EMPRESAS VERDES: O CONSUMIDOR
FRENTE AS NOVAS PRÁTICAS
SUSTENTÁVEIS NO MERCADO DE
DETERGENTE DE ROUPA
Igor Serejo Vale Arcos (UEMA)
BEATRIZ VIRGINIA CRUZ MATOS (UEMA)
Marta Ceres Pinheiro Marinho Dutra (UEMA)
Elon Vieira Lima (UEMA)
O aumento da consciência ambiental tem levado os consumidores
a terem uma preocupação cada vez maior com o meio ambiente, o
mercado está se tornando cada vez mais sensível a produtos que
agridem menos a natureza e cada vez mais aberto a produtos que
buscam protege-la. Esse movimento socioambiental tem levado a
uma crescente onda “verde” que engloba conceitos como:
produtos verdes, marketing verde e sustentabilidade. O mercado de
detergente para roupas vem percebendo essa mudança e sensibilidade
do mercado frente a essas novas ideologias de sustentabilidade e
responsabilidade socioambiental. Para acompanhar esses
movimentos, as grandes empresas que atuam nesse setor estão
fazendo pesquisas, mudando as fórmulas de seus produtos, gerando
ações ambientais mais limpas como forma de fixar antigos e
atrair novos consumidores. A pesquisa tem como objetivo avaliar se os
consumidores conhecem os conceitos ambientais e práticas
sustentáveis usados pelas empresa e verificar se as boas práticas
sustentáveis influenciam no processo de decisão de compra. Nesta
pesquisa, a metodologia tem caráter qualitativo, pois trabalhará com
a percepção do público estudado sobre o tema abordado e descritiva
utilizando como ferramenta um questionário para identificar e avaliar
a sensibilidade do consumidor a fim de determinar se há mudança de
comportamento no ato de compra de detergentes para roupas devido
influencia de boas práticas sustentáveis das empresas e/ou produtos
verdes. Como resultado pode-se observar que a maioria dos clientes
conhece os termos associados à práticas sustentáveis e estariam
dispostos a adquirir produtos mais sustentáveis e que causem menos
danos ao meio ambiente.
Palavras-chave: Marketing verde, Produto verde, Sabão de Roupas,
Detergente, Sustentabilidade
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
No decorrer dos anos, a mentalidade do consumidor vem se modificando. Outrora, o que
parecia desnecessário, agora parece indispensável. Produtos vêm se renovando, empresas
investindo em tecnologia para conseguirem se manter competitivas no mercado nacional e
internacional.
Nos dias atuais muita coisa tem corroborado para que o consumidor repense suas práticas de
consumo. As práticas das empresas se tornaram importantes para os consumidores, de
maneira geral, na busca dos itens do dia-a-dia. Outra coisa que vem impactando muito a vida
do consumidor é a ideia de sustentabilidade, onde salvar a natureza e a humanidade se
tornaram assuntos corriqueiros na vida das pessoas. Coleta seletiva, economia de água e
energia, produção de energia mais limpa, passaram a ser discutidos cada vez mais nas
empresas e no cotidiano do consumidor.
Observando isso, as empresas vêm se utilizando do marketing verde para divulgar suas novas
práticas e as melhorias geradas em seus produtos. Unilever, a fabricante da OMO, pretende
reduzir em até 50% o uso da água associado na utilização de seus produtos. A empresa
Química Aparo, dona da marca Ypê, anuncia, por meio de vídeos e rótulos dos produtos, que
planta árvores, contribuindo assim para o reflorestamento e preservação de matas e rios.
Outro exemplo é a P&G, detentora da marca Ariel, o detergente para roupas mais vendido do
mundo, anunciou que seu novo produto não precisaria mais de água quente para garantir alta
performance para a lavagem das roupas, podendo-se utilizar somente água morna, e, por não
precisar mais de água quente, economizaria mais energia.
Entretanto, será que os consumidores de detergente para roupas mudaram seus hábitos de
consumo frente as novas práticas de sustentáveis das empresas, influenciados pelo marketing
verde? Para que o consumidor mude seus comportamentos, vários aspectos acabam
impactando. Conhecer os aspectos da sustentabilidade, por exemplo, trás uma nova visão para
um consumidor ordinário, gerando uma consciência de responsabilidade ambiental.
