viticulturafruticulturaolivicultura
horticulturaculturas arvensesmicologia
Ministério da Agricultura,
Ordenamento do Território
DRAP CentroDirecção Regionalde Agricultura e Pescasdo Centro
M a r , A m b i e n t e e
DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA E PESCAS
CASTELO BRANCO - 2011
anuário de experimentação 2010
direcção regional de agricultura e pescas do centro
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Índice
I. VITICULTURA
1. Estudo da influência da época e intensidade de desfolha no comportamento agronómico das castas do Dão
3
2. Estudo da influência de diferentes regimes hídricos no comportameno das castas do Dão 6
3. Estudo de técnicas de gestão do solo 11
4. Selecção genética das castas do Dão 14
II. FRUTICULTURA
1. Comportamento de variedades regionais de macieira, em modo de produção biológico 16
2. Campo de demonstração de “novas” variedades de macieira 24
3. Estudo comparativo de duas técnicas de protecção do escaldão em macieiras da variedade Fuji
31
4. Colecção de variedades de aveleira 38
5. Valorização e Preservação de Variedades Regionais de Castanha na Região Centro e Norte de Portugal
43
III. OLIVICULTURA
1. Variedades de oliveira 49
2. Olival conduzido em Modo de Produção Biológico 53
IV. HORTICULTURA
1. Estudo do comportamento de diferentes porta‐enxertos em tomate de estufa 55
2. Estudo do comportamento de dois porta‐enxertos em feijão verde de estufa 66
3. Estudo do comportamento de dois porta‐enxertos em duas cultivares de pepino de estufa 72
4 Ensaio de Micorrizas e de Trichoderma em duas Cultivares de Alface de Estufa 80
5. Ensaio de variedades de Batata da Rede Nacional de Ensaios, em Aveiro 88
6. Ensaio de variedades de Batata da Rede Nacional de Ensaios, no CEBM‐Loreto 91
V. CULTURAS ARVENSES
1. Ensaio de estudo da piriculariose na cultura do arroz 95
2. Campo de observação com adubos de libertação controlada e lenta na cultura do arroz 101
3. Estudo da monitorização da água de rega na cultura do arroz, no Baixo Mondego no canteiro dos adubos de libertação controlada em 2010
106
4. Ensaios de Melhoramento de arroz 108
5. Estudo de novas variedades de arroz 112
6. Tecnologias adaptadas na produção de arroz em Modo de Produção Biológico 116
7. Estudo de sistemas de mobilização do solo e de rega na cultura do milho grão 125
8. Campo de observação de variedades de milho – ciclo FAO 500 132
9. Ensaios de Variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, na E.A.Viseu 137
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2
10. Ensaios de variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em Aveiro 142
11. Ensaio de variedades de sorgo da Rede Nacional de Ensaios, para biomassa, Aveiro 147
12. Ensaio de variedades de sorgo da Rede Nacional de Ensaios, para biomassa, no CEBM‐Coimbra
152
13. Ensaio de variedades de luzerna vivaz da Rede Nacional de Ensaios, em regadio, no CEBM‐Coimbra
160
VI. OUTRAS CULTURAS – COGUMELOS
1. Avaliação da capacidade produtiva de povoamentos florestais inoculados com espécies de cogumelos comestíveis
166
2. Produção e diversidade de cogumelos silvestres 170
3. Produção de tortulhos (Amanita ponderosa). Avaliação da capacidade produtiva dos campos de Cabeço de Mouro (Rosmaninhal – Idanha‐a‐Nova) e Barroca do Beirão (Monforte – Castelo Branco)
178
4. Produção de Criadilhas (Terfezia spp.) na Beira Interior. Avaliação da capacidade produtiva do campo de Monte Fidalgo – Castelo Branco
181
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I. VITICULTURA
1. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA ÉPOCA E INTENSIDADE DE DESFOLHA NO COMPORTAMENTO AGRONÓMICO DAS CASTAS DO DÃO Vanda Pedroso OBJECTIVOS De entre as diferentes intervenções em verde, a desfolha é uma prática corrente na região do Dão, sendo feita essencialmente com o objectivo de expor os cachos na fase final de maturação.
De acordo com a bibliografia, esta prática permite uma melhoria do microclima a nível dos cachos, contribuindo para uma menor taxa de incidência de doenças e para uma melhoria de alguns parâmetros de qualidade do mosto como o teor em antocianas.
Pode ser realizada em diferentes fases do ciclo da planta e com diferentes intensidades.
Os resultados obtidos no CEVDão, no âmbito deste trabalho, permitem já o aconselhamento da prática da desfolha total, numa fase de bago de chumbo, em castas como o Alfrocheiro e a Jaen, para a diminuição da incidência e severidade da podridão cinzenta.
Segundo bibliografia mais recente, uma desfolha praticada em fases precoces como a pré‐floração ou o vingamento, podem conduzir a uma menor incidência da podridão cinzenta por proporcionarem cachos menos tochados, devido a um aumento do desavinho.
Neste sentido, o ensaio iniciado em 2006 foi em parte alterado em 2010, no sentido de confirmar, nas condições da região do Dão e com uma casta de cacho tochado e sensível à doença a Alfrocheiro, os resultados obtidos em outras condições. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL O ensaio está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com cinco modalidades: E1 ‐ desfolha praticada na fase de bago de chumbo/bago de ervilha, nos dois lados da sebe E2 ‐ desfolha praticada na fase final de pintor, nos dois lados da sebe E3 – desfolha praticada na fase final de botões florais separados (estado H), nos dois lados da sebe E4 ‐ desfolha praticada na fase de vingamento (estado J), nos dois lados da sebe. T – testemunha, onde não é praticada nenhuma desfolha. e com quatro repetições.
A desfolha é feita na zona basal dos lançamentos, numa altura correspondente à inserção dos cachos, com a eliminação das folhas do lançamento principal e das netas inseridas a estes níveis. Cada unidade experimental é constituída por 12 plantas. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio está instalado desde 2006 na Folha5, Talhão B do CEVDão, na casta Alfrocheiro e foi reorganizado em 2010 de acordo com as novas modalidades. Neste estudo os registos a efectuar são:
– Registos de abrolhamento, fertilidade e vingamento; – Caracterização da densidade do coberto vegetal e do vigor;
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– Controlo da evolução da maturação; – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta e compacidade do cacho; – Caracterização da vindima; – Caracterização dos vinhos.
RESULTADOS No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á queda intensa de granizo no dia 26 de Junho, que afectou a vegetação e a produção, não foi efectuada a desfolha nas modalidades E1 e E2, não desfolhadas á data de ocorrência do fenómeno. Também, devido á passagem do laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial e á proibição da utilização do equipamento pelos técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura, não foram feitas as determinações relativas á qualidade da produção, estando os bagos congelados aguardando análise.
Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.
Quadro 1 ‐ Efeito da época de desfolha no rendimento e seus componentes
MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa)
Peso Cacho (g)
Peso 100 bagos (g)
Produção (Kg/cepa)
E1 ‐ ‐ ‐ ‐ E2 ‐ ‐ ‐ ‐ E3 24.0 ab 170.9 b 107.3 b 4.1 b E4 22.3 b 157.0 b 113.3 b 3.5 b T 27.2 a 208.6 a 125.0 a 5.6 a Sig. * *** ** **
Nota: Sig – nível de significância; *, ** e *** significativo ao nível de 0.05, 0.01 e 0.001 pelo teste de Fisher. Em cada coluna os valores seguidos da mesma letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS
Os resultados do primeiro ano de ensaio indicam que a desfolha praticada numa fase precoce induziu uma redução significativa da produção (Quadro 1).
A diminuição da produção neste primeiro ano de ensaio, não provém de um aumento do desavinho (Quadro 2), como referenciado na bibliografia, mas sim, essencialmente da diminuição do peso do cacho consequência da redução significativa do peso do bago.
Este facto poderá ser explicado por se tratar do primeiro ano, numa casta e numa parcela de vinha com vigor médio, em que as reservas existentes na planta foram suficientes para o vingamento.
Quadro 2 ‐ Efeito da época de desfolha na taxa de vingamento e compacidade do cacho.
MODALIDADE Nº Flores/ cacho
Nº Bagos/ cacho
Taxa de Vingamento
(%)
Compacidade do Cacho
(Código 204 OIV) E1 ‐ ‐ ‐ ‐ E2 ‐ ‐ ‐ ‐ E3 277.0 206.7 73.4 7.4 E4 299.0 204.1 69.3 7.4 T 293.0 209.5 73.7 7.3 Sig. ns ns ns ns
Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher
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A desfolha praticada ao nível dos cachos influenciou de forma significativa a incidência e a severidade de ataque da podridão cinzenta (Quadro 3), mesmo num ano em que esta doença teve uma expressão muito fraca na região do Dão, como foi o ano de 2010.
Estes resultados são concordantes com os obtidos anteriormente e evidenciam que a prática da desfolha precoce minimiza os problemas da podridão cinzenta na região do Dão.
Quadro 3 ‐ Efeito da época de desfolha na taxa de podridão cinzenta.
MODALIDADE Incidência (%) Severidade (%)
E1 ‐ ‐ E2 ‐ ‐ E3 3.8 b 0.48 b E4 2.1 b 0.20 b T 44.1 a 5.73 a Sig. *** ***
Nota: Sig – nível de significância; *** ‐ significativo ao nível de 0.001, pelo teste de Fisher. Em cada coluna, valores seguidos da mesma letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS
No Quadro 4 são apresentados os valores referentes ao vigor e seus componentes, verificando‐se que neste primeiro ano, a redução de área foliar numa fase de crescimento vegetativo não afectou significativamente o vigor das plantas.
Quadro 4 ‐ Efeito da época de desfolha no vigor e seus componentes.
MODALIDADE Nº Lançamentos
(/ cepa) Peso
Lançamento (g) Peso Lenha (Kg/cepa)
E1 ‐ ‐ ‐ E2 ‐ ‐ ‐ E3 15.0 55.8 0.84 E4 14.7 63.6 0.93 T 15.9 59.4 0.95 Sig. ns ns ns
Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher
Como conclusão geral pode referir‐se que no primeiro ano as desfolhas precoces (estado H e J), não proporcionaram o aumento do desavinho e portanto cachos menos tochados, como referido em bibliografia recente, mas permitiram uma diminuição da intensidade e severidade da podridão cinzenta.
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2. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES REGIMES HÍDRICOS NO COMPORTAMENTO DAS CASTAS DO DÃO Vanda Pedroso OBJECTIVOS A região do Dão devido às suas características edafo‐climáticas apresenta frequentemente problemas de stresse hídrico, facto que compromete muitas vezes a qualidade da uva. O comportamento das castas é diferenciado, sendo de salientar que a casta tinta com maior importância no encepamento – a Touriga Nacional é muito sensível a este problema.
Este estudo tem por objectivos testar, adaptar e demonstrar, em situações de campo uma estratégia de rega – Rega Deficitária Controlada, em vinhas na região do Dão.
Serão avaliados os efeitos da rega associados ou não a uma desfolha, no microclima ao nível dos cachos, na regularidade da produção inter anual, na qualidade do vinho e na perenidade da videira, bem como na economia da eficiência do uso de água.
Procurar‐se‐á responder, para as situações ecológicas da região do Dão, às questões – Em que situações regar? Quando regar? e Quanto regar?
Serão ainda calibradas e aferidas metodologias de condução e programação de rega.
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O ensaio está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com quatro modalidades: NRND – não regada e não desfolhada; NRD – não regada e desfolhada; DIND – rega deficitária com dotação correspondente a 50% ETc e não desfolhada; DID – rega deficitária com dotação correspondente a 50% ETc e desfolhada e quatro repetições.
Cada unidade experimental é constituída por doze plantas. A desfolha é praticada ao nível de inserção dos cachos, dos dois lados da sebe e na fase de bago de chumbo.
MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio está instalado desde 2006, na Folha 5 Talhão B do CEVDão, na casta Touriga Nacional. Neste estudo os registos a efectuar são:
‐ Registos de abrolhamento, fertilidade e vingamento. – Caracterização da densidade do coberto e do vigor. – Parâmetros fisiológicos. – Determinação de metabolitos. – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta. – Controlo da evolução da maturação. – Caracterização da vindima. – Caracterização dos vinhos. – Caracterização de água no solo. – Caracterização climática.
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RESULTADOS
No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á passagem do laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial e á proibição da utilização do equipamento pelos técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura, não foram feitas todas as determinações relativas á qualidade da produção, estando os bagos congelados aguardando análise.
Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.
Quadro 1 ‐ Efeito da rega e da desfolha no rendimento e seus componentes
MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa)
Peso Cacho (g)
Peso 100 bagos (g)
Produção (Kg/cepa)
REGA DI 25.9 168.9 138.6 4.4 NR 26.3 174.3 145.5 4.6 Sig. ns. ns. ns. ns. DESFOLHA D 26.1 173.1 134.5 4.5 ND 26.2 170.1 149.5 4.0 Sig. ns. ns ns. ns
Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.
No ano de 2010, os resultados indicam não ter havido influência significativa da rega e da desfolha no rendimento e seus componentes (Quadro 1).
A superfície foliar exposta (Quadro 2) não foi influenciada pela rega, o que indica que a dotação utilizada não promoveu o aumento de vigor das plantas, mantendo o equilíbrio vegetativo.
A desfolha, realizada a 23 de Junho, como seria de esperar, reduziu significativamente a superfície foliar exposta, mas como se pode observar no Quadro 3 não conduziu a perdas de qualidade do mosto.
Quadro 2 ‐ Efeito da rega e da desfolha na superfície foliar exposta expressa em m2/ha
MODALIDADE /DATA
22/06 23/06
(Desponta) 24/06
(Desfolha) 25/08 24/09
REGA DI 19350 15835 14753 15844 15731 NR 19397 15730 14757 16034 15513 Sig. ns. ns. ns. ns. ns DESFOLHA D 19400 15660 13755 b 14776 b 14566 b ND 19347 15905 15755 a 17102 a 16679 a Sig. ns. ns *** *** ***
Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo, e *** ‐ significativo ao nível de 0,001, pelo teste de Fisher. Em cada coluna valores seguidos da mesma letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS.
No Quadro 3 são apresentados apenas valores do álcool provável, acidez total e pH, únicos parâmetros possíveis de analisar na época de evolução da maturação. Foram realizadas as determinações num laboratório de um viticultor da região que se disponibilizou em ajudar o CEVDão, uma vez que estava interdita a utilização do seu equipamento por ordem superior.
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Quadro 3 ‐ Efeito da rega e da desfolha nos principais parâmetros de qualidade à vindima
MODALIDADE Álcool
Provável (%v/v)
Acidez Total (g ác. tat./l)
pH Antocianas (mg/l)
Índice de Folin
REGA DI 11.5 4.8 3.35 ‐ ‐ NR 11.2 4.9 3.21 ‐ ‐ Sig. ns. ns. ns. ‐ ‐ DESFOLHA D 12.7 4.8 3.30 ‐ ‐ ND 12.9 4.9 3.26 ‐ ‐ Sig. ns. ns. ns. ‐ ‐
Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo
-1.40
-1.20
-1.00
-0.80
-0.60
-0.40
-0.20
0.00
15-Jun 30-Jun 15-Jul 30-Jul 14-Ago 29-Ago 13-Set 28-Set
DATA
Pote
ncia
l híd
rico
do ra
mo
(Mpa
)
DID DIND NRD NRND
Figura 1 – Influência da rega e da desfolha na evolução do potencial hídrico do ramo. A rega, como em anos anteriores, nesta casta não contribuiu para uma melhoria da qualidade nos parâmetros analisados, facto que estará relacionado com as condições climáticas dos últimos anos que não conduziram a stresses hídricos fortes (Figura 1).
É de salientar, que os valores obtidos de acidez total são inferiores ao normal para esta casta na região do Dão, facto que poderá estar relacionado com a ocorrência de temperaturas mínimas muito elevadas durante o período de maturação.
Na Figura 1 é apresentada a evolução do potencial hídrico foliar do ramo, no ano de 2010. Os valores registados indicam situações de conforto hídrico das plantas durante toda a fase de formação e maturação dos bagos.
Entre modalidades regadas e não regadas e na fase inicial de bago de chumbo as plantas encontravam‐se em condições semelhantes. Com a evolução do ciclo e após a primeira rega realizada a 16 de Julho, houve um distanciamento entre modalidades regadas e não regadas que se manteve até á última rega a 19 de Setembro.
No Quadro 4 são apresentadas as principais características do coberto ao nível da base da vegetação influentes no microlclima dos cachos.
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Quadro 4 ‐ Efeito da rega e da desfolha nas características do coberto ao nível dos cachos
DATA MODALIDADE Buracos (%)
Cachos expostos
(%)
Folhas Interiores (%)
Nº Camadas de Folhas
22/06 REGA DI 0.2 15.1 38.0 3.0 NR 0.6 12.7 39.3 3.1 Sig. ns. ns. ns. ns DESFOLHA D 0.6 12.7 38.5 3.0 ND 0.2 15.0 38.8 3.0 Sig. ns. ns ns. ns
23/06 REGA DI 10.2 53.2 20.6 3.8 NR 8.3 52.5 23.5 3.6 Sig. ns. ns. ns. ns DESFOLHA D 18.3 a 90.6 a 5.3 b 0.4 b ND 0.2 b 15.0 b 38.8 a 3.0 a Sig. *** *** *** ***
26/08 REGA DI 5.8 40.7 31.2 2.1 NR 3.1 37.0 28.7 2.3 Sig. ns. ns. ns. ns DESFOLHA D 8.5 a 67.4 a 15.5 b 0.9 b ND 0.4 b 10.2 b 44.4 a 3.4 a Sig. *** *** *** ***
21/09 REGA DI 5.6 55.0 20.6 1.5 NR 3.3 60.5 21.1 1.5 Sig. ns. ns. ns. ns DESFOLHA D 8.3 a 80.8 a 10.5 b 0.7 b ND 0.6 b 34.6 b 31.2 a 2.3a Sig. *** *** *** ***
Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo e *** ‐ significativo ao nível de 0.05 e 0,001 respectivamente, pelo teste de Fisher. Em cada coluna valores seguidos da mesma letra não diferem significativamente ao nível de 0.05 pelo teste da MDS.
A rega não influenciou de forma significativa a porosidade do coberto ao nível dos cachos durante todo o ciclo. A ausência de um incremento relativamente à modalidade não regada evidencia que a dotação utilizada não proporciona um aumento negativo do vigor. Por outro lado, os valores semelhantes entre modalidades regadas e não regadas evidência a ausência de stresse hídrico no ano de 2010, que não levou à perda acentuada das folhas basais na modalidade não regada A diminuição do número de camadas de folhas à vindima, igual nas duas modalidades é resultado da senescência própria da idade das folhas.
A desfolha como seria de esperar, influenciou significativamente a porosidade da sebe desde a fase em que foi realizada (23 de Junho), tendo contribuído para um melhor microclima dos cachos. O vigor e os seus componentes não foram afectados pela estratégia de rega adoptada e pela desfolha praticada (Quadro 5).
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Quadro 5 ‐ Efeito da rega e da desfolha no vigor e seus componentes
MODALIDADE Nº Lançamentos
(/ cepa) Peso Lançamento
(g) Peso Lenha (Kg/cepa)
REGA DI 15.0 63.8 0.96 NR 14.9 65.1 0.97 Sig. ns. ns. ns DESFOLHA D 14.9 63.9 0.95 ND 15.0 65.0 0.97 Sig. ns. ns. ns
Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.
No âmbito desta linha de trabalho foram publicados os seguintes artigos:
‐ “Padrão de extracção de água do solo numa vinha da casta Touriga Nacional no “terroir” Dão”. P. Rodrigues; J.P. Gouveia; V. Pedroso; S. Martins; C. Lopes; I. Alves. Actas do X Simposium Hispano‐Portugués de Relaciones Hídricas en las Plantas. Cartagena, 6 a 8 de Outubro de 2010.
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3. ESTUDO DE TÉCNICAS DE GESTÃO DO SOLO Vanda Pedroso OBJECTIVOS
A manutenção do solo é hoje em dia uma das áreas importantes na cultura da vinha, na região do Dão.
A obrigatoriedade da técnica de enrelvamento da entrelinha para todos os viticultores que adiram ao sistema de produção integrada, coloca questões técnicas que convém esclarecer, uma vez que foi adoptada sem estudos prévios da sua utilização na região, estendendo‐se os resultados obtidos, essencialmente noutras condições edafoclimáticas, como válidos para a região do Dão.
Com este ensaio pretende‐se estudar diferentes técnicas de gestão do solo na linha e na entrelinha da vinha, de forma a obter a melhor relação rendimento/qualidade, manter o equilíbrio vegetativo das plantas, conservar o solo e o ambiente e minorar os custos de manutenção da cultura.
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O ensaio é realizado na casta Touriga Nacional, casta vigorosa, com alta fertilidade, sensível ao desavinho e ao stress hídrico. O ensaio foi estabelecido em 2010, num sistema de blocos casualizados, com quatro modalidades
MHe – mobilização da entrelinha e herbicida na linha MMu – mobilização da entrelinha e mulch na linha RHe – enrelvamento natural da entrelinha e herbicida na linha RMu – enrelvamento natural da entrelinha e mulch na linha e quatro repetições.
Cada unidade experimental é constituída por 18 plantas. As mobilizações a utilizar são as tecnicamente correctas e correntes na região. MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio está instalado na Folha 5, Talhão A do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, na casta Touriga Nacional, plantada em 2000 e enxertada em 110R.
As plantas estão conduzidas num sistema monoplano vertical ascendente, com poda em Cordão Royat bilateral, num compasso de 2,00 x 1,10 m
Neste estudo os registos a efectuar são:
‐ Registos de abrolhamento e fertilidade. – Caracterização da densidade do coberto e do vigor. – Parâmetros fisiológicos. – Determinação da intensidade de ataque da podridão cinzenta. – Controlo da evolução da maturação. – Caracterização da vindima. – Caracterização dos vinhos. – Caracterização de água no solo. – Caracterização climática. – Avaliação das infestantes
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RESULTADOS
No ano de 2010 os trabalhos decorreram de uma forma geral conforme protocolado. No entanto devido á passagem do laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial e á proibição da utilização do equipamento pelos técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura, não foram feitas todas as determinações relativas á qualidade da produção, estando os bagos congelados aguardando análise.
Nos quadros seguintes são apresentados alguns dos resultados obtidos.
Quadro 1 ‐ Efeito da técnica de gestão do solo no rendimento e seus componentes
MODALIDADE Nº Cachos (/ cepa)
Peso Cacho (g)
Peso 100 bagos (g)
Produção (Kg/cepa)
ENTRELINHA M 19.0 134.5 147.0 3.0 R 21.9 126.5 133.2 2.8 Sig. ns. ns. ns. ns. LINHA He 19.3 128.9 136.5 2.9 Mu 21.7 132.1 143.7 2.9 Sig. ns. ns ns. ns
Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.
No ano de 2010, os resultados indicam não ter havido influência significativa das diferentes modalidades de gestão do solo na entrelinha e na linha no rendimento e seus componentes (Quadro 1).
No Quadro 2 são apresentados apenas valores do álcool provável, acidez total e pH, únicos parâmetros possíveis de analisar na época de evolução da maturação. Foram realizadas as determinações num laboratório de um viticultor da região que se disponibilizou em ajudar o CEVDão, uma vez que estava interdita a utilização do seu equipamento por ordem superior.
Quadro 2 ‐ Efeito da técnica de gestão nos principais parâmetros de qualidade à vindima
MODALIDADE Álcool Provável
(%v/v) Acidez Total (g ác. tat./l)
pH Antocianas (mg/l)
Índice de Folin
ENTRELINHA M 11.0 4.3 3.41 ‐ ‐ H 11.0 4.5 3.42 ‐ ‐ Sig. ns. ns. ns. ‐ ‐ LINHA He 11.3 4.3 3.42 ‐ ‐ Mu 10.8 4.5 3.42 ‐ ‐ Sig. ns. ns. ns. ‐ ‐
Nota: Sig – nível de significância; ns – não significativo
No ano de 2010 as características qualitativas avaliadas não foram influenciadas pelas diferentes técnicas de gestão do solo na entrelinha e na linha.
É de salientar, que os valores obtidos de acidez total são inferiores ao normal para esta casta na região do Dão, facto que poderá estar relacionado com a ocorrência de temperaturas mínimas muito elevadas durante o período de maturação.
No Quadro 3 são apresentados os valores referentes ao vigor e seus componentes, verificando‐se que neste primeiro ano, as diferentes modalidades não afectaram significativamente o vigor das plantas.
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Quadro 3 ‐ Efeito da técnica de gestão no vigor e seus componentes
MODALIDADE Nº Lançamentos
(/ cepa) Peso Lançamento
(g) Peso Lenha (Kg/cepa)
ENTRELINHA M 13.8 60.0 0.82 R 13.4 54.7 0.73 Sig. ns. ns. ns. LINHA He 13.6 54.4 0.73 Mu 13.6 60.3 0.83 Sig. ns. ns ns Nota: Sig – nível de significância; ns ‐ não significativo ao nível de 0.05 pelo teste de Fisher.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
3‐Mar
13‐Mar
23‐Mar
2‐Abr
12‐Abr
22‐Abr
2‐Mai
12‐Mai
22‐Mai
1‐J un
11‐J un
21‐J un
1‐J ul
11‐J ul
21‐J ul
31‐J ul
10‐Ago
20‐Ago
30‐Ago
9‐S et
19‐S et
29‐S et
9‐Out
19‐Out
29‐Out
Data
Biomas
sa Total (g/m
2)
MH MM RH RM
Figura 1 – Evolução da biomassa no período de actividade da videira. Na Figura 1, é apresentada a evolução da biomassa referente à entrelinha, durante o período de actividade da videira.
No início do ciclo verificam‐se diferenças significativas entre as duas modalidades de gestão do solo na entrelinha, apresentando o enrelvamento natural (R) valores superiores. Com a diminuição das disponibilidades hídricas no solo (finais de Junho) o comportamento das duas modalidades é tendencialmente idêntico, pois o coberto na modalidade R secou naturalmente.
A quebra verificada em 7 de Junho corresponde ao primeiro corte na modalidade de enrelvamento natural (R) e de mobilização na modalidade mobilizada (M).
Como conclusão geral, pode‐se afirmar que no primeiro ano do ensaio não se verificaram diferenças significativas nos principais parâmetros agronómicos da casta Touriga Nacional, nas diferentes técnicas de gestão do solo estudadas
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4. SELECÇÃO GENÉTICA DAS CASTAS DO DÃO Vanda Pedroso OBJECTIVOS Os principais objectivos deste trabalho, que se desenvolve a nível nacional (Rede Nacional de Selecção da Videira), são os seguintes:
‐ Multiplicação de material seleccionado policlonal (PoliC), das principais castas cultivadas no Dão; ‐ Selecção massal genotípica e clonal de castas do Dão; ‐ Submissão à homologação de clones de diversas castas; ‐ Pré‐multiplicação dos clones homologados; ‐ Distribuição de material seleccionado aos viticultores do Dão. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL No âmbito desta linha experimental encontram‐se instalados vários ensaios. No ano de 2010 e segundo a programação da Rede Nacional de Selecção apenas são avaliados os seguintes:
1 ‐ Fase 3.2 – Touriga Nacional O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 40 clones e 8 repetições.
2 ‐ Fase 3 – Alfrocheiro O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 40 clones e 8 repetições.
3 ‐ Fase 2 – Encruzado O ensaio está instalado na Quinta da Fata, concelho de Nelas e está estabelecido num sistema de blocos casualizados, com 179 clones e 2 repetições. MATERIAL E MÉTODOS Neste estudo os registos a efectuar são:
– Avaliação do rendimento; – Avaliação da qualidade. RESULTADOS Avaliação do rendimento
Conforme previsão de trabalhos para o ano de 2010 – Rede Nacional de Selecção, estavam previstas vindimas controladas em 3 campos, Encruzado, Touriga Naciona e Alfrocheiro. Apenas foi feito o controlo da casta Alfrocheiro, nos outros dois campos, por erro do viticultor, ficou inviabilizado o controlo. Avaliação da qualidade
Segundo a previsão de trabalhos, seria feita a avaliação da qualidade através de amostragem de bagos, em 3 ensaios – Touriga Nacional, Alfrocheiro e Encruzado.
O trabalho foi realizado conforme protocolado com excepção do campo de Encruzado, pela razão já exposta.
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As determinações analíticas relativas á qualidade não foram efectuadas, devido á passagem do laboratório experimental de enologia do CEVDão, em 1 de Julho para a Divisão de Apoio Laboratorial e á proibição por ordem superior, da utilização do equipamento pelos técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura, estando os bagos congelados aguardando análise.
No âmbito deste trabalho e com base nos campos de multiplicação de material vegetal, existentes na região do Dão foram comercializados os seguintes materiais:
Castas brancas Malvazia Fina – 86 800 garfos Encruzado – 29 100 garfos Bical – 6 400 garfos
Castas tintas Alfrocheiro – 28 400 garfos Jaen – 39 100 garfos Tinto Cão – 25 200 garfos Tinta Roriz – 90 300 garfos Touriga Nacional – 139 150 garfos
Os quais corresponderam a 86 % do material fornecido pelo CEVDão.
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II. FRUTICULTURA 1. COMPORTAMENTO DE VARIEDADES REGIONAIS DE MACIEIRA, EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO Arminda Lopes, Francisco Fernandes e Sérgio Martins
OBJECTIVO
Com este ensaio pretendemos testar o comportamento de algumas variedades regionais, quando produzidas em modo biológico (MPB), nomeadamente no que se refere às suas potencialidades produtivas e à sensibilidade a doenças e pragas.
A justificação deste trabalho assenta na suposição de que estas variedades, por selecção natural, foram adquirindo alguma resistência às doenças e pragas podendo por isso constituir material privilegiado para o MPB.
Este estudo possibilita ainda testar e avaliar a eficácia de meios de luta alternativos à luta química.
Outro objectivo, não menos importante, que tencionamos atingir, é a selecção de variedades que possam contribuir para alargar o leque de opções para o MPB, hoje praticamente limitado às resistentes ao pedrado, cujo comportamento, sobretudo no que diz respeito à sua adaptação e à aceitação no mercado, é ainda pouco conhecido.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo tem vindo a ser feito num pomar, com aproximadamente 8000 m2, plantado em 2005 na Estação Agrária de Viseu, em solos do tipo Al, aluviossolos modernos, de textura mediana a ligeira, derivados de granito. Segundo os resultados da análise de terra, trata‐se de um solo moderadamente ácido, com um teor médio de matéria orgânica e muito alto em fósforo e potássio extraíveis.
No Verão anterior à plantação procedeu‐se à solarização do solo nas linhas. Na preparação do terreno foram efectuadas as correcções sugeridas na análise de terra.
