15

39

7

86

1322

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Nunca

Retroprojector

Projector deslidesTelevisão

Gravador deVídeoComputador

Scanner

Impressora

Internet

16

48

9696

808080

56

0102030405060708090

100

Algumas vezes

Retroprojector

Projector deSlidesTelevisão

Gravador deVídeoComputador

Scanner

Impressora

Internet

Vejamos o uso que os nossos colegas dão ao material que

possuem dentro da sua sala:

Gráfico 7 – Material nunca usado Gráfico 8 - Material raramente usado

Gráfico 9 - Material usado algumas vezes Gráfico 10 - Material usado bastantes vezes

295

Já vimos que quase todas as escolas do nosso concelho possuem

computadores e mais importante que isso, a maioria dos professores

utiliza esse recurso com regularidade na sua sala de aula.

Mas… como aprenderam? Que tipo de formação tiveram os

professores do nosso concelho? Vejamos:

- Como se fez a sua iniciação no mundo informático

Gráfico 11 - Como se fez a sua iniciação no mundo informático

É de salientar, analisando este quadro que todos os colegas

consideram que têm mais ou menos formação. Alguns fizeram a sua

auto formação baseada na óptica do utilizador e sabem com se faz sem

saber porque se faz assim…

296

- Balanço da formação em TIC

Tentamos saber a opinião daqueles professores que de alguma

forma se preocuparam com a formação.

É de salientar que todos acharam positivo. Muito ainda se

encontram na expectativa daquilo que mais tarde estará para vir.

A maioria dos inquiridos, no entanto, teve uma opinião positiva ou

muito positiva sobre a formação nesta área.

Gráfico 12 - Balanço da formação em TIC

É com naturalidade que vemos os professores com diversos graus

de classificação até porque conforme vimos em gráficos anteriores, as

faixas etárias são diferentes.

297

É normal que os professores com mais idade, revelem menos

apetência e até por um grande saber de experiência feito ao longo dos

anos sintam que a utilidade desta formação é pouco reduzida.

Pelo contrário podemos ver que são mais aqueles que consideram

“muito positivo” do que aqueles que acham “pouco positivo”.

- De que âmbito foram as acções de formação em informática que

realizou?

Gráfico 13 - De que âmbito foram as acções de formação em informática que realizou?

É também importante saber que tipo de acções de formação os

professores realizaram.

Mesmo aqueles que se dedicaram à autoformação, de que forma

teriam sido?

298

Poucos foram aqueles que não frequentaram nenhuma formação.

Houve uma época que poderíamos chamar revolução informática

nas escolas que houve muita formação disponível para os professores

na área de Novas Tecnologias, principalmente oferecidas pelos Centros

de Formação de cada concelho.

Felgueiras, todos os anos teve formação por áreas e módulos.

Assim, o primeiro módulo era muito generalista, era mesmo para quem

estava no nível zero ou quase.

Quem frequentasse esses módulos com aproveitamento, era

condição necessária para prosseguir a formação em áreas mais

específicas.

- Como definiria a sua relação com o computador?

Gráfico 14 - Como definiria a sua relação com o computador?

299

Tendo os professores recebido formação e tendo pelo menos um

computador por sala, é importante ver até que ponto os professores

rentabilizam esse investimento.

Podemos ver que todos os professores dão uso ao computador

em contexto de aula.

Provavelmente, o uso dos computadores aumenta no sentido

inverso da idade dos inquiridos.

Daqui a uns anos, atendendo à evolução e ao incremento que tem

sido dado na aplicação das novas tecnologias, o computador cada vez

mais será usado para realizar múltiplas tarefas.

- Usa Internet?

Gráfico 15 - Usa Internet?

300

É também pertinente analisar que a grande maioria dos

professores, usa a Internet como fonte de consulta.

Nos tempo que estamos, parar costuma ser ficar

irremediavelmente para trás.

A educação deve ser encarada como uma comunicação entre os

diversos intervenientes e não uma mera transmissão de saberes

Sendo a Internet uma verdadeira auto-estrada da comunicação, é

um factor relevante sabermos que os professores dos nossos dias

pretende na sua grande maioria evoluir e acompanhar o ritmo que os

alunos e a própria sociedade lhes pede.

- Com que frequência comunica por e-mail?

Gráfico 16 - Com que frequência comunica por e-mail?

301

Cada vez mais o ensino é uma partilha de saberes em detrimento

de um saber transmitido num único sentido.

O desenvolvimento da informática e da electrónica provocou uma

autêntica revolução na comunicação entre os diversos intervenientes no

sistema de ensino.

A comunicação venceu barreiras, ultrapassou fronteiras, alargou o

conceito de global… transformou o mundo.

É de salientar a interacção entre os diversos vectores do ensino,

nomeadamente entre professores e alunos.

Também o processo burocrático entre escola e o professor

começou a ser rentabilizado já por uma margem significativa de

professores.

302

- Com que frequência utiliza o computador na preparação das suas

aulas?

Gráfico 17 – Com que frequência utiliza o seu computador na preparação das suas aulas?

Muitas são as aplicações que na preparação das aulas, podemos

dar às novas tecnologias.

Podemos ver que desde a simples elaboração dos trabalhos de

casa, concretamente no trabalho individual dos professores na

preparação de fichas, às pesquisas na NET sobre assuntos

relacionados com os trabalhos burocráticos da escola ou pelo simples

funcionamento logístico, quase todos os professores usam o

computador.

303

- Utiliza o computador em interacção com os alunos, no decorrer

das suas aulas?

Gráfico 18 - Utiliza o computador em interacção com os alunos, no decorrer das suas aulas?

Como aproveitam os professores a interacção que os

computadores podem fazer com os alunos dentro da sala de aula, é

outro dos itens questionáveis.

Poucos são os professores que nunca usam as novas tecnologias

no decorrer das suas aulas. Provavelmente, serão aqueles que não

possuem outros meios para poderem difundir aquilo que fazem em casa

como trabalho de base para apresentar aos alunos.

304

- Com que frequência utiliza as seguintes aplicações informáticas

com os alunos?

a) Processador de texto

Gráfico 19 – Frequência de utilização de processadores de texto

O computador como processador de texto, ainda é muito usado

pela maioria dos professores do nosso ensino.

Mesmo aqueles que revelam menos aptidões, velha máxima de uma

máquina de escrever…

305

Multimédia

Gráfico 20 – Frequência de utilização de Multimédia / CD-ROM

A utilização do material multimédia, “na óptica do utilizador”, tem

um grande impacto na utilização do material informático feita pelos

docentes do nosso concelho.

É uma forma relativamente fácil de trabalhar com o material multimédia

já existente. “Frequentemente” usam esse material.

306

Utilização do email

Gráfico 21 – Frequência de utilização de E-mail

A maioria dos colegas, já o usa. Provavelmente, esse número irá

aumentar nos próximos anos pois em muitos agrupamentos, já é

obrigatório cada colega possuir o seu e por isso, tornar-se-á uma

ferramenta “obrigatória”, mesmo para quem não gosta.

307

Internet

Gráfico 22 – Frequência de utilização de Internet

Os professores, geralmente, quando aderem a uma tecnologia,

aderem a várias. Aqui, talvez o comentário seja mais bem feito se

dissermos que os 26 professores que “nunca” usam a Internet, talvez

seja por não a possuírem em alguns estabelecimentos de ensino,

temporariamente ou em definitivo.