Mesmo que o consumidor possua uma consciência “ambientalmente correta”, as empresas são
efetivas nas suas estratégia de marketing verde? Como o consumidor observa o produto verde,
pode trazer, ou não, uma nova visão no momento de compra do produto. Mesmo que esse seja
mais caro, o fato do consumidor se sentir importante em “salvar o mundo”, mesmo de
maneira pequena, transforma a maneira do consumidor frente a determinados produtos.
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Produtos verdes/sustentáveis trazem benefícios, não só pro meio ambiente, mas também, pro
próprio consumidor. Como no exemplo citado acima da Ariel, onde o consumidor tem um
custo menor de energia, ou a OMO, que trás um custo menor no custo de água.
Então, procura-se avaliar a sensibilidade do consumidor e sua mudança de comportamento no
ato de compra de detergentes para roupas influenciados pelas boas práticas sustentáveis das
empresas e/ou produtos verdes. A importância de se observar o fato dos hábitos dos
consumidores mudarem, se dá também numa observação disfarçada sobre a mudança cultural
e produtiva das empresas. buscar saber se a cultura consumista est se modificando, se
influenciar de maneira incisiva como ser o geridos os recursos nos próximos anos.
1.1 Consumismo, consumidor comum e consumidor verde
A natureza social do homem é consumista e extravagante, o que dá a ela suas características
de classes sociais e diferenciação e aceitação e grupos sociais. Para Twitchell apud Barros
(2008) a sociedade contemporânea, grande parte do tempo, vem concentrando seus esforços
para produzir e consumir cada vez mais. “Esta sociedade do consumo – e o materialismo que
a fundamenta – possui o consumo como elemento central e articulador de sua vida social”
(Kozinets & Handelman, apud Barros 1998, 2008).
Bauman apud Oliveira (2010), afirma que “esta sociedade de consumo tem como base de suas
alegações a promessa de satisfazer os desejos humanos em um grau que nenhuma sociedade
do passado pôde alcançar. Porém, a promessa de satisfação só permanece sedutora enquanto o
desejo continua insatisfeito; mais importante ainda, quando o cliente n o est “plenamente
satisfeito”. Ou seja, é uma busca incessante por uma satisfaç o que, em tese, nunca ser
alcançada.”
“O estudo do comportamento do consumidor envolve o estudo de indivíduos, grupos ou
organizações e o processo que eles usam para selecionar, obter, usar e dispor de produtos e
serviços, experiências ou ideias para satisfazer necessidades e o impacto que esses processos
tem sobre o consumidor e a sociedade” (, Hawkins, Mothersbaugh e Best, apud Nogami
2010).
Douglas e Isherwood, apud Barros at al(2008) diz que “o consumidor não é observado como
um indivíduo isolado que considera apenas as variáveis de disponibilidade dos produtos e
preço. Ao contrário, são ressaltadas as influências do meio social nos seus processos de
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consumo.” Assim, cultura e economia estão intimamente vinculadas produzindo um
complexo relacionamento entre a produção material e as configurações sociais (Firat apud
Barros, 2008).
Kotler (1993), Churchill (2005) e Nogami apud Dias (2005) (2010), reconhecem que
inicialmente é necessário reconhecer o(s) problema(s) e a(s) necessidade(s), ou seja, perceber
a razão pela qual ele pretende mudar o estado real para um estado desejado. O segundo passo
é buscar informações, que visam pesquisar em variadas fontes as informações relevantes para
que a compra possa solucionar seu problema. Essa busca pode ter alta ou baixa intensidade, e
de grande ou pequena amplitude, esses fatores são determinados pela relevância do problema
inicial. A terceira etapa é a avaliação das alternativas, o processamento de todos os dados
levantados até então, e, caracterizado por cada pessoa, ou seja, não há um processo exato para
a avaliação, existem variações de consumidor para consumidor. Em seguida vem a decisão da
compra, que é influenciada por atitudes de terceiros ou imprevistos, que podem alterar ou não
a decisão. E, finalmente o pós compra, que leva em consideração a satisfação ou insatisfação
do cliente após adquirir o produto desejado.
A questão do impacto ambiental do consumo foi definida inicialmente nos limites da noção de
“consumo verde”, concentrando-se um pouco mais tarde no chamado “consumo sustent vel”.
O surgimento da ideia de um consumo verde e, portanto, de um consumidor verde, só foi
possível, basicamente, a partir da conjunção de três fatores inter-relacionados: o advento, a
partir da década de 1970, do ambientalismo público; a “ambientalizaç o” do setor
empresarial, a partir dos anos 1980; e a emergência, a partir da década de 1990, da
preocupação com o impacto ambiental de estilos de vida e consumo das sociedades afluentes.
