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EL IMPACTO DE LA CRISIS FINANCIERA EN EL ANALISIS ECÓNOMICO Y
FINANCIERO DE EMPRESAS
Rute Abreu
Professora Adjunta
Fátima David
Professora Adjunta
Susana Augusto
Estudante de Mestrado em Gestão
Instituto Politécnico da Guarda
Área Temática: B) Valoración y Finanzas.
Palabras clave: Análisis Economica y Financiera, Crisis, Portugal.
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EL IMPACTO DE LA CRISIS FINANCIERA EN EL ANALISIS ECÓNOMICO Y
FINANCIERO DE EMPRESAS
Resumen
Una vez que la crisis financiera afecta la mayoría de las empresas, esta investigación
presenta las variables económico-financieras que mejor contribuyen para evaluar su
impacto, siendo por eso un desafío exigente. La metodología se subdivide en dos partes.
La parte teórica ha implicado una revisión de la literatura. La parte empírica ha
correspondido al análisis exploratorio longitudinal de una empresa del sector de
construcción civil, evaluando su capacidad de evolución futura. Los resultados confirman
un escenario complejo hacia la realidad, que ayudan a definir estrategias y políticas de
inversión, financiación y de carácter operacional, que benefician las dinámicas de
sostenibilidad.
Resumo
Decorrente do facto de que a crise financeira afeta a maioria das empresas, esta
investigação apresenta as variáveis económico-financeiras que melhor contribuem para
avaliar o seu impacto, sendo por isso um desafio exigente. A metodologia subdivide-se
em duas partes. A parte teórica implicou uma revisão da literatura. A parte empírica
correspondeu à análise exploratória longitudinal de uma empresa do setor da construção
civil, avaliando a sua capacidade de evolução futura. Os resultados confirmam um
cenário complexo face à realidade, que ajudam a definir estratégias e políticas de
investimento, financiamento e operacionais, que beneficiam as dinâmicas de
sustentabilidade.
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INTRODUÇÃO
Decorrente do facto de que a crise financeira afeta a maioria das empresas, esta
investigação assenta num estudo de caso, especificamente numa empresa, sedeada em
Portugal, do setor da construção civil e obras públicas, tendo por base as demonstrações
financeiras dos exercícios económicos de 2005 a 2010, bem como toda a informação
constante nos relatórios de gestão e prestação de contas da referida empresa no mesmo
período. Nestes termos, seguiu-se a metodologia de Yin (2008), ao justificar, pela sua
especificidade, a utilização científica de diferentes relatórios anuais, representando a
realidade que se pretende estudar, de forma a testar a aplicação dos conceitos teóricos.
O ano de 2010 justifica-se por ser o exercício económico mais recente com dados
disponíveis e definitivos, enquanto o ano de 2005 satisfaz, por um lado, o requisito de
recolha de informação para um período de, segundo Martins (2007), no mínimo, 5 anos
para poder fazer a análise da evolução da empresa. Por outro lado, por ao ano de 2005
reportar, em conformidade com o Regulamento (CE) nº 1606/2002 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 19 de julho de 2002 (CE, 2002), a obrigatoriedade de
aplicação das International Accounting Standards / International Financial Reporting
Standards (IAS/IFRS) às sociedades cujos valores mobiliários estivessem admitidos a
negociação num mercado regulamentado por parte de qualquer Estado-membro da
União Europeia (EU).
Assim, irá proceder-se a uma análise económico-financeira da empresa em referência,
com vista a avaliar o impacto da crise financeira no desempenho da mesma, apesar das
limitações que qualquer generalização pode comportar. Para Gil (1989: 166), “a análise
tem como objetivo organizar e sumariar os dados, de forma tal que possibilitem o
fornecimento de respostas, ao problema proposto para investigação. Já a interpretação
tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante
ligação a outros conhecimentos, anteriormente obtidos”. No entanto, há que ter em conta
que “as sociedades não são estáticas no tempo, pelo que a análise económico-financeira
de um determinado período, pressupõe um conjunto de considerações sobre as
expetativas e decisões de gestão que poderão influenciar a sua compreensão”
(Encarnação, 2009: 65).
Por conseguinte, metodologicamente esta investigação subdivide-se em duas partes. A
primeira parte implica uma revisão da literatura, nomeadamente sobre o Sistema de
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Normalização Contabilística (SNC), em geral, e sobre a temática da análise económica e
financeira de empresas, em particular. A segunda parte corresponde à análise
exploratória longitudinal de uma empresa do setor da construção civil e obras púlicas,
com vista a avaliar a sua capacidade de evolução futura face ao contexto de crise
económica atual.
Na execução desta metodologia e na prossecução dos objetivos propostos, a presente
investigação estrutura-se em três pontos. No primeiro ponto efetua-se a contextualização
da normalização contabilística em Portugal, apresentando-se a estrutura conceptual da
mesma, suas normas contabilísticas e modelos das demonstrações financeiras, não
descurando os antecedentes do SNC. No segundo ponto apresenta-se o enquadramento
macroeconómico, quer a nível internacional, quer a nível nacional, no periodo 2005-2010,
tomando por referência o setor da construção civil e obras públicas. No terceiro ponto
desenvolve-se o estudo de caso relativo a uma empresa do setor da construção civil e
obras públicas, que permitirá avaliar o impacto da crise financeira no desempenho da
mesma.
Por último, apresentam-se algumas considerações finais, com referência aos pontos
fortes e fracos do desempenho da empresa em análise; e das oportunidades e ameaças
do desempenho externo da mesma, de modo a apresentar sugestões e recomendações,
cumprindo critérios de economia, eficiência e eficácia no quadro das políticas económicas
e financeiras sustentáveis.
1. SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA EM PORTUGAL
Em 1 de Janeiro de 2010 entrou em vigor o novo modelo de normalização contabilística
em Portugal, especificamente o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), aprovado
pelo Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de julho (MFAP, 2009a), o qual revogou o Plano
Oficial de Contabilidade (POC/89), aprovado pelo Decreto-Lei nº 410/89, de 21 de
novembro (MF, 1989), os posteriores diplomas de alterações e as normas contabilísticas
complementares.
Na verdade, o POC/89 “morreu” ao completar o seu vigésimo aniversário (1989 a 2009),
sendo justo destacar o seu importante papel na história da normalização contabilística em
Portugal. Contudo, o POC/89 foi o segundo Plano, já que o primeiro POC (POC/77) foi
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47/77, de 7 de fevereiro (MPCEF, 1977) e vigorou durante
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12 anos (1977 a 1988), não tendo existido, segundo Guimarães (2010), até 1977
qualquer plano de normalização contabilística nacional, o que originou problemas de
comparabilidade das contas (demonstrações financeiras) das empresas.
A nível nacional, a primeira etapa da implementação das normas do International
Accounting Standards Board (IASB) concretizou-se com a publicação do Decreto-Lei n.º
35/2005, de 17 de fevereiro (MFAP, 2005), que obrigou as entidades com títulos
negociados em mercados regulamentados (bolsa de valores) na UE a utilizarem essas
normas a partir de 1 de Janeiro de 2005, a título obrigatório para as demonstrações
financeiras consolidadas e a título facultativo para as contas individuais das empresas
participadas, desde que sujeitas a certificação legal das contas.
