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Espao & Geografia, Vol.12, No 1 (2007), 125:149ISSN: 1516-9375
DELIMITAO E CARACTERIZAO DAS UNIDADESGEOMORFOLGICAS NA REA DE PROTEO AMBIENTAL
(APA) DO DELTA DO PARNABA UTILIZANDO DADOSMORFOMTRICOS E IMAGENS DO SENSOR ASTER
Thiago Avelar Chaves1, Vernica Moreira Ramos1, Osmar Ablio deCarvalho Jnior1, der de Souza Martins2, Roberto Arnaldo
Trancoso Gomes1, Renato Fontes Guimares11Universidade de Braslia - UnB/GEA/LSIE Campus Universitrio Darcy Ribeiro, Asa
Norte - 70910-900, Braslia, DF, Brasil.{[email protected]; vmramos, robertogomes, osmarjr, [email protected]}
2 EMBRAPA Cerrados, BR-020, km 18, Planaltina, DF. CEP: 73310-970.Caixa postal: 08223.
Resumo - O presente trabalho tem como objetivo mapear as unidadesgeomorfolgicas da rea de Proteo Ambiental do Delta do Parnaba a partirde anlise morfomtrica e informaes adquiridas por meio do processamento
digital de imagens de sensoriamento remoto. A metodologia adotada no trabalho
foi dividida em quatro etapas: a) tratamento dos dados morfomtricos; b)integrao dos dados por meio de Composio Colorida; c) classificaoespectral das dunas mveis e dunas fixas a partir de imagens ASTER; e d)delimitao das faixas de praia. A partir desse processamento foi possvel realizar
o mapeamento das unidades geomorfolgicas da rea de estudo.
Palavras-Chave: Relevo; Modelo Digital de Elevao; Classificao Espectral;
ASTER
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Abstract - This paper aims to map geomorphological units of the Environmental
Protection Area of Delta from morphometric analysis and information acquired
by digital processing of remote sensing images. The methodology used in the
work was divided into five steps: a) treatment of morphometric data, b) dataintegration from Color Composite; c) spectral classification of the dunes andmobile dunes from ASTER images, e d) delineation of stripe beach. As a resultit was generated a geomorphological units map of the study area.
Key-words: Landform; Digital Elevation Model; Spectral Classification;
ASTER.
INTRODUO
O zoneamento ambiental um mecanismo de planejamento usado para orientare avaliar o uso da Terra considerando as estratgias concebidas dentro da
dinmica de ocupao. De forma geral, o zoneamento tem como propsito a
delimitao de zonas com caractersticas semelhantes, ou seja, que compemum mesmo sistema produtivo ou ambiental. Alm disso, objetiva adequar o usoda terra de modo a produzir o menor impacto possvel considerando as
caractersticas e aptides de cada zona. Assim, o zoneamento ambiental torna-
se um instrumento indispensvel para conciliar os imperativos do
desenvolvimento econmico com a necessidade de se proteger e melhorar a
qualidade do ambiente. Porm, como destacado por AbSaber (1989) arealizao de um zoneamento exige mtodos, reflexo e estratgias prprias.
Estabelecer as bases de um zoneamento em um determinado espao geogrfico
corresponde a realizar estudos para identificar a vocao de todos os subespaos
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 127
e efetuar o levantamento de suas potencialidades considerando um critrio
ecodesenvolvimentista, ou seja, demanda uma reflexo orientada para umaabordagem integrada do ambiente.
As metodologias para a definio de ambientes ou zonas homlogas utilizam
uma abordagem integrada dos fatores geo-ambientais. O arcabouo fsico
ambiental, considerando a sua dinmica e evoluo, permite estabelecer critrios
para definir as atividades de uso, manejo e gesto. Assim, a geomorfologiaapresenta um carter fundamental e integrador dos atributos ambientais em
diversos modelos. Bertrand (1968) props uma taxonomia das paisagensconsiderando uma dominncia dos fatores fsicos e Tricart (1977) estabelecesistemas ambientais a partir do princpio da ecodinmica.