A partir da combinação desses três fatores, especialistas, autoridades, políticos e organizações
ambientalistas começaram a considerar o papel e a corresponsabilidade dos indivíduos
comuns, em suas tarefas cotidianas, para a crise ambiental. Ações individuais conscientes,
bem informadas e preocupadas com questões ambientais aparecem como uma nova estratégia
para a solução dos problemas ligados ao meio ambiente e para as mudanças em direção à
sociedade sustentável (Portilho apud Elkington).
De acordo com Facundes (2011), o Instituto Akatu realizou uma oficina durante a
Conferência Internacional Ethos 2009, em que foi apresentado pontos de destaque de várias
pesquisas sobre o perfil do consumidor, e foi constatado que:
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O consumidor brasileiro espera das grandes empresas que, além de serem agentes produtivos,
sejam agentes sociais e ambientais, contribuindo ativamente para o desenvolvimento da
sociedade; o consumidor valoriza cada vez mais as questões ambientais em sua decisão de
compra; os consumidores estão dispostos a punir ou recompensar as empresas pelas suas
práticas efetivas de responsabilidade social empresarial; os consumidores mobilizam, mais e
mais, outros consumidores a avaliar a ação social e ambiental da empresas, e, ao mesmo
tempo, a levar estas informações em consideração em suas decisões de compra.
Focalizando então para o consumidor ambientalmente responsável ou consumidor verde,
Nogami apud Ottman (2010), os define como os que buscam produtos que exercem impacto
mínimo no ambiente. O termo consumerismo é adotado aos direitos, às exigências e à visão
crítica dos consumidores. Assim, um termo pertinente que Ottman classifica é o do novo
consumidor que pratica o consumerismo ambiental, que é o consumo preocupado em proteger
vidas e a subsistência, é onde a pessoas na hora da compra irão pender para produtos
considerados ambientalmente saudáveis e responsáveis e rejeitar os que não são.
O consumidor verde está dividido, segmentado em 5 tons de verde (Nogami apud Ottman,
1994), como observado no Quadro 1:
Quadro 1- Os inúmeros tons do Verde
Fonte: Ottman, (1994)
“O que já acontece a algum tempo no mercado, em relação à preocupação
ambiental, é quanto à tecnologia. Foi percebido um avanço tecnológico nas
indústrias em trabalhar seus processos produtivos de maneira que agrida menos o
meio ambiente, o que falta agora é trabalhar o pensamento do consumidor, em
valorizar mais as empresas que mais prezam por esta preocupação ecológica”
(NOGAMI apud Gonçalves-Dias, 2007).
“É necessário então, para criar ou amadurecer esta consciência ambiental na grande massa dos
consumidores, que a iniciativa seja principalmente do poder público, conforme afirmações das
consumidoras pesquisadas” (Nogami apud Motta, 2003). Assim estas políticas públicas
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refletiriam em exigências para funcionamentos das empresas, que consequentemente afetaria
o consumidor final.
1.2 Sustentabilidade empresarial e suas estratégias de marketing verde como fator de
competitividade
De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra sustentável tem origem no latim "sustentare",
que significa sustentar, apoiar, conservar. Conforme o Relatório Brundtland, Elaborado pela
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, o conceito de sustentabilidade
inclui os fundamentos econômico, social e ambiental. Neste documento, Boff (2008) diz que
algo é sustentável quando os recursos são utilizados de maneira a suprir a necessidade das
gerações atuais sem esgotar recursos para as gerações futuras (Boza, Calgaro, Lucca, 2011).
Até meados da década de 60, a maior preocupação das empresas se referia a otimização dos
seus sistemas produtivos para atender a demanda devido ao crescimento populacional. Nesse
período, os aspectos de sustentabilidade não eram levados em consideração (Trierweiller et al
apud Silva & Callado, 2012). Segundo Silva & Callado apud Cortês (2012), foi a partir da
década seguinte que a preocupação com o meio ambiente passou a ser tomada pelas pessoas e
assim incorporada nas organizações, algumas delas passaram a apreciar esta questão como
custo extras, enquanto outras passaram a implantar isso ao seu processo produtivo como via
de reduzir desperdícios e ampliar a competitividade empresarial.