Inerente a esta mudança está o reforço da comparabilidade das demonstrações
financeiras a nível internacional, bem como um melhor funcionamento dos mercados de
capitais, promovendo uma melhor informação aos stakeholders e mantendo a confiança
nos mercados financeiros, para que as empresas da UE possam dispor das mesmas
condições para aproveitarem da melhor forma os recursos financeiros disponíveis nos
seus mercados de capitais, bem como nos mercados de capitais estrangeiros.
A segunda etapa da implementação das normas do IASB concretizou-se com a
publicação do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de julho (MFAP, 2009a), segundo o qual a
normalização contabilística nacional deverá aproximar-se, tanto quanto possível, dos
novos padrões comunitários, por forma a proporcionar a Portugal o alinhamento com as
diretivas e regulamentos em matéria contabilística da UE, sem ignorar, porém, as
caraterísticas e necessidades específicas do tecido empresarial português. Correia
(2009: 29), refere que o novo sistema de normalização contabilística “(…) visa a
harmonização entre o quadro contabilístico nacional e as normas internacionais de
contabilidade adotadas pela União Europeia.”
Para o efeito, Portugal, através do Aviso nº 15655/2009, de 7 de setembro (MFAP,
2009d), aprovou 28 Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF), que integram
do regime geral do SNC aplicável às entidades não consolidadas, as quais constituem o
“(…) núcleo central do SNC, adaptadas a partir das normas internacionais de
contabilidade adoptadas pela UE, cada uma delas constituindo um instrumento de
normalização onde, de modo desenvolvido, se prescrevem os vários tratamentos técnicos
a adoptar em matéria de reconhecimento, de mensuração, de apresentação e de
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divulgação das realidades económicas e financeiras das entidades” (MFAP, 2009a:
4376).
Adicionalmente, aprovou, através do Aviso nº 15654/2009, de 7 de setembro (MFAP,
2009c), a Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-
PE), para ser aplicada por entidades cuja dimensão não ultrapasse dois dos três limites:
a) total do balanço: € 1.500.000; b) total de vendas líquidas e outros rendimentos: €
3.000.000; c) número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50
(AR, 2010a). Logo, a NCRF-PE deve ser aplicada pelas entidades que cumpram os
requisitos sobre pequenas entidades e desde que não optem por aplicar o conjunto
completo das NCRF (MFAP, 2009c), evidenciando uma aplicação mais limitada dos
critérios de mensuração, um menor desenvolvimento na redação das políticas e critérios
de reconhecimento e de mensuração, uma significativa redução dos requisitos de
divulgação no anexo das NCRF-PE em relação às NCRF, bem como a simplificação no
tratamento contabilístico de matérias como a adoção pela primeira da NCRF-PE, ativos
fixos tangíveis, ativos intangíveis, impostos sobe o rendimento e instrumentos financeiros
da NCRF-PE (Carvalho, 2011).
As NCRF, apesar de serem uma adaptação das Normas Internacionais de Contabilidade
(NIC, do inglês International Accounting Standards - IAS) e das Normas Internacionais de
Relato Financeiro (NIRF, do inglês International Financial Reporting Standards - IFRS),
têm em conta o tecido empresarial português e o facto de algumas entidades aplicarem,
por obrigação ou por opção, as citadas normas internacionais. Assim, o conjunto das
NCRF pode não contemplar algumas normas internacionais e algumas NCRF podem
dispensar a aplicação de determinados procedimentos e divulgações exigidos nas
correspondentes normas internacionais, embora garantindo, no essencial, os critérios de
reconhecimento e de mensuração contidos nessas normas (MFAP, 2009a).
Paralelamente, um outro grupo de entidades, abrangidas pelo Decreto-Lei nº 36-A/2011,
de 9 de março (MFAP, 2011a), adota a Norma Contabilística para as Microentidades
(NCM), desde que não optem por aplicar o disposto no Decreto-Lei nº 158/2009, exceto
se estiverem sujeitas a certificação legal de contas ou integrem perímetros de
consolidação, e sempre que a sua dimensão não ultrapasse dois dos três limites: a) total
do balanço: €500.000; b) total de vendas líquidas e outros rendimentos: €500.000; c)
número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 5 (AR, 2010b).
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Por último, um quarto grupo de entidades, designadas por terceiro setor, economias
sociais, setor voluntário ou setor das organizações da sociedade civil, encontram-se
abrangidas pelo Decreto-Lei nº 36-A/2011, de 9 de março (MFAP, 2011a), ao utilizarem a
Norma Contabilística para Entidades do Setor Não Lucrativo (NC-ESNL). Estas entidades
apresentam-se, habitualmente, organizadas sob a forma de associações, de
misericórdias, de mutualidades, de fundações, de cooperativas entre outras, deixando
antever que em nada são parecidas com as outras entidades já anteriormente
referenciadas. A NC-ESNL é uma norma única, adaptada para a especificidade das
entidades em causa e que se apresenta estruturada em vinte pontos.
A título de exemplo, face às especificidades de cada um dos regimes referidos
anteriormente, apresentam-se no Quadro 1 as respetivas demonstrações financeiras com
caráter de apresentação obrigatória.
Quadro 1. Demonstrações Financeiras segundo tipo de regime
Demonstrações Financeiras NCRF NCRF-PE NCM NC-ESNL
Balanço X X X X
Demonstração de Resultados por natureza X X X X
Demonstração de Resultados por funções X X X X
Demonstração de Alterações no Capital Próprio X
Demonstração das Alterações nos Fundos Patrimoniais X
Demonstração de Fluxos de Caixa X X
Anexo X X X X Fonte: Adaptado de MFAP (2009e; 2011b; 2011c).
Face ao exposto, é possível identificar quatro fases no processo de
normalização/harmonização contabilística em Portugal. A primeira fase ocorre entre 1976
e 1988, reportando-se à criação da Comissão de Normalização Contabilística (CNC) e do
primeiro POC (POC/77). A segunda fase, no âmbito do POC/89, verifica-se entre 1989 e
1991 com referência à adesão à UE e consequente ajustamento do sistema de práticas e
princípios contabilísticos português às IV e VII diretivas comunitárias. A terceira fase
decorreu, entre 1992 e 2005, referindo-se à emissão das Diretrizes Contabilísticas (DC) e
Interpretações Técnicas (IT) por parte da CNC e à aproximação do sistema de práticas e
princípios contabilísticos português às NIC. A quarta, e última fase, ocorreu entre 2003 e
a atualidade, contemplando-se as linhas de orientação de um novo modelo de
normalização contabilística nacional.
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Na medida em que o POC era omisso em relação à Estrutura Conceptual (EC) e que esta
era de extrema importância para os utilizadores da informação financeira, pois “a
globalização associada às necessidades de informação económico-financeira das
entidades que agem nos mercados constitui, nos dias de hoje, factor bastante para
justificar a necessidade da regulamentação contabilística” (Grenha et al., 2009: 73), o
Aviso nº 15652/2009, de 7 de setembro (MFAP, 2009b) integrado no SNC, veio
preencher essa omissão, ao apresentar um documento autónomo, que tem por objetivo
enquadrar os elementos que compõem a EC do SNC.