As variedades, seleccionadas duma ampla colecção de macieiras regionais provenientes de todo o país são: Bravo, Camoesa Corada (de Alcongosta), Camoesa Rosa, Durázio, Malápio da Serra (de Gouveia), Malápio do IFEC (Ex‐Instituto de Formação e Educação Cooperativa), Malápio da Ponte, Pardo Lindo, Pêro de Coura, Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) Pêro Rei (de Carrazeda), Piparote, Pipo (de Basto), Tromba de Boi (Figura 1). Estão também em estudo duas variedades resistentes ao pedrado, a Querina (=Florina) e a JTF505 (um híbrido obtido pelo Eng.º João Tomás Ferreira). Cada uma destas variedades está enxertada em dois porta‐enxertos, o MM106, mais vigoroso e normalmente recomendado em MPB e o EMLA9, ananicante, que está a ser testado neste modo de produção. A distância entre linhas é de 5 m e na linha 3 m e 2 m respectivamente para o porta‐enxerto mais e menos vigoroso. Cada conjunto
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variedade/porta‐enxerto está representado por 18 árvores e as observações são feitas em todas as árvores.
A selecção das variedades foi feita com base nas informações colhidas, ao longo dos anos de observação, do seu comportamento na colecção existente na EAV, nomeadamente no que se refere à produção, qualidade dos frutos e particularidades morfológicas. A época de colheita também foi um dos parâmetros tidos em conta, para permitir alargar o período de disponibilidade de maçãs desde o início de Setembro (Pipo de Basto, Piparote e Camoesa Rosa) até aos fins de Novembro (Durázio e Malápio da Ponte).
Figura 1 – Variedades em estudo: a) Bravo, b) Camoesa Corada, c) Camoesa Rosa, d) Durázio, e) Malápio da Serra, f) Malápio da Ponte, g) Malápio do IFEC, h)Pardo Lindo, i) Pêro de Coura, j) Pêro Pipo, l) Pêro Rei, m) Piparote, n) Pipo, o)Tromba de Boi e p) Querina
Para avaliação da produção, cada árvore, que constitui uma repetição, foi colhida individualmente, e pesados os respectivos frutos.
A avaliação da susceptibilidade às doenças e pragas foi feita ao longo do ciclo vegetativo da macieira e na altura da colheita, tendo‐se observado todos os frutos e separado, por lotes, os que apresentavam qualquer sintomatologia.
No que diz respeito às doenças, apenas nos temos preocupado com o pedrado, Venturia inaequalis, que tentamos controlar com produtos à base de enxofre e de gluconatos de cobre.
Em relação às pragas observou‐se o efeito dos afídeos Dysaphis plantaginea Passerini (piolho cinzento) e Aphis pomi de Geer (piolho verde), do bichado Laspeyresia pomonella L., e da mosca da fruta, Ceratitis capitata Wied.
O controlo das populações de afídeos deveria ser assegurado pelos inúmeros auxiliares conhecidos desta praga. Contudo, uma vez que esta regulação nem sempre se verifica, torna‐se necessário recorrer à aplicação de bioinsecticidas.
No combate ao bichado temos vindo a recorrer ao método da confusão sexual, utilizando difusores Isomate‐C‐Plus® e ao uso de bioinsecticidas mas, em 2010, utilizou‐se apenas o vírus da granulose (Madex), recentemente homologado para o controlo desta praga. No sentido de favorecer a limitação natural, distribuíram‐se pelo pomar ninhos artificiais para chapins, aves insectívoras que se alimentam das lagartas. Para diminuir a pressão da praga foram também colocadas cintas de cartão canelado que permitiram retirar grande parte das lagartas hibernantes.
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No controlo da mosca da fruta, embora nos primeiros anos tenhamos recorrido ao método da captura em massa, no ano de 2009 utilizámos o Spinosade, uma matéria activa com elevada actividade insecticida, recentemente autorizada, obtida, de forma natural, por fermentação de uma bactéria do solo Saccharopolyspora spinosa.
Os tratamentos efectuados no pomar ao longo do ciclo vegetativo encontram‐se no Quadro 1.
Quadro 1 ‐ Tratamentos efectuados no pomar ao longo do ciclo vegetativo
Data Produto Substância activa Observações
23 Mar Calda Bordalesa + Garbol
Sulfato de cobre e cálcio + óleo de verão 1,3kg+4L/hL
13 Abr Heliosoufre Enxofre 600mL/hL
19 Abr Heliosoufre Enxofre 600mL/hL
27 Abr Sergomil L60 + Biocrop L45
Cobre+mistura líquida de micronutrientes 250mL+200mL/hL
27 Abr Borideno na rega Boro+molibdénio 1kg/ha
05 Mai Chorume de fetos+Neem+Cálcio Servalesa
Chorume+óleo de Neem+cálcio 6,5L+160mL+400mL/hL
12 Mai Biocrop L45 + Heliosoufre
Mistura líquida de micronutrientes +Enxofre 250mL + 600mL/hL
26 Mai Madex Vírus da granulose 10mL/hL
27 Mai Chorume de fetos+Jabser K
Chorume+sabão de potássio (K) 6,6L+400mL/hL
27 Mai Borideno na rega Boro+molibdénio 1kg/ha
04 Jun Madex Vírus da granulose 10mL/hL
14 Jun Sergomil L60 + Biocrop L45
Cobre+mistura líquida de micronutrientes 250mL+200mL/hL
14 Jun Madex Vírus da granulose 10mL/hL
23 Jun Madex Vírus da granulose 10mL/hL
24.Jun Cálcio Servalesa Cálcio 400mL/hL
02 Jul Madex Vírus da granulose 10mL/hL
02 Jul Biocrop L45+ Cálcio Servalesa+ Jabser K
mistura líq. micronut+cálcio+sabão de K 200mL+400mL+400mL/hL
12 Jul Madex Vírus da granulose 10mL/hL
22 Jul Madex Vírus da granulose 10mL/hL
22 Jul Biocrop L45+ Cálcio Servalesa
mistura líq. micronut+cálcio 200mL+400mL/hl
30 Jul Madex Vírus da granulose 10mL/hL
09 Ago Madex Vírus da granulose 10mL/hL
18 Ago Madex Vírus da granulose 10mL/hL
27 Ago Madex Vírus da granulose 10mL/hL
19 Out Spintor Isco * Spinosade 1,5L/10L
* Volume de calda – 10 L/ha (aplicado apenas no terço superior da árvore do lado exposto a Sul)
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste relatório apenas apresentamos os valores relativos ao porta‐enxerto MM106, por ser o mais generalizado na produção em modo biológico.
No que se refere à produção, o ano de 2010 pode ser considerado de contra‐safra para a maioria das variedades em estudo (Figura 2).
Como se pode observar no Quadro 1, as colheitas iniciaram‐se a 7 de Setembro e terminaram a 15 de Novembro.
A variedade que produziu mais foi a Querina, atingindo valores superiores a trinta toneladas por hectare, seguindo‐se a Camoesa Corada a Pardo Lindo e a Pipo de Basta com cerca de 15 toneladas. A Piparote, a Camoesa Rosa, a Malápio da Serra e a Pêro de Coura expressaram de forma extrema a sua alternância e não se chegou a colher qualquer fruto (Figura 2). A Malápio do IFEC, apesar de ter produzido razoavelmente, apresentou uma queda acentuada de frutos em consequência do forte ataque de bichado de que foi alvo.
Quadro 1 – Datas de colheita das variedades em estudo
Variedade Data de Colheita
Bravo 15 de Setembro
Piparote Não produziu
Pipo Basto 07 de Setembro
Camoesa Rosa Não produziu
Malápio IFEC 16 de Setembro
Querina 17 de Setembro a 18 Outubro
Pardo Lindo 17 de Setembro
505 TF Não produziu
Camoesa Corada 15 de Outubro
Focinho de Burro 15 de Outubro
Comendador 15 de Outubro
Tromba de Boi 28 de Outubro
Malápio Serra Não produziu
Pêro de Coura Não produziu
Pêro Rei 28 de Outubro
Malápio da Ponte 15 de Novembro
Durázio 15 de Novembro
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Figura 2 – Produção, em toneladas por hectare, no ano 2010
Figura 3 – Produção acumulada de 2007a 2010 e peso médio do fruto
O gráfico da Figura 3, onde podemos ver a produção acumulada de 2007 a 2010, destaca a forte tendência que muitas das variedades regionais têm para a alternância. Esta característica é difícil de contornar na produção em modo biológico, principalmente pela dificuldade de execução da monda de frutos. Nas variedades Pêro de Coura, Camoesa Rosa, Bravo, Pipo de Basto e Pêro Rei essa propensão é particularmente acentuada. Este gráfico realça ainda o excelente desempenho da Querina que se distingue das variedades regionais pela uniformidade e quantidade da produção anual. Esta variedade, que, como veremos à frente, apresenta também algumas vantagens ao nível sanitário, tem uma boa aceitação no mercado. Nesta fase do estudo podemos já começar a seleccionar as variedades no que
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Q
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Malápio do IFEC
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2007 2008 2009 2010 peso médio do fruto
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Piparote
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Malápio da Serra
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Camoesa Corada
Pardo Lindo
Durázio
%
Bichado Mosca Calibre
respeita ao aspecto produtivo destacando‐se pela positiva a Querina, a Pardo Lindo, a Malápio da Ponte e a Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) e pela negativa a Camoesa Rosa e a Pêro Rei.
Como podemos ver, na mesma figura, a Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro) e a Malápio do IFEC são as que dão frutos maiores; por outro lado, a Camoesa Corada, a Pardo Lindo e a Durázio são variedades de frutos pequenos.
Figura 4 – Percentagem e causas de refugo na produção de 2010´
Quanto aos aspectos sanitários, que condicionam a percentagem de refugo, podemos ver no gráfico da Figura 4 que estes se relacionam, principalmente, com os ataques de piolho cinzento (que afectam o calibre dos frutos), do bichado e, em menor grau, da mosca da fruta. O pedrado, apesar de se terem verificado infecções ao nível das folhas em praticamente todas as variedades, e de forma mais acentuada nas mais sensíveis, não provocou, ao nível dos frutos, qualquer sintomatologia digna de registo.
Em 2010 a percentagem média de refugo foi de quase 48%, tendo atingido valores superiores a 60% na Bravo, na Malápio da Ponte e na Camoesa Corada. A única variedade que teve uma percentagem de refugo inferior a 20% foi a Pardo Lindo
No ano de 2010 continuou a verificar‐se uma elevada percentagem de refugo devida à falta de calibre dos frutos (inferior a 55mm nos frutos tipo maçã e 50mm nos tipo pêro). Esta falta de calibre que pode ser uma característica varietal, está vincadamente associada a ataques de piolho cinzento, na altura do vingamento dos frutos, como já atrás referimos.
O maior problema este ano, contudo, deveu‐se ao forte ataque de bichado que se verificou de uma forma generalizada e com particular incidência nas bordaduras. Este facto veio comprovar que foi um erro abandonar a confusão sexual, prática que vínhamos seguindo, e recorrer apenas à aplicação de Madex, pois estamos perante uma parcela em que a pressão da praga é muito elevada. Há ainda a acrescentar que as condições climáticas foram bastante propícias para o desenvolvimento do bichado e pouco favoráveis para a actuação do vírus da granulose.
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Figura 5 – Evolução da percentagem de perfurações na bordadura e no interior do pomar e da captura de machos na armadilha tipo delta. Datas de aplicação do Madex (setas amarelas)
No gráfico da Figura 5 podemos ver a evolução das perfurações no interior e na bordadura do pomar, bem como da captura dos machos na armadilha delta. Constata‐se a ocorrência de duas gerações bem diferenciadas tendo a primeira atingido um pico no início de Julho e a segunda em meados de Agosto. Na mesma imagem podemos ainda observar que a cadência de tratamentos, em média de 10 em 10 dias, não foi suficiente para controlar os ataques.
No sentido de averiguar os efeitos do Madex fizemos a contagem de lagartas vivas e mortas em cada observação (Figura 6). Os resultados indicam que, na primeira geração, a percentagem de lagartas mortas foi sempre superior, mas na segunda essa tendência inverteu‐se. Após a colheita observámos que cerca de 30% das perfurações eram muito superficiais. Provavelmente, devido ao efeito do bioinsecticida, as lagartas perdiam a capacidade de se alimentarem e não chegavam a fazer a galeria mas, no entanto, os frutos afectados contribuíram para aumentar a percentagem de bichados.
Quando se recolheram as cintas de cartão canelado verificámos que cerca de 20% das lagartas estavam mortas e, destas, metade apresentavam sintomatologia de efeitos do vírus. O número de lagartas por cinta (3,4), indicia uma fortíssima pressão do bichado para o ano seguinte e daí uma necessidade de se reforçarem todos os meios disponíveis para tentar minorar os efeitos nefastos desta praga.
Figura 6 – Percentagem de lagartas vivas e lagartas mortas em cada observação
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Relativamente ao comportamento das variedades esta grave situação permitiu reforçar a percepção de que algumas apresentam uma sensibilidade menor à praga. Pela observação do gráfico da Figura 4 verificamos que a Pêro Rei, a Camoesa Corada, a Durázio e a Pardo Lindo foram as menos afectadas. A Querina, a Bravo e a Malápio do IFEC sofreram, vincadamente, o efeito de bordadura.
Em relação à mosca da fruta, 2010 foi um ano pouco problemático. Confirmou‐se a maior susceptibilidade da Pêro Pipo (Comendador e Focinho de Burro), pois foram as que apresentaram maior quantidade de picadas. A Malápio da Ponte, como tem uma colheita extremamente tardia, acaba por ainda ser atacada mas com pouco significado.
Nesta fase do ensaio, e tendo em conta os aspectos produtivos e sanitários, as variedades que mais se destacam são a Querina e a Pardo Lindo.
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2. CAMPO DE DEMONSTRAÇÃO DE “NOVAS” VARIEDADES DE MACIEIRA Francisco Fernandes, Arminda Lopes, Sérgio Martins e Adelino Pimenta
OBJECTIVO
Estudar a adaptação e o comportamento de variedades recentemente introduzidas no mercado e que têm despertado maior apetência na generalidade dos operadores. Na definição das variedades procurou‐se introduzir as mais expressivas dos quatro grupos de maçãs com maior representatividade no panorama Mundial: Gala, Red Delicious, Golden e Fuji. Com este trabalho pretende‐se, por um lado, facilitar a escolha no momento de definir a constituição das plantações e, por outro, demonstrar que, com o recurso a tecnologias adequadas, se conseguem aumentos significativos na produtividade dos pomares e no rendimento dos fruticultores. MATERIAL E MÉTODOS Para atingir os objectivos propostos instalou‐se, em Março de 2006, na Estação Agrária de Viseu, um campo de ensaio e demonstração com doze variedades, quatro pertencentes ao grupo Gala – Brookfield, Galaxy Evolution, Anaglo e Buckeye – 2 ao grupo Red Delicious – Itred e Jeromine – 2 ao grupo Golden – Reinders e Clone B – e 4 ao grupo das Fuji – Toshiro, Spike Spur, Kiku 8 e Raku Raku (Figura 1).
Figura 1 – Aspecto de algumas das variedades em ensaio a) Brookfield, b) Jeromine, c) Reinders e d) Kiku 8
As árvores estão todas enxertadas em 9 EMLA e conduzidas em eixo vertical. O compasso utilizado é de 3,5 m x 1 m, o que corresponde à densidade de 2857 árvores por hectare. Cada variedade está representada por 45 árvores e as observações, à excepção da quantidade de fruta produzida, foram feitas em 5 plantas representativas de cada conjunto tomadas como repetições.
Ao longo do ciclo vegetativo, sempre que as condições o exigiram, foram feitos os tratamentos preconizados pelo Serviço de Avisos, e a aplicação de fertilizantes. Foram registados os estados fenológicos e acompanhou‐se o desenvolvimento dos frutos para definir as datas de aplicação da monda química.
a)
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b)
d)
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Na altura da colheita, foram contados e pesados os frutos de cada árvore. A produção das cinco árvores, representativas de cada conjunto, foi toda calibrada. Seguidamente foram determinados os parâmetros de maturação (dureza, ºBrix e amido), numa amostra de 25 frutos. Nos grupos Golden, Red Delicious e Fuji foram também avaliados, em 10 frutos, os valores do pH e da acidez titulável (g/l de ácido málico).
Em 2010 foi também feita a avaliação do vigor das árvores, em todas as variedades, medindo a altura com uma régua graduada de 240 cm, e o diâmetro 10 cm acima da enxertia, com uma craveira digital.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma vez que é importante acompanhar a evolução do pomar ao longo dos anos, apresentamos, por grupo, os valores obtidos quanto à produção, ao peso médio dos frutos e aos parâmetros de maturação nos quatro anos de observação, 2007 a 2010.
No grupo das Galas, como se pode observar na Figura 2, a produção aumentou em todas as variedades, de modo mais evidente na Galaxy Evolution e na Buckeye, mantendo‐se, todavia a Brookfield e a Anaglo como as mais produtivas. No que se refere ao calibre médio verificou‐se uma inversão na tendência decrescente, tendo todas as variedades atingido valores próximos de 70mm.
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Brookfield Galaxy Evolution Anaglo Buckeye
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mm
Produção Calibre médio
Figura 2 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Gala
Relativamente aos parâmetros de maturação (Figura 3) verificou‐se não existirem diferenças significativas entre as variedades. A dureza variou entre 10 e 8,9 kg/cm2 respectivamente na Buckeye e na Anaglo. O ºBrix atingiu o valor máximo (14,6%) na G. Evolution e o mínimo (13,9%) na Brookfield. Quanto ao amido, a Brookfield apresentou o índice de regressão mais elevado (9,8) e a Buckeye o mais baixo (8,6). Neste grupo as variedades mais vigorosas são a Brookfield e a Anaglo (Figura 4)
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Brookfield Galaxy Evolution Anaglo Buckeye
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Dureza ºBrix Amido
Figura 3 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Gala
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Brookfield Galax. Evol Anaglo Buckeye
m,c
m
Altura Diâmetro
Figura 4 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Gala no ano 2010
No grupo Red Delicious (Figura 5) há a registar o facto dos calibres médios serem muito altos em ambas as variedades nos dois primeiros anos, tendo diminuido nas últimas campanhas. Contudo, as produções ficaram sempre aquém do desejado, tendo‐se verificado, em 2010, um verdadeiro descalabro. Esta situação poderá ser atribuível, em parte, às chuvas persistentes ocorridas no período da floração que tiveram como consequência um mau vingamento, nestas variedades.
Outra razão que contribui para a ocorrência destas baixas produtividades é o porta‐enxerto utilizado que se tem vindo a revelar como pouco vigoroso para estas variedades que têm características do tipo “spur”. Esta particularidade evidenciou‐se claramente, desde o início, na Itred, mas começamos a ficar com a ideia de que também a Jeromine teria um comportamento melhor em porta enxertos mais vigorosos, do tipo M26, MM106 ou M7.
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2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
Itred Jeromine
t/ha
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5060708090
mm
Produção Calibre médio
Figura 5 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Red Delicious
Os parâmetros de maturação (Figura 6) não apresentam diferenças significativas entre as variedades. A dureza assume o mesmo valor nas duas variedades, o ºBrix, a acidez e o pH são ligeiramente mais altos na Jeromine, o amido é sensivelmente mais elevado na Itred.
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Itred Jeromine
kg/c
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Dureza ºBrix Amido
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Itred Jeromine
g/l á
c. m
álic
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Acidez pH
Figura 6 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Red. Delicious
Relativamente ao vigor (Figura 7), é de realçar o fraco vigor da Itred que se deve ao facto, já atrás referido, do porta‐enxerto não ser o mais adequado.
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Itred Jeromine
m, c
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Altura Diâmetro
Figura 7 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Red. Delicious no ano 2010
Quanto ao grupo Golden, a Reinders continua a apresentar níveis de produção superiores à Clone B (Figura 8) e, no ano de 2010, este diferencial foi ainda mais evidente. À semelhança do que sucedeu com as Red Delicious, também nas Golden se verificaram quebras de produção acentuadas mas, neste caso, devidas às geadas tardias ocorridas a 4 e 5 de Maio.
No que se refere aos calibres a Clone B, apesar de ter produzido quase metade da Reinders, apresentou calibres médios significativamente inferiores. Continuamos a constatar a grande sensibilidade à carepa da Clone B que, neste ano, se manifestou de forma particularmente grave. Mais uma vez se confirma a supremacia da Reinders relativamente à Clone B, tanto no que se refere ao aspecto vegetativo da árvore como no que diz respeito à produção.
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28
0
5
10
15
20
25
Reinders Clone B
kg/c
m2 , %
Dureza ºBrix Amido
0
5
10
15
20
25
30
35
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
Reinders Clone B
t/ha
6264666870727476788082
mm
Produção Calibre médio
Figura 8 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Golden
Também neste grupo os parâmetros de maturação não diferem significativamente (Figura 9). À excepção do pH que é mais elevado na Reinders todos os outros parâmetros se apresentaram mais altos na Clone B. O maior desfasamento verifica‐se no ºBrix, o que poderá estar relacionado com a já referida presença de carepa.
Figura 9 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Golden
Quanto ao vigor, embora não existam diferenças significativas, a variedade Reinders é ligeiramente mais vigorosa (Figura 10).
0,00,51,01,52,02,53,03,54,0
Reinders clone B
m, c
m
Altura Diâmetro
Figura 10 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Golden no ano 2010
0
1
2
3
4
5
6
Reinders Clone B
g/l d
e ác
. mál
ico
Acidez pH
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29
02468
101214161820
Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku
kg/c
m2 , %
Dureza ºBrix Amido
0
1
2
3
4
5
6
Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku
g/l á
c. m
álic
o
Acidez pH
Por último, e no que concerne ao grupo Fuji, ressalta, de imediato, a sua tendência para apresentar alguma alternância, mais acentuada na Spike Spur. A Toshiro contrariou essa característica pois a sua produção foi crescendo até 2009 descendo, ligeiramente, em 2010. Esta quebra de produção verificou‐se também na Spike Spur e na Raku Raku. Deve porém notar‐se que os calibres foram genericamente muito altos (Figura 11).
Quanto aos parâmetros de maturação (Figura 12), verifica‐se que os frutos deste grupo apresentam os valores mais altos de ºBrix, quando comparados com os obtidos na generalidade das outras variedades.
0
5
10
15
20
25
30
2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010 2007 2008 2009 2010
Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku
t/ha
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
mm
Produção Calibre médio
Figura 11 – Produção e calibre médio das variedades do grupo Fuji
Figura 12 – Parâmetros de maturação das variedades do grupo Fuji
No que respeita ao vigor (Figura 13) há que realçar o baixo porte da Spike Spur relativamente às restantes o que vem confirmar a inadequação do porta‐enxerto ananicante a esta variedade do tipo “spur”.
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30
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5
Toshiro Spike Spur Kiku 8 Raku Raku
m,c
m
Altura Diâmetro
Figura 13 – Valores médios da altura e do diâmetro das árvores das variedades do grupo Golden no ano 2010
Dada a sensibilidade que as variedades deste grupo manifestaram relativamente ao “golpe de sol”, que chegou mesmo a comprometer a produção na campanha anterior, foi, em 2010, instalado nestas árvores um ensaio com duas técnicas de prevenção do escaldão: aplicação de caulino e instalação de rede de sombreamento, cujos resultados se apresentam em relatório autónomo.
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3. ESTUDO COMPARATIVO DE DUAS TÉCNICAS DE PROTECÇÃO DO ESCALDÃO EM MACIEIRAS DA VARIEDADE FUJI Francisco Fernandes, Arminda Lopes, Sérgio Martins e Adelino Pimenta
OBJECTIVO
Avaliar a eficácia da aplicação de caulino e da rede de sombreamento na protecção dos frutos contra o escaldão, lesão na epiderme causada pela exposição dos frutos a elevada temperatura e intensa radiação solar.
O aparecimento do escaldão pode provocar prejuízos consideráveis em anos em que se verifiquem condições de temperaturas elevadas, em períodos mais ou menos prolongados, principalmente nos pomares com orientação Este/Oeste.
A opção pelas variedades do grupo Fuji deveu‐se à sua grande sensibilidade a esta alteração fisiológica que impede que as maçãs adquiram a sua tonalidade avermelhada, que é uma das características que mais as valorizam.
Com este trabalho pretende‐se comparar o efeito destas duas práticas inovadoras, tanto ao nível da eficácia, como da sua relação custo/benefício.
MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir os objectivos propostos instalou‐se, no ano de 2010, na Estação Agrária de Viseu, um ensaio demonstrativo em quatro variedades do grupo das Fuji – Toshiro, Spike Spur, Kiku 8 e Raku Raku, que fazem parte de um campo de “Novas variedades”.
Foram consideradas duas modalidades: a cobertura das linhas com rede de sombreamento e a aplicação de caulino.
As características da rede utilizada constam no Quadro 1.
Referência 450 HP
Composição Polietileno
Gramagem (+/‐ 8%) 70g/m2
Largura (+/‐ 5cm) 300 cm
Comprimento (+/‐ 3%) 125 m /Rolo
Tapamento 70 %
Estabilização UV 5 anos
Cor Verde
Quadro 1 – Características da rede de sombreamento utilizada
A montagem da rede foi feita no dia 21 de Julho, sobre uma estrutura de madeira e arame, suportada pelos postes de tutoragem do pomar (Figura 1). Foi retirada no dia 17 de Setembro
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Na outra modalidade em estudo foi usado o “SUNVEG protection”, produto formulado à base de caulino (mineral natural) que, quando aplicado, forma uma película de finas partículas brancas que protegem os frutos ao reflectir os raios ultravioletas e infravermelhos do Sol (Figura 2b).
Foram feitos dois tratamentos, o primeiro no dia 16 de Julho e o segundo em 13 de Agosto. Foi utilizado um pulverizador rebocável de 1000L com turbina (Figura 2a). A concentração utilizada foi de 3kg/100L de água em alto volume.
Figura 1 – Aspecto da área de pomar com rede de sombreamento
Figura 2 – Aplicação do caulino (a). Pormenor do produto sobre a epiderme do fruto (b)
Nos dias 13, 14 e 15 de Agosto foi medida a radiação fotossinteticamente activa (PAR), às 10,14,18 e 20 horas, com um Ceptómetro Mod. Decagon Sunfleck. Em cada modalidade foram feitas medições na entre‐linha e na linha, sendo que, nesta última, foram avaliados os valores ao nível do 1º e do 2º arame. Cada valor obtido representava a média de cinco registos.
Na altura da colheita, foram avaliados os parâmetros de maturação (dureza, ºBrix, amido, acidez titulável e pH) em 10 frutos provenientes de duas árvores marcadas por modalidade, em cada variedade.
Nas variedades Toshiro e Kiku 8 foram avaliados, com um Colorímetro MINOLTA 300, os parâmetros de côr CIE L*a*b* (Figura 3): luminosidade L* (0 preto a 100 branco), e coordenadas cromáticas a* (‐60 verde a +60 vermelho) e b* (‐60 azul a +60 amarelo) em todos os frutos provenientes das duas árvores
(b) (a)
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marcadas por modalidade. Com as coordenadas cromáticas a* e b* calculou‐se o ângulo hue ou tonalidade (ºH) e a cromaticidade ou croma (C). O ângulo hue assume valor 0º para a cor vermelha, 90º para amarela, 180º para verde e 270º para azul. O croma expressa a intensidade da cor, valores desta variável próximos de 0 representam cores esbatidas, enquanto que valores perto de 60 expressam cores nítidas.
Figura 3 – Sólido de cores do sistema CIE L*a*b* e descrição do ângulo hue (ºh*) e do índice de saturação croma (C*)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando que as condições meteorológicos são as principais responsáveis pela ocorrência e intensidade das alterações ao nível da epiderme dos frutos, apresentam‐se no gráfico da Figura 3 as temperaturas máximas, médias e mínimas e a precipitação ocorridas no período em que a probabilidade de aparecimento do escaldão é maior.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
. .
JUNHO JULHO AGOSTO SETEMBRO
º C
0
2
4
6
8
10
12
14
16
L/m
2
CHUVA T MAX T MIN T MED
Figura 3 – Condições meteorológicas no período em que se verificaram as temperaturas mais elevadas e maior intensidade de radiação
Pela análise do gráfico constata‐se que o Verão foi particularmente quente e seco, destacando‐se três períodos em que as temperaturas médias permaneceram acima dos 30ºC durante vários dias. A agravar a situação há ainda a salientar o facto de apenas ter ocorrido precipitação em dois dias e em quantidades não muito significativas.
As medições da PAR, realizadas nos dias 13, 14 e 15 de Agosto, coincidiram precisamente com uma destas ondas de calor. No gráfico da Figura 4 podemos ver que, como era de esperar, os valores obtidos ao Sol são sempre superiores aos da sombra, e atingem o seu máximo às 14 horas. Os resultados obtidos mostram que, neste período do dia, a rede de sombreamento provoca, em média, uma diminuição de 70% na densidade do fluxo fotossintético de fotões, ao nível do 2º arame, e de 47% ao nível do primeiro.
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34
0
500
1000
1500
2000
2500
1ºar
ame
2ºar
ame
1ºar
ame
2ºar
ame
1ºar
ame
2ºar
ame
1ºar
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2ºar
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1ºar
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2ºar
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1ºar
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2ºar
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1ºar
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2ºar
ame
1ºar
ame
2ºar
ame
Toshiro Spike Raku Kiku 8 Toshiro Spike Raku Kiku 8
Sombra Sol
μmol
m-2
s-1PPFD 10h PPFD 14h PPFD 18h PPFD 20h
Figura 4 – Variação dos valores de PPFD (densidade do fluxo fotossintético de fotões), na zona sombreada e ao Sol, ao nível do 1º e do 2º arame, nas quatro variedades do grupo Fuji, ao longo do dia
O efeito das duas modalidades, caulino versus rede de sombreamento, manifestou‐se ao nível dos parâmetros de qualidade avaliados na altura da colheita. Assim, no que respeita à dureza, os frutos eram mais duros na zona sombreada, sendo essa diferença significativa nas variedades Toshiro e Kiku 8 (Figura 5).
Quanto ao ºBrix, à excepção da Raku Raku, os valores foram sempre significativamente superiores, nos frutos não sombreados. Relativamente ao amido os valores foram mais elevados nos frutos sombreados, o que indica que estes tinham menor quantidade deste polissacarídeo (Figura 5). Esta diferença pode ser justificada pela redução da taxa fotossintética provocada pela presença da rede.
TOSHIRO
a b
b
a
a b
0
5
10
15
20
Rede Caulino
kg/c
m2 , %
Dureza º Brix Amido
SPIKE SPUR
a a
ba
aa
0
5
10
15
20
Rede Caulino
kg/c
m2 , %
Dureza º Brix Amido
KIKU 8
a b
ba
ba
0
5
10
15
20
Rede Caulino
kg/c
m2 , %
Dureza º Brix Amido
RAKU RAKU
aa
aa
aa
0
5
10
15
20
Rede Caulino
kg/c
m2 , %
Dureza º Brix Amido
Figura 5 – Efeito das modalidades anti‐escaldão na dureza, no ºBrix e no amido dos frutos à colheita
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No que se refere à acidez titulável, os frutos submetidos à aplicação do caulino apresentaram sempre quantidades superiores de acido málico, sendo a diferença significativa nas variedades Kiku 8 e Raku Raku (Figura 6). Este facto pode indiciar uma qualidade superior nos frutos provenientes desta modalidade conferida pela melhor relação açucares/ácidos. O pH, como era de esperar, varia na razão inversa da acidez.