Por tanto, para Cano & Olivieira (2011): “As empresas para serem reconhecidas pela
sociedade futuramente, deverão saber fazer o uso do relacionamento com a sociedade através
da responsabilidade social, assim conquistando sua cidadania empresarial, tendo como
consequência sua auto-sustentabilidade.”
Ainda de acordo com Cano & Olivieira (2011), a sustentabilidade empresarial tem andado em
foco no Brasil pelo interesse do mercado em difundir a cultura da sustentabilidade no mundo
dos negócios. Logo, tornou-se mais que uma preocupação ambiental, a sustentabilidade
empresarial possui uma abrangência e que mobiliza uma boa estratégia para a obtenção dos
índices de sustentabilidade no mercado de capitais.
sustentabilidade empresarial, no conceito mais atual, é um pacote de práticas ações que
integram os aspectos econômico, social e ambiental, alicerçados por uma competente
governança corporativa. E a competência dessa governança é que contempla o produto final
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observando os diversos índices positivos estabelecidos de sustentabilidade (Cano & Oliveira
apud Folha da Região, 2010 ).
O que ainda se observa é que muitas das organizações tratam de interesses particulares
relativos ao crescimento e lucratividade organizacional, porém, insistindo deixarem de ouvir e
medir constantemente se as práticas e políticas estão condizentes com suas ações e atitudes
(Savitz, 2007 apud Cano & Oliveira).
De acordo com Stringhini (2009) A modernização e a competitividade trouxeram as empresas
nacionais e internacionais uma importante ferramenta, a Gestão Ambiental, a qual foi vista
num primeiro momento como inimiga do progresso.
Como uma ferramenta da Gestão Ambiental, o Marketing Verde e suas estratégias entram
como fator competitivo e diferencial de mercado dentro das organizações. De acordo com
Stringhini apud Voltolini (2009) “o Marketing Verde é, em essência, um ajuste das estratégias
mercadológicas de empresas às exigências de um novo tempo no qual consumidores desejam,
mais do que produtos, compromissos firmes”, neste sentido:
O marketing verde veio como uma ferramenta muito boa de competitividade para as
organizações. No início do século passado, o marketing era visto como uma
ferramenta de manipulação, hoje se tornou a principal ferramenta de estimular
comportamentos. Novas técnicas e formas de aplicação foram moldando marketing,
o quão fosse conveniente para a organização. O marketing verde é uma dessas novas
técnicas. É um tipo de marketing que não trata de apenas criar produtos
biodegradáveis ou recicláveis, mas também usar disso para suas campanhas de
atração de clientes. Dessa maneira, os três parâmetros de sustentabilidade são
englobados (econômico, social e ambiental). (CRUZ, 2014).
Práticas indicam a consciência do consumidor, divulgá-las a partir do Marketing Verde e
passar a informação de como a empresa emprega seu produto no mercado e o que faz para
minimizar o impacto é o caminho a ser trilhado pelas empresas que entrarão no Mercado
Verde (Stringhini, 2009).
Para analisar-se o marketing verde, Waissman apud Polonsky et al (2001) criaram uma lista
de critérios que servem para estudar a cultura do consumo. Esse modelo deve permitir que o
nível gerencial das empresas, governos e ONG’s entendam melhor as v rias forças que afetam
esta modalidade de marketing. Os autores supracitados recomendam seja feita uma lista com
termos-chave, e estes analisados criticamente. A partir daí, podem ser observados os aspectos
de tensão existentes, que irá nos permitir estabelecer parâmetros e soluções, passo a passo,
comportamentais.
Waissman apud Philip Kotler e Gerald Zaltman (2001) passaram a recomendar a inserção do
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marketing social como importante conceito, definindo-o como “a aplicaç o de técnicas e
conceitos do marketing para promover assuntos que sejam benéficos a ideais e causas
sociais”. Esta definição incorpora, implicitamente, aspectos relativos ao ambiente físico como
componente do marketing social, como, por exemplo, a preservação, a conservação e a
proteção do meio ambiente.
2. Metodologia
A metodologia adotada para desenvolvimento do tema foi exploratória. A natureza
exploratória se dá pois, de acordo com Gil (1994), busca desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e ideias para a formulação de novas abordagens num momento posterior.