308

Software Pedagógico (Jogos)

Gráfico 23 – Frequência de utilização de Software Pedagógico: Jogos

Transmite-se muito a ideia que jogos não são para a escola. A

maioria dos professores, ainda não consegue encarar a escola como

uma coisa lúdica e onde também se pode brincar. Por isso, a maioria

dos professores, raramente encaram o jogo como uma ferramenta para

se poder ensinar e ao mesmo tempo aprender.

309

Outras utilizações

Gráfico 24 – Frequência de utilização de Outra

Se nem todos os professores sabem utilizar o computador em

termos básicos, mesmo na óptica do utilizador, muito menos em

técnicas e usos mais evoluídos e que estão ao alcance de poucos.

Estou a referir-me principalmente às plataformas de acesso em

redes à distancia, como são o caso do Moodle.

Os professores, principalmente os mais idosos, não foram

inseridos no devido tempo nessas modalidades e por isso, agora,

quando aderem, é só e “coisas” mais simples, estandardizadas e

comuns a todos os colegas.

310

Conforme comentamos nos gráficos anteriores, casos há em que

os professores, embora tenham computadores, pessoais ou da escola,

não têm forma de apresentar os trabalhos previamente elaborados por

falta de outros meios.

É de salientar que em paralelo com o mundo dos computadores

outro mundo apareceu e se desenvolveu que foi o mundo do software

educativo.

Alem de não sabermos se na elaboração dos trabalhos há

utilização de software, podemos observar a utilização de

“Multimédia/CDROM” e software pedagógico, nomeadamente jogos,

como material didáctico ao dispor de toda a comunidade educativa.

Esta série de gráficos , mais concretamente do 19 ao 24, permite-

nos concluir que os professores, quando possuem, na sua maioria,

utilizam os meios tecnológicos ao seu poder.

De salientar também algum receio sobre o aspecto legal,

relacionado com a utilização para “outros fins”.

No seguimento de outros itens já abordados, constata-se que os

mais novos são aqueles que mais utilizam em todas as vertentes.

311

- Actividades que realiza com os seus alunos

Comunicação e intercâmbio de rede

10

19

6960

41

0

10

20

30

40

50

60

70

Nunca

Raramente

Às vezes

Frequentemente

Muito Frequentemente

Gráfico 25 – Frequência de actividades de Comunicação e intercâmbio de Rede

A maioria dos professores, utiliza, às vezes, essa técnica com os

seus alunos.

Os mais novos são os que utilizam com mais frequência.

Com o passar dos anos, provavelmente maior número de professores,

utilizará esse tipo de comunicação.

312

Actividades recreativas

Gráfico 26 – Frequência de actividades Recreativas

As actividades recreativas, embora não façam parte do nosso

quotidiano, são frequentemente utilizadas principalmente no 2º e 3º

Ciclo, nas aulas de substituição.

Muitas são as situações em que sem se saber como, um professor

recebe uma turma em mãos sem ter nada preparado para esse tempo.

Assim, recorre com alguma frequência às actividades recreativas como

forma de auxiliar os professores.

313

Consulta e pesquisa

Gráfico 27– Frequência de actividades de Consulta e pesquisa de informação

Bastantes são os professores que já usam o computador como

forma de pesquisa. Uns como forma de valorização, outros como

curiosidade e como forma de não se sentirem ultrapassados pelos

colegas. De qualquer forma, uns e outros, vão-se enriquecendo

culturalmente…

314

Frequência de outras actividades.

Gráfico 28 – Frequência de outras actividades

Dedicar-se a “outras actividades”, para um leque muito grande de

professores, não passa de algo inatingível ou de uma extravagância ao

alcance de poucos.

Falamos assim porque nem todos os elementos conseguem

atingir um patamar daqueles mais evoluídos e só ao alcance daqueles

que possuem uma formação de base e só raramente ao alcance

daqueles que trabalham no computador na óptica do utilizador.

315

Encaminhar para quê?

Também é preciso ver como encaminhamos os nossos alunos nas

novas tecnologias.

Pô-los a fazer o quê?

É preciso ter muito cuidado com o encaminhamento que lhes

damos. Temos que os fazer sentir que as novas tecnologias são uma

ferramenta de trabalho e não mais que isso.

Conforme já disse, pensar que o computador é a solução para

todo o ensino, é um erro tão grave como imaginar que podemos

descurar completamente as novas tecnologias e viver num mundo

“orgulhosamente só.

Nas novas tecnologias, as crianças, têm um ritmo, que a maior

parte dos docentes tem dificuldades em acompanhar, mas, também

temos, enquanto docentes que ter a subtileza de induzir os nossos

educandos que nem tudo se resolve com as novas tecnologias.

O professor do futuro será aquele que sem esquecer a sabedoria

do passado, se adapta, compreende e lida com o presente.

316

- Com que frequência faz uso profissional das TIC no seu

quotidiano?

Gráfico 29 - Com que frequência faz uso profissional das TIC no seu quotidiano?

O uso profissional das TIC, nem sempre é apenas utilizados na

sala de aula. Muitas vezes a preparação, a apresentação e tiragem de

dúvidas, e posteriormente partilha de saberes.

Aliás é esse o grande segredo da Internet. Partilha sem receio,

colaboração e elaboração final.

317

- Como perspectiva a introdução das TIC ao nível do 1º ciclo do

Ensino Básico?

Gráfico 30 - Como perspectiva a introdução das TIC ao nível do 1º ciclo do Ensino Básico?

Todos sabemos dizer que as Novas Tecnologias são as auto-

estradas da comunicação. Muitas questões se colocam, nomeadamente

quando as introduzir aos nossos alunos.

Há quem defenda que as crianças devem primeiro tomar

conhecimentos empíricos suficientes e só posteriormente dedicar-se à

investigação autónoma. Mas também há quem defenda que as crianças

devem desde o jardim-de-infância tomar conhecimento das novas

tecnologias pois assim evoluem mais rapidamente e o factor adaptação

já não é necessário.

318

- Desvantagem em termos de domínio das TIC face aos alunos?

Gráfico 31 - Desvantagens em termos de domínio das TIC face aos alunos?

Será que o computador e as novas tecnologias são o remédio

para tudo? Certamente que ninguém pensa que sim. Não podemos

esperar que as novas tecnologias venham resolver os problemas todos

que o ensino acumulou ao longo de séculos.

No entanto também não devemos fazer do computador um bicho-

de-sete-cabeças pois deve ser considerado uma ferramenta de trabalho

para o professor e para o aluno e não um motivo de concorrência.

319

- Tarefas que costuma desenvolver quando recorre às TIC

Gráfico 32- Tarefas que costuma desenvolver quando recorre às TIC

Temos neste gráfico uma prova que os professores usam o

computador em contexto escolar.

Usam-no nas mais diversas vertentes: como consulta, como

processador de texto e também como actividade lúdico / recreativa.

Cada vez mais se torna a auto-estrada da comunicação sendo um

acessório para os diversos intervenientes.

320

- Vantagens do uso das TIC em contexto escolar

Gráfico 33 - Vantagens do uso das TIC em contexto escolar

Internet como auto-estrada da comunicação mas para quê em

contexto escolar?

Muitas são as formas de uso desse meio de comunicação cada

professor, melhor que ninguém, sabe como, e para quê utilizá-la.