Em presença de uma EC pretende-se: ajudar os preparadores das demonstrações
financeiras na aplicação das NCRF e no tratamento de tópicos que ainda tenham de
constituir assunto de uma dessas Normas; ajudar a formar opinião sobre a aderência das
demonstrações financeiras às NCRF; ajudar os utentes na interpretação da informação
contida nas demonstrações financeiras preparadas; proporcionar, aos que estejam
interessados no trabalho da CNC, informação acerca da sua abordagem à formulação
das NCRF.
Tua Pereda (1996) considera que a EC é uma interpretação da teoria geral da
contabilidade, mediante a qual se estabelecem, através de um itinerário lógico dedutivo,
os fundamentos teóricos em que se apoia a informação financeira. De acordo com o
mesmo autor, a atual perspetiva da EC deve dar resposta a determinadas questões como
sejam: as necessidades dos utilizadores; os objetivos da informação financeira; os
requisitos ou qualidades que deve cumprir a informação financeira para satisfazer tais
necessidades e objetivos; e a maneira como dos pontos anteriores se deduzem
questões, tais como os elementos das demonstrações financeiras, seu reconhecimento e
valorização.
Embora aceitando a designação de «itinerário lógico-dedutivo», é necessário
compreender que o tipo de dedução utilizada nas estruturas conceptuais é um tipo de
dedução a que Tua Pereda (1997) chama de «semântica», ao não existirem regras que
possam conduzir a uma única solução, não sendo por isso possível chegar a “conclusões
categóricas”. Na verdade, a dedução semântica permite apenas que se assegure um
“mínimo de congruência”, mas sendo sempre possível chegar a diversas soluções, todas
elas congruentes, o que dá origem a um problema de seleção entre alternativas (Tua
Pereda, 1997; Storey e Storey, 1998), pese embora não se espere que a estrutura
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conceptual forneça automaticamente respostas prontas, únicas e obviamente lógicas
para complexos problemas de contabilidade ou de relato financeiro.
Por conseguinte, “a normalização contabilística nacional deverá aproximar-se, tanto
quanto possível, dos novos padrões comunitários, por forma a proporcionar ao nosso
país o alinhamento com as directivas e regulamentos em matéria contabilística da UE,
sem ignorar, porém, as características e necessidades específicas do tecido empresarial
português” (MFAP, 2009a: 4376). Desta forma, existe legislação específica para as
entidades não consolidadas, para pequenas entidades, para microentidades e para as
entidades do setor não lucrativo.
2. ENQUADRAMENTO MACROECONÓMICO NO PERÍODO 2005-2010
Num contexto da globalização, durante os anos de 2005 a 2010 os diferentes índices da
economia mundial tiveram uma variação diversificada, ora crescendo, ora decrescendo
de um ano para o outro, traduzindo o contexto macroeconómico da mesma, conforme se
pode verificar no Quadro 2.
Quadro 2. Principais índices da economia mundial, 2005-2010
PIB Inflação Taxa de Desemprego
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2005 2006 2007 2008 2009 2010
UE 1,5 2,9 2,8 1,0 -4,0 2,0 2,3 2,2 2,3 3,7 1,0 2,1 8,7 7,9 7,2 7,0 9,1 9,7
Área Euro 1,4 2,6 2,6 0,6 -3,9 1,9 2,3 2,2 2,1 3,3 0,2 1,6 8,6 7,8 7,4 7,5 9,4 10,1
Alemanha 0,8 2,4 2,5 1,2 -4,8 3,6 2,0 1,8 2,3 2,8 0,2 2,2 9,5 8,4 8,4 7,2 7,6 5,9
França 1,5 2,2 1,9 0,3 -2,3 1,5 2,0 1,9 1,6 3,2 0,1 1,7 9,6 9,0 8,3 7,4 9,1 9,7
Reino Unido 1,6 2,7 3,1 0,5 -4,8 1,8 2,4 2,3 2,3 3,6 2,1 3,3 4,6 5,3 5,0 5,7 8,0 8,0
Espanha 3,4 3,8 3,8 0,9 -3,6 -0,1 3,6 3,6 2,8 4,1 -0,4 2,0 9,2 8,6 8,3 11,3 18,1 21,7
Itália 0,2 1,7 1,5 -0,1 -4,8 1,5 2,2 2,2 2,0 3,5 0,7 1,6 7,7 7,1 6,1 6,8 7,6 8,4
Rússia 5,5 6,8 7,0 5,6 -9,0 4,0 12,8 9,0 8,0 14,1 11,7 6,9 nd nd nd nd nd 6,6
China 9,0 10,6 11,2 9,6 8,7 10,4 3,0 2,2 5,7 5,9 -1,1 3,3 nd nd nd nd nd 4,1
India 7,1 8,0 8,9 7,3 5,6 10,1 3,9 5,0 4,9 9,1 7,8 12,1 nd nd nd nd nd nd
Japão 2,5 2,8 2,1 -1,2 -5,3 4,0 -0,2 0,3 0,0 1,4 -1,2 -0,7 4,5 4,2 3,9 4,0 5,2 4,6
EUA 3,5 3,3 2,2 0,4 -2,5 3,0 3,3 3,3 2,8 3,8 -0,4 1,6 5,1 4,6 4,6 5,8 9,2 9,0
Brasil 3,3 3,1 4,4 5,1 -0,4 7,6 6,8 3,0 4,0 5,9 4,2 5,0 nd nd nd nd nd 6,0
Fonte: Adaptado de EC (2009), OECD (2009) e IMF (2010).
Em termos de Produto Interno Bruto (PIB), em 2005, a economia mundial foi liderada pela
Rússia, China, Índia e EUA, com valores iguais e superiores a 3,5%. A atividade
económica nos EUA atingiu 3,5% impulsionada pelo dinamismo do consumo e do
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investimento privado, embora com uma desaceleração no ritmo de crescimento das
exportações. De referir ainda que, o ano foi também marcado por aspetos menos
positivos, como a persistência de desequilíbrios macroeconómicos associados aos
elevados défices externo e do setor público nos EUA, o progresso lento na consolidação
orçamental de algumas das economias da área do Euro e a fraca implementação das
reformas estruturais na UE (CGD, 2006).
Em 2006, o PIB evoluiu ligeiramente acima do ritmo observado em 2005, devido à
intensificação e aceleração das trocas comerciais, praticadas na economia asiática, em
especial na China e na Índia. A Ásia, excluindo o Japão, e os países da Europa Central e
de Leste que aderiram à UE em Maio de 2004, foram as regiões de maior crescimento
em 2005, com taxas superiores a 7% (IMF, 2010), tendo a China e a Índia progredido,
respetivamente 9% e 7,1%, continuando com grande dinamismo em 2006, com o Produto
a crescer a uma taxa igual e superior a 8%. Este desempenho global foi particularmente
positivo, tendo em atenção algumas condicionantes observadas, tais como o aumento do
preço do petróleo, que aumentou, em média, 17% em 2006, bem como a subida das
taxas de juro diretoras por parte do FED e do Banco Central Europeu (BCE). Nos EUA,
em 2006, devido a um abrandamento da atividade económica, verificou-se uma descida
da atividade no mercado imobiliário, com uma quebra do investimento em habitação,
atingindo um PIB de 3,3%, idêntico ao de 2005.