Com o advento de mtodos computacionais houve um aprimoramento dos
procedimentos que descrevem os fenmenos ocorrentes na superfcie terrestre,
aumentando o seu emprego nas diversas reas do conhecimento ambiental
(Moore et al., 1991). Na delimitao e descrio das unidades de paisagemnormalmente so utilizados procedimentos e tcnicas de sensoriamento remoto
e sistema de informaes geogrficas (SIG) (Crepani et al, 2001; Panquestoret al, 2002; Hermuche et al, 2003; Oliveira et al. 2008). Normalmente, osprocedimentos adotados consistem de levantamento de dados, organizao de
bases cartogrficas, elaborao de anlises temticas e integrao destas
informaes. Neste propsito novas tcnicas e procedimentos so propostos
para providenciar alternativas para o mapeamento geomorfolgico, alm da
forma tradicional proveniente do trabalho de campo e fotointerpretao.
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O presente trabalho visa realizar o mapeamento das unidades geomorfolgicas
da rea de Proteo Ambiental (APA) do Delta do Parnaba a partir deparmetros morfomtricos e informaes provenientes da interpretao de
imagens de satlite. As classes identificadas so balizadas por trabalho de campo
e as informaes descritas pelos trabalhos desenvolvidos por Calvacanti (1996;2002; 2004).
REA DE ESTUDO
A rea de Proteo Ambiental (APA) do Delta do Parnaba uma unidade deconservao costeira federal, que possui uma poro martima e outra continental
e corresponde a aproximadamente 3.031 Km2, englobando reas dos estados
do Cear, Piau e Maranho (Figura 1).
O clima da rea caracterizado por apresentar uma pluviometria definida
no Regime Equatorial Martmo (Aguiar, 2004), com duas estaes bemdiferenciadas, sendo que a intensificao das chuvas ocorre de fevereiro a
maio. O total mdio das precipitaes anuais situa-se em torno de 1.150 mm e
apresenta grande variabilidade interanual. A temperatura mdia anual fica em
torno de 29 C e amenizada pela ao constante dos ventos de NE, que
intensa ao longo de todo o ano (Cavalcanti, 1996).
A APA est no contexto geolgico da Provncia Borborema (Brito Neves etal., 2000), dividido nos seguintes conjuntos litoestratigrficos: (a) embasamentocristalino Pr-Cambriano; (b) sedimentos Tercirios da Formao Barreiras; e(c) sedimentos Quaternrios (Figura 2). O embasamento composto porgnaisses e migmatitos do Complexo Granja, formados durante o
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 129
Paleoproterozico, sobrepostos por intruses da sute magmtica Chaval e por
supracrustais vulcano-sedimentares do Grupo Martinpole do Neoproterozico.
As rochas do Complexo Granja so tanto orto como paraderivadas e ocorremem pequenos resduos em contato tectnico ou intrusivo com as rochas mais
jovens (Santos, 1999; Santos et al., 2008). Nas faixas de ocorrncia doembasamento so mais abundantes granodioritos e quartzo-sienitos tardi-
orognicos da sute magmtica Chaval (Correia Filho, 2006; Jardim de S, 1994).O Grupo Martinpole ocorre na APA no estado do CE, sendo composta por
quartzito e metacalcrio, intercalados com rochas metavulcnicas (Formao
Figura 1 Localizao da rea de Estudo.
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So Joaquim), seguidos por uma seqncia metapelitocarbontica (formaesCovo e Santa Terezinha) (Baptista e Cunha, 1983; Oliveira, 1992; Parente etal., 2004). Os depsitos de leques aluviais da Formao Barreiras, formadospor arenitos e conglomerados com intercalaes de siltitos e argilitos, ocupam
uma faixa paralela costa e esto associados a relevos tabulares, designados
regionalmente de tabuleiros (Cavalcante et al., 1983; CEPRO, 1996; CorreiaFilho, 2006). Os sedimentos Quaternrios esto representados por depsitoselicos na forma de paleodunas e dunas constitudas de areias quartzosas e
quartzo feldspticas homogneas, cobrindo ou no os tabuleiros, e por depsitos
em leques aluviais e terraos marinhos (Correia Filho, 2006).