TOSHIRO
aa
ba
0
1
2
3
4
5
6
Rede Caulino
g/l á
c. m
álic
o
Acidez pH
SPIKE SPUR
a a
a a
0
1
2
3
4
5
6
Rede Caulino
g/l á
c. m
álic
oAcidez pH
KIKU 8
baa b
0
1
2
3
4
5
6
Rede Caulino
g/l á
c. m
álic
o
Acidez pH
RAKU RAKU
ab
ba
0
1
2
3
4
5
6
Rede Caulino
g/l á
c. m
álic
o
Acidez pH
Figura 6 – Efeito das modalidades anti‐escaldão na acidez titulável e no pH dos frutos à colheita
Os parâmetros de côr CIE*L*a*b evidenciaram também algumas diferenças na coloração dos frutos das duas modalidades. A luminosidade (L*) é significativamente mais elevada nas maçãs submetidas ao sombreamento, o que poderá estar relacionado com maiores teores de clorofila nestes frutos que, como já foi referido se encontram num estado de maturação mais atrasado. No que respeita à coordenada cromática a*, a média é significativamente superior na modalidade “caulino”, o que vem confirmar a percepção visual de que estes frutos evidenciavam melhor coloração. Efectivamente, na altura em que se retirou a rede, era bastante nítida a diferença de coloração entre os frutos das duas modalidades, essa disparidade foi‐se esbatendo nos 24 dias que decorreram até à data da colheita mas a avaliação deste parâmetro indica que persistiu ainda alguma diferença.
A coordenada b* não difere nas duas modalidades. O croma (C) é significativamente mais elevado nos frutos com caulino o que indica que estes apresentavam cores ligeiramente mais nítidas. Os valores médios do ângulo hue (ºH) variaram entre 67 e 78 o que corresponde à gama de cores entre vermelho e amarelo, estando os frutos do caulino mais próximos do vermelho.
Pelo que acabámos de expor podemos concluir que a rede de sombreamento induz um atraso na maturação dos frutos que se manifesta não só ao nível dos parâmetros de maturação, de forma mais acentuada nos valores do ºBrix, mas também na coloração dos frutos.
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36
ba
3035404550556065
Rede CaulinoLuminosidade (L*)
a
b
aa
05
1015202530
Rede Caulino
a* b*
a
b
10
15
20
25
30
35
Rede CaulinoCroma ( C )
b
a
50556065707580
Rede Caulino
Ângulo hue (ºH)
Figura 7 – Efeito das modalidades nos parâmetros de cor do sistema CIE/L*a*b*
Ambas as modalidades foram eficazes na protecção dos frutos contra o escaldão pois, com um Verão extremamente quente, não tivemos perdas consideráveis resultantes deste acidente fisiológico. Este trabalho não estaria completo sem uma abordagem económica da aplicabilidade de cada uma das técnicas usadas, pelo que, se apresentam a seguir os custos relativos à implementação das duas modalidades na área do ensaio, aproximadamente 500m2,depois de convertidos ao hectare. Uma vez que a tutoragem usada no pomar não foi concebida para a aplicação da rede, houve necessidade de criar uma estrutura complementar de suporte, em madeira e arame, cujos custos, à semelhança da aquisição da rede, só serão imputáveis ao primeiro ano. Considerando todas as despesas envolvidas, materiais e mão‐de‐obra, esta modalidade apresentou um custo/hectare na ordem dos dez mil euros. Convém reforçar o facto de que nos anos seguintes apenas serão considerados os custos inerentes à colocação e recolha da rede, que representam cerca de 10% (Quadro 2). Na modalidade “caulino”, apenas há que contabilizar as despesas inerentes à aquisição e aplicação do produto em dois tratamentos, cujo valor por hectare se estima em cerca de 170 euros (Quadro 2). Tendo em conta os aspectos de ordem prática e económica de ambos os métodos, afigura‐se‐nos que a aplicação de caulino seja o mais exequível. Existe, contudo, um facto que poderá pesar a favor da opção pela rede que tem a ver com a possibilidade de ela ter outras funções além daquela para a qual foi instalada no âmbito deste trabalho, nomeadamente na protecção contra o granizo.
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Custos (€)
Área do ensaio Hectare %
Rede 91 3 791 38
Montagem da estrutura de suporte
60 2 500 25
Colocação da rede 75 3 125 32
Remoção da rede 12 500 5
Sombreamen
to
Total 238 9 916
Produto 2,5 108 64
Aplicação 1,5 60 36
Caulino
Total 4,0 168
Quadro 2 – Estrutura de custos nas duas modalidades
Estas conclusões preliminares são promissoras, pelo que achamos importante que se dê continuidade a esta linha de trabalho introduzindo, no entanto, algumas alterações na metodologia adoptada que poderão conferir uma maior consistência aos resultados obtidos. Referimo‐nos concretamente à introdução da modalidade testemunha e a uma avaliação mais detalhada das caracteristicas dos frutos tendo em conta a sua distribuição na copa.
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4. COLECÇÃO DE VARIEDADES DE AVELEIRA Arminda Lopes, Francisco Fernandes e Sérgio Martins
OBJECTIVO
Este ensaio tem como objectivos principais caracterizar as variedades em colecção, nomeadamente no que se refere à sua capacidade produtiva, vigor, épocas de floração e aptidão, e estudar o seu comportamento em Modo de Produção Biológico (MPB).
No ano de 2010, prosseguiram os estudos de algumas das variedades deste campo no âmbito do projecto europeu do programa: Grant under Council Regulation (EC) N. 870/2004 AGRI GEN RES, intitulado: “Safeguard of hazelnut and almond genetic resources: from traditional uses to novel agro‐industrial opportunities – SAFENUT”, cujo principal objectivo é a recuperação e valorização de germoplasma de aveleira (Corylus avellana) e de amendoeira (Prunus dulcis) em zonas tradicionais de cultivo na bacia do Mediterrâneo, incrementando a sua utilização.
A aveleira é uma cultura tradicional nas Beiras, com excelente adaptação às condições edafo‐climáticas, podendo por isso constituir uma boa alternativa a diversas outras culturas, apresentando como vantagens o facto de ter custos de instalação e de produção reduzidos, produzir um fruto pouco perecível, de fácil conservação e com excelentes qualidades nutricionais.
As baixas produtividades dos nossos avelanais estão associadas, fundamentalmente a erros técnicos de implantação e de cultivo, nomeadamente na escolha das combinações varietais (variedades produtoras e polinizadoras) mais adequadas às condições regionais.
Considerando que a expansão da área de cultura e a sua exploração rentável, implica a aquisição de informação nos domínios da fisiologia da produção, comportamentos de cultivares, fenologia, características de frutos, etc., este trabalho reveste‐se de particular importância.
MATERIAL E MÉTODOS
O avelal onde decorrem estes estudos foi instalado em Março de 1989, na Estação Agrária de Viseu, e é constituído por um total de 270 plantas de 15 variedades (Butler, Dawton, Ennis, Fertile de Coutard, Gentil de Viterbo, Gironela, Grada de Viseu, Grosse de Espanha, Gunslebert, Imperatriz Eugénia, Merveille de Bollwiller, Negreta, Provence, Segorbe e Tonda de Giffoni), mais as respectivas bordaduras. Cada variedade, cujo aspecto do fruto e do casulo se pode observar na Figura 2, está representada por 18 árvores, 6 em cada uma das três repetições, a um compasso de plantação de 5 m x 3 m e é regado por micro‐aspersão.
No ano de 2003 iniciou‐se o processo de conversão para o MPB, mas só em 2009, três anos após a apresentação da respectiva notificação, as avelãs passaram a ser comercializadas como produto biológico.
Ao longo do ciclo vegetativo são registados os estados fenológicos, avaliada a produção e feitas várias colheitas de amostras, de amentilhos (inflorescências masculinas), de glumérulos (inflorescências femininas) (Figura 1) e de frutos para os trabalhos de identificação de sinonímias, através da caracterização morfológica e molecular e de incompatibilidades polínicas, que decorrem na UTAD.
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Figura 2 – a) Butler, b) Dawton, c) Ennis, d) Fertile de Coutard, e) Gentil de Viterbo, f) Gironela, g) Grada de Viseu, h) Grosse de Espanha, i) Gunslebert, j) Imperatriz Eugénia, l) Merveille de Bollwiller, m) Negreta, n) Provence, o) Segorbe e p) Tonda de Giffoni
As condições meteorológicas ocorridas entre Dezembro de 2009 e Março de 2010 (Figura 3) foram extremamente nefastas para a polinização desta variedade que apresenta a particularidade de florir em pleno Inverno. Como se pode observar no gráfico da referida figura este período foi particularmente chuvoso.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relativamente às épocas de floração, as observações feitas ao longo dos anos de ensaio permitiram elaborar o fenograma da Figura 4. Como se pode observar, a aveleira é uma espécie em que ocorre a dicogamia, ou seja, há um desencontro cronológico na abertura das flores femininas e masculinas. Das variedades em estudo apenas a Gironela (Grossal) é protogínica, abrindo primeiro as flores femininas. Todas as outras são protândricas.
Além deste factor, aquando da escolha das polinizadoras, há ainda a considerar a auto e inter‐incompatibilidade entre cultivares Quando ocorre incompatibilidade, os tubos polínicos são curtos, ficam destorcidos e não conseguem penetrar no estigma. Cruzando estes dois parâmetros, podemos definir algumas combinações aconselhadas para a instalação de um avelanal na região de Viseu (Quadro 1).
f)
Glomérulo
Amentilhos
b a e dc
Figura 1 – Inflorescências masculinas (amentilhos) e femininas (glomérulos) da aveleira
g h i j
l m n o p
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40
‐10
‐5
0
5
10
15
20
25
. .
Dez‐09 Jan‐10 Fev‐10 Mar‐10
º C
0
10
20
30
40
50
60
L/m
2
CHUVA T MAX T MIN T MED
Figura 3 – Condições meteorológicas no período de floração da aveleira
Floração masculina Floração feminina Abrolhamento
Figura 4 – Fenograma das variedades em colecção
Os estudos realizados na UTAD, durante os três anos de vigência do projecto, permitiram obter informação bastante útil relativamente a algumas das variedades em colecção.
Vimos confirmada a nossa suspeita de que a Grada de Viseu, a Provence e a Grosse de Espanha são, geneticamente, muito semelhantes à Fertile de Coutard (que também é conhecida por Barcelona principalmente nas referências americana).
Esclarecemos que a Dawton, cuja identidade nos suscitava algumas dúvidas, é idêntica à Tubulosa, que por sua vez apresenta muitas semelhanças genótipicas com a Purpúrea, embora não apresente a cor da folhagem e do fruto que dá o nome a esta ultima variedade.
Foi também reforçado o conhecimento sobre a compatibilidade polén/estigma da variedade Grada de Viseu com outras variedades das quais já se conheciam os dois alelos S, o que permite comprovar algumas das combinações referidas no Quadro 1
DRAP Centro ‐ ANUÁRIO DE EXPERIMENTAÇÃO 2010
41
Quadro 1 – Combinações de variedades aconselhadas para a região de Viseu
Produtora Polinizadora
Ennis + Fertile de Coutard Butler
Fertile de Coutard + Segorbe
Butler + M. de Bollwiller Fertile de Coutard
Segorbe + Negreta
Grada de Viseu Butler + M. de Bollwiller
Tonda de Giffoni Ennis
No que diz respeito à produção, 2010 foi um ano péssimo. A variedade que mais produziu foi a Gentil de Viterbo, mas apenas atingiu os 587 kg/ha. A maioria das variedades não chegou aos 100 kg/ha. Na Merveille de Bollwiller, a variedade menos produtiva da colecção, não se colheram quaisquer frutos (Figura 5).
Para esta situação contribuíram não só as condições meteorológicas ocorridas na altura da floração, como já atrás referimos, mas também a intensa poda de limpeza de que as aveleiras foram alvo. Relativamente ao peso das avelãs com casca, verifica‐se que as variedades de frutos maiores são a Ennis, a Butler e as do grupo da Fertile de Coutard: Grada de Viseu, Grosse de Espanha e Provence. As mais pequenas são a Dawton, a Imperatriz Eugénia e a Negreta.
0
100
200
300
400
500
600
700
M. B
ollw
iller
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Giro
nela
Gun
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Daw
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T. G
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i
kg/h
a
00,511,522,533,544,55
(g)
Produção 2010 (kg/ha) Peso médio do fruto (g)
Figura 5 – Produção e peso médio dos frutos com casca em 2010
Para dar uma ideia da capacidade produtiva das variedades em estudo, apresentamos, na Figura 6, a produção acumulada entre 2002 e 2008 (excepto o ano 2006, em que houve produção mas não foram feitos registos) e o rendimento médio em miolo.
Pela observação da figura, verificamos que as variedades que se distinguem como mais produtivas, são a Tonda de Giffoni, a Negreta, a Gentil de Viterbo e a Imperatriz Eugénia, com produções médias superiores a duas toneladas por hectare. Seguidamente surge o grupo das quatro variedades, Provence, Fertile de Coutard, Grosse de Espanha e Grada de Viseu, cujas semelhanças genéticas, como referimos atrás, foram já comprovadas no âmbito do projecto SAFENUT.
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42
A variedade que, sistematicamente, apresenta produções mais baixas é a Merveille de Bollwiller. Este facto deve‐se, principalmente, à ausência, na colecção, de polinizadoras adequadas à sua floração tão tardia (Fig. 4).
02000400060008000
100001200014000160001800020000
M. B
ollw
iller
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Prov
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T. G
iffon
i
kg
0
10
20
30
40
50
60
%
2002 2003 2004 2005 2007
2008 2009 2010 Média (kg) Rend. em miolo (%)
Figura 6 – Produção acumulada entre 2002 e 2010, produção média e rendimento em miolo
O rendimento em miolo varia entre 50% na Dawton e 35% na Gentil de Viterbo, com um valor médio de 42%. Relativamente a este parâmetro verifica‐se que, as variedades com frutos de forma mais oblonga – Dawton, Imperatriz Eugénia e Butler – têm sempre um rendimento em miolo superior ao das variedades mais arredondadas.
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5. VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE VARIEDADES REGIONAIS DE CASTANHA NA REGIÃO CENTRO E NORTE DE PORTUGAL Catarina de Sousa 1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVO O objectivo deste trabalho foi a recuperação e valorização de variedades tradicionais de castanheiro, com vista à conservação de recursos. As linhas de trabalho foram a caracterização fenológica e fenotípica de variedades de castanheiro com mais representatividade na região e o aconselhamento de agricultores não só na melhor escolha de variedades, nomeadamente no que respeita ao calendário de polinização, mas também a melhoria das práticas culturais tais como enxertias, manutenção e condução dos soutos. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Caracterização do souto O souto da Estação Agrária foi instalado em 1995. É actualmente constituído por sete variedades nacionais, Martaínha, Longal, Rebordã, Verdeal, Aveleira, Judia e Colarinha enxertadas em Castanea sativa Mill., com um compasso 8x7 metros. As árvores mais jovens têm 12 anos, pelo que ainda não atingiram o seu potencial máximo.
2.2 Caracterização edafo‐climática
2.2.1 Solo
O solo é franco arenoso, pouco ácido, baixo teor em matéria orgânica e níveis alto de fósforo e muito alto de potássio. As mobilizações podem, com o decorrer do tempo, provocar uma diminuição do teor de matéria orgânica do solo e originar a sua compactação com a consequente diminuição do arejamento, crescimento das raízes e infiltração da água. Com o objectivo de evitar estes inconvenientes e melhorar a fertilidade decidiu‐se, no Outono de 2005, proceder ao enrelvamento do solo. Foi escolhida uma mistura de leguminosas anuais; os cortes da erva são feitos com destroçador, em épocas que não comprometam a ressementeira das espécies presentes na mistura.
Fig. 1 – Souto da Estação Agrária de Viseu
Foto: C
. S.
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2.2.2 Clima
2.2.2.1 Temperatura
A média das temperaturas máximas, mínimas e médias encontram‐se registadas na figura 2. A temperatura média anual foi de 8,4º C; a média das máximas foi de 32,9ºC no mês de Julho, 10 dias com temperaturas superiores a 35ºC e de 32,8º C no mês de Agosto, com 5 dias de temperaturas superiores a 35ºC. Comparando a média das máximas destes dois meses em relação ao ano anterior, verificou‐se que, no mês de Julho houve um aumento de 6,2ºC (26,7ªC em 2009 e 32,9 em 2010) enquanto no mês de Agosto a subida foi de 1,3ªC em relação ao mesmo período do ano anterior (31,5ºC em 2009 e 32,8ºC em 2010).
Fig. 2 – Temperaturas médias mensais obtidas durante no ano 2010
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
Junho (9) Julho (23) Agosto (25) Setembro (4)
Fig. 3 – Número de dias com temperaturas superiores a 30º C.
2.2.2.2 Precipitação
A precipitação anual foi de 1340 milímetros distribuídos ao longo do ano conforme mostra a figura 4. De Janeiro a Setembro choveram 750,7 milímetros sendo que 608 mm caíram em Janeiro, Fevereiro e Março e apenas 142,7 mm nos restantes seis meses. Em Agosto não choveu e em Setembro a precipitação foi de apenas 7 milímetros (fig. 5).
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45
1
Fig. 4 – Valores mensais de precipitação Fig. 5 – Quantidade de água no solo de Janeiro a Setembro
O castanheiro é uma espécie mesófita, vegeta bem em terrenos frescos, apesar de conseguir sobreviver com condições adversas; necessita contudo, nos meses de verão, de uma quantidade significativa de água no solo; se nos três meses de verão a precipitação média for inferior a 30 mm a produção pode ser fortemente reduzida (Ferrini e Nicense, 2000).
Como podemos verificar pelo gráfico a precipitação média nos meses de Julho, Agosto e Setembro foi de 4,9 mm, pelo que se verificou não só uma diminuição de produção mas também, esta falta de humidade associada ao elevado número de dias com temperaturas superiores a 30ºC nos meses de Julho e Agosto (fig.3), originaram a queda prematura de muitos ouriços.
3. RESULTADOS
As observações efectuadas ao longo do ano e os resultados obtidos são os que a seguir se apresentam.
3.1 Fases de Desenvolvimento
Início da floração Rebentação
Masculina (♂) Feminina (♀) Maturação
Martaínha 13/04 20/06 30/05 11/10
Longal 27/4 25/06 15/06 22/10
Verdeal 27/04 25/06 20/06 09/10
Aveleira 20/04 25/05 07/06 28/09
Judia 24/04 20/06 15/06 13/10
Colarinha 27/04 17/06 10/06 18/10
Fig. 7 – Datas de ocorrência das diferentes fases de desenvolvimento
Fig. 6 – Ouriços caídos devido às altas temperaturas e de humidade no solo
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3.2 Fenologia
Na figura 8 apresenta‐se esquematicamente o abrolhamento dos gomos e crescimento das folhas (C1 ‐ D), a floração masculina (Fm ‐ Fm2) e a floração feminina (Ff ‐ Ff2) nas diferentes variedades. A floração ocorre quanto a temperatura atingir os 17ºC (Lage, 2005) e a radiação solar aumentar.
Fig. 8 – Datas de ocorrência dos principais estados fenológicos na E.A.V.
Inflorescências masculinas (♂)
O aparecimento dos amentilhos unissexuais masculinos (Dm) ocorreu nas diferentes variedades da 2ª década de Abril à 2ª de Maio.
O início do aparecimento dos estames (Fm) ocorre aproximadamente um mês após o aparecimento dos amentilhos unissexuais e a plena floração masculina (Fm2) aproximadamente 1 mês e meio após o aparecimento dos amentilhos.
O fim da emissão do pólen (Gm) considerou‐se quando as anteras ficaram acastanhadas e (Hm) quando os amentilhos começaram a cair.
Inflorescências femininas (♀)
O aparecimento dos amentilhos androgínicos (Da) teve lugar entre a 2ª e a 3ª década de Maio; o aparecimento dos estigmas da flor central (Ff) de 10 a 15 dias após o aparecimento dos amentilhos androgínicos. A plena floração feminina (Ff2), ou seja, o aparecimento dos estigmas em todas as flores surge de 12 a 20 dias após o estado (Da). No inchamento (I) a inflorescência apresenta 2,5 vezes o tamanho inicial; Durante o crescimento todas as estruturas da flor vão sofrer alterações, nomeadamente a transformação das brácteas em espinhos, até ao total desenvolvimento e queda do fruto.
Fig. 9 – Amentihos unissexuais (1) e androgínicos (2), com pormenor da flor ♀
Abril Maio Junho Julho Martaínha
Longal
Verdeal
Aveleira
Judia
Colarinha
Abrolhamento e crescimento das folhas (C1 ‐ D) Floração masculina (Fm ‐ Fm2) Floração feminina (Ff ‐ Ff2)
21
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3.3 Caracterização morfométrica das variedades
A caracterização morfométrica de folhas, inflorescências e frutos, bem como a percentagem de frutos nas diferentes classes de calibre foram apresentadas no relatório do ano anterior.
Este ano apenas nos limitamos a apresentar o número de frutos por quilo e respectivo calibre.
3.3.1 Normalização
Nº de frutos /kg Calibre
Martaínha 76 Médio
Longal 70 Médio
Verdeal 66 Médio a Grande
Aveleira 81 Pequeno a Médio
Judia 60 Médio a Grande
Colarinha 84 Pequeno a Médio
Fig. 10 – Calibres determinados nas diferentes variedades
3.4 Produções
Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 – 50 anos (Brio et al, 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo, uma das razões pela qual as produções são ainda muito baixas. As obtidas no ano de 2010 são as se a seguir se apresentam.
Fig. 11 – Produções, em kg/ha, obtidas no ano de 2010
4. CONCLUSÕES
Como se pode verificar, existem diferenças muito acentuadas entre as variedades, que poderão ser devidas não só às condições climáticas do ano, mas também à pouca idade do souto.
Sabemos que o castanheiro só estabiliza a produção aos 40 – 50 anos (Brio et al., 1998) e que atinge a fase adulta aos 20 anos, idade ainda longe de ser atingida pelos castanheiros em estudo.
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Não podemos deixar de ressalvar que as práticas culturais efectuadas no souto têm grande influência em todo o ecossistema nomeadamente na água do solo, nas espécies constituintes do coberto vegetal (fig.12), nas doenças e pragas e na fauna e flora auxiliares. Nas figuras que se seguem podemos observar a inexistência de trevo subterrâneo no final do verão e o mesmo já instalado durante o inverno.
Fig. 12 – Coberto vegetal no souto da EAV, no final do verão à esquerda e em Janeiro à direita
O castanheiro possui um sistema radicular constituído por raízes principais, mais grossas e uma rede de raízes mais finas, onde se encontram os pêlos radiculares, que são as responsáveis pela absorção da água e nutrientes; distribuem‐se pela camada superficial do solo e para além da projecção da copa da árvore; são estas raízes que, quando “feridas” devido, por exemplo, a mobilizações podem ser uma porta de entrada à doença da ”tinta do castanheiro”.
Alguns dos cogumelos existentes nos soutos formam à volta das raízes dos castanheiros uma fina rede, as chamadas micorrizas, que não só aumentam a área de absorção das raízes como impedem a penetração do fungo da tinta (Phytophthora cinnamomi Rands); por outro lado recebem do castanheiro alimento, vivendo assim numa associação mutualista (fig. 13).
Fig. 13 – Cogumelos micorrízicos no souto
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III. OLIVICULTURA
1. VARIEDADES DE OLIVEIRA Catarina de Sousa
1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVO
Conhecer adaptação, produtividade e rendimento em azeite de seis variedades de oliveira às condições edafo‐climáticas da região.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Caracterização do olival
O olival foi instalado na primavera de 1998. As variedades em estudo são a Galega, Cobrançosa, Cornezuelo, Arbequina, Picual e Verdeal; o compasso utilizado foi de 7x 6 metros e o delineamento estatístico, blocos casualizados com três repetições.
Para além das variedades em estudo existe um talhão de observação com as variedades Azeiteira, Maçanilha e Redondil.
Para evitar mobilizações e aumentar o nível de fertilidade foi efectuado o enrelvamento do solo.
O resultado da análise de folhas efectuadas em Julho de 2010 é apresentado na figura 2.
% mg/kg
N P K Ca Mg S Fe Mn Zn Cu B
1,75 0,15 1,24 1,39 0,09 0,16 139 25 17 49 19
S E E S I S E S S E S
Fig. 2 – Níveis de nutrientes nas folhas da variedade galega na fase do endurecimento do caroço
Foto
: C. S
.
Fig. 1 – Olival de variedades
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Os teores de fósforo, potássio, ferro e cobre são excessivos; verificou‐se unicamente insuficiência de magnésio; no entanto estes resultados terão que ser complementados com os da análise de terra.
2.2 Caracterização edafo‐climática
2.2.1 Solo
O solo onde está instalado o olival é franco arenoso, com pH neutro com elevados teores de fósforo e potássio, baixos de matéria orgânica e de magnésio e suficiente de boro.
2.2.2 Clima
2.2.2.1 Temperatura
A oliveira é uma planta característica de climas mediterrânicos, com invernos suaves e verões cálidos e secos. É bastante sensível ao frio, mas quando o arrefecimento é progressivo durante o Outono ela entra num período de repouso que lhe dá alguma resistência a temperaturas próximas dos 0ºC; no entanto, mesmo durante este período, temperaturas compreendidas entre 0ºC e ‐5ºC podem causar pequenas feridas nos rebentos e ramos jovens, tornando‐se uma porta de entrada para doenças e pragas (Barranco et al., 2004).
As médias das temperaturas máximas, mínimas e médias registadas durante encontram‐se registadas na figura 3.
Nos meses de Janeiro e Dezembro foram registados seis dias com temperatura mínima inferior a ‐2ºC, tendo havido mesmo dois dias em que foram atingidos os ‐5ºC (figura 4).
Fig. 4 – Número de dias com temperaturas inferiores a 0ºC no ano 2010
Fig. 3 – Temperaturas médias mensais obtidas durante no ano 2010
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2.2.2.2 Precipitação
A precipitação anual foi de 1430 milímetros distribuídos conforme mostra a figura 5. Como podemos observar na mesma figura a chuva caída durante o mês de Junho (14 mm nos dias 10 e 11) pode ter comprometido parte da produção anual, pois a floração da variedade galega teve início a 7 de Junho.
Fig. 5 – Valores mensais de precipitação
3. RESULTADOS As produções obtidas são apresentadas na figura 6.
Fig. 6 – Produções médias, em kg/ha, nos talhões de ensaio e de observação
Não se obteve produção na variedade Cornezuelo e uma produção insignificante (330 kg/ha) na Verdeal; as árvores que produzem são unicamente as que estão ao abrigo dos cedros, pois estes servem de anteparo aos ventos.
A variedade Arbequina apesar de ter produzido bastante, as temperaturas negativas e a neve no período anterior à colheita destruíram praticamente a produção (fig. 7).
Fig. 7 – Árvore da variedade Arbequina (1) e pormenor do ramo (2)
1 2Foto
: C. S
.
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4. CONCLUSÕES
Como podemos observar na figura 6 é na variedade Galega que se obtêm as maiores produções – 6949 kg/ha e 4478 kg/ha respectivamente nos talhões de ensaio e de observação. A Picual vem a seguir, com uma produção de 1406 kg/ha.
A diferença de produções das diferentes variedades relativamente à Galega parece‐nos dever‐se não só à diferença de fertilidade do solo e exposição desfavorável devido aos ventos, mas também à adaptação da variedade Galega a essas condições adversas.
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2. OLIVAL CONDUZIDO EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO Catarina de Sousa
1. JUSTIFICAÇÃO E OBJECTIVOS
Instalação de um olival que integrasse tecnologias inovadoras, que contribuíssem para a preservação do ambiente, redução dos custos de produção e melhoria na qualidade do azeite; as técnicas culturais adoptadas foram a protecção integrada, rega por micro aspersão, enrelvamento das entrelinhas e colheita mecânica da azeitona.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Caracterização do olival
Instalado na Primavera de 2004, na folha 15N da Estação Agrária de Viseu; as variedades utilizadas foram Galega e Picual com um compasso 7 x 7 metros e Cobrançosa, Redondil e Arbequina com um compasso de 6 x 6 metros. As duas variedades que se mantêm são a Galega e a Picual, já que as restantes três variedades morreram devido ao excesso de água que se acumula na zona mais baixa do terreno.
2.2 Caracterização do solo
O solo é franco arenoso, ácido, baixo teor em matéria orgânica e níveis alto de fósforo, muito alto de potássio e baixo de magnésio. Para melhorar as características físico‐químicas deste solo foi efectuado, no outono de 2005 o enrelvamento do solo com leguminosas anuais de ressementeira. A manutenção do coberto é feito utilizando um destroçador, em épocas que não comprometa a ressementeira das espécies constituintes da mistura. O resultado da análise de folhas efectuadas em Julho de 2010 é apresentado na figura 1.
% mg/kg
N P K Ca Mg S Fe Mn Zn Cu B
1,64 0,19 1,32 1,38 0,13 0,16 103 42 19 13 20
S E E S S S E S S S S
Fig.1 – Níveis de nutrientes nas folhas da variedade galega na fase do endurecimento do caroço
Foto
: C. S
.
Fig. 1 – Variedade Galega, no olival
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Também neste olival o fósforo, potássio e ferro se encontram num nível excessivo. Os resultados da análise de terra irão complementar os actuais.
3. RESULTADOS
Na figura 3 apresentam‐se os resultados obtidos, no 4º ano de produção, em cada uma das duas variedades existentes.
Fig. 2 – Produções médias de cada uma das variedades.
4. CONCLUSÕES
Como já foi dito anteriormente é apenas o quarto ano de produção, o que nos impede de tirar, por enquanto qualquer conclusão, pois a plena produção só será atingida entre o 8º e o 10º ano.
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IV. HORTICULTURA
1. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DIFERENTES PORTA‐ENXERTOS EM TOMATE DE ESTUFA João Moreira 1. Objectivos Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas
Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto
Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo
Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie
2. Comportamento de três porta‐enxertos em duas cultivares de tomate de estufa
O trabalho decorreu em estufa com uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas baseada nas culturas do tomate, feijão, pepino e alface desde 1994. Ao longo destes anos em produção e sem rotação de culturas, o solo encontra‐se com graves problemas sanitários, apesar da introdução de algumas práticas químicas como é o caso da desinfecção do solo, desaconselhada em PRODI, de elevado custo e agressiva para o aplicador e ambiente. O estudo recaiu sobre duas cultivares de tomate enxertadas em três porta‐enxertos distintos. O delineamento experimental consistiu na divisão do ensaio em quatro modalidades (P0; P1;P2 e P3) por
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56
cultivar distribuídas casualmente em quatro repetições e em talhões de 9m2 (2x4,5m), perfazendo um total de 36m2 por modalidade, conforme se pode observar no esquema de campo (Fig.1).