Podemos deste quadro aferir que os professores a usam como

forma exploratória como forma de motivar os seus alunos e introdutória

dos seus saberes.

É bastante significativa a percentagem que serve para pesquisar e

para comunicação entre os diversos elementos do contexto escolar.

321

2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DESCRITIVO POR

FACTORES

Podemos analisar por factores estes quadros. Assim vamos

agrupá-los para podermos comentar tendo por referência os níveis de

ensino.

Esta análise surgiu após uma nova análise dos dados recolhidos

dos professores, desta vez de uma forma mais descritiva e com uma

particularidade de terem sido ouvidos os directores das escolas em

estudo. Estes, tiveram o condão de dar uma humanização à

interpretação dos resultados pois estamos a trabalhar com crianças e

sobre educação…

Factor personalização dos professores

Analisando o primeiro item e o segundo apresentados no

inquérito, posso adiantar não haver discrepância nos diversos ciclos de

ensino no que diz respeito à idade e á distribuição por tempo de serviço.

O mesmo não posso dizer em relação à situação profissional.

O tempo de formação inicial em Portugal, é diferente de ciclo para

ciclo. A maioria dos docentes do pré primário e do 1º ciclo, tiveram

formação inicial de 3 anos (alguns até de 2) e isso reflecte-se na

situação profissional pois uns chegaram mais cedo aos quadros de topo

que os outros.

322

No caso das educadoras, há ainda a realçar que grande parte

delas, devido à escassez de jardins-de-infância, trabalharam em locais

privados e por isso atrasaram muito a progressão na carreira.

Quanto às habilitações académicas, no seguimento do ponto

anterior, vemos que as Educadoras e os professores do 1º Ciclo até há

pouco tempo, tinham uma formação inicial muito mais curta que os

professores do 2º e 3º ciclo.

Enquanto os primeiros tinham formação de 3 anos o que se

apelidava de bacharelato, os professores do 2º e 3º ciclo geralmente

têm licenciatura, de 4 ou 5 anos.

Hoje em dia, já não é assim porque com a reestruturação dos

cursos, todos são obrigados a ter licenciatura embora umas um pouco

mais longas que outras.

Nota-se no entanto, que nas Educadoras e nos Professores do 1º

Ciclo, há uma maior vontade de progredir e a grande maioria desses

docentes, já foram actualizar-se e transformaram o bacharelato em

licenciatura ou em cursos de especialização (principalmente no Ensino

Especial) e, alguns, os mais novos, até já avançaram para o Mestrado

ou Doutoramento.

Podemos pois concluir que está haver uma maior homogeneidade

na formação.

323

Factor equipamento escolar

Como todos sabemos, não é só de docentes que o nosso sistema

de ensino vive. Entre outras coisas que podem marcar a diferença,

salientamos o apetrechamento das nossas escolas.

Neste particular, pela análise que fiz e pelos dados que podemos

observar nos inquéritos, a discrepância entre ciclos é muito grande, e,

mesmo entre o mesmo ciclo, há flutuações bastante acentuadas.

As escola que melhor estão equipadas, sem dúvida que são os

Jardins-de-infância. Perguntando às coordenadoras dos diversos jardins

que contactei, disseram-me que havia três razões fundamentais para

estarem mais bem equipadas: envolvimento dos pais, estabelecimentos

mais recentes e a faixa etária dos alunos.

Quanto aos equipamentos multimédia muito temos a referenciar. Nos

Jardins-de-infância, aos motivos acima mencionados temos acrescentar

que a rede de estabelecimentos Pré Escolares foi recentemente dotada

com um computador, uma impressora e ligação à Internet. Foi uma

intervenção pioneira do nosso poder local. Juntando a isso os outros

equipamentos que os jardins já apresentavam, podemos referir que

estão minimamente equipados e com tendência para melhorar.

324

Quanto aos outros ciclos há uma diversidade muito grande. As

escolas do 1º Ciclo mais antigas do chamado “plano centenário”, estão

mal e pouco equipadas com material informático. O equipamento que

possuem, é pouco e antigo. Nas escolas do mesmo ciclo, mas

construídas mais recentemente, já estão mais bem apetrechadas e

fundamentalmente com material mais moderno e adequado à realidade

actual.

Antes de passarmos ao 2º e 3º Ciclos, é de referir que no

concelho de Felgueiras, tem sido feito um esforço de modernização ao

nível do poder local. Em conversa que tive com algumas coordenadoras

de escola, foi-me referido que nos últimos anos, todas as salas de aula,

independentemente de serem de edifícios antigos ou recentes, foram

equipadas com um computador, impressora e ligação à Internet. Por

vezes faltam os consumíveis mas parece que também esse problema

está resolvido porque foi entregue ao poder local.

Quanto ao 2º e 3º ciclo, as escolas estão equipadas de uma

maneira mais uniforme. Como são equipadas de raiz com equipamento

vindo do Ministério geralmente o que vem para uma escola vem para as

outras.

Apenas aquelas que são construídas de novo, possuem material

mais novo o que é compreensível.

325

Nas escolas do 2º e 3º ciclo, por dados que recolhi junto dor

Directores Executivos, o equipamento de cada escola também está

dependente do empenho da direcção das escolas porque muitas vezes

são contempladas com material atribuído através de protocolos de

formação. Logicamente, um director executivo competente tem muitas

mais probabilidades de ter a sua escola melhor apetrechadas do que os

outros.

Factor aparecimento no mundo informático

Põe-se outro factor para análise: como, quando, para quê, e com

quem, o docente usa o computador?

Este factor é o mais subjectivo de todos porque implica o factor

humano. Quando os computadores chegaram à escola, eram um

“aparelho caro e complicado”. Os professores na sua grande maioria

não tinham formação inicial…

Por um lado, os professores mais novos, sabiam trabalhar nos

computadores mas não os tinham porque eram muito caros e pouco

acessíveis. Por outro lado os professores mais experientes, diziam não

gostar e não revelavam vontade de aprender. No entanto, como tudo na

vida e aqui em pouco tempo, houve uma massificação de oferta e com o

aumentar das exigências, quase todos os professores foram

“aprendendo” algo em relação aos computadores.

326

Por dados transmitidos informalmente pelos directores das

escolas, e confirmados pelos inquéritos, neste momento não há

professores sem formação em computadores. Uns, (os mais novos) tem

formação inicial, outros, tiveram formação contínua, geralmente dada

pelos centros de formação e ainda outros, foram “aprendendo a fazer”

através da auto formação ou da ajuda de amigos.

Alguns há até que foram mais além e tiraram formação

especializada.

Foi-me também dito pelos Coordenadores / Directores de escolas

(o que já tinha comprovado pelo inquérito) que hoje em dia todos os

professores, mais ou menos acham positivo o trabalho nos

computadores.

Factor utilização dos computadores pelos professores

Outro factor para análise consiste em saber qual o uso dado pelos

professores aos computadores. Será que o usam com convicção e

porque realmente acham ser um instrumento de trabalho conciliador,

abrangente e profícuo para o ensino? Ou será que apenas o usam de

uma forma rudimentar, como processador de texto, poucas vezes e com

uso irregular?

327

Nesse aspecto os professores do 2º e 3º ciclo, são aqueles que

mais e mais adequado uso dão ao computador. Temos muitas situações

em que a própria escola a tal “obriga” pois exige presença de muitos

documentos na plataforma “Moodle”.