Considerando os tipos de solos da rea, observa-se a presena dos Neossolos,
que se originam de sedimentos fluviais e marinhos depositados na plancie litornea
e ocorrem principalmente nas praias e dunas. Os Gleissolos ocorrem associados
aos ambientes de mangues presentes nas reas de inundao prximas costa
na zona de influncia da mar. As associaes de Neossolos com Planossolo,
que resultam das deposies fluviais recentes, e ocorrem geralmente nas
baixadas fluviais ao longo dos cursos dgua. Por ltimo, observam-se as
associaes de Neossolos, Argissolos e Latossolos, que se desenvolvem a partir
de materiais de origem sedimentar e, de forma geral, so encontrados nas reas
de tabuleiros (Cavalcanti, 2002; 2004).
Os tipos de vegetao apresentam caractersticas prprias em decorrncia
das variaes da composio edfica e da profundidade do lenol fretico. Na
rea ocorrem as seguintes unidades fitogeogrficas: Vegetao pioneira de du-
nas, disposta de forma irregular e descontnua ao longo da linha de costa; Vege-
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 131
tao de Tabuleiros, que constituda por espcies de mata seca, caatinga,
cerrado e cerrado; Mangues, dispostos ao longo da APA prximo aos cursos
de gua; Restinga; Ambientes de Salgado ou Apicum; e Caatinga, que ocorre
principalmente na regio de Chaval - CE. O processo de ocupao humana
representado por culturas, pastagens e ncleos urbanos (Cavalcanti, 2004).
METODOLOGIA
Os ambientes costeiros, por se situarem na interface do oceano e continente,
recebem fluxos de matria e energia que vo influenciar, na origem, evoluo e
configurao do relevo (Fontes et al., 2007). Portanto, a definio de unidades
Figura 2 Mapa Geolgico da rea de Estudo (MMA, 2002).
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geomorfolgicas nos ambientes costeiros torna-se complexa, sobretudo nas
regies tropicais midas dominados por macromar (Boulhosa & Souza Filho,2005).
O presente trabalho utiliza uma metodologia que integra dados provenientes
de imagens do sensor Advanced Spaceborne Thermal Emission and ReflectionRadiometer (ASTER) e dos atributos de terreno oriundos do Modelo Digital deTerreno (MDT). A metodologia pode ser subdividida nas seguintes etapas: (a)elaborao e tratamento do MDT e dos atributos de terreno; (b) classificao einterpretao das reas de dunas e praias utilizando as imagens ASTER; (c)integrao e classificao das unidades geomorfgicas.
ELABORAO E TRATAMENTO DO MDT E DOS ATRIBUTOSDE TERRENO
Para a confeco do MDT da APA do Delta do Parnaba foram utilizadas
quatro cartas topogrficas cedidas pelo Ministrio do Meio Ambiente (MMA)na escala 1:100.000, contendo: curvas de nvel, pontos cotados, rede de drenagem
e lagos. As cartas foram editadas para corrigir erros como: curvas de nvel que
no tinham continuidade ou com valores errneos; pontos cotados com valor
no correspondente curva de nvel; rios com fluxos mal digitalizados ou no
encaixados montante; sobreposio de linhas sobre os polgonos que
representavam lagos.
Aps a correo das cartas, estas foram unidas e interpoladas. Na
interpolao foi utilizado o algoritmo TOPOGRID constante no programa
ArcMap (Hutchinson, 1989). O MDT foi gerado com resoluo espacial de 20
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 133
metros (Figura 3) e a partir dele foram gerados os atributos de terreno:declividade (Figura 4) e fluxo acumulado (Figura 5). Na elaborao destesatributos utilizou-se uma mscara sobre a regio ocenica para eliminar valores
errneos.
Na interpretao dos compartimentos do relevo foi utilizada a interpretao
visual sobre composies coloridas formadas pelos atributos de terreno (Lealet al, 2003; Hermuche et al, 2001; Mhlethaler et al, 2005).