Fig. 1 ‐ Esquema de campo
Modalidades em estudo (Cultivar x porta‐enxerto):
P0 – Testemunha P0 – Testemunha P1 – Anairis x Beaufort P2 – Amaral x Beaufort P2 – Anairis x Maxifort P1 – Amaral x Maxifort P3 – Anairis x Multifort P3 – Amaral x Multifort
3. Fertilização de fundo
A fertilização de instalação da cultura baseou‐se na análise ao solo, estabelecendo‐se o equilíbrio para uma classe de fertilidade média dos vários elementos, para uma produção estimada de 14kg/m2, com dois tipos de fertilizantes, efectuada a 24/3/2010 recorrendo‐se aos seguintes fertilizantes:
Fertilizante orgânico:
→ Phenix, com a seguinte composição
P3 P2 P0 P3
4 8 12 16
P2 P0 P1 P0
3 7 11 15
P1 P1 P3 P2
2 6 10 14
P0 P3 P2 P1
1 5 9 13
P3 P2 P0 P3
4 8 12 16
P2 P0 P1 P0
3 7 11 15
P1 P1 P3 P2
2 6 10 14
P0 P3 P2 P1
4,5m 1 5 9 13
2m
REP. I REP. II REP. III REP.IV
ANAIRIS
AMARA
L
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Fig. 2 – Desponta à quarta folha
N total P205 K2O CaO MGO M.O Microelementos6% 8% 15% 5% 2% 60% 1%
Fertilizantes químicos:
→ Sulfato de amónio a 20,5%, Superfosfato 18%, Sulfato de potássio a 50% e Sulfato de magnésio a
16,5%.
4. Preparação e correcção do solo
‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (nabos); ‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos; ‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização.
5. Plantação e operações seguintes
Em cada talhão de 9m2, foram instaladas 2 linhas com 8 plantas por linha, nas cultivares enxertadas, num total de 16 plantas por talhão e, na testemunha, 15 plantas por linha, num total de 30 plantas por talhão.
O ensaio foi instalado a 7/4/2010, com plantas em motte de 7,5cm x 7,5cm x 7cm para as plantas enxertadas e com plantas de bandeja para as plantas simples.
Os compassos utilizados na entre linha foram os mesmos variando, na linha, entre plantas: nas enxertadas a distância foi de 0,56m e nas simples de 0,30m.
‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem;
‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis);
‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior.
5.1 Práticas Culturais
√ Regas de gota a gota
√ Desponta à 4ª folha nas modalidades enxertadas (Fig. 2).
√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas
√ Tutoragem a 2 braços nas modalidades enxertadas
√ Tratamentos fitossanitários
√ Sacha manual e mecânica
√ Amontoa
√ Podas e desfolhas
√ Colheita
5.2 Fertilização de manutenção
Ao oitavo / décimo dia após a plantação, iniciaram‐se as fertilizações de manutenção durante o ciclo da cultura, duas por semana, de modo a aplicar 18 a 25 g/m2 de N, 6 a 8 g/m2 de P2O5, 50 a 70 g/m
2 de K2O e 3 a 4 g/m2 de Mg, no total.
De forma a aplicar as quantidades referidas, em função do estado de desenvolvimento e das necessidades da cultura foram fornecidas à planta, em 4 fases distintas, diferentes quantidades de nutrientes em (g/m2). Assim na:
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58
1ª fase – 0,8g de N; 0,45g de P2O5 e 1,6g de K2O
2ª fase – 7g de N; 1,5g de P2O5; 13,7g de K2O; 40% de MgO
3ª fase – 20g de N; 5g de P2O5; 46g de K2O; 60% de MgO
4ª fase – 8g de N; 1,7g de P2O5; 10g de K2O
6. Tratamentos fitossanitários
┌ Fúngicos: Com aplicações preventivas de 10 em 10 dias em função das condições climáticas, com os seguintes produtos: ‐ mancozan (s.a.mancozebe), ortiva (s.a.Azoxistrobina), ridomil (s.a.metalaxil) e enxofre em pó. ┌ Insecticidas: Com aplicações curativas quando a praga chegava ao nível económico de ataque, com os seguintes insecticidas: ‐ confidor (s.a.imidaclopride) e applaud (buprofezina)
7. Pragas presentes nas estufas
Mosca Branca Trialeurodes Vaporariorum, ácaros Tetranichus urticae e tripes Frankliniella occidentalis com populações muito abaixo dos níveis económicos de ataque e sem estragos na cultura.
A lagarta do tomate Helicoverpa armigera, praga também presente com ligeiros estragos ao nível do fruto e manifestando‐se praticamente no final do ensaio.
A Tuta absoluta praga com estragos ao nível do fruto com prejuízos elevados nas últimas colheitas.
► As armadilhas amarelas mostraram‐se mais eficazes do que as azuis na indicação da chegada da praga à cultura e em número de capturas.
► A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3 115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados.
5. Resultados
5.1 Acompanhamento da cultura
Do nosso ponto de vista a instalação do ensaio ocorreu com um mês de atraso vindo a reflectir‐se, numa fase inicial, num desenvolvimento heterogéneo das plantas, com uma recuperação lenta no desenvolvimento vegetativo. No mesmo período, eram visíveis as diferenças entre as modalidades enxertadas em confronto com a testemunha, vindo a manter se até ao final do ensaio. Como as modalidades enxertadas foram conduzidas a dois braços verificamos, apesar dos compassos utilizados, uma certa falta de arejamento ao nível da planta devido ao desenvolvimento de grande massa folhear, levando a uma redução das fertilizações de acompanhamento. As regas, neste sistema de cultivo, foram copiosas e em certa quantidade para dar condições a que o motte e terreno envolvente ficassem com humidade suficiente para que as raízes penetrassem em profundidade. Nas modalidades enxertadas, como a raiz atingiu um grande desenvolvimento no solo, permitiu uma maior base de alimentação à planta levando‐a a um desenvolvimento vegetativo mais exuberante. Ao nível da formação dos cachos florais e frutificação, não se registaram diferenças significativas entre as modalidades enxertadas em cada uma das cultivares. Já na testemunha, surgiram abortamentos de flores, cachos heterogéneos e irregulares.
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Quanto à entrada em produção, registou‐se uma ligeira precocidade da testemunha em relação às modalidades enxertadas.
A mosca branca, ácaros e o tripes, estiveram sempre presentes durante todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque.
A Tuta absoluta, praga recente, provocou estragos ao nível do fruto bastante elevados na parte final do ensaio (Fig.3).
5.2 Parâmetros em análise
5.2.1 Produção
A cultivar Anairis, na modalidade P0 (testemunha), apresentou uma produção em (kg/m2) bastante inferior comparativamente às plantas enxertadas, não se verificando grande diferença entre os porta enxertos (Quadro 1). Esta cultivar, apresentou aproximadamente 12% da sua produção com frutos de calibre superior aos 102, sendo estes, rejeitados pela comercialização. A restante produção manteve‐se nos calibres 56 – 67; 67 – 82; 82 ‐ 102 com um refugo de 2%. No que respeita à cultivar Amaral a (P0) testemunha, foi também, a modalidade que menor produção apresentou (Quadro 1). Esta cultivar, apresentou 75% dos frutos com um calibre entre 67 a 102. A percentagem de refugo situou‐se nos 1%. Em ambas as cultivares, o porta‐enxerto Maxifort, foi o mais produtivo com uma produção média de 15,680kg/m2 na cultivar Anairis e de 16,440kg/m2 na cultivar Amaral.
Fig. 3 – Estragos de Tuta absoluta no fruto
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60
Quadro 1 – Produção Cultivar x Porta‐enxerto (kg/m2)
REP. I REP.III
Cultivar Porta Enxerto
Produção Kg
Área Parcela
Rend. Kg/m2
Cultivar Porta Enxerto
Produção Kg
Área Parcela
Rend. Kg/m2
Testem. 79,300 8,800 Testem. 69,900 7,770 Anairis Beaufort 111,400 9m2 12,400 Anairis Beaufort 138,400 9m2 15,380 Maxifort 134,000 15,000 Maxifort 143,714 15,970 Multifort 137,400 15.500 Multifort 127,700 14,200REP.II REP.IV
Cultivar Porta
Enxerto Produção
Kg Área
Parcela Rend. Kg/m2
Cultivar Porta Enxerto
Produção Kg
Área Parcela
Rend. kg/m2
Testem. 104,000 11,560 Testem. 81,900 9,100 Anairis Beaufort 151,200 9m2 16,800 Anairis Beaufort 129,800 9m2 14,400 Maxifort 161,900 18,000 Maxifort 123,700 13,750 Multifort 147,100 16,340 Multifort 129,100 14,350REP.I REP.III
Cultivar Porta
Enxerto Produção
Kg Área
Parcela Rend. Kg/m2
Cultivar Porta Enxerto
Produção Kg
Área Parcela
Rend. Kg/m2
Testem. 91,300 10,140 Testem. 123,200 13,700Amaral Beaufort 136,900 9m2 15,200 Amaral Beaufort 160,300 9m2 17,800 Maxifort 145,900 16,200 Maxifort 157,500 17,500 Multifort 135,600 15,100 Multifort 140,100 15,570REP.II REP.IV
Cultivar Porta
Enxerto Produção
Kg Área
Parcela Rend. Kg/m2
Cultivar Porta Enxerto
Produção Kg
Área Parcela
Rend. Kg /m2
Testem. 124,500 13,800 Testem. 90,600 10,100Amaral Beaufort 146,600 9m2 16,300 Amaral Beaufort 142,600 9m2 15,840 Maxifort 164,500 18,300 Maxifort 123,900 13,770 Multifort 154,700 17,200 Multifort 128,100 14,300
Produção média/Modalidade (kg/m2)
(P0) Testemunha …. 9,100 (P0) Testemunha…..11,935 (P1) Beaufort ……...15,000 (P1) Beaufort ……... 16,285 Anairis (P2) Maxifort ……... 15,680 Amaral (P2) Maxifort …...…. 16,440 (P3) Multifort …..… 15,100 (P3) Multifort …….… 15,540
5.3 Avaliação radicular
Com o objectivo de avaliar a acção dos agentes patogénicos do solo na planta, recorremos ao Laboratório de Protecção Vegetal, Departamento de Ciências Agronómicas, da ESAC, para determinação do grau de sensibilidade ou resistência do sistema radicular e parte do caule das plantas à infecção tanto por nemátodes (Meloidogyne sp. – nemátodes‐das‐galhas‐radiculares), como por fungos do solo, em cada uma das modalidades em estudo.Para avaliação da patogenicidade dos nemátodes na raiz recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama de John Bridge e Sam Page (1980), para quantificação do índice de galhas (I G), numa escala de 0 a 10 em 4 plantas por modalidade e ainda à escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985).
De acordo com Hartman & Sasser (1985) e Santos et al. (1987), a reacção das plantas é considerada positiva (+) quando o valor da média do índice da massa de ovos for superior a 2 e negativa (‐) quando esse valor for igual ou inferior a 2.
Para avaliação do índice de massa de ovos, as raízes das plantas de cada modalidade foram mergulhadas numa solução de 15mg/L de água de Floxine B (Fig. 4).
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Fig. 4 – Raízes mergulhadas na solução corante.
Registaram‐se os resultados de acordo com o apresentado nos Quadros 2 e 3.
Quadro 2 – Índice de Galhas (IG) de acordo com o Diagrama de John Bridge e Sam Page (1980)
P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort
Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G
I P0 1 I P3 0
Anairis II P0 0 Anairis II P3 0
III P0 0 III P3 0
IV P0 1 IV P3 1
Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G
I P2 0 I P1 1
Anairis II P2 1 Anairis II P1 1
III P2 0 III P1 0
IV P2 0 IV P1 0
Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G
I P0 0 I P3 0
Amara l II P0 0 Amara l II P3 0
III P0 0 III P3 1
IV P0 1 IV P3 1
Cultivar Rep Modalidade I G Cultivar Rep Modalidade I G
I P2 1 I P1 0
Amara l II P2 1 Amara l II P1 0
III P2 1 III P1 1
IV P2 1 IV P1 0
Fig. 6 – Identificação de galhas
Fig. 5– Raízes após coloração
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Quadro 3 – Índice de Galhas (IG) de acordo com a escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985)
P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort
Analisando os resultados quanto à patogenicidade de nemátodes na raiz através dos quadros 2 e 3, a modalidade P2 – Anairis x Maxifort apresentou uma planta positiva com 11 galhas e 2 massas de ovos, correspondendo na escala ao índice 3.
Na cultivar Amaral as modalidades (P1; P2 e P3) apresentaram‐se positivas, destacando‐se a modalidade P2 – Amaral x Maxifort com duas plantas positivas.
As modalidades P0 – Testemunha em ambas as cultivares, apresentaram‐se negativas.
Das análises efectuadas ao solo e às raízes, constata‐se que no solo o grau de infecção de nemátodes de galhas das raízes era muito reduzido não causando estragos ao nível da planta e da produção.
Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG
I P0 0 1 1 I P3 0 0 0
Anairis II P0 0 0 0 Anairis II P3 0 0 0
III P0 0 0 0 III P3 0 0 0
IV P0 0 1 1 IV P3 3 0 2
Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG
I P2 0 0 0 I P1 2 0 1
Anairis II P2 11 2 3 Anairis II P1 3 0 2
III P2 0 0 0 III P1 0 0 0
IV P2 0 0 0 IV P1 0 0 0
Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG
I P0 0 0 0 I P3 0 0 0
Amara l II P0 0 0 0 Amaral II P3 0 0 0
III P0 0 0 0 III P3 10 5 3
IV P0 1 1 1 IV P3 3 0 2
Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG Cultivar Rep Modalidade Nº galhas Nº massas de ovos IG
I P2 3 0 2 I P1 0 0 0
Amara l II P2 10 2 3 Amaral II P1 0 0 0
III P2 10 7 3 III P1 13 8 3
IV P2 3 0 2 IV P1 0 0 0
Fig. 7 ‐ Massas de ovos
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63
Fig. 8 ‐ Raízes atacadas pela Pyrenochaeta
Para avaliação visual dos fungos (Pyrenochaeta licopersici e Fusarium oxisporum) no material vegetal raiz e caule por modalidade também em Laboratório, usamos a escala de 0 a 100% (DGADR), por se desconhecer outro método de quantificação, constatando‐se que:
Quadro 4 – Quantificação da presença do fungo Pyrenochaeta.
P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort
Na modalidade (P0) testemunha de ambas as cultivares as raízes encontravam‐se completamente destruídas pelo fungo Pyrenochaeta licopersici (Fig. 8), com manchas castanhas em toda a sua extensão e gretadas, atingindo percentagens de ataque de 90% a 100% das raízes, com porte reduzido, muito fracas e destruídas, o que veio a afectar o desenvolvimento da planta no seu todo, reflectindo‐se numa baixa significativa da produção Quadro 1.
Nas modalidades (P1,P2 e P3), o nível atingido, situou‐se entre os 0 e 25%, com forte raizame, com espessuras de 4 a 8mm e comprimentos de 1m a 2,20m. As raízes encontravam‐se completamente limpas. As plantas tiveram um bom desenvolvimento vegetativo e uma boa produção por m2 Quadro 1.
Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta
I P0 5 I P3 1
Anairis II P0 6 Anairis II P3 1
III P0 6 III P3 1
IV P0 4 IV P3 2
Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta
I P2 1 I P1 1
Anairis II P2 2 Anairis II P1 2
III P2 1 III P1 1
IV P2 1 IV P1 3
Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta
I P0 8 I P3 1
Amaral II P0 8 Amara l II P3 1
III P0 9 III P3 1
IV P0 5 IV P3 1
Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta Cultivar Rep Modalidade Pyrenochaeta
I P2 1 I P1 2
Amaral II P2 1 Amara l II P1 1
III P2 1 III P1 2
IV P2 2 IV P1 1
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64
Quanto ao Fusarium oxysporum o processo de quantificação foi o mesmo. As modalidades (P1; P2 e P3) apresentaram comparativamente à (P0) testemunha, maiores índices de infecção tanto ao nível do porta enxerto como da planta, chegado a níveis de 50% no porta enxerto e 75% na planta Fig 9.
É interessante referir que os níveis de infecção verificados não afectaram em nada um bom desempenho das plantas, tanto em termos vegetativos como de produção Quadros 1 e 5.
Quadro 5 – Avaliação de Fusarium oxisporum
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
I P0 0 0 I P3 4 2 II P0 4 0 II P3 4 2 III P0 2 0 III P3 4 1
Anairs
IV P0 1 0
Anairs
IV P3 4 1
Cultivar Rep. Modalidade PlantaPort. Enx.
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
I P2 4 0 I P1 4 2 II P2 4 1 II P1 4 4 III P2 4 4 III P1 4 2
Anairs
IV P2 4 2
Anairs
IV P1 2 1
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
I P0 1 0 I P3 4 2 II P0 4 0 II P3 6 4 III P0 0 0 III P3 4 2
Amaral
IV P0 1 0
Amaral
IV P3 4 2
Cultivar Rep. Modalidade PlantaPort. Enx.
Cultivar Rep. Modalidade Planta Port. Enx.
I P2 6 1 I P1 4 2 II P2 4 1 II P1 6 2 III P2 4 1 III P1 6 2
Amaral
IV P2 2 1
Amaral
IV P1 2 1 P0 – Testemunha; P1 – Cultivar x Beaufort; P2 – Cultivar x Maxifort; P3 – Cultivar x Multifort
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5.4 Estudo económico da cultura Neste método de cultivo é importante, não só ter em linha de conta os rendimentos obtidos, mas também os encargos com as plantas e mão de obra gastos na condução da cultura. Nas modalidades enxertadas (P1: P2; e P3) como já foi referido, os rendimentos por m2 são bastante bons quando os comparamos com os da planta simples testemunha (T0).
Os gastos com mão‐de‐obra e fertilizações de acompanhamento, são inferiores nas modalidades enxertadas comparativamente à testemunha.
Quanto ao preço unitário da planta, este, é diferente conforme a cultivar e tipo de planta.
Das duas cultivares em estudo a Anairis foi a mais cara, com um preço de 0,22€ por planta simples e 0,70€ por planta enxertada, já a Amaral como o preço de 0,16€ por planta simples e 0,68€ por planta enxertada. O preço das modalidades (P1; P2 e P3) foi igual para ambas as cultivares variando o preço entre cultivares.
O número de plantas que o estudo comportou foi de 120 plantas para a (P0) testemunha e de 64 plantas para cada uma das modalidades (P1; P2 e P3).
As cultivares/modalidades (P0; P1; P2 e P3) apresentaram os seguintes custos em plantas, quilos de frutos comercializáveis e receita final por, m2 quadro 6:
Quadro 6 – Estudo económico da cultura
Anairis Nº plantas/ m2 Preço/plantaPreço Total (plantas/m2)
P.TotalKg/m2
Preço médio de venda
Receita bruta €/m2
Receita final €/m2
P0 3,3 0.22 € 0.726 € 9,31 0.40€ 3.724 2.998 P1 1,77 0.70 € 1.239 € 14,75 “ 5.900 4.661 P2 1,77 0.70 € 1.239 € 15,68 “ 6.272 5.033 P3 1,77 0.70 € 1.239 € 15,54 “ 6.216 4.977
Amaral Nº plantas/ m2 Preço/plantaPreço Total (plantas/m2)
P.TotalKg/m2
Preço médio de venda
Receita bruta €/m2
Receita final €/m2
P0 3,3 0.16 € 0.528 € 11,93 0.40€ 4.772 4.244 P1 1,77 0.68 € 1.2036 € 16,28 “ 6.512 5.3084 P2 1,77 0.68 € 1.2036 € 16,44 “ 6.576 5.3724 P3 1,77 0.68 € 1.2036 € 15,54 “ 6.216 5.0124
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2. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DOIS PORTA‐ENXERTOS EM FEIJÃO VERDE EM ESTUFA João Moreira 1. Objectivos Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas
Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto
Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo
Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie
2. Comportamento de dois porta‐enxertos numa cultivar de feijão verde
Este trabalho, decorreu debaixo da estrutura metálica de uma estufa sem cobertura, com uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas desde 1994.
Ao longo destes anos em produção e sem uma rotação de culturas, o solo encontra‐se com graves problemas sanitários, apesar da introdução de algumas práticas químicas como é o caso das desinfecções do solo, desaconselhadas em PRODI, de elevado custo e agressivos para o aplicador e ambiente.
Em estudo, esteve a cultivar Fasilis enxertada em dois porta enxertos (P1 e P2) e uma testemunha (P0), distribuídas por 3 talhões em 4 repetições conforme o delineamento experimental, num total de 12 talhões conforme esquema de campo Fig.1.
Cultura em campo
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Esquema de campo
1ª. REP. 2ª.REP. 3ª. REP. 3ª.REP. P2 ‐ P0 ‐ P1 ‐ P0 ‐ 3 6 9 12 P1 ‐ P1 ‐ P0 ‐ P2 ‐ 2 5 8 11 P0 ‐ P2 ‐ P2 ‐ P1 ‐ 1 4 7 10 2m 1,5m
Fig.1
Modalidades em estudo: (Cultivar x porta enxerto) P0 – Testemunha T1 – FasilisxEscorpião P2 – Fasilisx Bezouro 2.1 Fertilização de fundo para uma área de 400m2
A fertilização de instalação da cultura baseou‐se na análise de solos, estabelecendo‐se o seu equilíbrio para uma classe de fertilidade média nos vários elementos, para uma produção estimada de 5kg/m2, com dois tipos de fertilizantes: Orgânico em 24/3/2010 e mineral em 31/5/2010. Fertilizante orgânico: → 25kg de Phenix, com a seguinte composição:
N total P2O5 K2O CaO MGO M.O Microelementos 6% 8% 15% 5% 2% 60% 1%
Fertilizantes químicos: → Sulfato de amónio a 20,5% 3kg; Superfosfato a 18% 9k; Sulfato de potássio a 50% 5kg; e sulfato de magnésio a 16,5% 7kg. 2.2 Preparação e correcção do solo
‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (nabos) ‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos ‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização.
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68
2.3 Plantação e Operações seguintes
Cada talhão com uma área de 24m2 (2,0mx12m), com 2 linhas e 20 plantas por linha, nas cultivares enxertadas (P1 e P2), num total de 40 plantas por talhão, e na testemunha (P0) 40 plantas por linha, num total de 80 plantas por talhão. O ensaio foi instalado a 2/6/2010, com plantas em motte de 7,5cmx7,5cmx7cm para as plantas enxertadas (P1 e P2), e plantas duplas de bandeja para as plantas simples (P0). Todas as plantas já vinham com a desponta feita do viveiro. Os compassos utilizados entre linhas foram de 1m para todas as modalidades, variando na linha entre plantas. Para as enxertadas (P1 e P2) com uma distância entre plantas na linha de 0,60m e para as plantas simples testemunha (P0) de 0,30m. ‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem ‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis) ‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior. 2.4 Práticas Culturais
√ Regas de gota a gota
√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas
√ Tutotagem a 2 braços nas modalidades enxertadas
√ Tratamentos
√ Sacha manual e mecânica
√ Amontoa
√ Desfolhas
√ Colheita.
2.5 Adubação de manutenção
Ao oitavo / décimo dia após a plantação iniciaram‐se as adubações de manutenção (2 por semana) e durante o ciclo da cultura, de modo a aplicar 12 a 15 g/m2 de N, 4 a 6 g/m2 de P2O5, 20 a 25 g/m2 de K2O e 1 a 2 g/m2 de Mg. Estas quantidades foram dadas à planta em 4 fases e em quantidades diferentes por fase em função do estado de desenvolvimento e necessidades da cultura e em g/m2.
Assim na: ‐ 1ª fase – 0,2g de N; 0,13g de P2O5; 0,18g de K2O
‐ 2ª fase – 3,5g de N; 1,4g de P2O5; 3g de K2O
‐ 3ª fase – 19,5g de N; 4,4g de P2O5; 17g de K2O
‐ 4ª fase – 3,7g de N; 0,9g de P2O5; 3,2g de K2
2.6 Tratamentos fitossanitários ┌ Fúngicos: ‐ mancozan (s.a. mancozebe), score 250 EC (s.a. difenoconozol) e enxofre em pó.
┌ Insecticidas: ‐ décis (s.a. deltametrina) 2.7 Pragas presentes nas estufas
Piolho negro Aphis fabae, Mosca Branca Trialeurodes vaporariorum, ácaros Tetranichus urticae com populações baixas e sem estragos na cultura.
► As armadilhas amarelas mais eficazes que as azuis na indicação da chegada da praga à cultura e em numero de capturas.
►A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados.
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3. Resultados 3.1 Acompanhamento da cultura
Como o ensaio decorreu em condições de cultivo de ar livre existindo somente a estrutura metálica da estufa, as jovens plantas adaptadas a um meio protegido e expostas às agressividades dos agentes climáticos, tiveram uma adaptação e recuperação muito lentas vindo a afectar o seu desenvolvimento e rendimento por m2. As plantas da testemunha (P0) comparativamente às das modalidades enxertadas (P1 e P2), desde sempre apresentarem uma melhor resposta às condições de cultivo com mais massa foliar e mais inflorescências.
Pela evolução e comportamento das plantas ao longo deste trabalho e nas condições em que decorreu, concluímos que as plantas enxertadas (P1 e P2) não tiveram um bom desempenho.
O piolho negro Aphis fabae na fase inicial da cultura teve alguma representatividade, tendo sido controlado quimicamente. Os ácaros Tetranichus urticae também estiveram presentes, tendo‐se utilizado enxofre em polvilhação para redução dos níveis de ataque.
A mosca branca Trialeurodes vaporariorum, sempre presente durante todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque, ficou à mercê da fauna auxiliar autóctone. 3.2 Produções
Na modalidade testemunha (P0), as produções foram superiores comparativamente às modalidades enxertadas (P1 e P2), não se verificando grande diferença entre os porta enxertos (quadro de produções).
Esta cultivar, apresentou nas três modalidades (P0; P2 e P3) e nas várias colheitas, vagens com boas características de comercialização (vagem carnuda, sem pergaminho, sem semente e com comprimentos entre 18 a 20cm e larguras 1,5 a 2cm).
Nas modalidades enxertadas (P1 e P2) observaram‐se quebras na ordem dos 3% (vagens com deformação), enquanto que, na modalidade (P0) testemunha, as quebras ficaram‐se nos 1%.
Quanto ao comportamento das modalidades a testemunha (P0), foi a que teve plantas mais encorpadas, mais corimbos florais e maior produção 4,4kg/m2. A modalidade escorpião (P1) foi a que teve menor produção 2,5kg/m2 (Quadro 1).
Quadro 1
REP. I Cultivar Porta Encherto Produções (kg) Área da Parcela Rendimento (kg / m2) Testemunha 94.100 3.900 Fasilis Escorpião 55.000 24m2 2.300 Bezouro 70.000 2.900
REP. II Cultivar Porta Encherto Produções (kg) Área da Parcela Rendimento (kg / m2) Testemunha 111.700 4.700 Fasilis Escorpião 57.300 24m2 2.400 Bezouro 59.700 2.500
REP.III Cultivar Porta Encherto Produções (kg) Área da Parcela Rendimento (kg / m2) Testemunha 107.200 4.500 Fasilis Escorpião 62.000 24m2 2.600 Bezouro 56.400 2.400
REP. IV Cultivar Porta Encherto Produções (kg) Área da Parcela Rendimento (kg / m2) Testemunha 104.900 4.400 Fasilis Escorpião 64.300 24m2 2.700 Bezouro 63.200 2.600
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Produção média da Cultivar/Porta enxerto por m2 Testemunha – (P0) ↔ 4.400 kg Fasilis Escorpião ‐ (P1) ↔ 2.500 kg Bezouro – (P2) ↔ 2.600 kh
3.3 Avaliação radicular
►Para avaliação de nemátodes na raiz recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama Cortesia de John Bridge e Sam Page (1980), para a sua quantificação, numa escala de 0 a 10 em 14 raízes de cada modalidade, constatando‐se que em nenhuma das modalidades (P0; P! e P2) eram visíveis galhas de nemátodes, e ainda à escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985).
►Para a avaliação visual dos fungos (Fusarium e Pyrenochaeta) recorremos à escala de 0 a 100% da DGADR por se desconhecer outra, concluindo‐se que: Na Testemunha (P0) as raízes apresentavam‐se praticamente todas destruídas fruto dos ataques de Pyrenochaeta licopersici em 90% das raízes e de Fusarium oxisporum ataques ao nível do colo e do caule na ordem dos 70% Nas modalidades enxertadas (P1 e P2) verificamos ataques reduzidos de Pyrenochaeta licopersici 10 a 15% e de Fusarium oxisporum 5 a 10%, (fig. 3, 4, 5 e 6).
Fig. 6 – Fusarium em planta enxertada
Fig. 3 – Raiz atacada pela Pyrenochaeta e Fusarium oxisporum
Fig. 4 – Porta enxerto sem Pyrenochaeta Fig. 5 – Raiz sem Pyrenochaeta
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3.4 Estudo económico da cultura
Neste método de cultivo é importante não só ter em linha de conta os rendimentos obtidos, mas também os encargos com as plantas e mão‐de‐obra gastos na condução da cultura.
Nas modalidades enxertadas (P1 e P2) como já foi referido, os rendimentos por m2 foram inferiores à testemunha (P0).
Os gastos com mão‐de‐obra e fertilizações de acompanhamento, são inferiores nas modalidades enxertadas (P1 e P0) comparativamente à testemunha (P0).
Quanto ao preço unitário das plantas, estes, são diferentes. Planta simples dupla 0,45€ Planta enxertada 0,80€.
O preço dos porta‐enchertos (P1e P2) foi igual. O número de plantas que o estudo comportou foi de 350 plantas para a testemunha (P0) e de 180 plantas para cada um dos porta enxertos (P1 e P2). A cultivar apresentou os seguintes custos em plantas, quilos de vagem comercializáveis e receita final por, m2 (Quadro 2).
Quadro2
Fasilis Nº. plantas por m2
Preço por
planta €
Preço total € plan./m2
Total Kg/m2
Preço médio de venda (€)
Receita bruta (€/m2)
Receita final (€/m2)
Testemunha 3,3 0,45 € 1,485 4,500 1,00€ 4,500 3,015 Escorpião 1,7 0,80 € 1,360 2,600 “ 3,536 2,176 Bezouro 1,7 0,80 € 1,360 2,400 “ 3,264 1,904
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3. ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE DOIS PORTA‐ENXERTOS EM DUAS CULTIVARES DE PEPINO DE ESTUFA João Moreira 1. Objectivos Ψ – Estudar o comportamento agronómico das espécies e cultivares enxertadas
Ψ – Avaliar o rendimento das cultivares por espécie e porta enxerto
Ψ – Estudar o grau de resistência aos agentes patogénicos do solo
Ψ – Apresentar o estudo económico por espécie
2. Comportamento de dois porta‐enxertos em dois cultivares de pepino
A estufa onde decorreu o ensaio tem uma área útil de 400m2 e com uma sequência de culturas desde 1994. O grau de poluição do solo em agentes patogénicos, tem sido uma constante pela não existência de rotações, apesar da introdução de algumas práticas químicas como a desinfecção do solo, desaconselhada em PRODI, de elevado custo e agressivo para o aplicador e ambiente.