O pré primário e o 1º Ciclo, vão evoluindo mas por vezes segundo

um Coordenador de Escola, devido à distância, nem sempre os

professores estão envolvidos e motivados para trabalharem em

plataformas colectivas.

No entanto, já disse anteriormente que esta revolução das novas

tecnologias demora o seu tempo.

Os professores, já todos usam o computador… uns como simples

processador de texto mas outros, (felizmente a grande maioria) com

múltiplas tarefas.

Quando se pergunta por exemplo se usam a Internet nas e para

as suas aulas, a grande maioria já o faz. Foi-me entretanto

confidenciado por um Coordenador de escola que alguns dos que não

utilizam a Internet é por não estar disponível na sua escola ou na sua

sala de trabalho.

Por falar em Internet, temos que onde existe, é uma autêntica

auto-estrada para o conhecimento, intercâmbio e partilha de ideias.

328

A grande maioria dos professores, já precisa quase

obrigatoriamente de ir ao seu mail diariamente pois a Escola enquanto

instituição assim o obriga.

No entanto, por intercâmbio, comodidade, ou pura conveniência, é

com os colegas que os professores mais partilham o correio electrónico,

o seu mail…

Quanto ao trabalho, propriamente dito, foi-me dito por uma

Coordenadora de Escola que o computador era muitas vezes utilizado

em casa como instrumento de pesquisa e elaboração de fichas de

trabalho ou testes. Na escola, cada vez mais essa auto-estrada do

conhecimento serve de ponte e relacionamento entre os alunos e os

professores. É cada vez mais um processo de ensino partilhado em

detrimento do ensino num único sentido…

329

3. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Concluída a análise dos dados empíricos, é tempo de passarmos

a uma avaliação final dos resultados obtidos, tendo presentes, como

horizonte de referência, os objectivos essenciais desta investigação.

Devemos recordar que estes objectivos, expressos de uma forma mais

ou menos sintética, eram os seguintes: conhecer a realidade das

escolas do 1º ciclo ao nível da TIC; reflectir sobre experiências

educativas relevantes no âmbito das TIC na educação; debater o papel

dos professores e das TIC na escola do sec. XXI e motivar as pessoas

e apoiá-las na aquisição de capacidades e de conhecimentos, de forma

a melhorar o seu nível técnico cultural, no âmbito da utilização das TIC.

Após um sumário retrato demográfico dos inquiridos tratamos de

apresentar as nossas conclusões relativas aos níveis de uso, ao treino

informático e às competências exibidas pelos professores e concluímos

com as referentes às atitudes face aos computadores e à disposição

para adoptar as TIC como ferramentas de ensino. Dado o enfoque

metódico do presente estudo, assinalamos igualmente os aspectos de

maior importância no que concerne ao desenvolvimento e validação dos

instrumentos de medida utilizados e às perspectivas de prossecução

desta investigação.

330

Nota-se que há uma grande faixa de docentes com fortes

inclinações tecnológicas e se esforçam por demonstrar a viabilidade

educacional das TIC, mas uma minoria do corpo docente das escolas

continua agarrada às rotinas quotidianas que se estabeleceram na

escola moderna há uma centena de anos e cuja persistência constitui,

no entender de alguns, a prova de que esta é, ainda hoje, hoje uma

tecnologia bem oleada. Felizmente são cada vez menos os obreiros

desta façanha.

Aceitamos este facto – segundo o qual, nem todos (felizmente

poucos) estão vocacionados para utilização educacional das TIC –

como um dado axiomático do nosso trabalho, quase não merecedor de

contraprova empírica. Podemos invocar algumas razões de senso

comum para o justificar a não totalidade. As escolas portuguesas, em

particular as escolas do 1º ciclo, só nos últimos anos começam e ficar

equipadas, a esmagadora maioria não tem recursos complementares ao

simples computador, e mesmo quando os tem, estes não existem em

número e em qualidade suficiente, e quando existem nem sempre

temos consumíveis ou verbas para manutenção. O currículo ainda não

está organizado de modo a permitir ou facilitar a implementação das

TIC, os programas são extensos e pouco integrados, a fragmentação e

o isolamento das condições do trabalho docente (principalmente no pré

331

primário e 1º ciclo) dificultam a experimentação e a inovação. Os

professores, graças a algumas iniciativas no âmbito da formação,

encontram-se na sua grande maioria preparados –técnica, e

pedagogicamente – para usar com os seus alunos, de forma fluida e

descontraída, equipamentos que apresentam o grau de complexidade e

de sofisticação exibida pelos computadores. Os materiais curriculares

de suporte – software educacional à cabeça – vão começando a existir

mas, a grande maioria é elaborado pelos próprios agentes do ensino.

Nestas condições, a utilização educacional das TIC representa

uma quase inevitabilidade, mas tudo leva a crer que estas condições,

pelo menos no que se refere à disponibilidade de equipamento,

precisam de ser aumentadas. Foi patente o empenhamento das

autoridades educativas, por exemplo, no esforço de equipar as salas

com material informático que permita o acesso generalizado à Internet,

sobretudo, no plano enunciado de dotar as salas de aula de todas as

escolas com pelo menos um computador. Concretizada essa fase, os

bloqueios materiais mais óbvios à integração curricular das TIC serão

removidos. Sobressairão então, com uma nitidez que hoje é ainda difícil

de apreciar, os factores humanos - pessoais e institucionais desta

realidade. Daí a orientação e o propósito essencialmente prospectivos

deste trabalho.

332

Nas escolas do 1º ciclo é onde se utilizam menos as TIC em

contexto educativo por parte dos alunos, podendo tal facto dever-se à

limitação do parque informático, pois apenas um computador por sala é

manifestamente pouco. No factor humano melhorou ao longo dos

últimos anos com o aparecimento de professores mais novos e

sobretudo com formação inicial e contínua em TIC.

Para aqueles que não tiveram formação inicial em TIC, poderá

dizer-se que um esforço de formação significativo fez melhorar a

situação. Atente-se no facto de os professores do 1º ciclo serem os que

mais acções de formação do ME realizam e, em simultâneo, os que

mais utilizam o computador em contexto educativo. Porém, essa

formação, nem sempre leva estes professores a uma maior utilização

pessoal e à utilização do computador para preparar as aulas.

Percebemos que a utilização das TIC não se limita às questões de

natureza educativa, mas ultrapassa-as na dinâmica da sociedade e da

organização do estado. Trata-se de uma problemática transversal que

não se limita a números, seja de computadores, de utilização ou mesmo

de acções de formação. A mudança da situação é um imperativo

nacional.

Estamos e estivemos perante uma situação em que os hábitos e

políticas educativas demoram uns anos a ser implementados.

333

Estudos comparativos

No entanto, de modo a determinarmos a existência de alguma

possível influência das variáveis amostrais como a idade, o tempo de

serviço, a situação profissional ou as habilitações académicas em

relação aos factores determinados: utilização dos computadores,

actividades e aplicações informáticas recorreu-se ao teste estatístico

ANOVA, o que nos permite concluir que não existe qualquer influência

das variáveis amostrais em relação às dimensões estudadas.

Ao realizar o teste ANOVA de modo a determinar a existência de

possíveis diferenças estatisticamente significativas entre os factores

estudados em função da variável idade verifica-se que não foram

encontradas quaisquer diferenças significativas entre os escalões

etários pois o valor de Sig determinado é sempre superior a 0,05,

conforme é apresentado na tabela seguinte.