IDENTIFICAO DAS REGIES DE DUNAS E PRAIA A PARTIRDA INTERPRETAO E CLASSIFICAO DAS IMAGENSASTER
Neste trabalho foram utilizadas imagens do sensor ASTER proveniente de umesforo cooperativo entre a NASA Earth Observing System (EOS), o JapansMinistry of Economy, Trade and Industry (METI) e o Earth Remote SensingData Analysis Center (ERSDAC). Esse sensor encontra-se a bordo satliteTERRA (ou EOS-AM) que opera numa rbita polar e sncrona com o Sol, cominclinao de aproximadamente 98,2 graus e altitude mdia de 705 km. A imagem
ASTER consiste de trs subsistemas: (a) visvel e infravermelho prximo (VNIR 0,5 m - 0,9m), constitudo por 3 bandas espectrais com resoluo de 15metros, (b) infravermelho ondas curtas (SWIR 1,6m - 2,5m), com 6 bandasespectrais de resoluo espacial de 30 metros, e (c) infravermelho termal (TIR),com 5 bandas espectrais de resoluo espacial de 90 metros (Abrams, 2000;Fujisada,1998; Yamaguchi et al, 1998).
As nove imagens utilizadas (VNIR e SWIR) foram adquiridas j corrigidasdo efeito atmosfrico, correspondendo aos produtos do sensor ASTER referente
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especificao AST07 (JPL, 2001; Thome et al., 1998). A correo atmosfricaremove os efeitos devido s mudanas de geometria satlite sol e das condies
atmosfricas.
Para abranger toda a rea de estudo, foi realizado um mosaico com trs
imagens sendo uma do ano de 2001 e duas do ano de 2000. As resolues
espaciais entre as bandas dos sensores VNIR e SWIR foram compatibilizadas
por meio da converso da SWIR de 30 metros para 15 metros. As imagens
foram recortadas conforme o limite da APA do Delta do Parnaba.
O emprego das imagens ASTER teve como propsito especfico
compartimentar as reas com cobertura de dunas e praias. Estas reas
Figura 3: Modelo Digital de Terreno da rea de estudo.
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 135
apresentam os seguintes comportamentos espectrais dominantes: (a) areia, quepor ser constituda predominantemente por gros de quartzo possui uma alta
reflectncia em todas as bandas do VNIR e SWIR, (b) vegetaofotossiteticamente ativa, como as dunas fixas que apresentam cobertura vegetal,
e (c) gua, devido presena de lagoas interdunas. As reas com comportamentoespectral de areia ocorrem apenas nas reas de dunas mveis e praia, estando
inseridas obrigatoriamente dentro da classe desejada. No entanto, as classescom vegetao e gua compem outros alvos que no so de interesse,
necessitando de uma interpretao visual para melhor definio.
Desta forma, no presente trabalho a delimitao das dunas e praias foram
realizadas a partir do classificador espectral Spectral Angle Mapper (SAM)
Figura 4: Mapa de declividade da rea de estudo.
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seguida por interpretao visual. O SAM consiste em um ndice de similaridade
entre os espectros da imagem de entrada com espectros de referncia sendo
expresso em radianos, onde quanto menor o ngulo , maior a similaridade
entre as curvas (Kruse et al., 1993). A partir das reas demarcadas pelo mtodoSAM foi realizado uma interpretao visual complementar, considerando a
composio colorida das trs imagens do VNIR. Esta interpretao visual obteve
um melhor ajuste das reas relativas s dunas fixas com cobertura vegetal e delagoas interdunas, considerando os elementos bsicos das imagens, como: forma,
tamanho, tonalidade/cor, padro, textura, localizao e relao de aspectos
(Veneziani & Anjos, 1982).
Figura 5: Mapa do fluxo acumulado da rea de estudo.