Em estudo, estiveram 2 cultivares de pepino (Caman e Anemon) enxertadas em dois porta enxertos (P1 e P2) e uma testemunha (P0), distribuídas por 3 talhões em 4 repetições conforme o delineamento experimental, num total de 12 talhões por cultivar conforme esquema de campo Fig.1.
Cultura em campo
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Esquema de Campo
1ª. Rep 2ª. Rep 3ª. Rep 4ª. Rep
Bordadura
P2 – P2 – P0 – P0 – Root Power Root Power Testem. Testem. 3 6 9 12 Bord P1 – P0 – P1 – P2 – Shintoza Testem. Shintoza Root Power 2 5 8 11 P0 – P1 – P2 – P1 – Testem. Shintoza Root Power Shintoza Bloco 2 1 4 7 10 P2 – P2 – P0 – P0 – Root Power Root Power Testem. Testem. 3 6 9 12 Bord P1 – P0 – P1 – P2 – Shintoza Testem. Shintoza Root Power 2 5 8 11 P0 – P1 – P2 – P1 – 6m Testem. Shintoza Root Power Shintoza Bloco 1 1 4 7 10 2m Bordadura
Fig.1 Modalidades em estudo (cultivar x Porta enxerto)
Bloco1 ♦ P0 – Testemunha ♦ P1 – Caman x Shintosa ♦ P2 – Caman x Root Power
Bloco 2 ♦ P0 – Testemunha ♦ P1 – Modan x Sintosa ♦ P2 – Modan x Root Power
Fertilização de fundo A fertilização de instalação da cultura baseou‐se na análise de solos, estabelecendo‐se o equilíbrio para uma classe de fertilidade média nos vários elementos, para uma produção estimada de 16kg/m2, com dois tipos de fertilizantes a 24/3/2010: Fertilizante orgânico: → 50kg de Phenix, com a seguinte composição
N total P2O5 K2O CaO MGO M.O Microelementos 6% 8% 15% 5% 2% 60% 1%
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Fertilizantes químicos em g/m2: → Sulfato de amónio a 27% – 6g; Superfosfato 18% – 6g; Sulfato de potássio a 50% – 12g e sulfato de magnésio a 16,5% – 4g. 3. Preparação e correcção do solo
‐ Uma passagem de escarificador para rompimento do solo e incorporação dos restos da cultura anterior (alface).
‐ Fertilização de fundo com aplicação dos fertilizantes referidos.
‐ Uma passagem de cavadeira para incorporação da fertilização.
4. Plantação e Operações seguintes
Cada talhão com uma área útil de 12,0m2 (2,0mx6,0m), com 2 linhas e 10 plantas por linha nas cultivares enxertadas (P1eP2) num total de 20 plantas por talhão e na testemunha (P0) 13 plantas por linha, num total de 26 plantas por talhão.
O ensaio foi instalado a 28/5/2010, com plantas em motte de 7,5cmx7,5cmx7cm para as plantas enxertadas e plantas de bandeja para as plantas simples.
Os compassos utilizados entre linhas foram de 1m em todas as modalidades, variando na linha entre plantas. Nas modalidades enxertadas a distância entre plantas na linha foi de 0,60m e para as plantas simples de 0,45m. ‐ Instalação da rega gota a gota e primeira rega abundante, rega de abicagem ‐ Instalação das armadilhas cromotrópicas (amarelas e azuis) ‐ Instalação da armadilha luminosa no exterior.
4.1 Práticas Culturais
√ Regas de gota a gota
√ Desponta à 4ª folha nas modalidades enxertadas
√ Condução em 2 hastes nas modalidades enxertadas
√ Tutotagem a 2 braços nas modalidades enxertadas
√ Tratamentos
√ Sacha manual e mecânica
√ Amontoa
√ Podas
√ Colheita
4.2 Adubação de manutenção
Ao oitavo / décimo dia após a plantação iniciaram‐se as adubações de manutenção (2 por semana) e durante o ciclo da cultura de modo a aplicar 18 a 25 g/m2 de N, 6 a 8 g/m2 de P2O5, 50 a 70 g/m
2 de K2O e 3 a 4 g/m2 de Mg.
Estas quantidades foram dadas à planta em 4 fases e em quantidades diferentes por fase em função do estado de desenvolvimento e necessidades da cultura e em g/m2.
Assim na: ‐ 1ª fase – 0,8g de N; 0,45g de P2O5 e 1,6g de K2O
‐ 2ª fase – 7g de N; 1,5g de P2O5; 13,7g de K2O; 40% de MgO
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‐ 3ª fase – 20g de N; 5g de P2O5; 46g de K2O; 60% de MgO
‐ 4ª fase – 8g de N; 1,7g de P2O5; 10g de K2O
4.3 Tratamentos fitossanitários
┌ Fúngicos: Para o oídio ‐ Polvilhaçâo com enxofre em pó (3) Para míldios – Ortiva (s. a azistrobina) e Mancozan (s.a mancozebe)
┌ Insecticidas: ‐ Actara (s.a.tiametoxame) e Pirimor (s.a pirimicarb) 4.4. Pragas e doenças presentes na cultura
◊ Mosca Branca Trialeurodes Vaporariorum, Afidios Mizus percicae, Ácaros Tetranichus urticae e o trips Frankliniella occidentalis com populações muito abaixo dos níveis económicos de ataque e sem estragos na cultura. ◊ O oídio foi uma doença presente com um nível elevado de ataque.
.
► As armadilhas amarelas mais eficazes que as azuis na indicação da chegada da praga à cultura e em numero de capturas.
►A armadilha luminosa revelou‐se bastante eficaz na captura de vários tipos de noctuídios num total de 3115 exemplares, assim como de outros tipos de insectos não identificados. 5. Resultados 5.1 Acompanhamento da cultura O ensaio foi instalado em fins de Maio, já demasiado tarde, vindo a reflectir‐se no desenvolvimento heterogéneo das plantas, com uma recuperação lenta no desenvolvimento vegetativo.
Nas modalidades enxertadas (P1 e P2) a desponta à 4ª folha, foi uma má técnica, uma vez que as plantas já vinham despontadas do viveiro, levando assim a uma resposta mais lenta das plantas.
As regas foram copiosas e em quantidade suficiente, para que o motte e terreno envolvente ficassem com humidade suficiente para que as raízes penetrassem em profundidade.
As raízes das plantas de ambas as cultivares nas modalidades enxertadas (P1 e P2), com um raizame mais forte, atingiram grande desenvolvimento no solo, permitindo uma maior base de alimentação para a planta, levando‐a a um desenvolvimento ligeiramente superior quando comparadas com a testemunha (P0).
Ao nível da floração e frutificação, não se registaram diferenças significativas entre as modalidades enxertadas (P1 e P2) e a testemunha (P0). A entrada em produção foi idêntica em todas as modalidades do ensaio.
Os afídios, foram uma praga que desde cedo apareceram na cultura. A mosca branca, ácaros e o trips, apareceram mais tarde na cultura e mantiveram‐se sempre presentes durante todo o ciclo da cultura em níveis populacionais muito aquém do nível económico de ataque, sem que afectassem a cultura. 5.2 Parâmetros em análise Produções
De um modo geral as produções não variam muito entre as modalidades (P0; P1 e P2), quando comparadas entre si em ambas as cultivares.
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Na cultivar Caman as diferenças entre os porta enxertos (P1 e P2) não são significativas. Na cultivar Modan, a testemunha (P0) teve uma produção muito baixa 6kg/m2. A modalidade (P2) apresentou a maior produção 9,9kg/m2 (Quadro de produções).
Produções médias por Cultivar/Modalidade
5.3 Avaliação radicular
Quadro de Produções Rep. I Rep. I
Cultivar
Porta Encherto
Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimentokg / m2
CultivarPorta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimento kg / m2
Testemunha 95.900 8.000 Testemunha 75.500 6.300
Caman Shintoza 99.200 12m2 8.300 Modan Shintoza 113.100 12m2 9.400
Root Power 108.900 9.100 Root Power 109.200 9.100
Rep. II Rep. II
Cultivar Porta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimentokg / m2
CultivarPorta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimento kg / m2
Testemunha 80.600 6.700 Testemunha 72.500 6.000
Caman Shintoza 114.100 12m2 9.500 Modan Shintoza 129.100 12m2 10.800
Root Power 100.700 8.40'0 Root Power 141.800 11.800
Rep.III Rep. III
Cultivar Porta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimentokg / m2
CultivarPorta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimento kg / m2
Testemunha 100.400 8.400 Testemunha 80.800 6.700
Caman Shintoza 115.100 12m2 9‐600 Modan Shintoza 90.900 12m2 7.600
Root Power 103.700 8.600 Root Power 110.300 9.200
Rep. IV Rep. IV
Cultivar Porta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimentokg / m2
CultivarPorta
Encherto Produção Kg/Parc.
Área Parcela
Rendimento kg / m2
Testemunha 76.300 6.400 Testemunha 61.100 5.100
Caman Shintoza 76.000 12m2 6.300 Modan Shintoza 109.200 12m2 9.100
Root Power 111.300 9.300 Root Power 114.500 9.500
kg/m2 kg/m2
Testemunha 7,35 Testemunha 6
Caman Shintoza 8,4 Modan Shintoza 9,2
Root Power 8,8 Root Power 9,9
Nº de galhas ou de massas de ovos no sistema radicular
Índice
0 0 1‐2 1 3‐10 2 11‐30 3 31 ‐ 100 4 > ‐ 100 5
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►Para avaliação de nemátodes de galhas na raiz, recorremos à avaliação visual de galhas e ao diagrama Cortesia de John Bridge e Sam Page (1980), para a sua quantificação numa escala de 0 a 10 e ainda à escala proposta por Taylor & Sasser (1978) e Hartman & Sasser (1985), em 10 raízes colhidas aleatoriamente em cada cultivar x modalidade (P0; P1 e P2).
Na análise efectuada ao raizame em cada uma das cultivares em campo, constatamos que em todas modalidades (P0; P! e P2) eram visíveis galhas do nemátodes de (meloidogyne sp).
Na cultivar Modan as modalidades (P0 e P1), apresentaram o raizame completamente destruído pelo número de galhas de meloidogyne sp, situando‐se nos 90% das raízes afectadas. A modalidade (P2), com 80% das raízes afectadas, correspondendo na Tabela 1 ao índice 4 (Figs.2, 3 e 4).
Fig. 2 Modan/Shintoza
Fig.3
Fig.4
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Na cultivar Caman a modalidade testemunha (P0), apresentou um comportamento idêntico à modalidade Root Power (P2), com a maioria das raízes principais com galhas correspondendo a 70% do volume radicular. A modalidade Shintoza (P1), apresentou todas as raízes principais com galhas incluindo as raízes axiais (80% do seu raizame), correspondendo na Tabela 1 ao índice 4. (Figs. 5, 6 e 7).
Fig. 5 Fig. 6
Fig. 7 Fig. 8
Para a avaliação visual dos fungos (Fusarium e Pyrenochaeta) recorremos à escala de 0 a 100% da DGADER por se desconhecer outra, concluindo‐se:
Na Testemunha (P0), as raízes apresentavam‐se praticamente todas destruídas, fruto dos ataques de Pyrenochaeta licopersici em 90% das raízes e de Fusarium oxisporum com ataques no colo na ordem dos 70% Fig. 8.
Nas modalidades enxertadas (P1 e P2), verificamos ataques reduzidos de Pyrenochaeta licopersici 10 a 15% e de Fusarium oxisporum 5 a 10%. 6. Estudo económico da cultura
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Nesta cultura o comportamento das cultivares / porta enxertos foi mau quando comparados com a testemunha, num solo infectado por nemátodos do género Meloydogine sp.
Nas modalidades enxertadas como já foi referido, os rendimentos por m2 são bastante inferiores quando os comparamos com a média das produções de outros trabalhos.
O preço unitário da planta é diferente, conforme a cultivar e tipo de planta que estamos a trabalhar. Das duas cultivares em estudo, a Modan foi a mais cara com o preço de 0,16€ por planta simples e 0,60€ por planta enxertada. O preço dos porta‐enchertos foi igual para ambas as cultivares, variando o preço entre cultivares. O número de plantas que o estudo comportou foi de 104 plantas para a testemunha e de 80 plantas para cada um dos porta enxertos.
As cultivares apresentaram os seguintes custos em plantas, quilos de frutos comercializáveis e receita final por, m2 quadros 1 e 2:
Quadro 1
Caman Nº.
plantas por m2
Preço € por
planta
Preço € Total
plan./m2
Total Kg/m2
Preço médio de
venda
Receita bruta € por m2
Receita final € por m2
Testemunha 2,17 0,12 € 0,2604 7,350 0,25€ 1,8375 1,577
Shintoza 1,67 0,50 € 0,835 8,400 “ 2,100 1,265 Root Power 1,67 0,50 € 0,835 8,800 “ 2,200 1,365 Quadro 2
Modan Nº.
plantas por m2
Preço € por
planta
Preço € Total
Plan/m2
Total Kg/m2
Preço médio de
venda
Receita bruta € por m2
Receita final € por m2
Testemunha 2,17 0,16 € 0,3472 6,000 0,25€ 1,500 1,153
Shintoza 1,67 0,60 € 1,002 9,200 “ 2,300 1,298
Root Power 1,67 0,60 € 1,002 9,900 “ 2,475 1,473
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4. ENSAIO DE MICORRIZAS E DE TRICHODERMA EM DUAS CULTIVARES DE ALFACE DE ESTUFA (Outono/Inverno‐2009/2010) João Moreira 1. Introdução Sendo o solo um reservatório, ao longo de vários anos de cultivo intensivo, acaba por ficar com valores de elementos minerais muito altos, e, também poluído por fungos como (verticilios, phictium, fusárium, esclerotinia, etc), limitando a sua utilização no modo de cultivo intensivo sem rotações, como é o caso dos cultivos em estufa.
Neste trabalho foi nosso objectivo, estudar o efeito das micorrisas na extracção do fósforo do solo pela planta, e ainda, o efeito das trichodermas como fortificante para a planta na defesa dos fungos do solo, concretamente a esclerotínia. 2. Efeito da aplicação das micorrizas à planta No solo existe uma biodiversidade muito grande de microorganismos que entram em simbiose com as raízes das plantas, as micorrizas; aumentando‐lhe a sua produtividade, pela extracção de nutrientes do solo de reduzida mobilidade como é o caso do Fósforo, levando ao seu equilíbrio com a redução de custos.
A utilização das micorrizas tem efeitos positivos sobre o desenvolvimento radicular da planta porque: ‐ Incrementa o desenvolvimento radicular; ‐ Incrementa a absorção de nutrientes; ‐ Melhora a absorção e utilização de água; ‐ Melhora a resistência a patogénicos do solo; ‐ Exclui biologicamente elementos fitotóxicos; ‐ Melhora a tolerância ao stress pós plantação, calor, temperatura e humidade. 3. O que é a esclerotinia
A esclerotinia também conhecida por podridão branca ou mofo‐branco, é uma doença de origem fúngica, causada por um fungo patogénico denominado Sclerotinia sclerotiorum.
Este fungo pode provocar perdas até 70% e pode atacar a alface em todos os seus estados de desenvolvimento, sendo mais intenso na fase de colheita.
Uma planta atacada, rapidamente manifesta murchidão e morte das folhas externas, acabando por apresentar uma sintomatologia inconfundível, ao nível do colo e das raízes mais superficiais, que ficam envoltas por um micélio esbranquiçado, coberto de esclerotos (pequenos grânulos pretos), fonte de disseminação, permanecendo no solo por vários anos, entrando em desenvolvimento quando surgem as condições óptimas ao seu desenvolvimento – temperaturas amenas e humidade do solo.
Por esta razão é de todo importante que a monocultura deve ser sempre evitada pela persistência que o fungo tem no solo, e, a falta de meios de luta eficazes para o seu combate.
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Algumas medidas preventivas podem ser tomadas: ‐ Fazer uma utilização regrada na água de irrigação; ‐ Eliminar as plantas infectadas durante e no fim da cultura, incluindo o sistema. Radicular; ‐ Lavar e desinfectar os utensílios agrícolas; ‐ Nunca incorporar os restos vegetais no solo; ‐ Adquirir sempre sementes isentas de micélio e ou esclerotos; ‐ Evitar fazer sementeiras e transplantes pouco profundos; ‐ Fazer uma rotação com espécies culturais não susceptíveis a este fungo, tais como o milho, o sorgo, etc.; ‐ Evitar a utilização de solo e água de zonas afectadas para zonas não afectadas; ‐ Adubações equilibradas; ‐ Desinfectar o solo através de métodos físicos ou químicos; ‐ Tratamento de sementes; ‐ Efectuar a diversificação de cultivos e variedade.
4. Trichodermas
São microorganismos pertencentes à subdivisão das Deuteromicetes. É um fungo anaeróbico e saprófita, que habita no interior das raízes colonizadas, oferecendo‐lhe protecção contra os patogénicos, estimulando‐lhe o crescimento das raízes, através das estruturas que desenvolve na planta hospedeira, desencadeando um processo de decomposição da matéria orgânica em volta da raiz, acabando assim por permitir a esta um melhor aproveitamento dos nutrientes.
O Trichoderma como agente de controlo biológico tem diversas vantagens, pois possui um rápido crescimento e desenvolvimento, produzindo uma grande quantidade de enzimas, induzidas pela presença de fungos fitopatógenicos.
O Trichoderma é uma fonte de nutrientes derivados dos fungos que degrada os materiais orgânicos dos quais ajuda à decomposição. Requer humidade para poder germinar, e a velocidade do seu crescimento é bastante alta. Efeito fortificante do Condor ‐ Trichoderma:
Ψ‐ Melhora a vitalidade do solo
Ψ‐ Aumenta a competitividade relativamente aos patogénicos da rizosfera
Ψ‐ Toma parte no ciclo do carbono
Ψ‐ Melhora a fertilidade do solo
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Ψ‐ Aumenta a resistência da planta a insectos aéreos
Quanto ao equilíbrio da rizosfera:
♦‐ Controlo biológico sobre patogénicos ♦‐ Múltiplos mecanismos de micro parasitismo
♦‐ Concorrência, rápido crescimento e desenvolvimento
♦‐ Tolerância a distintos condicionalismos ambientais
♦‐ Variabilidade e adaptabilidade genética ♦‐ Efeito indutor de resistência a patogénicos 5. Com este trabalho pretendeu‐se estudar
A – O efeito das micorrizas – EndoROOTs em três concentrações (M0 – 0g/planta); (M1 – 0,05g/planta) e (M2 – 0,1g/planta), na extracção do fósforo do solo.
B – O efeito do Condor – Trichoderma sólida como fortificante para a planta em quatro aplicações, (T0 – 0kg/há); (T1 – 0,5kg/há); (T2 – 1kg/há) e (T3 – 1,5kg/há), no controlo do fungo do solo esclerotinia presente em muitos dos solos das estufas e com danos muito elevados para a cultura.
O trabalho decorreu numa estufa de 400m2 do Centro Experimental do Baixo Mondego‐Loreto, em cultivo de Inverno em duas cultivares de alface. 6. Delineamento Experimental O ensaio foi instalado em blocos casualizados com quatro repetições e 16 talhões. Cada talhão com uma área de 16,2m2 (1,8mx9m), com seis linhas de cultura cada, Fig.1.
Esquema de campo
1ª. REP 2ª.REP 3ª.REP 4ª. REP T3 / M1 T2 / M2 T1 / M1 T0 / M0 4 8 12 16 T2 /M2 T0 / M0 T0 / M0 T3 / M2 3 7 11 15 T1 / M1 T1 / M1 T3 / M1 T2 / M2 2 6 10 14 T0 / M0 T3 / M2 T2 / M1 T1 / M1 1 5 9 13 1,8m 1m
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Fig.1 Modalidades: ╔ (Cesco x M0 ; M1 e M2) (Funice x M0 ; M1 e M2) ╔ (Cesco x T0; T1; T2 e T3) (Funice x T0 ; T1 ; T2 e T3) 7. Material e métodos
◊ ‐ Analise de terra ◊ ‐ Colheita de micélio ◊ ‐ Inoculação do solo ◊ ‐ Duas cultivares Cesco‐ lisa (L) e Funice‐frisada (F) ◊ ‐ Sementeira em placas ◊ ‐ Fertilizações ◊ ‐ Plantação ◊ ‐ Aplicação das modalidades ◊ ‐ Regas ◊ ‐ Sachas ◊ ‐ Observações ◊ ‐ Colheita
8. Instalação e condução do ensaio
Antes de qualquer actividade na estufa, foi colhida uma amostra de terra para análise sumária e quantificação do Fósforo do solo no Laboratório de solos da ESAC, Quadro1. A análise de solos nos restantes elementos apresentava valores médios em K20; CaO e MgO.
Quadro1
Análise laboratorial de solos Analise inicial MO M1 M2 Textura ‐ Terra fina 87,69 86,16 87,93 87,38 P2O5 mg/100g 2,22 2,22 2,22 Analise Final P2O5 mg/100g 2,26 2,25 2,05
A 21 de Novembro, foi efectuada a distribuição do inoculo ao solo da estufa, na razão de 100kg/400m2 (80kg de solo e 20kg de plantas infectadas pelo fungo), com incorporação e rega imediatas, ficando em repouso por um período de um mês.
A 24 de Novembro de 2009, foi feita a sementeira das cultivares “Cesco de folha lisa e a Funice de folha frisada em placas alveolares de poliestireno expandido no germinador. 9. Fertilização de fundo e cobertura Fertilização de fundo Oito dias antes da plantação, procedeu‐se à fertilização de fundo em função da análise de solos, com dois tipos de fertilizantes: Fertilizante orgânico e fertilizantes minerais. Fertilizante orgânico para 400m2
► 25kg de Phenix, com a seguinte composição:
N total P2O5 K2O CaO MGO M.O Microelementos 6% 8% 15% 5% 2% 60% 1%
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Fertilização química para 400m2 ► Pela análise de solos, verificamos que os níveis de fósforo no solo eram elevados 2,22mg/100g em todas as modalidades, não necessitando deste elemento na adubação de fundo, uma vez que valores de Fósforo muito acima dos 200ppm inibem a actividade das micorrizas. Nos restantes elementos aplicaram‐se: 9,6kg de sulfato de potássio; 4,5kg de sulfato de magnésio e 3,9kg de sulfato de amónio, com incorporação mecânica através da cavadeira.
Fertilização de cobertura ►Nas adubações de acompanhamento da cultura, aplicaram‐se 0,3kg de Nitrato de Cálcio e 0,4kg de Nitrato de Potássio através da fertirrigação com intervalo de um mês. 10. Plantação e aplicação das Micorrizas e da Trichoderma
A 30 de Dezembro, com as plantas com 3 a 4 folhas verdadeiras procedeu‐se à plantação com os compassos de 0,30mx0,30m (11plantas/m2).
Após a plantação do ensaio, foram aplicadas as modalidades de micorrizas (M1 e M2) e o primeiro tratamento de trichoderma modalidade (T1).
╔ A aplicação das modalidades de micorizas (M1 e M2) em ambas as cultivares, foi imediata à plantação, dirigida em jacto junto ao pé de cada planta, recorrendo ao pulverizador de dorso.
╔ A aplicação da modalidade de Trichoderma (T1) em ambas as cultivares, foi também aplicada a seguir a plantação, após a aplicação das micorrizas e dirigida ao pé da planta, recorrendo ao pulverizador de carrinho. Após a aplicação dos dois tratamentos a cultura levou uma rega abundante de 15m por micro aspersão para arrastamento dos produtos para a zona radicular.
╔ A aplicação das restantes modalidades de Trichoderma (T2 e T3) em ambas as cultivares, foram aplicadas à planta com intervalos de 3 semanas uma da outra, isto é: (T1 a 30‐12‐2009; a T2 três semanas da T1 e a T3 a três semanas da T2).
As aplicações foram feitas com o pulverizador de carrinho, pulverizando a planta na sua totalidade, seguidas de uma rega abundante por microaspersão para arrastamento do produto para o solo, metodologia recomendada pelo distribuidor. 11. Acompanhamento do ensaio
Passada a crise de transplantação, as plantas apresentaram um bom desenvolvimento durante todo o seu ciclo em ambas as cultivares x modalidades. Foram detectados pequenos focos de míldio, o que levou a dois tratamentos fúngicos com ortiva s.a. (azoxistrobina) e ridomil s.a. (metalaxil). Quanto a resultados visíveis da aplicação das modalidades de micorrizas (M1 e M2), estes, não foram perceptíveis em campo, registando‐se uma boa uniformidade nas duas cultivares / modalidades (Fig2).
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Fig.2 – Ensaio de aplicação de Micorrizas e de Tichodermas
Quanto aos resultados da aplicação das modalidades de Trichodermas (T0; T1; T2 e T3) em cada uma das cultivares semanalmente, eram feitas observações ao ensaio e registadas as plantas mortas pela Esclerotinia Quadro 4.
12. Apresentação dos resultados
A – Resultados da aplicação das Micorrizas (EndoROOTs à planta) Como já foi referido, durante o desenvolvimento vegetativo não foram visíveis diferenças em campo, tendo sim havido diferenças na produção e extracção do fósforo do solo entre as modalidades (M0; M1 e M2), em ambas as cultivares (Quadros 2 e 3)
Quadro 2
Análise laboratorial de solos Analise inicial M0 M1 M2 Textura – Terra fina 87,69 86,16 87,93 87,38 P2O5 mg/100g 2,22 2,22 2,22 Analise Final P2O5 mg/100g 2,26 2,25 2,05
Analisando o quadro 2 podemos verificar que à instalação da cultura havia no solo 2,22mg/100g de P2O5 e no final verificou‐se na modalidade (M2), um valor inferior 2,05mg/100g de P205. Na modalidade (M0) testemunha o valor de fósforo no final foi superior ao inicial (2,26mg/100g de P2O5).
No que diz respeito às produções, verifica‐se também um aumento de produção se compararmos cada modalidade em função da cultivar. No entanto ao nível das cultivares, a Funice modalidade (M2) destacou‐se das restantes com uma produção de 6,27kg por m2 Quadro 3.
Verifica‐se ainda, que o consumo de fósforo pela planta nas modalidades (M1 e M2) quadros 2 e 3 levou a um aumento de produção, quando as comparamos com a testemunha (M0) Quadros 2 e 3. Na modalidade (M0), verifica‐se pela análise ao solo no final da cultura, que os níveis de fósforo existentes no solo são superiores aos da análise de instalação da cultura. Do nosso ponto de vista, o valor encontrado de 2,26mg/100g, prende‐se com os 8% do fósforo do fertilizante orgânico Fénix, distribuído uniformemente por toda a área da estufa. A extracção do fósforo pela planta nas modalidades (M1eM2) foi visível pelo trabalho das micorrizas Quadro2.
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Quadro 3
Quadro de Produções
Modalidade Tipo Alface
kg/m2
M0 Cesco 4,95 M0 Funice 5,62 M1 Cesco 5,34 M1 Funice 5,78 M2 Cesco 5,44 M2 Funice 6,27
B – Resultados da aplicação do Condor ‐Trichoderma sólida
Como já referimos, nas observações efectuadas ao longo do ciclo da cultura constatou‐se que a cultivar Cesco de folha lisa, apresentou uma maior percentagem de plantas mortas pelo fungo que a cultivar Funice de folha frisada mesmo na modalidade (T0) Quadro 4.
Das cultivares em campo, a Cesco de folha lisa revelou‐se mais sensível à esclerotinia com 23,9% das plantas mortas na modalidade (T3). A Funice de folha frisada revelou‐se mais resistente ao fungo com 4,4% de plantas mortas por modalidade (T0; T1; T2 e T3) Quadro 4.
Quadro 4
Quadro de plantas mortas
Modalidade
Nº. Plant.Talhão
Cultivar
Tot./Plantas Mortas
%
T0 180 Cesco 29 16,1 T0 180 Funice 8 4,4 T1 180 Cesco 27 15 T1 180 Funice 9 5 T2 180 Cesco 10 5,6 T2 180 Funice 4 2,2 T3 180 Cesco 43 23,9 T3 180 Funice 8 4,4
Quanto à aplicação das modalidades de Trichoderma (T1; T2 e T3) para controlo do fungo, constata‐se através da análise do quadro 4, que houve uma certa eficácia com os dois primeiros tratamentos modalidades (T1 e T2). Na cultivar Cesco mais sensível à invasão pelo fungo, o terceiro tratamento (T3), não se revelou eficaz devido à dificuldade do produto chegar à zona radicular da planta, pelo volume de massa foliar e forma de aplicação já referida, devendo ser administrada numa fase mais jovem da planta e sempre dirigida ao colo da planta. Evolução do fungo na planta (Figs.3 a 8)
Fig.3 Fig.4 Fig.5
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87
Fig.6 Fig.7 Fig.8
Esclerotinia ou podridão branca em alface
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5. ENSAIO DE VARIEDADES DE BATATA DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, EM AVEIRO B. Saltão, Carlos Gancho
1. Justificação e Objectivos
A realização do ensaio prende‐se com a necessidade de verificar se as novas variedades reúnem as condições para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).
Este ensaio serve para avaliação do Valor Agronómico das variedades de colza propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, em comparação com outras variedades eleitas para testemunha previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do seu Valor de Utilização.
2. Material e Métodos
O ensaio foi instalado num campo localizado na freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro.
O ensaio foi instalado num solo franco ‐ argiloso, de textura média, pouco ácido (pH 6,2), de fertilidade média, com teor muito alto de Fósforo (> 200 ppm), teor alto de potássio (164 ppm de K2O), teor alto de azoto total (0,198 % de N) e 4,29 % de Matéria Orgânica.
O delineamento estatístico usado na instalação deste ensaio foi o de blocos casualizados, com 4 repetições e 8 variedades.
O compasso de plantação foi de 70 cm por 30 cm, sendo a área útil do talhão de 21 m2, constituído por 2 linhas de 15 m cada, afastadas entre si de 0,70 m.
A fertilização de fundo foi efectuada com base nas necessidades da cultura e calculada de acordo com a análise de terra, não sendo feita fertilização de cobertura.
Variedades Plantação Emergência Colheita
8 25‐03‐2010 08/15‐04‐2010 24‐06‐2010 e 07‐07‐2010
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3. Condução do ensaio e observações
O ensaio foi conduzido segundo as tecnologias de produção de batata na região, de modo a proporcionar as condições melhor adequadas ao desenvolvimento das plantas. Ao londo do ensaio as condições climáticas foram favoráveis e as operações culturais e sanitárias necessárias àcondução do ensaio foram feitas de acordo com a calendarização definida em protocolo. Para acompanhar e comparar o desenvolvimento das variedades em estudo fizeram‐se registos das principais ocorrências fenológicas, que se indicam no quadro 1.