334

TABELA– Teste ANOVA diferenças entre as dimensões estudadas e a

variável idade

Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Utilização PC Between Groups 0,466 2 0,233 0,231 0,794

Within Groups 196,534 195 1,008

Total 197,000 197

Actividades Between Groups 2,636 2 1,318 1,322 0,269

Within Groups 194,364 195 0,997

Total 197,000 197

Aplicações Between Groups 2,429 2 1,214 1,217 0,298

Within Groups 194,571 195 0,998

Total 197,000 197

Relativamente à influência da variável tempo de serviço e as

dimensões estudadas verifica-se que não existem quaisquer diferenças

estatisticamente significativas entre o tempo de serviço e as dimensões

estudadas, pois o valor de Sig determinado é sempre superior a 0,05,

conforme é apresentado na tabela seguinte.

335

TABELA – Teste ANOVA diferenças entre as dimensões estudadas e a variável

tempo de serviço

Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Utilização PC Between Groups 2,488 4 0,622 0,617 0,651

Within Groups 194,512 193 1,008

Total 197,000 197

Actividades Between Groups 4,124 4 1,031 1,032 0,392

Within Groups 192,876 193 0,999

Total 197,000 197

Aplicações Between Groups 7,157 4 1,789 1,819 0,127

Within Groups 189,843 193 0,984

Total 197,000 197

336

No que se refere à possível influência da variável situação

profissional nas dimensões estudadas verifica-se que não existem

quaisquer diferenças estatisticamente significativas entre a situação

profissional e as dimensões estudadas, pois o valor de Sig determinado

é sempre superior a 0,05, conforme é apresentado na tabela seguinte.

TABELA – Teste ANOVA diferenças entre as dimensões estudadas e a variável

situação profissional

Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Utilização PC Between Groups 0,903 1 0,903 0,903 0,343

Within Groups 196,097 196 1,000

Total 197,000 197

Actividades Between Groups 0,127 1 0,127 0,126 0,723

Within Groups 196,873 196 1,004

Total 197,000 197

Aplicações Between Groups 0,487 1 0,487 0,486 0,487

Within Groups 196,513 196 1,003

Total 197,000 197

337

Relativamente à possível influência da variável habilitações

académicas nas dimensões estudadas verifica-se que não existem

quaisquer diferenças estatisticamente significativas entre a situação

profissional e as dimensões estudadas, pois o valor de Sig determinado

é sempre superior a 0,05, conforme é apresentado na tabela seguinte.

TABELA – Teste ANOVA diferenças entre as dimensões estudadas e a variável

habilitações académicas

Sum of

Squares df

Mean

Square F Sig.

Utilização PC Between Groups 2,717 2 1,358 1,363 0,258

Within Groups 194,283 195 0,996

Total 197,000 197

Actividades Between Groups 1,865 2 0,933 0,932 0,396

Within Groups 195,135 195 1,001

Total 197,000 197

Aplicações Between Groups 2,564 2 1,282 1,286 0,279

Within Groups 194,436 195 0,997

Total 197,000 197

338

Analisando as tabelas apresentadas anteriormente podemos

concluir que as variáveis amostrais estudadas não causam qualquer

influência nas dimensões que foram estudadas nesta investigação, pois

não foram encontradas quaisquer diferenças estatisticamente

significativas.

339

CAPÍTULO 8

CONCLUSÃO

340

341

1. CONCLUSÃO

A sociedade actual tornou-se uma sociedade tecnológica dado

que as tecnologias estão na base e estruturam todas as boas e más

mudanças e evoluções sociais, afirmando-se como factores

condicionantes de desenvolvimento. Os nossos governantes são o

exemplo mais típico disso quando incentivam e financiam campanhas

como o “Choque Tecnológico” ou o “Programa Escolinhas” ou mais

recentemente os computadores “Magalhães”.

Vivemos pois, uma mudança de paradigma em todos os domínios

sociais, que alimenta um debate sobre a perda e/ou sobre relatividade

de valores. Permite-nos também, tal como referi nos objectivos gerais

reconhecer o computador como potenciador do sucesso educativo

Trata-se de uma transição para uma sociedade cujos contornos já se

encontram perfeitamente definidos, onde é perceptível um mundo

progressivamente mais globalizado, caracterizado pelo encurtamento de

distâncias e rapidez de factos e de acontecimentos.

A mudança de paradigma que vivemos aparece com diferentes

designações: sociedade de informação, sociedade do conhecimento,

sociedade pós-moderna, entre outras. Será, talvez, mais adequado

designá-la de sociedade de pós-informação se valorizarmos não os

aspectos de massificação mas de personalização, pois a emergência da

342

pessoa configura-se como o traço essencial duma contemporaneidade

com esperança para a construção de uma sociedade mais justa, mais

livre e com maior coesão desafiando para a construção de um novo

ethos mundial.

Em função deste trabalho, e tendo sempre por base o concelho de

Felgueiras, reconheço que em função dos objectivos que serviram para

alicerçar este trabalho e por conseguinte alimentar a problemática do

mesmo, os objectivos gerais, estão a ser conseguidos.

Digo que estão a ser porque este processo de mudança e

adaptação, tal como tudo em educação é um processo lento e gradual.

Embora todos gostássemos de ver resultados mais imediatos, temos

que admitir que a mudança, quanto mais lenta e consistente for, mais

profícua se torna por fica mais assimilada por todos em detrimento de

alguns.

Objectivos gerais que visam reconhecer o computador como

instrumento potenciador do sucesso; como recurso estimulante e

motivador, como potencial recurso facilitador de aprendizagens

significativas na escola do 1.º CEB, analisando este trabalho e

pensando a nível nacional e nas políticas introduzidas pelos nossos

governantes, digamos que estão a ser conseguidos gradualmente.

343

É hoje irrecusável a aceitação de que as Tecnologias de

Informação e Comunicação ocupam um espaço vital da nossa

funcionalidade quotidiana.

Se as TIC entraram no quotidiano das pessoas já há algum tempo,

não podemos esquecer que os alunos, professores e todos os

intervenientes directos no processo de aprendizagem, bem como todos

os componentes humanos das comunidades educativas são pessoas e

por tanto, já transportaram para o quotidiano das escolas os

procedimentos intuitivos inerentes a estas tecnologias. Muitas vezes,

sentiram-se a isso obrigados para não se atrasarem na tal auto-estrada

da informação.

Daí à sua utilização didáctica tem sido uma caminhada. A sua

utilização educacional generalizada, seguindo modelos, regras e

suportes teóricos autónomos, é também um pequeno passo que, quanto

a mim, para os docentes, está a ser dado com segurança e

objectividade e sobretudo com muita consistência. Tal constatação

permite-nos passar a outra questão ainda referente com os objectivos

gerais segundo o qual, temos dúvidas se há recursos suficientes para

implementar as TIC.

344

Analisando os dados referentes a todo o levantamento feito no

concelho de Felgueiras, falando portanto em objectivos específicos,

integrando nos objectivos gerais e nas políticas Nacionais, foram várias

as etapas seguidas nos diversos ciclos, que terminaram com o equipar

de todas as escolas com mais ou menos material informático e com

utilização de rede de Internet…

Os objectivos específicos deste trabalho, pelo que pude constatar,

também se verificaram muito pela receptividade dos docentes à

introdução das novas tecnologias na sua prática pedagógica (principal

obj. específico).