Em 2007, ainda se refletiam consequências praticadas em 2006, nomeadamente um
crescimento robusto da atividade económica. A partir de meados de 2007, este quadro
alterou-se de forma significativa, na sequência da crise do crédito subprime nos EUA, que
se traduziu numa forte deterioração da confiança dos investidores, escassez de liquidez
nos mercados monetário e de crédito e consequente aumento dos spreads praticados,
fatores que condicionaram a condução da política monetária nas principais economias do
Globo. Em termos globais, apesar da crise, o ritmo da atividade mundial manteve-se
elevado em 2007, tendo o PIB expandido, sustentado pelo dinamismo das economias de
mercado emergentes e em desenvolvimento, em particular da Rússia, China e Índia, com
taxas de crescimento do PIB de, respetivamente, 7%, 11,2% e 8,9% (CGD, 2007).
Também o ano de 2007 ficou marcado pela persistência de níveis elevados dos preços
das matérias-primas nos mercados internacionais, para o que contribuiu a manutenção
de uma forte procura mundial originada pelo elevado ritmo de crescimento da atividade
em algumas economias, designadamente de mercados emergentes e em
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desenvolvimento (CGD, 2008). No caso do petróleo, os preços atingiram máximos
históricos, com o preço médio mensal do barril de brent (spot) a atingir USD 91, em
Dezembro de 2007 (face aos USD 62,32 em Dezembro de 2006) (CGD, 2008).
Em 2008, a Reserva Federal dos EUA continuou a reduziu a taxa de referência dos fed
funds, registando uma descida de 5,25% para 4,25% (CGD, 2009) e procedeu, até 18 de
março em 2008, a três novos cortes daquela taxa, fixando-a em 2,25% com o objetivo de
acalmar os efeitos do crédito no mercado habitacional e no crescimento da economia em
geral (CGD, 2009). Os bancos centrais de outras economias importantes adotaram, por
sua vez, também medidas, muitas delas concertadas, no sentido de assegurar o normal
funcionamento dos respetivos mercados monetários, destacando-se as fortes injeções de
liquidez no mercado monetário por parte do BCE para restringir os efeitos da instabilidade
e evitar uma maior subida das taxas Euribor.
O cenário prolongou-se por 2009, acentuaram-se os principais efeitos da crise financeira
mundial vivida nesse ano, assistindo-se nomeadamente a uma deterioração da
conjuntura económica, caraterizada por decréscimos bastante significativos no
investimento e no comércio internacional, que se refletiu numa subida considerável da
taxa de desemprego (CGD, 2010). O aumento do número de desempregados resultou,
na maioria dos casos, de fortes quebras de atividade que muitas empresas sentiram em
2008 e 2009 e resultantes de: falta de procura externa; baixas significativas do comércio
mundial; elevados défices apresentados, em média pelas Administrações Públicas, que
tiveram de realizar mais despesa para atenuar os impactos económico-financeiros.
No entanto, a atividade económica mundial voltou a expandir-se em 2010, de forma mais
saliente nos países emergentes, sobretudo no bloco asiático. O regresso do crescimento
anual para valores positivos assentou nos estímulos proporcionados pelos principais
bancos centrais, que mantiveram as taxas de juro historicamente baixas, em função da
ausência de pressões inflacionistas, e na retoma do consumo privado em muitas
economias (CGD, 2011). À semelhança do ano anterior (2009), o bom desempenho dos
indicadores económicos permitiu que as estimativas de crescimento para 2010, por parte
do Fundo Monetário Internacional (FMI), fossem, sucessivamente, revistas em alta.
O ano de 2010 ficou também marcado pelo agravamento das tensões no mercado de
dívida pública, nomeadamente dos países periféricos da área do Euro. O prémio pago
por estes países para se financiarem aumentou significativamente e obrigou ao reforço
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das medidas de austeridade. Estas variaram entre Estados-membros, mas foi comum o
esforço no sentido de uma consolidação mais célere das respetivas finanças públicas,
quer através da contenção de despesas, quer de iniciativas visando o reforço de receitas.
O Quadro 3 traduz os dados estatísticos sobre a evolução da situação social, do emprego
e do consumo na União Europeia e na área do Euro, os quais assumem uma importância
essencial para avaliar o impacto que as mudanças económicas e demográficas têm no
mercado de emprego, do consumo, da procura, da exportação e da importação.
Quadro 3. Principais índices da economia da EU, 2005-2010
União Europeia (27) Área Euro (16)
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxa de variação (em %) Produto Interno Bruto (PIB) 1,5 2,9 2,8 1,0 -4,0 2,0 1,4 2,6 2,6 0,6 -3,9 1,9
Consumo Privado 1,6 2,1 1,9 0,8 -1,7 1,0 1,4 1,7 1,4 0,4 -1,0 0,9
Consumo Público 1,2 2,0 2,1 2,2 2,0 0,7 1,2 2,0 2,2 2,0 2,0 0,5
FBCF (formação bruta de capital fixo) 2,3 6,0 5,5 -0,3 -11,4 -0,3 2,2 5 4,9 -0,4 -10,7 -0,5
Procura Interna 1,6 3,0 3,0 0,7 nd 1,5 1,5 2,6 2,5 0,6 nd 1,1
Exportações (bens e serviços) 3,9 8,9 4,7 1,6 -13,8 10,8 3,8 7,9 5,9 1,0 -14,2 11,3
Importações (bens e serviços) 4,2 8,9 4,4 1,4 -13,4 9,8 4,6 7,7 5,0 1,1 -12,5 9,6
Taxa de inflação (IHPC) 2,3 2,2 2,3 3,7 1,0 2,1 2,3 2,2 2,1 3,3 0,3 1,6
Rácios Taxa de desemprego 9,0 8,2 7,2 7,0 9,1 9,7 8,6 8,3 7,4 7,5 9,5 10,1
Saldo do sector Público Adm. (em % do PIB) -2,6 -1,6 -1,1 -2,0 -1,7 -6,6 -2,9 -1,5 -0,8 -1,1 -1,0 -6,2
Fonte: Adaptado de EC (2009) e OECD (2009).
Em termos do PIB, a economia da União Europeia, registou, no ano de 2005 (1º ano da
análise), uma taxa de crescimento moderada de 1,5%, tendo na área do Euro o
crescimento sido igualmente modesto (1,4%), influenciado pelo esforço orçamental que
tem vindo a ser conduzido, nomeadamente pelas três grandes economias: Alemanha;
França; e Itália. O crescimento económico foi diferenciado entre os países desta área,
com a Espanha e, em menor grau, a França, a progredirem acima da média dos
restantes países, suportadas pelo desempenho da procura interna, verificando-se
situação inversa na Alemanha e em Portugal, com este último a registar um dos ritmos de
expansão mais baixos. A taxa de variação do Índice Harmonizado de Preços no
Consumidor (IHPC) na área do Euro situou-se em 2,3% em 2005, resultante, sobretudo,
do comportamento dos bens energéticos. A taxa de desemprego manteve-se elevada nos
8,6% em 2005, registando, porém, uma ligeira melhoria no espaço da UE.