Quadro 1 – Registos fenológicos
Variedade Emergência e Regularidade
Vigor e Homogeneidade
Altura (cm)
Floração e Maturação
N.º de Caules
08110 12 – 04 / 3,5 1 / 3 36,75 (a) /07‐06 3,8
09138 09 – 04 / 3,5 1 / 3 32,25 (a) /05‐06 3,3
09139 13 – 04 / 3,5 3 / 3 46,37 18‐05/23‐06 3,4
09140 14 – 04 / 4,0 3 / 5 44,125 (a) / 28‐06 2,9
09144 13 – 04 / 4,5 5 / 5 43,475 16‐05 / 26‐06 3,5
09145 11 – 04 / 2,5 1 / 3 37,625 (a) / 08‐06 3,3
09146 14 ‐ 04 / 3,0 3 / 3 43,625 18‐05 / 12‐06 3,25
09147 12 – 04 / 4,0 5 / 5 37,375 (a) / 10‐06 3,95 (a) Variedades sem floração
Emergência e Regularidade
A emergência verificou‐se entre o dia 08 de Abril para a variedade 09138 e o dia 15 de Abril para a variedade 09140; A variedade 09145 registou a maior regularidade da emergência, (2,5) seguida da variedade 09146, sendo a variedade 09144 a que evidenciou menor regularidade (4,5). Vigor e Homogeneidade
As variedades 08110, 09138 e 09145 apresentaram maior vigor (1) e as variedades 09144 e 09147 o menor vigor, enquanto as variedades 08110, 09138, 09139, 09145 e 09146 apresentaram a maior homogeneidade e as variedades 09140, 09144 e 09147 evidenciaram menor vigor. Altura
A variedade 09139 apresentou a maior altura média dos caules com 44,37 cm, seguida da variedade 09140 com 44,125 cm e a variedade 09138 a menor altura com 32,25 cm de altura. Floração e Maturação
As variedades 08110, 09138, 09140, 09145 e 09147 não se registaram floração enquanto as restantes variedades registaram floração entre 16 e 18 de Maio. A maturação deu‐se a 05 de Junho na variedade 09145, seguida da variedade 08110 e 26 de Junho na variedade 09144. Número de caules
A variedade 09147 apresentou o maior número médio de caules com 3,95, enquanto a variedade 09140 apresentou o menor número de caules com 2,90.
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4. Resultados e análise
No quadro 2 registam‐se as produções à colheita para calibres < 30/40 mm, > 31/41 mm e produção total por hectare.
Quadro 2 – Produções obtidas à colheita, por variedade e calibre
PRODUÇÃO (t/ha) Variedade < 30/40 mm > 31/41 mm Total
08110 5,357 37,702 43,060 09138 3,262 39,726 42,988 09139 4,345 59,500 63,845 09140 6,631 49,333 55,964 09144 6,131 39,870 46,000 09145 4,417 33,786 38,202 09146 3,714 35,595 39,785 09147 4,142 36,762 40,905
Comparando as produções médias obtidas para as variedades em campo, verifica‐se que a variedade com maior produção foi o código 09139 (63,845 t/ha) seguida do código 09140 (55,964 t/ha). A variedade com menor produção foi o código 09145 (38,202 t/ha).
0,000
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
B0811
0
B0913
8
B0913
9
B0914
0
B0914
4
B0914
5
B0914
6
B0914
7
Variedade
Prod
ução
(t/h
a)
<30/40 mm (t/há) >31/41 mm (t/há) Total (t/há)
Fig. 1‐ Produção por calibre das variedades em estudo
Além da produção, registou‐se para cada talhão, o número de tubérculos por planta em cinco plantas escolhidas ao acaso.
Neste caso a variedade 09139 registou o maior número de tubérculos por planta com 7,35, seguida da variedade 08110 com 7,05, enquanto a variedade com menor número de tubérculos foi a 09145 com 5,10.
Na observação dos tubérculos após colheita não se registaram sintomas de sarna ou outras doenças.
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6. ENSAIO DE VARIEDADES DE BATATA DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, NO CEBM‐ LORETO B. Saltão, Carlos Gancho
1. Justificação e Objectivos
A realização do ensaio prende‐se com a necessidade de verificar se as novas variedades reúnem as condições para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV). Avaliação do Valor Agronómico das Variedades propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, realizados por comparação com variedades testemunhas e previamente definidas.
2. Material e Métodos
O ensaio foi realizado no Centro Experimental do Baixo Mondego‐Unidade Experimental do Loreto, da DRAP Centro, localizado no concelho de Coimbra.
A parcela do ensaio possui um solo de textura grosseira, neutro (pH 7,1), fertilidade média, com teor muito alto de Fósforo e potássio (> 200 ppm), teor alto de azoto total (0,134 % de N) e 2,68% de Matéria Orgânica.
O ensaio foi instalado conforme o protocolo previamente definido, o delineamento estatístico do ensaio foi o de blocos casualizados, com 4 repetições e 8 variedades.
O compasso de plantação usado foi de 70 cm por 30 cm, sendo a área útil do talhão de 21 m2, constituído por 4 linhas de 7,5 m cada, afastadas entre si de 0,70 m.
A fertilização de fundo foi estabelecida em função das necessidades da cultura e calculada de acordo com os resultados da análise de terra, sendo feita uma fertilização de fundo e uma de cobertura.
Em adubação de fundo recorreu‐se à aplicação de uma correcção orgânica com Phenix e, para a fertilização mineral, optou‐se por um adubo composto 20.8.10 e sulfato de magnésio, nas quantidades indicadas no quadro seguinte:
Phenix Nitrotop 20.0.10
Sulfato Magnésio
Nitromagnésio 27 %
Fertilização orgânica 1150 kg/ha
Fertilização mineral de fundo 1000 kg/ha 250 kg/ha
Fertilização mineral de cobertura 250 kh/ha
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Na preparação do terreno de plantação seguiu‐se a técnica usada habitualmente na região, com uma lavoura e gradagem para regularizar o terreno e incorporar os fertilizantes. Em seguida procedeu‐se à marcação do ensaio e abertura de sulcos com abre‐regos para a plantação.
Fig. 1 ‐ Plantação manual‐colocação da semente e cobertura
A plantação feita manualmente, com deposição do tubérculo no fundo do rego e posterior cobertura. Estas operações realizaram‐se nas datas referidas no quadro seguinte:
Preparação do terreno
Fertilização Plantação
29‐03‐2010 29‐03‐2010 30‐03‐2010
3 Observações e condução do ensaio
Durante o ensaio as condições edafoclimáticas foram favoráveis, devendo registar‐se um desenvolvimento regular das plantas.
No decorrer do período vegetativo e de modo a fazer uma caracterização mais completa das variedades em campo, foi feito um registo dos estados fenológicos principais registando as datas de ocorrência, que se assinalam no quadro seguinte:
Quadro 2 – Registos fenológicos
Variedade Emergência e Regularidade
Vigor e Homogeneida
de Altura
Floração e Maturação
N.º de Caules
08110 14 / 04 ‐‐ 3,5 2,0 / 2,5 49,875 a) ‐‐ 07 / 06 5,45
09138 10 / 04 ‐‐ 3,5 2,0 / 2,5 47,625 a) ‐‐ 05 / 06 5,40
09139 16 / 04 ‐‐ 3,5 3,5 / 4,5 58,375 18 / 05 – 23 / 06 3,85
09140 16 / 04 ‐‐ 4,0 6,0 / 5,5 60,750 a) ‐‐ 28 / 06 3,25
09144 14 / 04 ‐‐ 4,5 3,5 / 4,0 60,250 16 / 05 ‐‐ 26‐06 4,40
09145 12 / 04 ‐‐ 2,5 1,0 / 2,0 50,500 a) ‐‐ 08 / 06 3,65
09146 15 / 04 ‐‐ 3,0 3,0 / 3,0 60,385 18 / 05 – 12 / 06 3,85
09147 12 / 04 ‐‐ 4,0 4,0 / 6,0 52,875 a) ‐‐ 10‐06 4,85
a) Variedades sem floração ou foração muito reduzida
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Emergência e Regularidade da emergência
A variedade código 09138 foi a primeira na emergência seguida dos códigos 09145 e 09147 enquanto as mais tardias fforam os códigos 09139 e 09140.
Na regulariedade da emergência verificou‐se maior regularidade nas variedades 09138 e 09144 seguidas das variedades 09145 e 09146 sendo a variedade 08147 a que registou menor regularidade à emergência.
Vigor e homogeneidade
Em relação ao vigor, verificou‐se que a variedade mais vigorosa foi a 09145 seguida da 09138 e as variedades menos vigorosas as 09140 e 09147.
Quanto à homogeneidade, a variedade com maior homogeneidade foi a 09145, seguida das variedades 08110 e 09138 e as menos homogéneas a 09140 e a 09147.
Número de Hastes
A variedade 08110 registou o maior número de hastes, com 5,45, seguida da variedade 09138 com 5,40, sendo a variedade 09140 a que apresentou menor número de hastes, com 3,25.
Altura
Em relação à altura verificou‐se que a variedade 09140 apresentou o maior porte (altura) com 60,750 cm seguida das variedades 09146 e 09144, respectivamente com 60,385 cm e 60,250 cm. As variedades com menor altura foram 09138 e 08110 com 47,625 cm e 49,875 cm respectivamente.
Pragas e doenças
O controlo fitossanitário do ensaio foi feito em função das condições meteorológicas locais e a informação recebida através das Circulares do S.N.A.A./Estação de Avisos de Anadia. Para controlo das pragas e doenças foram realizados 7 tratamentos fitossanitários, 7 para controlo de míldio e um para o controlo de Escaravelho e Epitrix.
No início do ciclo cultural, até meados de Maio as condições meteorológicas de temperatura e precipitação foram favoráveis ao desenvolvimento da cultura, o que não se verificou no período seguinte, com temperaturas médias altas e precipitação baixa. No final do mês de Maio e início de Junho verificaram‐se picos de temperatura muito altos, superiores a 30ºC, e precipitações baixas nestes dois meses, com valores inferiores a 20 mm.
Estas condições desfavoráveis tornaram necessário o recurso à rega para combate ao deficit hídrico da cultura, tendo‐se realizado três regas por aspersão.
4 Resultados e análise
A colheita foi efectuada à medida que as variedades atingiam a maturação completa, o que se verificou em datas escalonadas. A colheita iniciou‐se em 30 de Junho com o arranque das variedades 08110, 09138, 09145 e 09147 e continuou a 15 de Julho para as restantes variedades.
A colheita fez‐se manualmente, retirando‐se toda a produção por talhão, que foi depois separada por calibres e pesada conforme definido em protocolo, inferior a 30/40 mm e superior a 31/41 mm e total.
O apuramento da produção registada neste ensaio pode visualizar‐se na figura seguinte:
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010.00020.00030.00040.00050.00060.00070.000
Pro
duçã
o (k
g/ha
)
8110
9138
9139
9140
9144
9145
9146
9147
Variedade
Produções registadas
<30/40mm
>31/41 mm
Total
Fig. 2 – Produções por calibre e total, registadas por variedade
Para a análise dos resultados da produção foram consideradas as produções total, comercializável e não comercializável, o número de tubérculos por planta e o seu estado sanitário.
Pela análise ao gráfico podemos observar o registo de produções muito diferenciadas entre as variedades. A variedade mais produtiva foi o código 09139, quer na produção total (64,702 t/há) quer na comercializável, seguida do código 09140 com 62,024 t/há de produção total, enquanto a menos produtiva foi o código 09145 com 46,583 t/ha.
Quanto ao número de tubérculos por planta, verificou‐se que a código 09146 apresentou o número médio mais elevado, com 9,5 tubérculos por planta, enquanto a variedade 09139 apresentou o valor médio mais baixo com 7,6 tubérculos por planta.
Em relação ao estado sanitário dos tubérculos à colheita não se registou qualquer sintoma de doença e/ou praga apresentando‐se os tubérculos em perfeito estado sanitário.
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V. CULTURAS ARVENSES
1. ENSAIO DE ESTUDO DA PIRICULARIOSE NA CULTURA DO ARROZ Serafim Cabral de Andrade
1. Objectivos do estudo
Avaliar o controlo da piriculariose na cultura do arroz pela acção de dois fungicidas específicos, nas duas variedades de arroz mais cultivadas no Mondego (Aríete e Eurosis) e determinar a importância económica da sua aplicação. 2. Material e Métodos
O ensaio localizou‐se no Baixo Mondego, no Campo Experimental do Bico da Barca, concelho de Montemor‐o‐Velho e foi realizado pelo terceiro ano consecutivo.
O solo apresenta uma textura franco‐limosa e com um bom nível de fertilidade.
Quadro 1 – Características físico ‐ químicas do solo
Análise sumária Bases de troca Micronutrientes
M.O.
P2O5 K2O Ca2+ Mg2+
K + Na + Soma BT
Cu Fe Mn Zn pH (H2O)
% (ppm) (cmol (+) kg‐1) (ppm)
5,7 2,34 152 162 6,35 0,96 0,4 0,23 7,94 3,65 206,3 50,7 1,04
2.1 Delineamento experimental do ensaio
O ensaio era constituído por cinco tratamentos, em blocos casualizados e com 4 repetições, para cada uma das variedades de arroz estudadas (Aríete e Euro).
A dimensão dos talhões foi de 75 m2 (5 x 15 m).
As cinco modalidades correspondiam aos dois fungicidas em estudo, mais o número de aplicações, além da testemunha: triciclazol; azoxistrobina; triciclazol + azoxistrobina; azoxistrobina + azoxistrobina e à testemunha.
A dose de aplicação dos fungicidas foi de 300 g/ha p.c. triciclazol e de 1 L/ha p.c. azoxistrobina.
A aplicação realizou‐se com um atomizador, em médio volume (400L/ha).
A época de aplicação dos fungicidas a primeira coincidiu com o início do emborrachamento e a segunda realizou‐se na fase do espigamento, apenas nas duas modalidades previstas.
Utilizaram‐se as duas variedades mais cultivadas no Baixo Mondego: Aríete e Eurosis.
2.2 Metodologia adoptada para avaliar a acção da piriculariose
2.2.1 Pela percentagem de plantas atacadas
Pela observação individual dos talhões determinou‐se a percentagem de plantas atacadas, em vários estados fenológicos (encanamento, emborrachamento, floração, grão leitoso, ceroso e na maturação), mediante o recurso a uma escala de observação de incidência da doença.
Escala utilizada para avaliar a percentagem de incidência da doença: Escala Incidência (%) 0 Não incidência 1 <5% 3 5 – 10% 5 11‐25% 7 26‐50% 9 Mais de 50%
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2.2.2 Pela produção e pelo rendimento industrial do arroz
Avaliou‐se a produção e o rendimento industrial do arroz ao nível do talhão
3. Itinerário cultural do ensaio
3.1 Adubação
A adubação foi realizada de modo uniforme, em todas as modalidades. O azoto foi aplicado na ordem dos 150 kg/ha, de forma a potenciar a evolução da doença.
A quantidade de nutrientes aplicados na adubação do ensaio foi a seguinte: azoto (N) – 150 kg/ha; fósforo (P2 O5) ‐ 75 kg/ha; potássio (K2 O) – 40 kg/ha.
O azoto foi fraccionado em três aplicações, nas épocas seguintes: 60 kg/ha na adubação de fundo e o restante em duas adubações de cobertura. Na 1ª adubação de cobertura aplicaram‐se 70 kg/ha de azoto e o restante foi na 2ª adubação de cobertura.
3.2 Preparação do solo e instalação do ensaio
A preparação do solo foi realizada de acordo com o sistema convencional: duas passagens de grade de discos, seguida de lavoura e a concluir uma passagem de roto‐terra. 3.3 Sementeira
A sementeira realizou‐se a lanço, em 3/05, e com a semente chumbada durante 24 horas. A densidade de sementeira foi de 200 kg/ha para as duas variedades. 3.4 Controlo de infestantes
Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper). 3.5 Aplicação dos fungicidas
A primeira aplicação realizou‐se no inicio do emborrachamento (22/07) e a segunda, na fase do pleno espigamento (6/08) (apenas nas modalidades previstas).
Foto 1 – 2ª aplicação de fungicida na modalidade Bim+Ortiva
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4. Resultados 4.1 Avaliação da incidência da piriculariose na planta do arroz
Tabela 1 – Grau de incidência da doença na planta em vários estados fenológicos ‐Variedade Aríete
Encanamento Emborrachamento Floração E. Leitoso E. Ceroso Maturação Tratamentos (13/07) (a) (28/07) (a) (09/08) (b) (19/08) (b) (25/08) (b) (16/09) (b) Testemunha 0 0 0 ⟨5% ⟨5% ⟨5% Bim 0 0 0 0 0 0 Ortiva 0 0 0 0 0 0 Bim + Ortiva 0 0 0 0 0 0 Ortiva + Ortiva 0 0 0 0 0 0 a) Observações realizadas nas duas últimas folhas do arroz. b) Observações realizadas na folha bandeira e panículas.
Tabela 2 – Grau de incidência da doença na planta em vários estados fenológicos – variedade Eurosis
Encanamento Emborrachamento Floração E. Leitoso E. Ceroso MaturaçãoTratamentos (13/07) (a) (28/07) (a) (11/08) (b) (19/08) (b) (25/08) (b) (19/09) (b)Testemunha 0 0 0 ⟨5% ⟨5% ⟨5% Bim 0 0 0 0 0 0 Ortiva 0 0 0 0 0 0 Bim + Ortiva 0 0 0 0 0 0 Ortiva + Ortiva 0 0 0 0 0 0 a) Observações realizadas nas duas últimas folhas do arroz. b) Observações realizadas na folha bandeira e panículas. As primeiras lesões da piriculariose foram identificadas, na fase do encanamento (2º nó formado), em 13 de Julho. As condições climáticas favoreceram o desenvolvimento dos primeiros focos da doença, com a ocorrência de nevoeiros e neblinas matinais e com a consequente presença de água livre na planta do arroz.
O primeiro tratamento contra a piriculariose realizou‐se em 22 de Julho, com a planta do arroz no início do emborrachamento. Na fase de emborrachamento, não ocorreram novas infecções porque o tempo permaneceu quente e seco.
Durante a fase de formação do grão as condições climáticas foram pouco favoráveis ao desenvolvimento da doença. No entanto, surgiram pequenas infecções na testemunha, nas duas variedades.
Foto 2 – Plantas de arroz com água livre durante a manhã e folha com mancha de piriculariose.
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4.2 Produções de arroz
Tabela 1 ‐ Análise das Produções da variedade ‘Aríete’ – Teste de Fisher
LSD test; variable prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000)
Aumento da produção em relação à testemunha (%)
Tratamento Produção (kg/ha)
Testemunha 6762 a ‐
‘Bim’ 6909 a 2,2
B+O 7281 a 7,5
Ortiva 7267 a 7,7
O+O 7297 a 7,9
Segundo o teste de Fisher não foi significativa a diferença de produção entre tratamentos, na variedade Aríete. Embora as modalidades tratadas apresentassem um acréscimo de produção entre 2,2 a 7,9%, de acordo com a tabela 1.
Tabela 2 ‐ Análise das Produções da variedade ‘Euro’ – Teste de Fisher
LSD test; variable Prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000 Aumento da produção em relação à
testemunha (%)
Tratamentos Produção (kg/ha)
Testemunha 7037 a ‐
Ortiva 7242 a b 2,9
B+O 7488 a b 6,4
O+O 7550 b 7,2
Bim 7600 b 8,0
Segundo o teste de Fisher os tratamentos ‘Bim’ e ‘Ortiva+Ortiva,’ na variedade Euro, diferiram significativamente dos restantes tratamentos. Manifestaram um acréscimo de produção de cerca 550 kg/ha relativamente à testemunha.
Tabela 3‐ Análise das Produções na interação Variedade x Tratamentos (Testemunha) – Teste de Fisher
LSD test; variable Var3 Homogenous Groups, alpha = ,05000
Variedades Produção (Testemunha) (kg/ha)
Aríete 6760 a
Euro 7039 a
As produções das variedades, na modalidade testemunha, não diferiram de forma significativa entre si.
Tabela 4‐ Análise das Produções para os Tratamentos (interacção Variedades x Tratamentos) Teste de Fisher
LSD test; variable Prod. (Homogenous Groups, alpha = ,05000 Aumento da produção em relação à testemunha (%)
Tratamentos Produção (kg/ha) 1 2
Testemunha 6890 a ‐
Bim 7255 a b 5,3
Ortiva 7261 a b 5,4
B+O 7377 b 7,1
O+O 7425 b 7,8
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Os tratamentos ‘Bim+Ortiva’ e ‘Ortiva+Ortiva’ diferiram significativamente dos outros tratamentos, para p=0,05 (teste de Fisher). O acréscimo de produção foi de cerca de 500 kg/ha de arroz comparando com a testemunha.
Foto 3 – Aspecto geral do ensaio de estudo da piriculariose, em 9/09/2010 5. Rendimento industrial do arroz
Tabela 5 – Rendimento industrial médio das variedades
Bagos Inteiros (%)
Trincas (%)
Rendimento Industrial (%)
Testemunha 62,5 7,2 69,6
Bim 64,2 5,2 69,4
Ortiva 62,9 6,6 69,4
Bim+Ortiva 65,1 4,7 69,8
Ortiva+Ortiva 65,1 4,5 69,6
Média 63,9 5,6 69,5
Desv. Pad 1,2 1,2 0,2 Verificou‐se que a percentagem média de grãos inteiros se situou em 63,9%, a de trincas em 5,6 % e o rendimento industrial atingiu 69,5%.
A testemunha apresentou 7,2 % de trincas, valor muito superior ao atingido nas modalidades ′Bim + Ortiva′ e ′Ortiva+Ortiva′. Esta tendência verificou‐se também, ao nível dos grãos inteiros.
A presença de grãos danificados, em consequência da piriculariose não foi relevante.
6. Análise económica da aplicação dos fungicidas
De acordo com o quadro seguinte, o preço de custo de cada um dos fungicidas era semelhante. A grande diferença nos custos existiu entre a realização de uma ou duas aplicações.
Tabela 6 ‐ Custo dos fungicidas, mais a sua aplicação
Fungicidas e custos de aplicação (euros/ha)
Custos Bim Ortiva Bim +Ortiva Ortiva+Ortiva
Fungicidas 46,8 56,0 102,8 112,0
Aplicação aérea 31,0 31,0 62,0 62,0
Total de custos 77,8 87,0 164,8 174,0
Aríete Eurosis
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O custo de uma aplicação, com o preço do arroz a 0,30 euros/kg, pagar‐se‐ia com cerca de 270 kg/ha de arroz e com duas aplicações equivaleria ao dobro.
Tomando por base que o acréscimo médio de produção com duas aplicações se situou em 500 kg/ha, a receita gerada suportaria o custo do investimento, além de assegurar um arroz de melhor qualidade.
7. Discussão de resultados e conclusões As condições climáticas, neste ano, foram menos favoráveis ao desenvolvimento da doença, pelo facto dos meses de Julho, Agosto e Setembro terem sido secos. Pode‐se considerar um ano não representativo em termos climáticos, na média dos trinta anos. Ainda assim, a incidência de lesões da piriculariose atingiram cerca de 5% das panículas na modalidade testemunha e algumas cariopses, por panícula, nas modalidades tratadas.
Com uma aplicação de ′Bim′ ou de ′Ortiva′ verificou‐se um acréscimo médio de produção em relação à testemunha de 368 kg/ha de arroz, mas estatisticamente não foi significativo.
A realização de duas aplicações de fungicidas permitiu um acréscimo de produção da ordem dos 500 kg/ha, o que se traduziu num aumento significativo em relação à testemunha.
As produções das variedades Aríete e Eurosis não diferiram de forma significativa, entre si. Em termos de rendimento industrial não se verificou diferença substantiva entre a testemunha e as modalidades tratadas.
O investimento realizado com os tratamentos mostrou‐se rentável face à receita gerada com o acréscimo de produção de arroz.
As condições específicas do ensaio (reduzida dimensão dos talhões) e do ano terão originado uma menor pressão de inóculo do fungo sobre a testemunha, mascarando a resposta dos fungicidas aplicados. Daí, que em condições normais de uma exploração, o acréscimo de produção deveria ser muito superior ao obtido no ensaio.
Agradecimentos:
◊ À Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho e ao Eng.º Francisco Dias pelo contributo dado no estabelecimento das parcerias com as várias Empresas.
◊ Às Empresas: Lusosem, Agrigenese, Syngenta e Bayer. ◊ Ao Professor Doutor Arlindo Lima (Instituto Superior de Agronomia) pela realização da análise
estatística da produção do ensaio.
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2. CAMPO DE OBSERVAÇÃO COM ADUBOS DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA E LENTA NA CULTURA DO ARROZ Serafim Cabral de Andrade
I. INTRODUÇÃO
Neste estudo de adubos de libertação controlada ou lenta na cultura do arroz utilizaram‐se dois adubos especiais, o Nitroteck 20‐8‐10 e o Durafert 20‐9‐15, além de uma adubação convencional, como testemunha.
O Nitroteck 20‐8‐10 representa um adubo de libertação controlada que possui um inibidor de nitrificação (dicianodiamida) e um revestimento especial dos grânulos (tecnologia COAT). O Durafert 20‐9‐15 é considerado um adubo de libertação lenta porque inclui uma metileno‐ureia, com diferentes comprimentos de cadeia.
Além dos adubos foi ainda aplicado um correctivo mineral, o fertisol, para ser avaliado o seu efeito na produção.
1. Objectivos do campo
Avaliar a produção obtida com os adubos de libertação controlada ou lenta em comparação com a adubação convencional e os respectivos custos. Avaliar a acção de um correctivo mineral na produção. 2. Material e Métodos
O campo foi instalado numa parcela com cerca de 7100 m2, no Campo Experimental do Bico da Barca,
concelho de Montemor‐o‐Velho.
O solo possui uma textura do tipo franco‐limosa.
Quadro 1 – Características físico ‐ químicas do solo do campo
Análise sumária Bases de troca Micronutrientes
M.O. P2O5 K2O Ca2+ Mg2+ K + Na + Soma BT Cu Fe Mn Zn pH (H2O) % (ppm) (cmol (+) kg‐1) (ppm)
5,5 1,95 82 141 5,64 0,98 0,38 0,06 7,06 3,03 106 38,2 0,27
2.1 Delineamento experimental O campo foi delineado em blocos casualizados, com três tratamentos por bloco e com duas repetições. Os talhões foram divididos em sub‐talhões de modo a estudar a acção do correctivo.Os tratamentos corresponderam aos diferentes tipos de adubos experimentados: Nitroteck 20‐8‐10; Durafert 20‐9‐15 e Foskamónio 122 + Sulfato de amónio (Testemunha).
A dimensão dos talhões foi de 1000 m2 (81 x 12,35 m) e a dos sub‐talhões de 500 m
2.
O correctivo foi aplicado na ordem dos 500 kg/ha.
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A adubação aplicada, por tratamento, foi a seguinte: azoto (N) = 120 kg/ha; fósforo (P2 O5) = 82 k/ha); potássio (K2 O) = 90 kg/ha) e magnésio (Mg0) = 12 kg/ha.
Procedeu‐se ao acerto dos níveis de fósforo de potássio e do magnésio, em cada modalidade.
Os adubos especiais foram aplicados integralmente com a adubação de fundo, enquanto na testemunha a adubação azotada foi fraccionada, em duas aplicações: 41% do azoto com a adubação de fundo e o restante foi aplicado em cobertura, no inicio do afilhamento do arroz. No caso do fósforo, potássio e magnésio foram, obviamente, aplicados com a adubação de fundo.
3. Metodologia para avaliar os diferentes tipos de adubos
Pela produção do arroz; pelo rendimento industrial e pelos custos de adubação e de aplicação.
4. Condução do Campo de Observação 4.1 Instalação do campo
A preparação do solo iniciou‐se com uma lavoura seguida de nivelamento do canteiro. Depois, fez‐se a descompactação com escarificador e ficou concluída com uma passagem de “roto‐terra”.
4.2 Sementeira
A sementeira realizou‐se a lanço, em 28/04, e com a semente chumbada durante 24 horas. A densidade de sementeira foi de 200 kg/ha. Utilizou‐se a variedade Aríete. 4.3 Controlo de infestantes
Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper). 4.4 Protecção sanitária
Na primeira quinzena de Julho surgiram as primeiras pústulas de piriculariose no campo. Realizou‐se um tratamento com ′Bim′ (300 g/ha), em 22/07/010. 4.5 Maturação e colheita
A cultura atingiu a maturação em 9 de Setembro. A colheita iniciou‐se em 13 de Setembro. II. RESULTADOS
1. Produção de arroz
Quadro 1 – Produção de arroz na interação correctivo adubos
kg/ha
Adubos Com fertisol Sem fertisol kg/ha
Nitroteck 6 486 6 470 6 478
Durafert 6 402 6 430 6 416
Testemunha 6 482 6 440 6 461
Média 6 457 6 447 6 452
Desv. Pad. 47,4 20,8 32,0
A produção média do campo foi de 6452 kg/ha de arroz.
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Tabela 1 – Análise de variância factorial (adubos x correctivo)
Fonte de variação gl SQ QM F P
Correctivo 1 300 300 0,001444 0,970916
Adubo 2 8210,66667 4105,333 0,019767 0,980491
Interacção adubo x correctivo 2 2504 1252 0,006028 0,993996
Erros 6 1246136 207689,3
Total 11 1257150,667
Não houve diferenças significativas entre as produções obtidas com presença ou ausência de correctivo (p> 0,1).
Não houve diferenças significativas nas produções obtidas com os diferentes tipos de adubos utilizados, quando se considera a média com e sem correctivo (p> 0,1).
Não existiu interacção significativa entre o tipo de adubo e o correctivo (p> 0,1%).
Quadro 2 – Produção de arroz obtida com a utilização dos diferentes adubos
Adubos Kg/ha
Nitroteck 6 478
Durafert 6416
Testemunha 6461
Desv. Pad. 31,81
Tabela 2 – Análise de variância (Adubos)
Fonte de variação gl SQ QM F P
Adubos 2 4105,333 2052,6667 0,010711825 0,98937669
Repetição 3 574534 1911511,333
Total 5 578639,33
Não houve diferenças significativas entre as produções de arroz obtidas com a utilização dos diferentes adubos (p> 0,1). 2. Rendimento industrial do arroz
Quadro 2 ‐ Rendimento industrial do arroz
Fertisol Grãos Inteiros
(%) Trincas (%)
Rendimento Industrial (%)
Com 62,0 8,9 70,9
Nitroteck Sem 63,6 7,8 71,4
Com 63,7 7,5 71,2
Durafert Sem 63,3 7,7 70,9
Com 65,1 5,8 70,8
Testemunha Sem 60,2 10,6 70,7
Com 63,6 7,4 70,9
Sem 62,3 8,7 71,0 Média Geral 63,0 8,0 71,0
Desv. Pad. 1,7 1,6 0,2
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A média geral de grãos inteiros do arroz foi de 63,0%, a de trincas de 8,0 % e o rendimento industrial situou‐se em 71%.
Não se verificou diferença apreciável, no rendimento industrial, entre as várias modalidades, nomeadamente, com ou sem fertisol.