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 137
RESULTADOS E DISCUSSES
RESULTADO DA ANLISE DOS ATRIBUTOS DE TERRENO
A tcnica de composio colorida dos atributos de terreno possibilitou realar
os principais compartimentos geomorfolgicos da rea de estudo. Dentre as
composies coloridas realizadas a que obteve o melhor realce foi composta
por altimetria (canal vermelho); declividade (canal verde) e fluxo acumulado(canal azul) (Figura 6). Nesta composio colorida, as tonalidades vermelhasrepresentam os tabuleiros litorneos, que se caracterizam por terem as maiores
altitudes na rea de estudo. As reas com tonalidades verdes correspondem
aos ambientes de maior declividade, provenientes do trabalho erosivo das guas
fluviais ao longo dos canais de drenagem. As tonalidades azuis representam a
rea de acumulao flvio-marinha e o oceano.
Figura 6. Composio colorida composta pelos seguintes atributos de terreno:
altimetria (canal vermelho), declividade (canal verde) e fluxo acumulado (canalazul).
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RESULTADO DO PROCESSAMENTO DIGITAL DAS IMAGENS
ASTER
O tratamento das imagens ASTER permitiu identificar as regies de dunas e
praias da rea de estudo. O emprego do classificador SAM permitiu definir
com preciso as reas compostas por areia, referente s dunas mveis e de
praia. As dunas fixas que apresentam uma maior presena de mistura espectral
em decorrncia da presena de vegetao pioneira e lagos interdunas foram
demarcadas com o auxlio de interpretao visual em tela. A Figura 7 mostra a
imagem referente classe de dunas e praia.
INTEGRAO DOS DADOS
Os atributos de terreno e imagens ASTER classificadas foram integradas para
a compartimentao do relevo. A partir das imagens ASTER pode-se identificar
os limites das dunas e praias. Os tabuleiros costeiros presentes sobre a Formao
Figura 7. Imagem referente s regies de dunas e praias na APA do Delta do
Parnaba.
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 139
Barreiras caracterizam-se por ter valores de MDT superiores a 10 metros assim
como os Macios Residuais dos Granitos de Chaval que foram separados devido
ao comportamento espectral distinto. As declividades so mais elevadas nas
bordas dos tabuleiros costeiros e ao longo das incises fluviais. Nas reas de
baixa altitude ocorrem as plancies: fluvial e fluvio-marinha. A distino entre
estas facilmente detectada por interpretao visual da imagem ASTER. Desta
forma, foram definidas cinco unidades geomorfolgicas na rea de Proteo
Ambiental do Delta do Parnaba: (a) faixa de praia e dunas; (b) plancie flvio-marinha; (c) plancie fluvial; (d) tabuleiros costeiros; e (e) Macios Residuaisdos Granitos de Chaval (Figura 8).
Figura 8: Unidades Geomorfolgicas da APA do Delta do Parnaba
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Os sedimentos de acumulao marinha foram subdivididos nos modelados
de praia (faixa de praia continental e insular) e de dunas (dunas mveis e dunasfixas). A faixa de praia composta por sedimentos arenosos transportadospelas correntes costeiras locais (Cavalcanti, 2002) (Figura 9a). As dunas sofeies geomorfolgicas formadas a partir da deflao elica, que transportam
os sedimentos arenosos depositando-os ao longo das zonas costeiras.
Apresentam-se dispostas de forma irregular e descontnua ao longo da linha de
costa, conforme sua interao com os fatores fsicos e biolgicos, como a
presena de cursos dgua ou ausncia de cobertura vegetal (Cavalcanti, 1996).As dunas mveis caracterizam-se pela inexistncia de cobertura vegetal ou a
presena de espcies pioneiras de pequeno porte, o que facilita o transporte
elico (Figura 9b). O comportamento migratrio das dunas tem implicaescomo o assoreamento de corpos dgua e danos as construes civis (estradas,casa, entre outros) (Cavalcanti & Viadana, 2007). As dunas fixas (Figura 9c)so estabilizadas pela presena de vegetao que limitam a manifestao da
deflao elica e, conseqentemente, permite a fixao dos sedimentos.