13
Já em 2010 (último ano da análise), apesar da elevada instabilidade financeira na área do
Euro, o crescimento económico registado surpreendeu pela positiva. De acordo com o
FMI, o crescimento nesse ano terá ascendido a 1,9%, sendo o nível mais forte desde
2008 inclusive. Esta expansão assentou, primordialmente, no desempenho da procura
doméstica. A Alemanha destacou-se pela positiva, com um crescimento de 3,6%, o ritmo
mais forte desde a reunificação. Pela negativa, sublinhem-se os desempenhos da Grécia
e da Espanha, que registaram crescimentos anuais negativos, algo que também terá
sucedido na Irlanda, face à contração observada nos primeiros nove meses de 2010.
Por seu lado, a taxa de desemprego manteve-se elevada em 2010, tendo observado uma
significativa melhoria face aos valores registados em 2005 e 2006, de 9,0% para 7,9% no
espaço da União Europeia e de 8,6% para 8,3% na área do Euro, beneficiando da
evolução mais favorável da atividade económica e da situação nos mercados de trabalho.
A elevada taxa de desemprego é um motivo de preocupação para a recuperação
económica. Todos os Estados-membro viram agravadas as suas taxas, registando-se as
taxas mais elevadas na Espanha (18%), Estónia (13,8%) e Lituânia (13,6%). Os efeitos
da recuperação económica não se fizeram ainda sentir ao nível do mercado de trabalho.
A taxa de desemprego média aumentou de 6,4% em 2009 para 10% em 2010, o nível
mais elevado desde 1998. Também neste aspeto, a Alemanha se destacou pela positiva,
já que terminou o ano com a taxa no nível mais baixo desde a reunificação.
Quadro 4. Principais índices da economia portuguesa, 2005-2010
Ano 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxa de variação (em %)
Produto Interno Bruto (PIB) 0,5 1,2 ↑ 1,9 ↑ 0,0 ↓ -2,5 ↓ 1,4 ↑
Consumo Privado 2,1 1,2 ↓ 1,2 = 1,8 ↑ -1,0 ↓ 2,0 ↑
Consumo Público 2,0 -0,2 ↓ 0,0 ↑ 1,1 ↑ 3,4 ↑ 3,2 ↓
FBCF (Formação bruta de capital fixo) -3,1 -3,1 = 2,6 ↑ -1,8 ↓ -11,6 ↓ -4,8 ↑
Procura Interna 0,8 0,1 ↓ 1,2 ↑ 1,2 = -2,9 ↓ 0,8 ↑
Exportações 1,6 9,3 ↑ 7,0 ↓ -0,3 ↓ -11,6 ↓ 8,7 ↑
Importações 2,2 4,3 ↑ 4,1 ↓ 2,8 ↓ -10,6 ↓ 5,3 ↑
Taxa de inflação (IHPC) 2,1 3,0 ↑ 2,4 ↓ 2,7 ↑ -0,9 ↓ 1,4 ↑
Rácios
Taxa de desemprego 7,6 7,7 ↑ 8,0 ↑ 7,6 ↓ 9,5 ↑ 10,8 ↑
Balança corrente e de capital (em % do PIB) -8,1 -7,6 ↓ -8,2 ↓ -11,1 ↓ -10,1 ↑ -8,9 ↑
Défice do Sector Público Adm. (em % do PIB) -6,0 -3,9↑ -2,6 ↑ -2,7 ↓ -9,3 ↓ -7,3 ↑
Divida pública (em % do PIB) 64,0 67,4 ↑ 64,4 ↓ 65,3 ↑ 76,1 ↑ 82,1 ↑
Fonte: Adaptado de BP (2007) e EC (2010).
14
Em Portugal, no âmbito do enquadramento macroeconómico no período 2005-2010, os
indicadores mais relevantes da economia portuguesa encontram-se refletidos no Quadro
4. Assim, a economia portuguesa registou em 2005 um PIB de 0,5%, tendo sido
influenciado por diversos choques externos, como o forte aumento do preço do petróleo,
o aumento da concorrência com a entrada de produtos provenientes do mercado asiático,
as dificuldades estruturais intrínsecas à economia portuguesa, que afetam a
produtividade e competitividade dos produtos transacionáveis e, ainda, pelas dificuldades
no controlo das contas do sector público. A inflação no conjunto do ano de 2005, medida
pela variação média do IHPC, situou-se em 2,1%.
A taxa de desemprego em 2008, reduziu-se para 7,6%, menos 0,4% do que em 2007,
tendo aumento novamente em 2009 (+1,9%), atingindo os 9,5%, e continuou a aumentar
em 2010, com 10,8%. Quanto à inflação, o IHPC português registou, em 2010, uma taxa
de variação média de 1,4%, consequência, sobretudo, do aumento do preço dos bens
energéticos e do acréscimo de diversos impostos indiretos, designadamente o Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA), o Imposto Sobre os produtos Petrolíferos (ISP) e o
Imposto sobre o Consumo do Tabaco, ficando, contudo, 0,2% abaixo do da área do Euro.
Deste modo, a economia portuguesa continua refém do elevado endividamento, da baixa
produtividade e forte intervenção do Estado na economia.
3. ESTUDO DE CASO: UMA EMPRESA DO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Após a contextualização da normalização contabilística em Portugal, apresentando-se a
estrutura conceptual da mesma, suas normas contabilísticas e modelos das
demonstrações financeiras, não descurando os antecedentes do SNC, bem como após o
enquadramento macroeconómico, quer a nível internacional, quer a nível nacional, no
periodo 2005-2010, realiza-se neste ponto a análise do caso de estudo relativo a uma
empresa do setor da construção civil e obras públicas, que permitirá avaliar o impacto da
crise financeira no desempenho da mesma.
A empresa em referência tem como atividade principal a realização de empreendimentos
de obras públicas, nomeadamente ao nível das vias de comunicação e construção civil,
tais como: jardins infantis, escolas, lares de idosos, centros hospitalares, obras de arte,
estradas, obras para o instituto de estradas de Portugal, obras para diferentes autarquias
locais e associações, edifícios, instalações de especialidades, estações de serviço,
15
parques eólicos, aterros sanitários, Estações de Tratamento de águas Residuais (ETAR),
condutas adutoras, reservatórios de água, e saneamento básico, assim como produção
de misturas betuminosas.
Nestes termos, desenvolveu-se uma análise exploratória longitudinal considerando, por
um lado, a fundamentação conceptual do SNC e, por outro lado, os Relatórios de Gestão
e Prestação de Contas, dos exercícios económicos de 2005 a 2010, da empresa em
estudo. Metodologicamente seguiu-se, para além da recolha de informação comentada
anteriormente, a análise dos dados obtidos e a apresentação dos resultados. De referir
que, os Relatórios e Contas dos exercícios económicos de 2005 a 2009 da empresa
foram elaborados de acordo com o POC, pelo que houve a necessidade de fazer a sua
transposição para o normativo legal vigente à presente data, ou seja, o SNC.
Assim, tendo por base as demonstrações financeiras dos exercícios económicos de 2005
a 2010, bem como toda a informação constante nos relatórios de gestão e prestação de
contas da empresa no mesmo período, irá proceder-se a uma análise económica e
financeira da mesma. Com esta análise retrospetiva, pretende conhecer-se a realidade
da empresa, quais as suas potencialidades, as suas forças competitivas e as suas
capacidades, de forma a conceber um julgamento correto e seguro da sua real situação.
Segundo Franco (1992: 93), “as principais demonstrações contábeis são exposições
sintéticas dos componentes patrimoniais e de suas variações, a elas recorremos quando
desejamos conhecer os diferentes aspetos da situação patrimonial e suas variações”.