Foto 1 – Vista geral do campo de arroz com as várias modalidades de adubação 3. Análise económica da adubação e da sua aplicação
Quadro 3 ‐ Balanço do custo/rendimento dos adubos
Nota: O valor comercial do arroz, em casca, para efeito de cálculos, foi de 0,30 euros/kg. O custo dos adubos mais a sua aplicação, por modalidade, não diferiu entre si.
Não se verificou diferença apreciável de produções nem de receitas, entre modalidades.
Com a aplicação dos adubos especiais, de uma vez só, o orizicultor poderá obter um benefício ao nível de uma melhor gestão do tempo no exercício da sua actividade na exploração.
Fotos – Aspecto da cultura do arroz, na fase da maturação, nas três modalidades
Adubos Produção (kg/ha)
Custo (adubos (+) aplicação) (€/ha)
Rendimento bruto (€/ha)
Nitroteck 6 478 420,0 1 943
Durafert 6 416 408,5 1 924
Testemunha 6 461 406,0 1 938
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III. CONCLUSÕES
Não se verificou diferença de produção, nem de rendimento industrial, entre as três modalidades.
O correctivo mineral não trouxe acréscimos significativos de produção, nem de rendimento industrial do arroz.
Os adubos especiais permitiram um desenvolvimento equilibrado das plantas do arroz, o que revelou um funcionamento adequado dos mecanismos de libertação gradual do azoto e de maior eficiência.
Perante os resultados obtidos e de acordo com a bibliografia, em geral, este tipo de adubos deve ser orientado para tecnologias mais amigas do ambiente. Isto é, fazer aplicações fraccionadas e reduzir entre 10 a 20% do azoto total aplicado, face à sua maior eficiência.
Agradecimentos:
Parceiros: Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho, ADP‐Fertilizantes, Interadubo/Agrifertil, Lusosem, Bayer e Ana Antunes. À Investigadora Auxiliar, Eng.ª Ana Sofia Dias de Almeida (Instituto Nacional de Recursos Biológicos) pela análise estatística do campo.
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2. ESTUDO DA MONITORIZAÇÃO DA ÁGUA DE REGA NA CULTURA DO ARROZ, NO BAIXO MONDEGO NO CANTEIRO DOS ADUBOS DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA EM 2010 Serafim Cabral de Andrade I. INTRODUÇÃO A água desempenha um papel importante para a planta do arroz, ao nível da nutrição, como regulador térmico do meio, além da sua importância na gestão das infestantes.
Os agricultores, por vezes, não realizam a rega da cultura da forma mais adequada, o que põe em risco a disponibilidade de água, enquanto recurso escasso. Daí, que seja fundamental melhorar um conjunto de tecnologias adoptadas, nomeadamente, o nivelamento da folha, a manutenção das marachas, a altura da lâmina de água, as perdas de água por percolação, a gestão das quebras secas.
O modo como são geridas todas estas práticas tem consequências no volume final de água consumida.
O canteiro onde se instalou este estudo possui uma textura franco‐limosa e uma estrutura compacta nas primeiras camadas do perfil do solo.
O canteiro foi nivelado, possui marachas bem conservadas e adoptou‐se uma gestão de água dentro dos parâmetros mais aconselhados.
1. Metodologia adoptada para a avaliar o consumo e a condução da rega No hidrante foi instalado um contador capaz de medir o volume de água de rega e avaliar o respectivo caudal.
No canteiro foi instalada uma régua para medir a altura da lâmina de água, ao longo do ciclo da cultura.
O volume de água de rega utilizado variou ao longo do ciclo da cultura, em função das várias fases do desenvolvimento da cultura.
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II. RESULTADOS DO CONSUMO DE ÁGUA DE REGA DO ARROZ, DURANTE O CICLO DA CULTURA
O consumo total de água durante todo o ciclo da cultura do arroz foi de 12 592 m3/ha, distribuído por 30 regas.
A última rega realizou‐se quando o arroz apresentava o grão no estado pastoso, o que aconteceu aos 122 dias após a sementeira.
Gráfico 1 ‐ Consumo de água durante os vários estados fenológicos da cultura do arroz
Verificou‐se que o máximo consumo de água ocorreu entre a fase das 5 folhas ao início do encanamento do arroz com 3 517 m
3/ha, devido a ser um período muito longo, com cerca de 40 dias.
O canteiro foi drenado durante o ciclo da cultura, em três períodos: na fase da germinação do arroz, antes da aplicação do herbicida de pós‐emergência e para limitar a proliferação de algas, no final do afilhamento.
A espessura da lâmina de água nas primeiras fases de desenvolvimento era menor e oscilou entre 5‐7 cm. A partir da fase do encanamento até ao estado do grão pastoso atingiu entre 8 a 10 cm.
. Agradecimentos:
À Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego pela montagem do contador no hidrante.
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4. ENSAIOS DE MELHORAMENTO DE ARROZ Serafim Cabral de Andrade
Parceiros: Estação Agronómica Nacional, Estação Nacional de Melhoramento de Plantas de Elvas, Instituto de Biologia Experimental e Tecnológico, COTArroz (Centro Operativo e Tecnológico do Arroz). A Coordenação esteve a cargo do Coordenador Nacional do Melhoramento Genético do Arroz, Doutor Benvindo Maçãs. I. OBJECTIVOS
Multiplicar e seleccionar Linhas tendo em vista a obtenção de novas cultivares de arroz destinadas à produção de arroz do tipo carolino. II. MATERIAL E MÉTODOS
Instalaram‐se cinco ensaios, o que envolveu o estudo de 484 Novas Linhas de várias gerações: F2, F3, F4, F5 e F6. Cada Linha ocupou um talhão com a área de 2 m2 (4 x 0,50 m). Cada talhão era constituído por 3 linhas, distanciadas, entre si, de 25 cm. Os talhões apresentavam‐se separados por ruas, com 50 cm. Os ensaios foram semeados em linhas. Quando as plantas atingiram as 4 folhas procedeu‐se ao seu desbaste e plantação de forma a garantir que a distância entre plantas na linha fosse da ordem dos 10 cm.
2.1 Metodologia adoptada na selecção do material genético O método de selecção utilizado foi o – MÉTODO PEDIGREE ‐ selecção individual de plantas.
2.2 Adubação dos ensaios
Na adubação foram aplicados os níveis seguintes: azoto (N = 92 kg/ha), fósforo (P2 O5 = 84 k/ha), potássio
(K2 O) = 84 kg/ha). O azoto foi fraccionado em duas aplicações: uma parte com a adubação de fundo (42
kg/ha de azoto) e o restante em cobertura.
2.3 Sistema de instalação dos ensaios em 2010 A sementeira foi realizada manualmente, em todos os ensaios, nas datas seguintes: Ensaio F2 – 30 /04; Ensaio F3 – 29/04; Ensaio F4 – 27/04; Ensaio F5 – 28/04; Ensaio F6 – 22/04.
Foto 1 ‐ Aspecto geral dos Ensaios de Melhoramento
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III. RESULTADOS OBTIDOS No conjunto dos cinco ensaios realizados, seleccionaram‐se 543 plantas, distribuídas do modo seguinte, por ensaio: 62 plantas em F2; 82 plantas em F3; 163 plantas em F4; 188 plantas em F5 e 48 plantas em F6. Nº de Linhas seleccionadas nas gerações F2, F3 e F4
Linhas Geração Nº
plantas Linhas Geração
Nº plantas
Linhas GeraçãoNº
plantasLinhas Geração
Nº plantas
1001 F2 4 2501 F3 3 3501 F4 3 F4 3
1002 F2 3 2502 F3 1 3502 F4 1 F4 3
1003 F2 4 2503 F3 1 3503 F4 2 F4 2
1004 F2 2 2504 F3 4 3504 F4 3 F4 1
1009 F2 2 2505 F3 3 3505 F4 2 F4 1
1010 F2 2 2506 F3 2 3506 F4 3 F4 1
1011 F2 1 2507 F3 2 3507 F4 2 F4 2
1012 F2 2 2508 F3 2 3508 F4 2 F4 1
1013 F2 3 2511 F3 2 3509 F4 2 F4 2
1014 F2 3 2512 F3 1 3510 F4 1 F4 2
1015 F2 2 2513 F3 2 3511 F4 4 F4 2
1016 F2 3 2514 F3 1 3512 F4 3 F4 2
1017 F2 3 2515 F3 2 3513 F4 2 F4 3
1018 F2 3 2516 F3 3 3514 F4 1 F4 3
1020 F2 3 2517 F3 2 3515 F4 2 F4 3
1022 F2 1 2518 F3 3 3516 F4 2 F4 1
1023 F2 1 2519 F3 2 3517 F4 1 F4 2
1027 F2 1 2520 F3 1 3518 F4 1 F4 2
1029 F2 1 2522 F3 4 3520 F4 2 F4 3
1030 F2 3 2523 F3 1 3521 F4 2 F4 2
1031 F2 2 2524 F3 1 3522 F4 5 F4 2
1033 F2 3 2525 F3 2 3523 F4 3 F4 1
1034 F2 2 2526 F3 2 3524 F4 1 F4 2
1037 F2 2 2527 F3 1 3525 F4 4 F4 1
1038 F2 2 2530 F3 2 3526 F4 2 F4 2
1039 F2 1 2531 F3 3 3527 F4 1 F4 2
1040 F2 3 2532 F3 4 3528 F4 1 F4 1
Soma 62 2533 F3 5 3529 F4 3 F4 6
2534 F3 4 3530 F4 3 F4 4
2535 F3 4 3531 F4 2 F4 3
2536 F3 3 3532 F4 2 F4 2
2537 F3 1 3533 F4 2 F4 1
2540 F3 3 3534 F4 3 F4 1
2541 F3 3 3536 F4 2 F4 1
2542 F3 2 3538 F4 3 F4 1
Soma 82 3539 F4 3 F4 3
3540 F4 2 F4 3
F4 3
Soma 163
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Nº Linhas seleccionadas nas gerações F5 e F6
Linhas Geração Nº
plantasLinhas Geração
Nº plantas
Linhas GeraçãoNº
plantasLinhas Geração
Nº plantas
4503 F5 1 4544 F5 1 4595 F5 2 5501 F6 2
4504 F5 3 4545 F5 2 4596 F5 2 5503 F6 3
4505 F5 4 4546 F5 2 4598 F5 1 5505 F6 2
4508 F5 1 4547 F5 4 4603 F5 2 5506 F6 2
4509 F5 1 4548 F5 1 4604 F5 3 5507 F6 2 EP
4510 F5 1 4549 F5 3 4605 F5 1 5509 F6 2
4511 F5 4 4550 F5 2 4606 F5 2 5510 F6 2
4512 F5 2 4551 F5 2 4607 F5 2 5511 F6 3 EP
4513 F5 2 4552 F5 1 4608 F5 2 5512 F6 3
4514 F5 1 4554 F5 2 4609 F5 1 5517 F6 2
4516 F5 4 4555 F5 2 4610 F5 2 5522 F6 2
4517 F5 1 4556 F5 1 4611 F5 1 5523 F6 2
4518 F5 1 4558 F5 1 4612 F5 2 5526 F6 1 EP
4519 F5 1 4563 F5 2 4615 F5 3 5527 F6 2
4520 F5 1 4564 F5 3 4616 F5 2 5529 F6 1 EP
4521 F5 1 4565 F5 3 4618 F5 3 5533 F6 1
4523 F5 2 4566 F5 2 4619 F5 1 5536 F6 1
4524 F5 1 4567 F5 2 4620 F5 3 5538 F6 1
4525 F5 2 4568 F5 3 4621 F5 2 5539 F6 1
4526 F5 2 4570 F5 2 4622 F5 2 5553 F6 1 EP
4527 F5 2 4571 F5 2 4623 F5 4 5560 F6 2 EP
4528 F5 2 4572 F5 1 4624 F5 2 5568 F6 3
4529 F5 2 4573 F5 2 4625 F5 1 5569 F6 1
4530 F5 4 4581 F5 1 4626 F5 2 5571 F6 2 EP
4531 F5 1 4582 F5 2 4627 F5 2 5572 F6 2 EP
4532 F5 1 4583 F5 2 4628 F5 3 5573 F6 1
4538 F5 1 4585 F5 1 4629 F5 2 5575 F6 1 EP
4539 F5 3 4586 F5 1 4630 F5 1 48
4540 F5 1 4587 F5 1 4633 F5 1
4541 F5 2 4588 F5 3 4634 F5 3
4542 F5 2 4589 F5 1 4635 F5 2
4543 F5 2 4590 F5 1 4636 F5 2
4591 F5 2 4637 F5 2
4592 F5 1 4638 F5 1
Soma 188 No caso da geração F6, para além da selecção das 48 plantas, foi feita a colheita integral das plantas de nove Linhas seleccionadas (5507, 5511, 5526, 5529, 5553, 5560, 5571, 5572, 5575) cuja semente se destina a realizar ensaio para avaliação agronómica e tecnológica, no próximo ano. Trata‐se de material
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muito interessante do ponto de vista agronómico e da biometria do grão, além de se encontrar num estado avançado de homozigotia. Fotos do material seleccionado das nove Linhas da geração F6
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5. ESTUDO DE NOVAS VARIEDADES DE ARROZ Serafim Cabral de Andrade A – Variedade Dardo 1. Introdução
Tratou‐se de avaliar a adaptação e as características de uma nova variedade de arroz num campo de observação com a área de 2 000 m2. 2. Objectivos
Avaliar as suas características agronómicas e tecnológicas. 3. Condução da cultura 3.1 Adubação
Adubação de fundo foi realizada com Fertifos 12‐15‐8– 400 kg/ha
Adubações de cobertura:
1ª Adubação de cobertura ‐ 70 kg/azoto/ha (11/06)
2ª Adubação de cobertura ‐20 kg/azoto/ha (13/07)
3.2 Sementeira Densidade de sementeira – 200 kg/ha
Data de sementeira – 05/05
3.3 Controlo de infestantes Antes da sementeira fez‐se aplicação de oxadiazão, na dose de 1,5 L/ha do p. c. (Ronstar) Em pós‐emergência aplicou‐se penoxsulame na dose 2 L/ha de p. c. (Viper).
3.4 Ciclo vegetativo Germinação ‐ 12/05
4ª folha – 27/05
Inicio do afilhamento – 04/06
Encanamento – 09/07
Emborrachamento – 30/07
Pleno espigamento – 04/08
Estado leitoso – 16/08
Estado pastoso – 20/08
Maturação – 06/09
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3.5 Características agronómicas da variedade Dardo
Tamanho da planta (cm) Produção kg/ha
Floração (dias)
Ciclo Veget. (dias)
Vigor Nascimento
Afilhamento Resistência Acama
Resistência Piriculariose Colmo Panícula Total
Panículas Nº/m2
6300 95 127 Bom Bom R R 51,5 15,0 66,5 800
3.6 Características tecnológicas da variedade Dardo
Biometria do grão branqueado
Grãos Inteiros (%)
Trincas (%)
Rendimento Industrial (%)
Comprimento (cm)
Largura(cm)
Relação Comp./Larg.
Classificação Comercial
67,1 3,6 70,7 5,72 2,49 2,29 Médio
Foto 2 – Tipo de cariopse do Dardo Foto 3 – Bago branqueado do Dardo
3.7 Discussão de resultados Em termos agronómicos a variedade apresentou um bom potencial produtivo, bom afilhamento,
muito precoce e uma boa resistência à piriculariose;
Em termos tecnológicos apresentou uma percentagem elevada de grãos inteiros, elevado rendimento industrial, boa vitreosidade, mas o tamanho do bago, nestas condições de campo, não atingiu os 6 mm de comprimento, que caracterizam um arroz do tipo longo A.
O tamanho do grão e a produção poderão ser optimizados, no Baixo Mondego, com a diminuição da densidade de sementeira e o aumento da adubação azotada.
Parceria: LUSOSEM
B. Variedade Sírio (Tecnologia Clearfield) 1. Introdução O campo de observação com a variedade Sírio ocupou uma área com cerca de 1000 m2. Esta variedade é utilizada na tecnologia "Clearfield" por ser tolerante ao herbicida Imazamox (Pulsar), que controla o arroz selvagem e as infestantes do arrozal. A variedade Sírio possui um ciclo semi‐precoce e é do tipo comercial longo B. A eficácia do Imazamox depende da adição de um molhante, o Dash.
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Como a população de arroz selvagem nesta parcela era insignificante o estudo incidiu exclusivamente sobre a capacidade de adaptação da variedade Sírio à Região do Mondego, além de avaliar a eficácia do Imazamox sobre as infestantes da cultura. 2. Objectivos
Avaliar a acção do Imazamox “Pulsar” no controlo de infestantes e o seu grau de selectividade sobre a variedade Sírio;
Avaliar as características agronómicas e tecnológicas da variedade Sírio. 2.1 Itinerário cultural adoptado no Campo de Observação, com a tecnologia "Clearfield"
A preparação do solo foi realizada utilizando a tecnologia convencional: lavoura, duas gradagens, seguida de uma passagem com roto‐terra.
2.1.1 Adubação da cultura
Adubação de fundo: fertifos 12‐15‐8 ‐ 400 kg/ha Adubação de cobertura – Azoto – 80 kg/ha (Sulfato amónio – 400 kg/ha)
2.1.2 Densidade e data de sementeira
A densidade de sementeira foi de 160 kg/ha e a sementeira realizou‐se em 4/05.
2.1.3 Aplicação dos herbicidas (Imazamox+Dash)
Foram realizadas duas aplicações do herbicida nos estados fenológicos seguintes: 1ª Aplicação do "Pulsar" ‐ 28/05 (Sírio com 4 folhas) 2ª Aplicação ‐ do "Pulsar" ‐ Sírio no afilhamento (22 dias após a 1ª aplicação)
Dose de aplicação do herbicida e do molhante (Dash) em cada uma das aplicações: Imazamox (Pulsar) – 0,9 L/ha + Dash – 0,6 L/ha.
A aplicação dos herbicidas realizou‐se com os canteiros bem drenados, de modo a permitir uma boa exposição de todas as infestantes à calda aplicada. A inundação do canteiro realizou‐se 2 dias após a aplicação dos herbicidas, mantendo uma lâmina de água alta, durante 4‐5 dias, para garantir a submersão das infestantes. Volume de calda utilizada ‐ 300 litros/ha.
2.1.4 Sanidade
Registou‐se o aparecimento de plantas com Fusarium spp., em 7/06. Não se registaram problemas de piriculariose durante todo o ciclo da cultura.
2.1.5 Ciclo vegetativo Germinação ‐ 11/05
2ª Folha ‐20/05
4ª Folha – 28/05
Inicio afilhamento – 04/06
Encanamento – 10/07
Emborrachamento – 3/08
Pleno espigamento – 7/08
Estado leitoso – 20/08
Estado pastoso – 25/08
Maturação – 20/09 Foto 1 – Aspecto geral do campo com a Cv. Sírio
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RESULTADOS 1. Acção do Imazamox (Pulsar) + Dash
Verificou‐se uma boa eficácia sobre o geral das infestantes na cultura do arroz. Não se verificou toxicidade nas plantas do arroz pela acção do herbicida.
2. Características agronómicas da variedade Sírio
Tamanho da planta (cm ) Produção Kg/ha
Ciclo Veget. (dias)
Vigor Nascimento
Afilhamento
ResistênciaAcama
ResistênciaPiriculariose Colmo Panícula total
6440 139 Bom Muito Bom R R 51,0 13,8 64,8
3. Características tecnológicas da variedade Sírio
Biometria do grão branqueado
Grãos Inteiros (%)
Trincas (%)
Rendimento Indust. (%)
Comprimento(cm)
Largura(cm)
Relação Comp./Larg.
Classificação Comercial
65,0 4,3 69,3 6,32 1,93 3,27 LB
Fotos 2 e 3 – tipo de cariopse e de bago, depois de branqueado. A variedade apresentou um bom comportamento agronómico, uma boa adaptação às condições do Mondego e um elevado rendimento industrial. Parceria: BASF
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6. TECNOLOGIAS ADOPTADAS NA PRODUÇÃO E ARROZ EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO Serafim Cabral de Andrade
Introdução Para a produção de arroz em Modo Produção Biológico é necessário adoptar uma boa gestão das infestantes e garantir fontes de azoto orgânico, a baixo custo. Na gestão das infestantes há que adoptar um conjunto de técnicas integradas que incluam a rotação de culturas, a falsa sementeira, um maneio criterioso da lâmina de água de rega, entre outras. A rotação de culturas que foi eleita inclui à cabeça da rotação a cultura da luzerna, pelo duplo papel que desempenha: boa gestão das infestantes e como fonte de azoto para a cultura seguinte.
1. Objectivos
Avaliar a capacidade produtiva das culturas do sistema cultural. Estudar tecnologias adequadas à gestão das infestantes. Obter produtos de alta qualidade. Melhorar a fertilidade do solo e contribuir para a melhoria ambiental. 2. Material e Métodos O Sistema Cultural adoptado encontra‐se instalado no Campo Experimental do Bico da Barca, concelho de Montemor‐o‐Velho. Trata‐se de um solo de textura franco‐limosa (areia – 28%, argila – 21% e limo – 51%) e com uma fertilidade média.
Quadro 1‐ Características físico‐químicas do solo das várias folhas do Sistema Cultural
ANÁLISE SUMÁRIA BASES DE TROCA MICRONUTRIENTES
pH (H2O)
M.O. P2O5 K2O Ca2+ Mg2+ K + Na+ Soma B. T.
Cu Fe Mn Zn
Nº Folhas
% ppm cmol (+) kg‐1 (ppm)
Folha 1 5,9 2,40 163 137 4,1 1,0 0,4 0,2 5,8 1,6 75 20 0,6
Folha 2 5,5 1,70 67 154 4,8 1,6 0,4 0,0 6,8 2,4 82 26 0,9
Folha 3 5,9 1,86 97 146 4,8 1,2 0,4 0,3 6,7 10, 459 133 4,0
Folhas 4 e 5
5,6 2,36 65 137 4,1 1,0 0,4 0,2 5,8 1,6 75 20 0,6
Nota: O fósforo e o potássio foram analisados pelo método Egner‐Riehm. Delineamento do Sistema Cultural em Modo Produção Biológico O sistema cultural, neste ano, incluiu apenas a luzerna e o arroz numa rotação quadrienal do tipo: luzerna (2 anos) – arroz (2 anos). O regime de rotação de culturas funcionou em cinco folhas, com a área média por folha de 4 000 m
2.
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A ‐ A CULTURA DA LUZERNA EM MPB
1. Objectivos Avaliar a capacidade produtiva da luzerna e a evolução florística.
2. Material e Métodos A cultura da luzerna esteve instalada, neste ano, nas folhas 2 e 3. Na folha 2 foi semeada em 2010, enquanto na folha 3 foi instalada, no ano anterior. A fertilização consistiu na aplicação de 300 kg/ha de um fosfato natural (Fertigafsa 0.26,5‐0), no ano de instalação da cultura. A sementeira realizou‐se a lanço e a semente foi incorporada, com rolo canelado. Utilizou‐se uma densidade de sementeira de 30 kg/ha de semente e foram utilizadas duas variedades: Gea (Folha 3) e Vénus (Folha 2). 2.1 Metodologia para avaliar a produção e a composição florística A produção foi avaliada através da contagem do número de fardos vezes o peso médio de cada fardo. A data de corte foi fixada com base na floração de 50% das plantas de luzerna. A composição florística foi avaliada através de uma versão adaptada da escala de recobrimento proposta pela E.W.R.C. (European Weed Research Council). As observações foram realizadas antes de cada corte da luzerna.
3. Resultados
3.1 Produção de feno da luzerna Durante este ano as produções obtidas foram as seguintes:
Tabela 1 – Produções de feno de luzerna
Nº das Folhas Ano de sementeira Feno (kg/ha) Folha 2 2009 5 470 Folha 3 2010 9 775
Verificou‐se que a produção de feno da luzerna na folha 2 foi pouco mais de metade da obtida na folha 3 por ter sido o ano de instalação da cultura. A produção de feno na folha 3 foi de 9 775 kg/ha, obtida através da realização de cinco cortes.
Foto 1 – As duas culturas do sistema cultural
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Foto 2 – 2º corte da luzerna, na folha 3 3.2 Gestão das infestantes pela cultura da luzerna
Tabela 2‐ Evolução florística na Folha 2
Percentagem de recobrimento
Data Observações
Luzerna Echinochloa
spp. Cyperus spp.
(b) Poligonum persicaria
30/06 80 5 1 20 4/08 100 5 (a) 1 1(a) 17/09. 100 R (a) 1 R a) Vegetação em sub‐coberto da luzerna; R – Raro. b) A maior parte era representada pela espécie Cyperus eragrostis e a restante pela Cyperus esculentus
Tabela 3 – Evolução florística na Folha 3
Percentagem de recobrimento
Data Observações
Luzerna Echinochloa spp. Cyperus spp.(a) Setaria pumila.
Plantago major
28/04 95 1 7 2 1
4/06 95 2 10 2 2
14/07 98 5 5 5 5
17/08 99 2 5 15 5
17/09 90 R 5 15 7,5
a) A maior parte era representada pela Cyperus eragrostis e a restante pela Cyperus esculentus. Houve dois géneros de infestantes (Echinochloa e Cyperus) que estiveram significativamente presentes nas duas folhas, enquanto a espécie Poligonum persicaria apareceu somente na folha 2. As espécies Setaria pumila e a Plantago major atingiram uma percentagem muito significativa na folha 3.
A cultura da luzerna exerceu um bom controlo sobre as Echinochloa spp. (milhãs) e a Polygonum persicaria (erva‐pessegueira). Estas infestantes não conseguiram produzir sementes viáveis durante todo o ciclo, face ao intenso ritmo de crescimento da luzerna e ao curto intervalo da realização dos cortes. No caso das ciperáceas, a luzerna limitou a propagação das espécies existentes (Cyperus esculentus e Cyperus eragrostis), mas como plantas vivazes continuaram a reproduzir‐se por via vegetativa, mesmo com a parte aérea suprimida, pela acção dos cortes. A cultura da luzerna, também não conseguiu impedir a
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119
propagação de espécies, como a Plantago major (tanchagem) e a Setaria pumila (setária) embora as mantivesse em subcoberto, durante todo o período de cortes.
Em suma, a luzerna impediu a produção de sementes de várias espécies, mas foi pouco eficiente no limitar o desenvolvimento de propágulos das espécies vivazes e de produção de semente da setária, porque produz sementes viáveis em menos de 30 dias. B – A CULTURA DO ARROZ EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO
1. Introdução
A luzerna tem a faculdade de disponibilizar azoto para a cultura que se lhe segue na rotação a partir dos seus resíduos. O azoto mineral disponibilizado pela luzerna será, apenas, avaliado de forma indirecta através do incremento obtido de produção de arroz relativamente a uma testemunha. A cultura da luzerna integrada no sistema cultural tem, igualmente, um papel importante na diminuição da quantidade de sementes no Banco de Sementes das parcelas. Mas, o arroz como cultura específica do meio aquático, está sujeito à pressão de infestantes específicas do ecossistema arrozal, designadamente, das espécies: Scirpus mucronatus (espeto), Scirpus marítimus (trincão ou nozelha), Cyperus difformis (negrinha), Allisma plantago‐aquática (colhereira), entre outras. Daí, que a gestão das infestantes na cultura do arroz seja muito complexa. Ao nível das variedades foram semeadas o Aríete e o Allório. 2. Objectivos
Avaliar o acréscimo da produção de arroz pela acção do azoto disponibilizado pela luzerna. Avaliar a capacidade produtiva e o rendimento industrial das variedades. Avaliar a dinâmica das infestantes pela acção das tecnologias de controlo adoptadas
3. Material e Métodos
A cultura do arroz foi instalada, neste ano, nas folhas 1, 4 e 5 do sistema cultural. A fertilização das três folhas foi feita com a aplicação de 300 kg/ha de um fosfato natural (Fertigafsa 0.26,5‐0). A sementeira realizou‐se, nas três folhas, a lanço, com o solo inundado e a semente ′chumbada′ durante 24 horas. 3.1 Delineamento dos tratamentos com a cultura do arroz
Folha 1 – Testemunha (Em 2009 esteve ocupada com a cultura de arroz) Folha 5 – tratamento onde se pretendeu avaliar o efeito do azoto disponibilizado pela luzerna, através do acréscimo de produção de arroz. A luzerna ocupou esta folha nos anos de 2008 e 2009. Nas folhas 1 e 5 foi semeada a variedade Aríete Folha 4 – foi semeada a variedade Allório. 3.2 Metodologias adoptadas para avaliar os vários parâmetros 3.2.1 Para avaliar o acréscimo de produção do arroz pela acção do azoto disponibilizado pela luzerna
O método baseou‐se na diferença de produção de arroz obtido entre duas folhas com antecedentes culturais distintos: folha 5 (com dois anos com a cultura da luzerna) e folha 1 (com a cultura do arroz). Nas duas folhas foram adoptadas as mesmas técnicas culturais.
3.2.2 Para avaliar as variedades de arroz
As duas variedades (Aríete e Allório) foram semeadas em folhas distintas: Aríete (folhas 1) e Allório (folha 4). As variedades foram avaliadas ao nível da produção, sanidade e rendimento industrial.
3.2.3 Para controlar as infestantes na cultura do arroz
Para gerir as infestantes adoptaram‐se duas técnicas específicas: a falsa sementeira e a variação da espessura da lâmina de água de rega, na cultura instalada.
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120
Na falsa sementeira, o solo foi mobilizado e preparado como de uma sementeira se tratasse, ao que se seguiu a sua inundação, com uma fina lâmina de água. Depois da emergência das principais infestantes da cultura foram destruídas mecanicamente. Só depois se realizou a sementeira do arroz. Na espessura da lâmina de água na cultura do arroz, jogou‐se com o princípio de que é possível gerir as infestantes por “afogamento”, fazendo variar a espessura da lâmina de água durante o ciclo da cultura. Isto é, a altura da lâmina de água acompanhou o desenvolvimento da cultura, garantindo que a maior parte das infestantes permanecessem submersas, durante a maior parte do ciclo da cultura. Para avaliar a evolução florística do campo utilizou‐se uma versão adaptada da escala de recobrimento proposta pela E.W.R.C. (European Weed Research Council).