Quanto aos aspectos metodológicos, o presente estudo ainda possui natureza qualitativa e
quantitativa. De acordo com Oliveira (200 , p.117 as pesquisas de natureza qualitativa
“possuem a facilidade de poder descrever a comple idade de uma determinada hip tese ou
problema, analisar a interaç o de certas vari veis, compreender e classificar processos
din micos”. Gil (1994) afirma que a natureza quantitativa considera que tudo pode ser
quantific vel, o que significa traduzir em números opini es e informaç es para classific -las e
analis -las. equer o uso de recursos e de técnicas estatísticas.
Para o presente artigo, formulou-se um questionário de pesquisa on-line, que buscou verificar
o conhecimento e a sensibilidade do consumidor brasileiro frente a utilização do marketing
verde pelas empresas de detergente para roupas. A fim de analisar se tal ação de marketing é
eficaz no processo de decisão de compra do produto, os dados foram coletados pelo período
de uma semana e teve abrangência nacional.
Buscou-se avaliar o grau de importância dos seguintes aspectos: QUALIDADE, PREÇO,
MARCA e IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE. Mensurado o grau de importância dos
aspectos listados, uma série de perguntas foram realizadas, foram estas:
1) Na sua percepção, a qualidade do produto está diretamente relacionada a marca e à sua
visibilidade?
2) Você conhece o termo sustentabilidade?
3) Você conhece o termo marketing verde?
4) Você conhece o termo produto verde?
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Realizadas essas perguntas, uma verificação do conhecimento dos termos fora feita e
assim conseguiu-se mensurar o quanto o termo é conhecido. A questão da consciência dos
conhecedores dos termos fora trabalhada com as seguintes perguntas:
5) Você já pensou sobre o impacto que o seu sabão de lavar roupa causa sobre o meio
ambiente?
6) O selo verde ou práticas sustentáveis de uma empresa influenciam no seu processo de
decisão de compra?
7) Você se considera fiel à alguma marca de sabão para roupas?
8) Você tem conhecimento se o seu sabão de lavar roupa é um produto verde ou possui
algum diferencial de sustentabilidade?
9) Você estaria disposto a trocar o seu sabão de roupa atual por uma marca mais
sustentável?
10) Você estaria disposto a pagar mais para adquirir um produto que cause menos danos
ao meio ambiente?
Coletados os dados, foram criados gráficos no EXCEL para melhor análise dos mesmo.
3. Resultados e discussões
Realizada a análise de dados, pode-se constatar, de acordo com o figura 1, que, de maneira
geral, a qualidade do produto é o aspecto mais importante no momento do ato da compra, em
segundo lugar vem o preço. O aspecto ambiental do produto, na visão do consumidor, não é
tão relevante. E dentre os aspectos, o mais insignificante é a marca do produto.
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Figura 1- Grau de Importância dos aspectos no ato de compra do detertenge para roupas
A figura 2 mostra que, para a maioria dos consumidores, marca e qualidade não são critérios
diretamente relacionados. Fazendo uma correção entre as figuras 1 e 2, percebemos que essa
afirmação é verdadeira, ao passo que, dentre os aspectos analisados no primeiro gráfico, o
menos relevante é a marca.
Figura 2- Percepção do Consumidor: Qualidade do Produto vs. Marca
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Isso se comprova com a figura 3, que mostra que 70% dos consumidores não se consideram
fieis a uma marca específica de detergente para roupas.
Figura 3 - Fidelidade do Consumidor à sua marca de Detergente para Roupas
Com isso, pode-se supor que grande parte dos consumidores esta disposta a usar um produto
com qualidade comprovada, mesmo que não pertença a uma grande marca, abrindo assim
caminho para novos entrantes.
É, também, importante observar se o consumidor conhece algumas termologias empregadas
dentro da área ambiental, pois tais termologias podem acabar impactando no seu processo de
decisão de compra. Se o consumidor diz que conhece bem a termologia, supõe-se que este
também entende seus termos e seus propósitos.
Observando a figura 4, temos:
Figura 4 - Conhecimento do Consumidor sobre o seu Detergente para Roupas: Produto Verde/
Diferencial de Sustentabilidade
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Tem-se então que a maioria dos consumidores conhece o termo Sustentabilidade. Entretanto,
se tratando de Marketing Verde e Produto Verde, esse percentual cai drasticamente. O termo
menos conhecido pelos consumidores é o Marketing Verde. Ou seja, pode-se constatar que o
termo Sustentabilidade e seus princípios já estão altamente difundidos entre o público.
Entretanto, uma parcela ainda não conhece muito bem, mas reconhece sua existência.