A Plancie Flvio-Marinha consiste em uma rea de transio dos ambientes
marinho com o de gua doce, possui uma grande importncia ecolgica por
causa do seu poder de estabilizao e regulao dos ambientes costeiros
(Cavalcanti, 2004). As plancies de acumulao flvio-marinha caracterizam-se como relevo plano, recortado pela desembocadura de cursos dgua e com
depsitos recentes de natureza flvio-marinha e da deflao elica (Figura9d). O intenso processo de deposio de aluvies ao longo dos canais e osperodos de oscilao das mars formam um conjunto de fatores que provocam
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 141
alteraes no acmulo de sedimentos e no fluxo das guas que condiciona a
distribuio da vegetao (Cavalcanti, 2002).A plancie fluvial compreende aquelas superfcies adjacente aos rios,
predominantemente planas, resultantes da acumulao fluvial, contendo vrzeas
e terraos onde h acumulo de sedimentos (Cavalcanti, 2004) (Figura 9e).Esse compartimento situa-se entre a plancie de acumulao fluviomarinha e os
Tabuleiros Costeiros. Mostra-se, geralmente com fundos chatos, vertentes
cncavas e convexas de declividade fraca a mdia. So compostas por plancies
aluvionais e coluvionais e esto sujeitas a inundaes peridicas comtransbordamento do canal do rio. Nessa superfcie os vales esto associados a
processos erosivos das seqncias da Formao Barreiras.
Os tabuleiros costeiros so constitudos pelas coberturas cenozicas da
Formao Barreiras compostos por sedimentos arenosos grosseiros, argilas de
diferentes cores e arenitos grosseiros e conglomertico, com espessura variada
que recobrem principalmente sedimentos da bacia do Parnaba (Cavalcanti &Viadana, 2007). Esses topos tabulares apresentam interflvios planos, geralmenteentalhados por canais de margens com vertentes suaves.
Os Macios Residuais dos Granitos de Chaval representam afloramentos
do embasamento cristalino, provavelmente expostos em afloramento durante
reativaes cretceas de falhas pr-cambrianas e pelas eroses consecutivas
(Sales & Peulvast, 2007). Destacam na paisagem pela forte linha de ruptura,geralmente constitudas por rochas mais resistentes eroso (Figura 9f).
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Figura 9- (a) Faixa de praia em Ilha Grande PI; (b) Dunas mveis, Barra doFeijo Bravo (MA); (c) Dunas fixas, Pequenos Lenis (MA); (d) Plancie deacumulao fluviomarinha, Ilha Grande do Paulino (MA); (e) Plancie Fluvial Povoado dos Tatus (MA), Macios residuais dos granitos de Chaval (CE).
A B
C D
E F
Delimitao e Caracterizao das Unidades Geomorfolgicas na APA 143
CONCLUSES
Pode-se constatar que as metodologias que associam a anlise de dados
morfomtricos a interpretao de imagens de sensores orbitais a partir da
utilizao das ferramentas de SIG tornam-se fundamentais nos estudos de anlise
ambiental, sobretudo para delimitao e mapeamento de unidades
geomorfolgicas em diversos tipos de ambientes. As metodologias de anlise
ambiental, que utilizam tecnologias baseadas nos Sistemas de Informaes
Geogrficas facilitam a tarefa de integrao e espacializao das informaes
e permitem a reduo da subjetividade na anlise e nos resultados.
Desta forma, as informaes morfomtricas acopladas a imagens de
satlite possibilitaram identificar na APA do Delta do Parnaba, cinco unidades
geomorfolgicas: faixa de praia e dunas; plancie flvio-marinha; plancie fluvial;
tabuleiros costeiros; e Macios Residuais dos Granitos de Chaval. Essas unidades
foram delimitadas de forma precisa a partir de valores morfomtricos auxiliados
por imagens do sensor ASTER e visitas em campo. A metodologia aplicada
produziu um mapa de unidades geomorfolgicas que poder ser utilizado para o
planejamento do uso e ocupao.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq pela bolsa de produtividade dos autores Osmar
Ablio de Carvalho Jnior, Renato Fontes Guimares, Roberto Arnaldo Trancoso
Gomes e der de Souza Martins, ao Ministrio do Meio Ambiente (MMA) quefinanciou o trabalho de campo. Agradecem tambm aos membros do Laboratrio
de Sistemas de Informaes Espaciais (LSIE) da UnB pelas crticas e sugestesrealizadas durante a elaborao do artigo.
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