Também Iudícibus (1995) confirma que o relacionamento entre os vários itens do Balanço
e das restantes demonstrações financeiras é de grande interesse para os stakeholders,
em geral.
Neste contexto, analisa-se de seguida o Balanço da empresa do caso de estudo (Quadro
5). Segundo Robinson et al. (2009), o balanço evidencia a posição financeira da
empresa, refletindo o que ela possui (conjunto de bens e direitos) e o que deve a
terceiros (conjunto das obrigações), em determinado momento. Assim, o Balanço é um
documento que espelha a situação patrimonial de uma determinada entidade, em
determinada data (Neves, 2002).
A empresa tem vindo ao longo dos anos a investir, na sua maioria, em ativos fixos
tangíveis, de modo a dotar a sua atividade das condições necessárias à laboração. No
Quadro 5 pode verificar-se que os maiores investimentos foram realizados em 2008, no
16
montante de 1.450.298 euros, e em 2010, no montante de 849.079 euros, sendo esses
aumentos relativos à aquisição de equipamento básico e de transporte.
Quadro 5. Balanço da empresa, 2005-2010
31 de Dezembro 103 EUR 2005 2006 2007 2008 2009 2010Ativo
Ativo não corrente:Ativos fixos tangiveis 3.081.903,49 3.554.406,18 3.524.142,33 4.974.440,05 5.066.556,82 5.915.635,03Ativos intangiveis 85.507,48 42.757,92 91.381,49Participações financeiras-Outros Métodos 54.500,00 54.500,00 69.510,00Ativos por impostos diferidos 13.596,29 14.782,13 36.856,10 23.670,02 114.863,53
3.095.499,78 3.569.188,31 3.646.505,91 5.095.367,99 5.235.920,35 6.076.526,52Ativo corrente:Inventarios 3.016.638,03 1.829.936,06 2.297.545,46 3.050.374,05 1.130.145,37 705.808,02Clientes 5.526.308,71 4.964.986,29 6.950.728,18 5.481.393,08 6.188.859,05 7.106.586,44Adiantamento a fornecedores 2.000,00Estado e outros entes publicos 303.463,77 39.189,76 532.952,80 437.498,95 710.001,13 203.619,58Outras contas a receber 24.575,75 38.638,86 13.455,71 64.103,91 2.506.424,89Diferimentos 1.260.005,86 2.151.727,80 2.649.619,72 2.202.953,94 1.887.630,90 148.121,92Caixa e depositos bancarios 2.292.153,91 2.515.665,56 1.858.034,81 1.023.230,47 1.058.922,35 810.909,57
12.423.146,03 11.540.144,33 14.290.880,97 12.208.906,20 11.039.662,71 11.481.470,42Total Activo 15.518.645,81 15.109.332,64 17.937.386,88 17.304.274,19 16.275.583,06 17.557.996,94
Capital Próprio e PassivoCapital proprio:Capital realizado 2.283.113,00 2.283.113,00 2.283.113,00 2.283.113,00 2.283.113,00 2.283.113,00Outros instrumentos de capital próprio 7.481,97 7.481,97 7.481,97 7.481,97 7.481,97 7.481,97Reservas legais 47.376,23 59.290,30 67.038,77 71.266,22 80.542,22 93.013,28Outras reservas 239.778,58 239.778,58 386.999,52 386.999,52 386.999,52 386.999,52Resultados transitados 881.343,24 1.107.710,58 1.107.710,58 1.188.032,19 617.415,39 -390.437,19Excedentes de revalorização 745.942,02 745.942,02 745.942,02 745.942,02 745.942,02 1.683.255,46
4.205.035,04 4.443.316,45 4.598.285,86 4.682.834,92 4.121.494,12 4.063.426,04Resultado liquido do periodo 238.281,41 154.969,41 84.549,06 185.528,68 249.421,19 53.407,52
Total Capital Próprio 4.443.316,45 4.598.285,86 4.682.834,92 4.868.363,60 4.370.915,31 4.116.833,56Passivo
Passivo não corrente: Financiamentos obtidos 1.627.403,00 465.870,47 1.156.284,00 1.773.529,40 2.509.652,96 5.123.062,28Outras contas a pagar 500.368,91 918.847,79 585.453,61 379.960,67 882.388,03 324.587,87Passivos por impostos diferidos 803.319,29 1.320.959,24 1.223.697,84 226.263,63
2.931.091,20 2.705.677,50 2.965.435,45 2.379.753,70 3.392.040,99 5.447.650,15Passivo corrente:Fornecedores 6.697.657,39 5.545.949,78 7.431.839,05 5.388.888,24 6.556.054,16 5.550.523,01Adiantamento de clientes 727.818,83Estado e outros entes publicos 96.254,47 265.811,40 142.950,92 177.721,08 164.103,62 140.857,70Financiamentos obtidos 320.005,17 525.381,76 504.487,22 2.108.799,80 1.101.825,44 450.000,00Outras contas a pagar 667.882,07 1.111.715,72 1.194.765,63 1.908.103,35 200.516,44 836.096,38Diferimentos 362.439,06 356.510,62 1.015.073,69 472.644,42 490.127,10 288.217,31
8.144.238,16 7.805.369,28 10.289.116,51 10.056.156,89 8.512.626,76 7.993.513,23 Total Passivo 11.075.329,36 10.511.046,78 13.254.551,96 12.435.910,59 11.904.667,75 13.441.163,38
Total Capital Próprio/Passivo 15.518.645,81 15.109.332,64 17.937.386,88 17.304.274,19 16.275.583,06 17.557.996,94
Fonte: Elaboração própria.
Ao nível do ativo corrente, regista-se um peso excessivo da rublrica de «Clientes» no
total do ativo, quer no ativo corrente, quer no ativo total, evidenciando dificuldades da
empresa em receber dos seus clientes. Também o acréscimo de 2.442.321 euros dos
direitos sobre «Outras contas a receber» no ano de 2010, pode estar intimamente ligado
ao incremento da atividade operacional da empresa, por via da diminuição dos
inventários.
17
Quanto à rúbrica de «Capital Próprio», pese embora a manutenção do capital social ao
longo do período em análise, constata-se que a mesma tem perdido relevância ao longo
do mesmo, pois, enquanto em 2005 tinha um peso na estrutura do ativo de 28,6%, em
2010 só representava 23,4%, muito por influência da diminuição dos Resultados ao longo
dos anos. Importa salientar que, à exceção de 2009 e 2010, o Resultado Líquido de cada
exercício económico sempre transitou para o exercício seguinte, evidenciando a
preocupação da empresa em se autofinanciar.
Segundo Tracy (2002), a empresa deve tomar decisões fundamentais a respeito do modo
como financia o seu negócio, sendo essencial a análise da composição das rubricas de
dívida e capital. Assim, face às decisões da empresa em termos do capital, refira-se que,
ao nível da dívida, a empresa se financiou maioritariamente através da dívida a
fornecedores e dos financiamentos em instituições de crédito (Quadro 5). O recurso aos
financiamentos obtidos verificou-se, em termos do curto prazo, principalmente em 2008 e,
em termos de médio/longo prazo, maioritariamente em 2010.
