Big Brother is WATCH’ing youContinuo teimosamente a usar apenas relógios mecânicos, mas estou cada
vez mais rendido à comunicação electrónica – e as grandes manufacturas
relojoeiras também. Depois da era dos sites e dos blogues, redes sociais
como o Facebook e o Twitter disseminam informação e estreitam laços
entre aficionados; a seita da internet parece imparável… mas valerá a pena?
Um quarto de século após o ano que deu nome à obra ‘1984’ de George Orwell, parece que
o preocupante lema ‘Big Brother Is Watching You’ foi completamente subvertido: actualmente,
ninguém parece cioso da sua privacidade e todos querem comunicar a sua personalidade.
Enquanto jornalista, o advento da internet foi para mim uma bênção e uma maldição. Ainda me
recordo de trabalhar com a fita do telex ou posteriormente de carregar uma impressora portátil
que me permitisse enviar o trabalho por fax; gostava de fazer pesquisa e confiava na minha
memória selectiva para fazer a diferença. Agora, o envio é instantâneo através do correio elec-
trónico, tal como instantâneas são as fontes para um qualquer assunto graças aos motores de
busca que facilitam a tarefa dos preguiçosos e dos copiadores.
Já na presente década, qualquer tipo de site se tornou mais sofisticado e desataram a proliferar
os blogues dotados de opiniões mais irreverentes; actualmente estamos já numa outra fase: as
redes sociais personalizadas promovem um serviço mais completo e interactivo – com o mundo
inteiro a ver, se assim o desejar…
crónica miguel seabra
Facebook e Twitter
Resisti ao Facebook durante um bom par de anos, mas desde Abril que o aproveitei como
tribuna binária para publicitar/partilhar gostos, artigos ou eventos… Também já marquei encontros
através do Facebook, como por exemplo uma entrevista com o criador relojoeiro Jean-François
Ruchonnet.
A minha adesão ao Twitter foi rápida, uma vez que já era conhecedor das vantagens do Face-
book. Já não há muito tempo para ler blogues ou sites – o micro-blogging é conciso, instantâneo,
obriga a mensagens curtas até 140 caracteres que podem incluir links. É como enviar sms para o
mundo e o mundo poder replicar de modo controlado: daí ser cada vez mais o meio de comuni-
cação de gente importante que tem muitos ‘seguidores’, mas que só ‘segue’ quem quer.
Urgência do agora
A dependência psicológica da Internet foi potenciada pelos telemóveis da nova geração, que in-
cluem aplicações para o Facebook, o Twitter e outras redes socioprofissionais do género. A ânsia
que denomino ‘urgência do agora’ domina a sociedade actual e já nada é como antes – um sinal
dos tempos.
Actualmente, os próprios websites já incluem links directos para o Facebook, Twitter e semel-
hantes. No caso da relojoaria, privilegio sobretudo as pessoas por trás das marcas, os blogues
independentes e as opiniões extra-institucionais. Um dos exemplos de abrangência da teia
que mais me surpreendeu foi ter lido no Twitter um comentário do tenista sueco Robin Soder-
ling, finalista de Roland Garros, que confessava ter comprado um novo relógio – um Royal Oak
Offshore; fui aos (poucos) contactos que ele tinha e adicionei o Twitter de um site americano que
me surpreendeu – Hodinkee.com, que incide particularmente sobre modelos vintage e que até já
publicitou a excelência dos meios www.espiraldotempo.com e www.espiral.tv.
Quem quiser surfar na vaga, que aproveite. No fundo, trata-se de aproveitar os privilégios da
liberdade de escolha – algo que não existia no romance orwelliano…