Dentre os conhecedores de pelo menos uma das termologias, pode-se constatar pouco mais da
metade dos consumidores são influenciados no ato de compra do produto, se estes souberem
que a empresa possui um selo verde e/ou práticas sustentáveis.
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Figura 5 - Influência Selo Verde/Práticas Sustentáveis no Processo de Decisão de Compra
No entanto, a maioria dos consumidores ainda não tem conhecimento se o detergente para
roupas que eles usam é um produto verde ou possui um diferencial de sustentabilidade, como
observado na figura 6.
Figura 6 - Conhecimento do Consumidor sobre o seu Detergente para Roupas: Produto Verde/
Diferencial de Sustentabilidade
O que se pode conjecturar é que, embora conhecendo o termo e sendo influenciado pelo
aspecto ambiental de uma empresa, a falta de conhecimento do consumidor se o produto que
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este usa é ou não um produto ambientalmente correto, se dá pelo fato das estratégias de
marketing verde ou não existirem (caso a empresa realmente não possua um diferencial de
sustentabilidade) ou simplesmente ineficazes, não sensibilizando o consumidor de seus
produtos no ato da compra do mesmo, comprovando o fato da qualidade ser o aspecto mais
substancial no ato de compra, que o aspecto ambiental.
Outro aspecto avaliado foi sobre o conhecimento do consumidor sobre os impactos causados
pelo detergente para roupas. Os consumidores, de maneira geral, nunca pensaram sobre os
impactos gerados pelo seu detergente para roupas. Como mostrado na figura 7.
Figura 7 - Conhecimento do Consumidor: Impacto Gerado pelo Detergente para Roupas
Mesmo não conhecendo os impactos gerados pelo produto que usa, a maioria quase absoluta
dos consumidores estão dispostos a trocar o seu detergente para roupas atual por um mais
sustentável, como mostra na figura 8
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Figura 8 - Disposição do Consumidor em trocar seu produto atual por um produto menos danoso ao Meio
Ambiente
E também, de acordo com o figura 9, observa-se que a maioria dos consumidores estão
dispostos a pagar um pouco mais caro por um produto menos danoso ao meio ambiente. Não
se entrou no quesito quanto mais caro o consumidor estaria disposto a pagar para adquirir um
produto mais sustentável, entretanto podemos observar o conceito de responsabilidade
ambiental em processo de consolidação na cultura de consumo do brasileiro.
Figura 9 - Disponisão do Consumidor em pagar mais caro por um produto menos danoso ao Meio
Ambiente
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4. Conclusão
O presente trabalho apresentou um estudo simples, porém efetivo, pois conseguiu de maneira
simples e objetiva realizar uma avaliação sobre a sensibilidade do consumidor no seu
processo de decisão de compra de detergente para roupas. Pode-se constatar que a qualidade e
o preço ainda são os aspectos mais significantes no ato de decisão de compra de um produto,
comprovando a hipótese inicial. Pode-se observar também que o conceito de produto
verde/sustentável é relevante, entretanto, por falta de conhecimento do consumidor se o
produto é, ou não, ambientalmente correto, esse conceito acaba por não influenciar no
processo de decisão de compra.
Constatou-se também que o menos significante é a marca do produto. Isso se comprova, ao
passo que os consumidores não são fiéis a uma marca específica de detergente para roupas, o
que abre espaço para novas empresas que estão pensando em entrar no mercado. Contudo
precisam oferecer um produto com qualidade equiparada, ou superior das marcas já
consolidadas no mercado.
Embora não esteja diretamente nos objetivos do trabalho proposto, observou-se que a
responsabilidade ambiental está cada vez mais consolidada na mente das pessoas, ao passo
que a maioria dos consumidores está disposta a trocar de produto, mesmo que este seja mais
caro, contanto que o mesmo seja menos danoso ao meio ambiente. Esta se encontra alinhada
aos objetivos de forma implícita, pois se pode observar que o consumidor é influenciável
pelas práticas sustentáveis e/ou produtos verdes que a empresa possui, e é sensível, ao ponto
de pensar em mudar seu comportamento frente a tais diferenciais de sustentabilidade
Para as empresas então, pode-se dizer estas precisam melhorar suas estratégias de marketing
verde, caso existam, e deveriam investir mais em um produto mais sustentável, tanto para as
que já estão consolidadas no mercado, tanto para aquelas que pensam em entrar.
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Sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e ecodesenvolvimento: Um projeto para
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