Há obviamente resistências, como em qualquer processo de

mudança, mas, para Manuel Luís Pinto (2002: 316),

“(...)desde que num dado momento do último quartel do século

passado pequenos computadores de teclado de borracha,

capazes de se ligarem a uma televisão normal e com uma

linguagem simples e eficaz (o BASIC) incorporada, foram num

dado Natal o presente mais comprado para os pais darem aos

filhos, estava traçada uma linha de rumo que iria aportar as TIC

para o interior das escolas como algo inevitável”.

345

No concelho de Felgueiras, mais uma vez refiro que seguindo as

linhas programáticas nacionais, as escolas, fruto de uma política

agressiva do poder local, também evoluiu e pelos dados que

analisamos até aqui, também se revelam os mesmos factores:

• Escola já equipadas com algum material informático (a

necessitar de mais…)

• Professores motivados e com material próprio (na grande

maioria)

• Intercambio quase perfeito entre os diversos agentes de ensino

com as novas tecnologias.

Com necessidade de melhorar, temos a intervenção dos pais

nesta grande roda chamada educação para o futuro…

Importa também saber como esta mudança vai influenciar as

novas gerações no contexto educacional em todas as suas

componentes.

Não é legítimo afirmar que sem as TIC a Educação, como

qualquer subsistema social, ou a Educação como conjunto de ciências

reguladoras da aprendizagem, não sofreria evolução. Com certeza que

sim. Pensamos, no entanto, que não seria esta.

Tudo quanto tenha efeito sobre a informação tem-no sobre a

aprendizagem.

346

Concluir que as TIC têm um papel decisivo no processo de

transformação que os modelos educativos estão a sofrer, vai um passo

simples e coerente.

Concluímos que tal como advogáramos no objectivo geral

“Estudar as principais mudanças provocadas pelas Novas Tecnologias

na Educação” as TIC devem estar o mais possível presentes na

formação inicial de professores, sendo importantes que os formandos

vão muito para além do seu simples domínio instrumental. Para isso,

elas devem ser enquadradas por uma pedagogia que valorize sobretudo

a pessoa que aprende e os seus projectos, debatendo as grandes

questões, promovendo permanentemente uma atitude crítica.

Assim sendo, a formação não se reduz à vertente técnica, segue o

modelo das pedagogias que fazem do formando um simples receptor de

um currículo pré estabelecido. Não se trata, apenas, de uma diferença

de estilo, remetendo para uma participação activa dos formandos. Pelo

contrário, trata-se de uma perspectiva de encarar a formação que alia

as possibilidades multifacetadas das TIC com as exigências de uma

pedagogia centrada na actividade exploratória, na interacção na

investigação e na realização de projectos. Ou seja uma pedagogia

centrada no desenvolvimento da pessoa em formação que não perde de

vista a autenticidade dos objectivos formativos visados.

347

Na verdade, como um novo espaço pedagógico, oferecem

grandes possibilidades e desafios para a actividade cognitiva, afectiva e

social dos alunos e dos professores de todos os níveis ensino, desde o

Jardim de Infância à Universidade. Mas, para que isso se concretize é

preciso olhá-los de uma nova perspectiva. Até aqui os computadores e

a Internet têm sido vistos sobretudo como fontes de informação e como

ferramentas de transformação dessa informação. Além disso, alunos,

professores e computadores têm sido localizados quase exclusivamente

nas salas de aula. É chegada a altura de alargar os horizontes:

“Uma alternativa a esta abordagem são os estudos culturais e os

estudos dos media que não se debruçam apenas sobre a noção

de tecnologia entrando na escola, mas também sobre a noção do

utilizador da tecnologia baseado na escola entrando no mundo da

tecnologia. O computador, por exemplo, pode localizar o utilizador

no ciberespaço, um espaço alternativo sem espaço e fornecer o

potencial para que o estudante, como qualquer outro utilizador

explore e assuma muitas outras identidades e se torne parte de

uma cibersociety e de comunidades no ciberespaço” (Silva, 2001:

10).

348

O que se propõe a cada cidadão do futuro - e portanto a cada

aluno e a cada professor - é não só consumir, mas também produzir. É

não só produzir mas também interagir. E, deste modo, integrar-se em

novas comunidades, criar novos significados num espaço muito mais

alargado, desenvolver novas identidades.

Para se conseguir que as TIC ocupem na educação o lugar que

lhes cabem é preciso, segundo Silva (1999: 56), resolver um paradoxo:

“(...) por um lado, promovendo as TIC, isto é, pondo de parte os

receios e os preconceitos, integrá-las plenamente nas instituições

educativas, criar condições de acesso facilitado, generalizar as

oportunidades de formação (...) por outro lado, criticando as TIC,

isto é, mostrando que elas têm de ser enquadradas por uma

pedagogia que valorize sobretudo a pessoa que aprende e os

seus projectos, mantendo uma permanente preocupação crítica

com a emancipação humana (...)”.

O problema com que nos defrontamos não é o simples domínio

instrumental da técnica para continuarmos a fazer as mesmas coisas,

com os mesmos propósitos e objectivos, apenas de uma forma um

pouco diferente. Não é tornar a escola mais eficaz para alcançar os

349

objectivos do passado. O problema é levar a escola a contribuir para

uma nova forma de humanidade, onde as TIC estão fortemente

presentes e fazem parte do quotidiano, sem que isso signifique

submissão à tecnologia.

As TIC podem contribuir de modo decisivo para mudar a escola e

o seu papel na sociedade. A escola pode passar a ser um lugar da

exploração de culturas, de realização de projectos, de investigação e

debate. O professor poderá ser um elemento determinante nestas

actividades. Isso não acontecerá por ensinar novos conteúdos de

literacia informática, muito menos como administrador de pacotes de

AEC, o menos ainda como instrutor de Microsoft Word de Netscape.

Acontecerá porque ele se envolve na aprendizagem como aluno, com

os colegas e com outras pessoas da sociedade em geral, deixando de

ser aquele que apenas ensina, para passar a ser, sobretudo, aquele

que (co)aprende e promove a aprendizagem , Falamos pois em

interacção educativa em que cada vector é apenas um dos elementos

da engrenagem.

Pensando agora em função dos objectivos anteriormente definidos

que quanto aos objectivos gerais, concretamente “reconhecimento do

computador como instrumento potenciador de sucesso”, “ …como

recurso estimulante e motivador para os alunos”, podemos afirmar que

350

foram plenamente confirmados através das políticas de reestruturação

levadas a cabo pelo governo e que tiveram agora o seu epílogo com a

campanha do “Magalhães”, fazendo-o chegar a todos os alunos do 1º

Ciclo.

Pela análise dos quadros anteriormente apresentados, também

podemos ver nas frequências com que os diversos intervenientes usam

as novas tecnologias, para uso lúdico, uso programático ou até como

ferramenta de trabalho na própria sala.

Quanto aos outros objectivos gerais, mais relacionados com o

estudo as capacidades físicas que as escolas dispõem, principalmente

a nível nacional mas também e principalmente a nível local, podemos

constatar que embora as escolas estejam mais bem equipadas, muito

caminho há ainda a percorrer.

Neste momento, podemos dizer que as sementes estão lançadas,

e aqui em Felgueiras, estão muito produtivas.