Esta realidade encontra-se plasmada, ao nível dos rácios de financiamento, no aumento
do rácio de endividamento (Quadro 6). O indicador de «Endividamento» permite
determinar a proporção com que a empresa utiliza os capitais alheios, no financiamento
da sua atividade (Jorge, 2010). Assim, esta empresa encontra-se excessivamente
endividada, relativamente a terceiros, havendo um elevado risco associado. Segundo os
analistas, a percentagem aceitável andará abaixo dos 35%, o que neste caso não se
verifica, dado que em todos os exercícios económicos se situou acima dos 70%.
Quadro 6. Rácios de financiamento da empresa, 2005-2010
FINANCIAMENTO 2005 2006 2007 2008 2009 2010Endividamento 71,37% 69,57% 73,89% 71,87% 73,14% 76,55%Autonomia Financeira 28,63% 30,43% 26,11% 28,13% 26,86% 23,45%Solvabilidade 40,12% 43,75% 35,33% 39,15% 36,72% 30,63%Capacidade endividamento 60,25% 62,96% 61,23% 67,17% 56,30% 43,04%
Fonte: Elaboração própria.
A atestar a situação crítica em que a empresa se encontra está o rácio «Solvabilidade», o
qual é decrescente, refletindo um elevado risco para os credores da empresa, uma vez
que se encontra abaixo dos 100,00%. Assim, os capitais próprios não são suficientes
para fazer face aos compromissos da empresa, ou seja, fazer face às dívidas de terceiros
a médio/longo prazo.
18
Relacionado com o anterior encontram-se os principais equilíbrios financeiros (Quadro 7),
os quais evidenciam as dificuldades de tesouraria a partir de 2007, por via do aumento
dos financiamentos obtidos a curto prazo, pese embora a médio/longo prazo o Fundo de
Maneio se apresente positivo e com tendência crescente, evidenciando que a parte dos
capitais permanentes que não é absorvida no financiamento do ativo não corrente e que,
consequentemente, vai cobrir (parcial ou totalmente) as necessidades de financiamento
do ciclo de exploração é cada vez maior. Já as Necessidades de Fundo de Maneio (NFM)
mostram “os impactos dos aspetos normativos relacionados com o negócio (prazos
médios de recebimentos e pagamentos, rotações), bem como a forma como os gestores
operacionais executam as suas atividades” (Borges et al., 2008: 318-319), confirmando a
vivência da atividade operacional.
Quadro 7. Principais equilíbrios financeiros da empresa, 2005-2010
31 de Dezembro 103 EUR 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fundo de Maneio 4.278.907,87 3.734.775,05 4.001.764,46 2.152.749,31 2.527.035,95 3.487.957,19
Necessidades de Fundo Maneio 2.306.759,13 1.744.491,25 2.648.216,87 3.238.318,64 2.569.939,04 3.127.047,62
Tesouraria Liquida 1.972.148,74 1.990.283,80 1.353.547,59 -1.085.569,33 -42.903,09 360.909,57Fonte: Elaboração própria.
De facto, a falta de capacidade da empresa para, ao longo do período de 2005 a 2010,
satisfazer os seus comprimissos a curto prazo, também se observa pelo cálculo dos
rários de liquidez (Quadro 8), nomeadamente com recurso aos meios financeiros líquidos
disponíveis. A situação é particularmente preocupante em 2008 e 2009, também em
consequência da crise económica registada em Portugal e na área do Euro, na medida
em que, pese embora, o ativo corrente seja superior ao passivo corrente, atingindo os
valores de 1,04 em 2008 e 1,14 em 2009, segundo Nabais (1997), este indicador seria
aceitável apenas para valores entre 1,30 e 1,50.
Quadro 8. Rácios de liquidez da empresa, 2005-2010
LIQUIDEZ 2005 2006 2007 2008 2009 2010Geral 1,43 1,26 1,26 1,04 1,14 1,47Reduzida 1,05 1,01 1,01 0,73 1,00 1,38Imediata 0,29 0,34 0,20 0,11 0,13 0,11
Fonte: Elaboração própria.
Uma vez analisada a posição financeira da empresa no período 2005-2010, importa
observar o desempenho da mesma no mesmo período, o qual, segundo Costa e Alves
19
(2013), é medido pela soma algébrica entre os rendimentos e os gastos, evidenciados na
Demostração de Resultados. Para Neves (1995: 44), “a demonstração de resultados
líquidos evidencia a formação dos resultados (...) num determinado período (entre dois
balanços)... avalia-se, através dele, a rendibilidade das vendas, a rendibilidade dos
capitais investidos representados no balanço, em suma, a eficiência económica”.
Também para Bastardo e Gomes (1996: 101), “o balanço e a demonstração de
resultados são os documentos de síntese mais importantes e que melhor reflectem a
situação de uma empresa; é sobre estes que incide uma boa parte do esforço de
avaliação, o que é compreensível uma vez que estes documentos reflectem a verdadeira
situação patrimonial da empresa e a formação dos lucros.”
Assim, a Demostração de Resultados da empresa do caso de estudo (Quadro 9) reflete
um aumento significativo do volume de atividade, ou seja, das «Vendas e serviços
prestados», em 2007 (+4.795.671 euros, correspondendo a +30% face ao ano de 2006),
bem como em 2009 (+9.357.133 euros, ou seja, +65,5% face ao ano de 2008). Já nos
anos imediatamente a seguir aos referenciados anteriormente se assiste a uma grande
diminuição no volume de negócios, traduzindo oscilações na política de gestão da
empresa.
Quadro 9. Demonstração de Resultados da empresa, 2005-2010
31 de Dezembro 103 EUR 2005 2006 2007 2008 2009 2010Vendas e serviços prestados 15.591.767,37 15.978.557,98 20.774.229,13 14.293.241,98 23.650.374,92 15.706.370,91
Subsidios à exploração 125.393,27 24.018,10 36.594,78 31.120,96 102.268,11 45.644,75
Variação nos inventários da produção 1.175.710,25 (1.226.254,96) 444.471,78 459.740,47 (1.823.861,90)
Trabalhos para a própria entidade 176.295,02 924.819,73 31.551,29 134.921,86
Custos das mercad. vendidas e das matérias consumidas (5.258.544,12) (3.907.024,89) (4.933.063,39) (4.438.618,55) (4.693.893,49) (3.649.838,10)
Fornecimentos e serviços externos (8.155.370,66) (8.398.680,52) (11.883.142,32) (6.834.647,67) (12.266.960,20) (9.791.503,92)
Gastos com o pessoal (2.402.132,39) (2.490.972,64) (3.292.231,05) (3.953.920,83) (3.988.424,99) (3.222.531,09)
Outros rendimentos e ganhos 515.280,34 1.256.738,87 677.046,04 948.328,66 854.267,36 1.815.725,65
Outros gastos e perdas (149.102,80) (149.479,98) (952.787,22) (144.298,81) (232.825,41) (237.406,40)Resultado antes de depreciações, gastos de
financiamentos e impostos1.443.001,26 1.086.901,96 1.047.412,77 1.285.765,94 1.632.495,69 801.383,66
Gastos/reversões de depreciação e de amortização (1.228.378,59) (850.304,42) (802.917,14) (779.681,83) (841.717,45) (596.392,23)Imparidade de investimentos (perdas/reversões)
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)
214.622,67 236.597,54 244.495,63 506.084,11 790.778,24 204.991,43
Juros e rendimentos similares obtidos 450.771,42 549.047,55 346.073,90 276.459,08 188.426,05 547.927,24
Juros e gastos similares suportados (427.112,68) (630.675,68) (506.020,47) (597.014,51) (729.783,10) (699.511,15)
Resultado antes de impostos 238.281,41 154.969,41 84.549,06 185.528,68 249.421,19 53.407,52Imposto sobre o rendimento do periodo
Resultado liquido do período 238.281,41 154.969,41 84.549,06 185.528,68 249.421,19 53.407,52
Fonte: Elaboração própria.