Quanto aos objectivos específicos, confirmam também eles os

objectivos gerais mas ainda com mais veemência. Confirmaram-se

pelos quadros apresentados que os professores têm adquirido vontade

de aprender e isso nota-se no uso dos PC particulares . aquilo que até

há pouco tempo era uma vaidade e um luxo, hoje é uma ferramenta de

trabalho e um meio tão necessário como o lápis ou o papel.

351

De tal maneira podemos constatar estes dado que hoje em dia,

quase toda a documentação que o professor precisa de utilizar, e

enviar, já é exigível em suporte informático e não em papel.

2. RECOMENDAÇÕES FINAIS

O espírito dos tempos e a vontade dos homens tornarão inevitável

a banalização das TIC no ensino Podemos não saber bem quando, a

que ritmo se tornarão as TIC uma presença indispensável nas escolas

e, certamente, não sabemos como, que modalidades específicas

assumirá essa fase da presença quotidiana e usuária. Há uns anos

atrás, a palavra Internet era ainda um termo relativamente

desconhecido da maioria dos docentes. Para o público em geral nada

significava. Hoje, a ligação das escolas à rede global é uma prioridade e

uma realidade das autoridades políticas e educativas, de tal modo que a

Internet tende a dominar o discurso relativo a utilização escolar dos

computadores.

Assumindo, por conveniência do argumento, que a adopção

educativa das TIC é uma algo positivo, que recomendações podemos,

no termo deste estudo, oferecer a todos os que desejam torná-la mais

efectiva? O sucesso da implementação de uma inovação educacional

não é uma coisa simple, que possa resolver-se por aplicação de um

352

algoritmo, por mais sofisticado e complexo que este se apresente. Não

há, como sabemos, receitas para o sucesso. Nem este estudo teve a

pretensão de investigar todas as circunstâncias que presidem, em cada

caso concreto ao desenlace de uma determinada inovação. Pela nossa

parte concentramo-nos apenas num grupo de factores potencialmente

interessantes a que chamamos de uma forma talvez demasiado

abrangente, atitudes. Foi nossa convicção orientadora que as diversas

atitudes dos professores face aos computadores sejam instrumentais

para que estes decidam utilizar (ou não) as novas tecnologias como

instrumentos potenciadores das suas actividades lectivas.

Neste contexto, parece-nos que os responsáveis políticos e

educacionais deverão ter em linha de conta que o sentido de

competência pessoal e as atitudes informáticas dos professores são

factores determinantes do sucesso da implementação das TIC no

ensino, importância decisiva.

O investimento em novas tecnologias é prioritário para assegurar

o sucesso das TIC na educação. Investir em equipamentos e recursos

é, certamente, indispensável. Trata-se de uma banalidade que a

ninguém ocorreria desmentir. Sem omeletas, como diz o velho ditado,

não se fazem ovos. Mostrámos neste trabalho, no entanto, que a

existência ou a visibilidade dos equipamentos não afecta, em

353

substância, o nível de uso presente das TIC nas escolas. Muito

importante é, como dissemos, a confiança e o sentimento pessoal de

preparação para usar as TIC manifestado por cada um para utilizar as

TIC no seu ensino. Daí que seja indispensável, para garantir que os

equipamentos adquiridos não definhem nos armários e nas salas de

recursos, que os professores saibam como utilizá-los. É mesmo

recomendável, atendendo ao ritmo quase vertiginoso da evolução

tecnológica actual, que as acções de formação antecedam no tempo a

aquisição do material, o suficiente para que esses equipamentos

encontrem nas escolas docentes dispostos a usá-los com rentabilidade.

Os professores, no seu conjunto, têm atitudes positivas face às

TIC. Contrariamente ao ponto de vista vulgarizado que considera o

corpo docente como um grupo refractário às tecnologias e propenso à

rotina, a maioria dos professores não encara os computadores como

uma ameaça e mostra-se disposta a usá-los, cumpridas certas

condições, nas suas actividades de ensino.

Propusemo-nos com este trabalho construir as linhas de um

quadro interpretativo passível de perspectivar de forma auto consistente

a base da concepção e desenvolvimento de projectos de educação na

nossa contemporaneidade, nos quais as tecnologias de informação e

354

comunicação não podem estar ausentes como meios de trabalho e de

realização pessoal.

Fizemo-lo, portanto, procurando um sentido para a compreensão

da sociedade actual e das suas inter-relações com a Educação numa

tentativa de articular, de forma muito lata, as abordagens científica e

sociológica. Esta não é, com certeza, a solução ou uma solução, mas

uma via, uma resposta razoável, em termos de Educação e

Desenvolvimento.

355

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373

ANEXOS

374

QUESTIONÁRIO

Este questionário insere-se num trabalho sobre a Integração

das TIC no Processo de Ensino-Aprendizagem. O nosso principal

objectivo é recolher informações, junto dos professores, sobre o

tipo de equipamentos existentes nas escolas do 1o Ciclo, formação

na área da informática e utilização do computador na sala de aula.

Gostaríamos que respondesse com a maior sinceridade è

objectividade possíveis, pois das suas respostas depende, em

grande parte, a qualidade final deste estudo. A sua colaboração é

decisiva.

Todas as informações obtidas no presente questionário são

absolutamente confidenciais, não podendo ser utilizadas para

outros fins que não as do presente estudo.

Muito obrigado pela sua colaboração!

375

Parte I - Dados Pessoais

(coloque um X na quadrícula referente à sua situação)

1 - Idade:

a) 20 - 29 c) 40 – 49

b) 30 - 39 d) ≥ 50

2 - Género:

a) Masculino

b) Feminino

3 - Tempo de serviço docente:

a) 1 - 5 anos d) 16 – 20 anos

b) 6 – 10 anos e) 21 – 25 anos

c) 11-15 anos f) > 25 anos

4 - Situação Profissional:

a) Professor do Quadro de Escola

b) Professor do Quadro de Zona Pedagógica

c) Professor Contratado

376

d) Outra Qual?______________

5 - Habilitação académica:

a) Mestrado

b) Pós - Graduação/Parte Curricular de Mestrado

c) Licenciatura

d) Bacharelato

e) Outra Qual? ______________

6 - A sua formação inicial foi feita:

a) No Ensino Superior Universitário

b) Instituto Superior Politécnico (Escola Superior de Educação)

c) Magistério Primário

d) Outra Qual?___________

377

Parte II - Situação Escolar

(coloque um X na quadrícula referente à sua situação)

7 - A seguir, enumeram-se alguns equipamentos didácticos. Assinale os

existentes na sua escola (coloque um X na quadrícula correspondente a Sim ou

Não, conforme o caso).

Não Sim

a) Retroprojector

b) Projector de Slides

c) Televisão

d) Gravador de Vídeo

e) Computador

f) Scanner

g) Impressora

h) Internet

8 - Relativamente aos equipamentos mencionados na questão anterior, diga se

alguma vez, em qualquer momento da sua carreira de professor(a), os usou

com os seus alunos, na sala de aula.

Nunca Raramente Algumas Bastantes

vezes vezes

a) Retroprojector

b) Projector de Slides

378

c) Televisão

d) Gravador de Vídeo

e) Computador

f) Scanner

g) Impressora

h) Internet

9 – Como se fez a sua iniciação no mundo informático?

a) Ainda não se fez

b) Auto-formação

c) Apoio de familiar/amigo(a)

d) Formação inicial

e) Formação contínua

f) Formação especializada

10 - Se realizou acção(ões) de formação em informática que balanço faz

dessa(s) acção(ões) tendo em conta os efeitos que tiveram no uso das TIC

junto dos seus alunos?

a) Nada positivo c) Razoavelmente Posit ivo

b) Pouco posit ivo d) Posit ivo

e) Muito posit ivo

379

11 - De que âmbito foi a maioria das acções de formação em informática que

realizou?

a) Não realizei nenhuma acção de formação

b) De âmbito generalista

c) De âmbito específico

12 - Como definiria a sua relação com o computador?

a) Não trabalho com o computador

b) Raramente uso computador

c) Uso o computador apenas para processar texto

d) Uso bastante o computador para realizar múltiplas tarefas

(material pedagógico)

13 - Usa a Internet?

a) Nunca b) Raramente C) Às vezes

d) Com frequência e) Com muita frequência

14 - Com que frequência comunica por e-mail?

a) Nunca

b) Raramente

380

c) Às vezes

d) Com frequência

e) Com muita frequência

15 – Com que frequência utiliza o computador na preparação das suas aulas?

a) Nunca

b) Raramente

c) Às vezes

d) Com frequência

e) Com muita frequência

16 – Utiliza o computador em interacção directa com os alunos, no decorrer

das suas aulas?

a) Nunca b) Raramente C) Às vezes

d) Com frequência e) Com muita frequência

381

17 - Com que frequência utiliza as seguintes aplicações informáticas com os

alunos?

Aplicação Nunca Raramente Às

vezes Frequentemente

Muito

Frequentemente

Processadores

de texto

Multimédia /

CD-ROM

E-mail

Internet

Software

Pedagógico:

Jogos

Outra

18 - Indique com que frequência realiza os seguintes tipos de actividade com

os seus alunos quando estes utilizam as aplicações informáticas que referiu

na questão anterior?

Actividades Nunca RaramenteÀs

vezes Frequentemente

Muito

Frequentemente

Comunicação

e Intercâmbio

de Rede

382

Recreativas e

jogos

Consulta e

pesquisa de

informação

Outras

19 - Com que frequência faz uso profissional das TIC no seu quotidiano?

a) Nunca b) Raramente C) Às vezes

d) Muitas vezes e) Sempre

20 - Como perspectiva a introdução das TIC ao nível do 1o Ciclo do Ensino

Básico?

a) Nada importante b) Bastante importante

c) Pouco importante d) Muito importante

21 - Sente-se em desvantagem em termos de domínio das TIC face ao domínio

apresentado pelos alunos?

a) Não b) Sim

Porquê? _______________________________________________________

383

22 - No seu entender qual é, para a escola/professores, o obstáculo mais difícil

de ultrapassar no que respeita a uma real integração das TIC no ensino e

aprendizagem? (indique todos os obstáculos atribuindo-lhes uma ordem de

importância, sendo que 1 é mais importante e 5 é menos importante)

a) Falta de meios técnicos (computadores, salas, etc.)

b) Falta de recursos humanos específicos para apoio do professor face às

suas dúvidas de informática (por exemplo, a existência de um técnico de

informática ao serviço dos professores)

c) Falta de formação específica para a integração das TIC junto aos alunos

d) Falta de software e recursos digitais apropriados

e) Falta de motivação dos professores

23 - Que tarefas costumam desenvolver quando recorre às TIC?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

24 - Aponte algumas vantagens do uso das TIC em contexto escolar.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Obrigado pela sua colaboração!

Carlos Augusto Guimarães

384

385

ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Distribuição dos professores por idades Pág. 287

Gráfico 2 – Distribuição dos professores por tempo de

Serviço Pág. 288

Gráfico 3 – Situação profissional Pág. 289

Gráfico 4 - Habilitações académicas Pág. 290

Gráfico 5 - Formação inicial Pág. 291

Gráfico 6 - Material existente nas nossas escolas Pág. 292

Gráfico 7 – Material nunca usado Pág. 294

Gráfico 8 - Material raramente usado Pág. 294

Gráfico 9 - Material usado algumas vezes Pág. 294

Gráfico 10 - Material usado bastantes vezes Pág. 294

Gráfico 11 - Como se fez a sua iniciação no mundo

Informático Pág. 295

Gráfico 12 - Balanço da formação em TIC Pág. 296

Gráfico 13 - De que âmbito foram as acções de

formação em informática que realizou? Pág. 297

Gráfico 14 - Como definiria a sua relação com o computador? Pág. 298

Gráfico 15 - Usa Internet? Pág. 299

Gráfico 16 - Com que frequência comunica por e-mail? Pág. 300

Gráfico 17 – Com que frequência utiliza o seu

computador na preparação das suas aulas? Pág. 302

Gráfico 18 - Utiliza o computador em interacção com os

alunos, no decorrer das suas aulas? Pág. 303

Gráfico 19 – Frequência de utilização de processadores de

texto Pág.304

386

Gráfico 20 – Frequência de utilização de Multimédia /

CD-ROM Pág. 305

Gráfico 24 – Frequência de utilização de Outra Pág. 306

Gráfico 27 – Frequência de actividades de Consulta e

pesquisa de informação Pág. 313

Gráfico 28 – Frequência de outras actividades Pág. 314

Gráfico 29 - Com que frequência faz uso profissional das

TIC no seu quotidiano? Pág. 316

Gráfico 31 - Desvantagens em termos de domínio das

TIC face aos alunos? Pág. 318

Gráfico 32- Tarefas que costuma desenvolver quando

recorre às TIC Pág. 319

Gráfico 33 - Vantagens do uso das TIC em contexto escolar Pág. 320

387

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 – Estrutura factorial do questionário Pág. 282

TABELA 2 – Valores de consistência interna obtidos no

presente estudo Pág. 283

388

SÍGLAS

AEC - Actividades de Enriquecimento Curricular

CAFOP - Centro de Apoio à Formação Contínua de Professores

CD ROM - Compact Disc Read-Only Memory

CEB – Ciclo do Ensino Básico

CFAE - Centros de Formação das Associações de Escolas

CIFOP - Centros Integrados de Formação de Professores

CISC - Complex Instruction Set Computing

CP/M - Control Program for Microprocessors

CRAP - Centros Regionais de Apoio Pedagógico

DAPP - Departamento de Avaliação Prospectiva e Planeamento

DR - Diário da República

DVD - Digital Versatile Disc

EAD – Ensino á Distância

EAP - Equipas de Apoio Pedagógico

EB – Escola Básica

ESE – Escola Superior de Educação

EUA – Estados Unidos da América

FSE – Fundo Social Europeu

GNU – General Public License

GUI - Graphical User Interface

IBM - International Business Machines

INIP - Instituto Nacional de Inovação Pedagógica

ITE – Instituto de Tecnologia Educativa

ME - Ministério da Educação

MS - Microsoft

389

NTI – Novas Tecnologias de Informação

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Económico

PARC - Palo Alto Research Center

PIPSE - Programa Internacional de Promoção do Sucesso Escolar

PRODEP - Programa de Desenvolvimento Educativo para

Portugal

PTE – Plano Tecnológico da Educação

RAM - Random Access Memory

RISC - Reduced Instruction Set Computing

TIC – Tecnologia Informação e Computador TV - Televisão


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