Diretamente relacionados com as vendas está o «Custo das Mercadorias Vendidas e das
Matérias Consumidas» e os «Fornecimentos e serviços externos», deste modo não é de
20
estranhar que os mesmos tenham acompanhado a variação das primeiras ao longo do
período em análise. No que diz respeito aos «Gastos com o pessoal», os mesmos
sofreram um acréscimo de 32% em 2007, uma vez que houve o aumento do quadro de
pessoal, com a entrada de novos colaboradores.
Face ao exposto, facilmente se conclui que o risco económico da empresa está a
aumentar, como se confirma pelo aumento do «Ponto Crítico» (Quadro 10), o qual, em
alguns anos, por ser superior ao volume de atividade, gera «Margens de Segurança»
negativas, bem como pelo aumento do Grau Económico de Alavanca (GEA),
particularmente no último ano. Igual conclusão se pode retirar em relação ao risco
financeiro, uma vez que o Grau Financeiro de Alavanca (GFA) e o Ponto Morto
Financeiro (PMF) são cada vez mais elevados, também por via do peso dos encargos
financeiros suportados com os financiamentos obtidos.
Quadro 10. Aplicações da teoria GVR, 2005-2010
2005 2006 2007 2008 2009 2010Ponto Crítico 27.059.158,68 15.186.360,65 26.494.781,79 23.086.617,78 ########### ###########Margem de Segurança -42,38% 5,22% -21,59% -38,09% 32,13% -44,16%Grau Económino de Alavanca 18,61 15,75 21,65 10,64 7,40 20,79Grau Financeiro de Alavanca 0,90 1,53 2,89 2,73 3,17 3,84Grau Combinado de Alavanca 16,76 24,05 62,60 29,02 23,47 79,79Ponto Morto Financeiro 18.334.250,19 17.728.170,64 23.201.132,36 16.938.576,95 ########### ###########Fonte: Elaboração própria.
Inerente à variação do volume de atividade, encontram-se os rácios de produtividade
(Quadro 11), sendo que, ao longo do período em análise, os mesmos acompanham a
tendência do primeiro indicador. Donde, em 2008 e 2010 o valor recuperado pelo volume
de atividade (Vendas e Serviços prestados) relativamente ao investimento efetuado (seja
em Ativo total, seja em Ativo não corrente), bem como aos gastos suportados com o
«Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas» e aos suportados com
«Gastos com o pessoal» é cada vez menor. No entanto, em consequência do Resultado
Líquido positivo essa recuperação, em maior ou menor grau, existe.
Quadro 11. Rácios de produtividade da empresa, 2005-2010
PRODUTIVIDADE 2005 2006 2007 2008 2009 2010Inventários 2,97 4,09 4,21 3,22 5,04 4,30Mão de obra 6,49 6,41 6,31 3,61 5,93 4,87Ativo total 1,00 1,06 1,16 0,83 1,45 0,89Ativo não corrente 5,04 4,48 5,70 2,81 4,52 2,58
Fonte: Elaboração própria.
21
Também por via dos resultados positivos, a empresa apresenta rácios de rendibilidade
sempre positivos (Quadro 12), embora com tendência decrescente. Por exemplo, a
rendibilidade do capital próprio, ou seja, o Return On Equity (ROE), que mede a eficiência
com que os capitais estão a ser utilizados, apresenta uma capacidade da empresa em
gerar lucros a partir do capital próprio investido cada vez menor.
Quadro 12. Rácios de rendibilidade da empresa, 2005-2010
RENDIBILIDADE 2005 2006 2007 2008 2009 2010Comercial 1,53% 0,97% 0,41% 1,30% 1,05% 0,34%Económica 1,54% 1,03% 0,47% 1,07% 1,53% 0,30%Financeira 5,36% 3,37% 1,81% 3,81% 5,71% 1,30%
Fonte: Elaboração própria.
Em suma, os ganhos a alcançar assentam na rentabilização da capacidade instalada, na
dinamização do vertente comercial de forma competitiva, aumentando o volume de
atividade, e no aumento da sua eficiência através da diminuição dos gastos de
funcionamento, nomeadamente no que respeita aos «Fornecimentos e serviços
externos», possivelmente em resultado de subcontratações excessivas.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação realizada concluiu que a introdução do novo referencial contabilístico
português originou uma melhoria generalizada da qualidade da informação financeira
prestada pelas entidades que aplicam o SNC, mas exige aos preparadores da informação
conhecimentos técnicos, maior divulgação, detalhe e qualidade do relato financeiro.
Como referem Abreu et al. (2009), o SNC traduz, indiscutivelmente, maior fiabilidade,
independência, objetividade e integridade do sistema de informação contabilística, ao
mesmo tempo que evita conflitos, exigindo dos Técnicos Oficiais de Contas (TOC) um
elevado comportamento ético e deontologia profissional. Para além de ampliar a
delegação de competências, no âmbito contabilístico, envolvendo, também, maiores
níveis de responsabilização.
Quanto aos resultados obtidos da análise económica e financeira realizada, os mesmos
confirmam um cenário complexo face à realidade existente, que justificam as estratégias
e políticas de investimento, financiamento e de natureza operacional levadas a cabo. De
22
facto, no período 2005-2010, verifica-se ao nível do desempenho económico que a
empresa tem dificuldades em dinamizar o setor de vendas, bem como o de cobranças,
levando a um aumento dos gastos operacionais e a uma ineficiência em termos de
produtividade, seja dos fatores de produção, seja dos meios económicos, bem como a
uma ineficácia de resultados. Ao nível da solidez financeira, a empresa apresenta-se
debilidata, por via dos elevados índices de endividamento, que acarretam,
consequentemente, o aumento dos encargos financeiros. Deste modo, confirma-se que a
crise financeira, quer a nível da área do Euro, quer a nível nacional, teve um impacto
negativo no desempenho da mesma e da sua solifez financeira.
Não obstante o anterior, importa referir algumas limitações que esta investigação
apresenta, nomeadamente a adoção da metodologia de estudo caso, que limita a
validação externa dos resultados, não se podendo generalizar os resultados obtidos com
o estudo. Uma segunda limitação está relacionada com a não sistematização da
informação relativa à empresa, obrigando à recolha manual da mesma, uma vez que não
existia um sistema de informação que compilasse a mesma em formato digital. Uma
terceira limitação respeita à confiabilidade dos dados, já que as operações de recolha e
análise de dados não podem ser repetidas para os mesmos resultados. Todavia, esta
confiabilidade poderia ser testada se o mesmo estudo, quando realizado por outro
investigador, produzisse os mesmos resultados (Zisblat, 2008).
AGRADECIMENTOS
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