4. Itinerário cultural
Tabela 1 ‐ Operações culturais efectuadas na cultura do arroz em MPB, nos três canteiros
Operações Equipamentos e factores de produção
utilizados Datas
Gradagem Grade de discos 01/04 Lavoura Charrua de 2 ferros 13” 08/04
Nivelamento Pá de nivelamento, comando laser 12/04 Fertilização Fertigafsa 0‐26,5‐0 – 300 kg/ha 14/04
Descompactação do solo Escarificar o solo 14/04 Incorporação dos fertilizantes “Roto‐terra” 14/04
Inundação do canteiro Lâmina fina de água 15/04 Destruição mecânica das
infestantes e preparação de solo i d
2passagens de vibrocultor 1 passagem de roto‐terra
14/05 e 17/0519/05
Inundação do canteiro 20/05 Sementeira Sementeira a lanço com semente chumbada 21/05 Variedades Allório e Ariete (densidade de 180 kg/ha) 21/05
Germinação do arroz 26/05 Afilhamento 14/06
Allório 09/08 Floração
Aríete 13/08 Allório 13/09
Maturação Aríete 22/09 Allório 17/09
Colheita Aríete 28/09
II – RESULTADOS DA CULTURA DO ARROZ EM MPB
1. O acréscimo de produção de arroz nas duas folhas com antecedentes culturais diferentes
Quadro 1 – Produção de arroz em MPB
Nº das Folhas e antecedente cultural Arroz (kg/ha)
Folha 5 (antecedente 2 anos de luzerna) 6 000
Folha 1 (antecedente 1 ano de arroz) 3 780
Verificou‐se um acréscimo de produção de 2 220 kg/ha na folha 5, relativamente à folha 1 (testemunha). Como é sabido, uma tonelada de arroz extrai cerca de 20 kg de azoto, logo um acréscimo de 2,22 t/ha de arroz corresponderia a cerca de 45 kg de azoto extraído. Se tiver em conta que o grau de eficiência do azoto mineral no meio arrozal é baixo, este valor poderá mesmo duplicar.
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Foto 1 – Folha 5 – 1º ano da cultura do arroz da variedade Aríete, em maturação 2. O efeito das variedades na produção
Quadro 2 – A produção de arroz por variedade
Variedades (kg/ha)
Aríete (folha 1) 3 780
Aríete (folha 5) 6 000
Allório (folha 4) 3 440
A variedade Aríete atingiu uma produção diferenciada nas duas folhas, conforme foi explicado no quadro 1. No caso do Allório a produção foi de 3 440kg/ha, na Folha 4, o que se situou no seu nível normal de produtividade. O Allório manifestou, uma vez mais, ser muito sensível à acama e à piriculariose. Este comportamento agronómico torna‐a inviável do ponto de vista económico, apesar de produzir um grão com características muito peculiares para a culinária tradicional e de ser um arroz com história.
Foto 2 – Folha 1, variedade Aríete
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Foto 3 – Folha 4, variedade Allório, fase de maturação 3. As características agronómicas e tecnológicas das variedades de arroz
Quadro 3 – Comportamento agronómico das variedades de arroz
Tamanho da planta (cm) Variedades
Floração Nº dias
Ciclo Vegetativo Nº dias
Resistência Acama
Piriculariose Colmo Panícula Total
Allório 81 120 AS S 82 15 97
Aríete 85 125 MR MS 68 13 81
AS – altamente sensível; MR – medianamente resistente Em termos agronómicos será de referir a precocidade da variedade Allório, aspecto importante para ser utilizada com a falsa sementeira.
Quadro 4 – Comportamento tecnológico das variedades
Biometria do grão branqueado Variedades
Grãos
Inteiros (%)
Trincas (%)
Rendimento Industrial (%)
Comprimento (cm)
Largura (cm)
Relação Comp./Larg.
Classificação Comercial
Allório 40,5 27,0 67,5 5,7 2,7 2,1 Médio
Aríete 64,0 5,0 69,0 6,1 2,4 2,54 L A
Em termos de comportamento tecnológico verificou‐se que o Aríete teve um comportamento excelente: uma baixa percentagem de trincas e elevada percentagem de grãos inteiros. Pelo contrário, o Allório apresentou uma situação inversa, o que compromete o seu interesse futuro. Do ponto de vista comercial o Aríete é um arroz de tipo carolino, enquanto o Allório é do tipo médio. 4. Gestão das infestantes nas folhas 1 e 5 do sistema cultural em MPB 4.1 A falsa sementeira na gestão das infestantes
Com a falsa sementeira emergiram as infestantes mais competitivas da cultura do arroz, como foi o caso das espécies Cyperus difformis (negrinha), Scirpus mucronatus (espeto), Scirpus marítimus (junção), Echinochloa spp. (milhãs), as Alisma spp. (colhereira), entre outras. Quando estas atingiram as 3‐4 folhas procedeu‐se à sua destruição mecânica. Mas, antes dessa operação, fez‐se a avaliação da percentagem de recobrimento, nas duas folhas:
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Tabela 1 ‐ Evolução da percentagem do recobrimento das principais infestantes no final da falsa sementeira (15/05/2010)
Folha 1 Folha 5 Nome de espécies Recobrimento em percentagem Estado fenológico Cyperus difformis 10 10 3 folhas Cyperus eragrostis 1 1 5 folhas Cyperus esculentus ‐ 10 5 folhas Scirpus marítimus 10 R 5 folhas
Scirpus mucronatus 2 R 5 folhas Echinochloa spp. 5 3 5 folhas Alisma plantago 1 R 1º pare de folhas
A percentagem de recobrimento da flora existente nos canteiros era marcada por uma forte presença de espécies da família das ciperáceas, seguida das milhãs.
A maior parte das infestantes emergiram durante o período da falsa sementeira (de 14/04 a 15/05), mas houve espécies como a Lindernia dubia (manjerico) e a Ammania coccinea (carapau) que não germinaram. Isto é, vieram a germinar depois da cultura do arroz instalada.
A destruição mecânica das infestantes teve início em 15/05 e concluída em 19/05, com recurso a duas passagens cruzadas de vibrocultor e por último, a uma passagem de roto‐terra.
Verificou‐se um bom controlo das infestantes, dadas as condições atmosféricas favoráveis.
Foto 4 ‐ Destruição mecânica das infestantes, na 1ª passagem do vibrocultor, na folha 1, no final da falsa sementeira
Foto 5 ‐ Primeira passagem de vibrocultor, na folha 5, no final da falsa – sementeira, em 15/05
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4.2 Evolução das infestantes durante o ciclo cultural do arroz
Tabela 2 ‐ Evolução da percentagem do recobrimento das principais infestantes
Datas das observações e percentagem de recobrimento (%)
1ª 2ª 3ª Afilhamento do
arroz (16/06)
Encanamento do arroz (12/07)
Maturação (22/09) Infestantes
Folha 1 Folha 5 Folha 1 Folha 5 Folha 1 Folha 5 Cyperus difformis e outras ciperáceas (a)
5 2 5 3 10 5
Scirpus marítimus 2 R 5 2 5 2 Scirpus mucronatus 3 R 10 2 10 1 Echinochloa spp. 1 R 1 R 5 R Alisma spp. 1 R 1 R 1 R Ammania coccinea 1 R R R R R Lindernia dubia R R R R R R
R ‐ Raro a)Inclui a Cyperus eragrostis e Cyperus esculentus
De acordo com a tabela 2, a percentagem de infestantes durante todo o ciclo da cultura foi muito significativa na folha 1 e pouco na folha 5, o que se explica através do seu antecedente cultural: na folha 1 foi o segundo ano com a cultura do arroz e na folha 5, foi o primeiro ano, depois da cultura da luzerna.
Na fase da maturação verificou‐se que as ciperáceas apresentavam um recobrimento total de 25% na folha 1 e de 8% na folha 5. Por sua vez, as milhãs manifestavam uma percentagem de 5% na folha 1 e não tinham significado na folha 5.
O efeito da espessura da lâmina de água foi muito significativo sobre a gestão das infestantes na folha 1, onde a percentagem de recobrimento das várias infestantes foi mantido dentro de valores razoáveis. Por exemplo, as alismatáceas não conseguiram ultrapassar 1% de recobrimento durante todo o ciclo da cultura.
Foto 6 – Efeito de lâmina de água no desenvolvimento de Alisma spp. (orelhas de mula), em 25/06/010
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7. ESTUDO DE SISTEMAS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO E DE REGA NA CULTURA DO MILHO GRÃO Serafim Cabral de Andrade
1. Introdução Novos desafios se colocam aos produtores de milho ao nível da redução de custos e em se adaptarem a produzir com novas exigências ambientais que implicam uma melhor gestão da água de rega, práticas culturais que conduzam à conservação do solo e à redução de emissões de dióxido de carbono.
Como forma de responder a alguns destes desafios está em curso, há dois anos, um estudo sobre sistemas de mobilização do solo e a gestão da água de rega.
Os sistemas de mobilização em estudo são a mobilização convencional e a mobilização vertical. A mobilização vertical apresenta sobre a convencional várias vantagens, designadamente: redução de custos garante a manutenção dos nivelamentos e diminui as emissões de dióxido de carbono.
Como método de rega optou‐se pela rega por gravidade, com distribuição por sulcos, por ser o que melhor se adequa ao sistema de rega instalado na maior parte dos Blocos Hidráulicos, por apresentar os mais baixos consumos energéticos, por ser pouco exigente em tecnologias e bem adaptado a culturas semeadas em linhas, como o milho. Apesar disso, reconhece‐se existirem vários obstáculos que é preciso ultrapassar, nomeadamente, a falta de oferta de equipamento de rega de qualidade no mercado, de fácil mobilidade e que garanta uniformidade na distribuição de água, ao nível do sulco. Também, o Sistema de Rega nos Blocos Hidráulicos revela grande flutuação dos caudais nos hidrantes o que dificulta a realização da rega.
2. Objectivos do campo de observação
Avaliar os sistemas de mobilização do solo ao nível de custos e da produção. Como tornar mais eficiente o sistema de rega por sulcos.
3. Material e Métodos 3.1 Localização do Campo Localizou‐se no Campo Experimental do Bico da Barca, no Bloco da Carapinheira, concelho de Montemor‐o‐Velho
3.2 Caracterização do solo 3.2.1 Parâmetros físicos do perfil do solo Coordenadas do perfil: 40º 10′ 34,82∙ N; 8º 39′ 40,48′′ O. Na 1ª camada entre 0 a 30 cm, não existía calo de lavoura. A estrutura era de tipo anisoforme, angulosa, com cor 10 YR 4/2 e uma textura franco‐limosa.
Na 2ª camada, entre os 30 a 60 cm, possuía uma estrutura compacta ‐“maciça”plástica, com a base da camada não regular, de cor 10YR 4/3 e uma textura franco‐limosa.
Na 3ª camada (60 ‐115cm) apresentava entre os 60 a 90 cm uma estrutura compacta, com cor 10YR 4/2 e uma textura franco‐limosa. A partir dos 90 aos 115 cm, possuía uma cor 5 YR 4/1 e uma textura franca. O fundo do perfil exibia uma textura areno‐grosseira, com areia lavada, sem apresentar oxidação.
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Foto 1 – Aspecto das várias camadas do perfil 3.2.2 Características físicas e químicas do solo do campo
Quadro 1 – Análise das características físico‐químicas do solo
ANÁLISE SUMÁRIA BASES DE TROCA MICRONUTRIENTES
M.O. P2O5 K2O Ca2+ Mg2+ K + Na +Soma BT
CTC GSB Cu Fe Mn Zn pH (H2O)
% (ppm) (cmol(+) kg‐1) (ppm)
5,7 1,8 118 219 7,4 1,3 0,4 0,5 9,6 18,6 52 5,3 278 47 3,4
O solo possui uma textura franco‐limosa, com a constituição seguinte: areia ‐ 10%, limo – 65% e argila ‐ 25%.
Trata‐se de um solo típico do terço médio do Vale Central do Mondego – medianamente rico nos vários nutrientes, com uma capacidade de troca catiónica média (18,6 cmol (+) kg‐1 ) e um grau de saturação de bases média (GSB – 52%). 4. Delineamento experimental
4.1 Estudo de mobilização
A parcela possui uma área de cerca de 6000 m2, tendo sido dividida em duas partes semelhantes, onde se realizaram os dois sistemas de mobilização – mobilização vertical e convencional. 4.2 Metodologia adoptada para avaliar o sistema de rega por sulcos 3.2.1 Organização da parcela
A parcela foi nivelada de forma a ficar com um declive de 0,05%. Não foi feita uma maior intervenção no declive para reduzir o seu impacto na fertilidade do solo. 5. Metodologia adoptada na rega
A distribuição da água à parcela a partir do hidrante foi realizada através de manga plástica ( φ 200 mm) e a alimentação dos sulcos foi feita com tubo rígido, com janelas reguláveis, de modo a garantir uniformidade de distribuição de água e evitar perdas superficiais. No hidrante foi instalado um medidor de caudais e do volume de água debitado, por sector. Os sectores de rega foram dimensionados para 15 sulcos de modo a aplicar cerca de 1,5l/s/sulco. Os sulcos possuíam um comprimento da ordem dos 112 metros. Durante a rega foram registados por sector: o caudal, o volume de água aplicada e o tempo de rega.
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6. Condução do Campo 6.1 Preparação do solo com mobilização vertical
Na folha, com mobilização vertical, foi realizada uma passagem com chisel, equipado com rolo destorroador (Asa Laser Ks). Este equipamento possui sete dentes e uma largura de trabalho de 2,80 metros. A velocidade de trabalho foi de 7,5 km/hora, para uma profundidade de mobilização de 35‐40 cm, com um tractor de 152 HP (Fendt 714). A preparação foi concluída com duas passagens de roto‐terra.
Foto 2 – Preparação vertical do solo com o equipamento “Asa Laser Ks”
Foto 3 – Equipamento com Chisel e destorroador “Asa Laser Ks” Na folha com mobilização convencional realizaram‐se duas passagens de grade de discos, a lavoura, e duas passagens de roto‐terra.
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6.2 Adubação
Como forma de optimizar o azoto aplicado, optou‐se por utilizar adubos de libertação controlada. Na adubação de fundo, utilizou‐se o Nitroteck 12.12.18, na ordem dos 850 kg/ha, aplicando a lanço, na ordem dos 650 kg/ha e o restante localizado, com o semeador. A adubação de fundo totalizou 102 kg/ha de azoto, 102 kg/ha de fósforo (P2O5) e 153 kg/ha de potássio (K2O).
Na adubação de cobertura, foram aplicados 600 kg/ha de Nitroteck 25.0.0 (na fase da amontoa), equivalente a 150 kg/ha de azoto. 6.3 Sementeira
A sementeira realizou‐se em 12/05/010.
A variedade utilizada foi o PR 34 P88 (Ciclo FAO 500). A semente apresentava‐se tratada com Poncho. O compasso, na linha, foi de 16,5 cm. 6.4 Aplicação de herbicida
O controlo das infestantes realizou‐se, em pós‐emergência, com a aplicação do herbicida ′Laudis′.
O ′Laudis′ foi aplicado na ordem de 2,25 litros/ha, com o milho, no estado das 4 folhas, em 25/05.
Mostrou‐se muito eficiente no controlo das infestantes, excepto da juncinha, que se revelou moderadamente resistente, mas com uma amontoa oportuna permitiu um controlo total das infestantes.
6.5 Amontoa do milho
A amontoa realizou‐se, em 15/06, com o milho na 7ª folha com lígula (11ª folha à vista).
Foto 4 – Actuação do ′Laudis′ em 7/06/010
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6.6 Regas
A rega realizou‐se nas datas seguintes: 1ª rega – 30/06 (9ª folha com lígula); 2ª rega – 14/07 (espigamento); 3ª rega – 29/07 (enchimento do grão) e 4ª rega ‐ 20/08 ( grão pastoso).
7. Maturação – 28/09 8. Colheita ‐ a colheita realizou‐se, em 21/10, com 22% de humidade no grão. II – RESULTADOS 1. Custos de mobilização nos dois sistemas
Tabela 1 – Custos de mobilização
Mobilização vertical (€/ha)
Mobilização convencional (€/ha)
1 – Destroçador de palhas 45 ‐
2‐ Grade de discos de 22” ‐ 60
3‐ Chisel com rolo destorroador 75 ‐
4‐ Mobilização com charrua ‐ 90
5 ‐ Roto‐terra 72 72
SOMA 192 222 O sistema de mobilização vertical permitiu a preparação do solo de forma mais rápida, mostrou‐se mais económico e assegurou a manutenção do nivelamento. Pelo contrário, o sistema convencional não garantiu nenhuma destas vantagens. 2. Resultados do sistema de rega por sulcos
Tabela 2 ‐ Dotação de rega utilizada no campo de observação
Consumo de água de rega (m3/ha) (nº de regas)
1ª 2ª 3ª 4ª Soma
1305 920 1170 1020 4415 A dotação média por rega situou‐se em 1104 m3/ha (110 mm) e a dotação total foi de 4 415 m3/ha.
O caudal médio nas 4 regas situou‐se em 19 L/segundo/sector, o que originou que o tempo de rega atingisse as 13,1 horas/ha.
O consumo de água foi elevado, em consequência do baixo caudal fornecido ao sulco (1,27L/segundo) e da pendente da parcela (0,05%).
A alimentação de água aos sulcos feita pelos tubos, com janelas reguláveis, permitiu uma distribuição uniforme de água aos sulcos.
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Foto 7 – Rega do 1º sector com tubo rígido, com janelas reguláveis 3. Produções de milho
Tabela 3 – Produção de milho
Sistemas de mobilização Kg/ha
Mobilização de tipo vertical 16 660
Mobilização convencional 16 424
Média 16 542
Obteve‐se uma produção média de 16 542 kg/ha de milho grão, com 14% de humidade, valor muito significativo para o Baixo Mondego.
Verificou‐se uma produção semelhante nas duas modalidades. O sistema de mobilização vertical não trouxe quaisquer constrangimentos à produção, bem pelo contrário.
Gráfico 1 – Caudais utilizados por sector e o seu reflexo no tempo de rega.
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4. Discussão de resultados O sistema de mobilização vertical contribuiu para a manutenção do nivelamento, melhorou a eficiência de rega e revelou‐se mais económico.
A rega por sulcos apresentou baixos consumos energéticos, o consumo total de água durante o ciclo da cultura foi elevado (4 415 m3/ha), mas este valor poderá ser reduzido, através do aumento do caudal por sulco (entre 1,5 a 2 L/segundo) e num aumento do declive da parcela para 0,1% até 0,15 %.
A alimentação dos sulcos com janelas reguláveis garantiu uma distribuição uniforme de água e evitou desperdícios de água superficial.
A uniformidade de distribuição de água aos sulcos foi possível através das janelas reguláveis, mas o tubo rígido é muito pesado para poder ser movimentado por uma pessoa. É preciso que o mercado nacional seja capaz de fornecer manga janelada.
O nível de produtividade atingida reflecte a elevada eficiência dos principais factores envolvidos na produção.
Agradecimentos:
À Cooperativa Agrícola de Montemor‐o‐Velho e ao Eng.º Francisco Dias pela sua colaboração. Às Empresas: ADP‐Fertilizantes, Pioneer, Bayer e à PERCAMPO. Ao Eng.º João Ribeiro por ter realizado gratuitamente a preparação do solo do campo.
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8. CAMPO DE OBSERVAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO ‐ CICLO FAO 500 Serafim Cabral de Andrade
1. Objectivos do campo de observação de variedades de milho
Avaliar a capacidade produtiva de cada variedade
Avaliar o ciclo vegetativo e o teor de humidade à colheita
2. Material e Métodos 2.1 Localização do campo
Localizou‐se no Campo Experimental do Bico da Barca, Bloco da Carapinheira, concelho de Montemor‐o‐Velho. 2.1 Características físicas e químicas do solo
Análise sumária Bases de troca Micronutrientes
M.O. P2O5 K2O Ca Mg Ca2+ Mg2+ K + Na + CTC Cu Fe Mn Zn pH (H2O) % (ppm) (Cmol (+) kg‐1) (ppm)
5,5 2,1 130,7 148,3 730 119 4,32 1,07 0,39 0,17 9,64 9,2 ›80 88,3 2,66
O solo apresenta uma textura franco‐limosa. 3. Delineamento experimental 3.1 Estudo de variedades
No Campo foram estudadas as variedades seguintes:
Variedades Empresas
Brescou Nickerson
Lynxx Ragt
OH 615 Nova Lavoura Gaia
Topola Wam
Es Vivat Proselecte/Euralis
Hillary Advanta
Arkam Maisadour
Quintero Prays
Triunfo Panam
DKC 6085 Dekalb
Por se tratar de um campo de observação não existiam repetições.
3.2 Dimensão dos talhões
A área dos talhões foi de 219 m2 (73 metros de comprimento por 3 metros de largura). Cada talhão tinha quatro linhas de milho. O compasso de sementeira foi de 75 x 16,5 cm.
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3.3 Colheita
A colheita realizou‐se na área total do talhão, com ceifeira‐debulhadora. A pesagem foi efectuada com vagão‐pesa e a humidade foi determinada de imediato. 4. Condução do Campo 4.1 Adubação
Na adubação de fundo aplicaram‐se 700 kg/ha de Entec 20.10.10, dos quais 200 kg/ha foram localizados com o semeador.
Na adubação de cobertura foram aplicados 450 kg/ha de Entec 26%.
A quantidade de azoto aplicado foi de 257 kg/ha. 4.2 Herbicida
O controlo das infestantes realizou‐se em pré‐sementeira, com aplicação de 3 L/ha de Camix. O volume de calda usada foi de 500 litros/ha. 4.3 Sementeira
A sementeira realizou‐se em 11/05.
4.4 Amontoa
A amontoa realizou‐se, em 15/06, com o milho na 7ª folha com lígula (11ª folha à vista) 4.5 Data da realização das regas
Foram realizadas 5 regas nas datas seguintes:
1ª rega – 29/06 (7ª folha com lígula)
2ª rega – 15/07 (início do espigamento)
3ª rega – 27/07 (inicio do enchimento do grão)
4ª rega ‐ 09/08 ( inicio do grão no estado leitoso)
5ª rega – 25/08 (estado pastoso)
A rega realizou‐se por sulcos.
Dotação da rega no campo de variedades
Nº de Regas
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Soma
m3/ha 1420 1094 904 915 820 5 153
A dotação total de água de rega, durante o ciclo da cultura, foi de 5 153 m3/ha. Este elevado consumo teve a ver com o facto de a folha estar nivelada para a cultura do arroz, sem qualquer declive.
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5. Resultados do Campo de Variedades de (FAO 500)
Quadro 1 ‐ Características agronómicas e produções de milho
Variedades Nº Plantas
(ha)
Produção (Kg/ha) (14%)
Floração (Nº dias)
Ciclo vegetativo (Nº dias)
Humidade (%)
(À colheita)
Brescou 68 675 15068 70 142 23,2
OH 615 73 150 15 909 71 143 23,7
Arkam 75 707 15 192 68 141 24,2
Triunfo 80 022 15 662 68 141 22,2
Hillary 71598 15 744 71 143 22,7
Es Vivat 80 018 16 484 71 143 23,7
Topola 74 794 13 237 69 139 21,5
Quintero 79 543 15 890 70 141 25,6
Lynxx 66 756 14 868 70 141 21,1
DKC 6085 77 990 16 676 68 139 20,8
Média 75 509 15 395 69,6 141 22,9
Desv. Pad. 4 488 1 039 1,3 1,5 1,5
Observ. A colheita realizou‐se em 20/10.
Grafico 1 ‐ produções de milho das variedades de ciclo FAO 500
O ciclo vegetativo médio das variedades foi de 141 dias.
A humidade média do grão à colheita situou‐se em 22,9%, mas 50% das variedades apresentaram uma humidade inferior. O valor de humidade mais alto foi encontrado na variedade Quintero, com 25,6%.
A produção média das variedades foi de 15 473 kg/ha. As duas variedades mais produtivas foram a DKC 6085 e Es Vivat, com cerca de 16,5 ton./ha. A variedade menos produtiva foi a Topola.
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Em termos de resistência à acama registaram‐se alguns problemas no conjunto das variedades, mas ocorreu já depois da maturação. A variedade Topola manifestou‐se sensível à acama.
Aspecto das variedades de milho de Ciclo FAO 500, em 4/10/2010
Quintero Triunfo
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Quadro 2 – Receita Bruta das variedades de milho (ciclo FAO 500)
Variedades
Produção 14%
(Kg/ha) (14%)
Humidade (%)
(À colheita)
Custo secagem €/ton.
Receita Bruta(€/ha)
Receita Bruta (descontada a secagem) (€/ha)
Brescou 15 068 23,2 331,1 3 014 2683
OH 615 15 909 23,7 364,1 3 182 2818
Arkam 15 192 24,2 352,9 3 038 2685
Triunfo 15 662 22,2 325,9 3 132 2807
Hillary 15 744 22,7 346,4 3 149 2802
Es Vivat 16 484 23,7 378,8 3 297 2918
Topola 13 237 21,5 267,8 2 647 2380
Quintero 15 890 25,6 412,9 3 178 2765
Lynxx 14 868 21,1 278,8 2 974 2695
DKC 6085 16 676 20,8 311,3 3 335 3024
Média 15 473 22,9 337,0 3 095 2758
Desv. Pad. 975 1,5 44,2 195 171
Nota: Preço de venda do milho seco – 200 euros/ton. em 20/10/2010
De acordo com o quadro anterior, a receita bruta média das variedades, depois de descontado o valor da secagem, situou‐se em 2 758 euros/ha.
A receita bruta mais elevada foi obtida nas variedades seguintes: DKC 6085 (€ 3 024), Es Vivat (€2 918), OH 615 (€2 818), Triunfo (€ 2 807), Hillary (€ 2 802) e Quintero (€ 2 765).
O custo médio da secagem rondou os 337 euros/ha.
Agradecimentos: Escola Profissional Agrícola Afonso Duarte e ao Engº Mário Pardal que coordenou todos os contactos com as Empresas de Sementes e assegurou apoio com algum equipamento.
Às Empresas: Advanta, Deiba, Dekalb, Maisadour, Nikerson, Nova Lavoura, Panam, Prays, Proselecte, Syngenta e Wam.
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9. ENSAIOS DE VARIEDADES DE MILHOS HÍBRIDOS DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, NA E. A. DE VISEU Catarina de Sousa 1. Justificação e Objectivos Avaliação do valor agronómico de variedades propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, realizados por comparação com variedades testemunhas, da mesma precocidade e previamente definidas.
Fig. 1 – Variedade de milho, ciclo FAO 400
2. Material e Métodos
Os três ensaios, ciclos FAO 200, 300 e 400 foram instalados na Estação Agrária de Viseu, em solos franco, com pH 6 e de média fertilidade. O delineamento estatístico experimental foi o de blocos casualizados com 4 repetições; cada talhão é constituído por 2 linhas de 8 m cada, afastadas entre si 0,75 m do que resulta uma área útil de 12 m2. A fertilização de fundo foi efectuada de acordo com os resultados da análise de terra.
Ciclo 200
Modalidades Sementeira Emergência Desbaste e adubação de
cobertura Colheita
8 06‐05‐2010 17‐05‐2010 05‐07‐2010 14‐09‐2010
Ciclo 300
Modalidades Sementeira Emergência Desbaste e adubação de
cobertura Colheita
20 05‐05‐2010 17‐05‐2010 06‐07‐2010 23‐09‐2010
Ciclo 400
Modalidades Sementeira Emergência Desbaste e adubação de
cobertura Colheita
16 04‐05‐2008 17‐05‐2010 07‐07‐2010 07‐10‐2010
Foto
: C. S
.
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3. Resultados
3.1 ‐ Ciclo FAO 200
A floração ocorreu entre 16 e 26 de Julho e a maturação entre 3 e 7 de Setembro.
O ciclo vegetativo variou entre 120 dias para as variedades mais precoces e de 124para as mais tardias.
Produção média Humidade Nº plantas/ha
t/ha C V (%) (%) C V (%)
95 000 15,39 4,2 19,91 4,6
Fig. 2 – Produções médias e humidades obtidas nas variedades em ensaio
O número de plantas por talhão é de 114, pelo que o número de espigas deveria ser também de pelo menos 114. Na figura 4 apresentamos o número de espigas contadas em cada talhão; verificamos que apenas uma variedade não ultrapassou as 114; em todas as outras obtiveram‐se plantas com duas ou mais espigas (fig. 3)
Fig. 3 – Plantas com duas espigas, Setembro de 2010
Foto
: C. S
.
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Fig. 4 – Número de espigas em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições)
3.2 Ciclo FAO 300
A floração ocorreu entre 23 de Julho e 2 de Agosto e a maturação entre 8 e 17 de Setembro. O ciclo vegetativo das variedades em estudo variou entre 125 dias para as variedades mais precoces e 134 dias para as variedades mais tardias.
Produção média Humidade Nº plantas/ha
t/ha C V (%) (%) C V (%)
95 000 15,44 4,6 20,93 3,6
Fig. 5 – Produções médias (em ton/ha) e humidades obtidas nas variedades ensaiadas
O número de espigas por talhão deverá ser o mesmo que o número de plantas, ou seja 114. Na figura 6 pode observar‐se o número de espigas por talhão em cada uma das variedades em ensaio.
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Fig. 6 – Número de espigas por talhão em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições)
3.3 Ciclo FAO 400
A floração ocorreu entre 26 de Julho e 4 de Agosto e a maturação entre 17 e 24 de Setembro.
O ciclo vegetativo foi de 143 dias, tendo as variedades mais precoces completado o ciclo em 137 dias.
Produção média Humidade Nº
plantas/ha t/ha C V (%) (%) C V (%)
85 000 14,91 2,5 21,44 1,1
Fig. 7 – Produções médias (em ton/ha) e humidades obtidas nas variedades ensaiadas
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No ciclo FAO 400 o número de plantas e consequentemente o número de espigas, por talhão é de 102; apresentamos de seguida obtido por talhão em cada uma das variedades em ensaio (fig. 8).
Fig. 8 – Número de espigas em cada uma das variedades em ensaio (média das 3 repetições)
Como podemos verificar pela observação da figura, apenas em 4 variedades se obteve apenas uma única espiga por planta.
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10 ‐ Ensaios de Variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em Oliveirinha ‐ Aveiro Ensaios de variedades de Milhos Híbridos da Rede Nacional de Ensaios, em Aveiro B. Saltão, Carlos Gancho
1. Justificação e Objectivos
A realização dos ensaios prende‐se com a necessidade de verificar se as novas variedades reúnem as condições suficientes para a sua Inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).
Estes ensaios servem para a avaliação do Valor Agronómico das variedades de milho propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, em comparação com outras variedades eleitas para testemunha e previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do Valor de Utilização.
Ao longo do ciclo vegetativo foram feitos os registos e observações de campo definidos em protocolo elaborado pela DGADR, nomeadamente a emergência e regularidade de emergência, vigor inicial das plantas, data de floração e maturação, n.º de colmos partidos, plantas tombadas e plantas com espiga e outras operações culturais.
Na colheita registou‐se o peso da produção por talhão e preparação de amostras de grão para determinação da percentagem de humidade do grão à colheita.
2. Material e Métodos
Os três ensaios, ciclos FAO 300, 400 e 500, foram realizados numa parcela de terreno localizada na freguesia de Oliveirinha, no concelho de Aveiro.
Data de sementeira: 27 Abril 2010
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Os ensaios foram instalados num solo franco ‐ argiloso, de textura média, com pH 6,1 e fertilidade média, com teor muito alto de fósforo (> 200 ppm de P2O5), teor alto de potássio (159 ppm de K2O), teor médio‐alto de azoto total (0,159 % de N) e 4,01% de Matéria Orgânica, conforme referido no quadro seguinte: Relatório de análise de terra
Parâmetros Resultados Interpretação
Textura Média
pH (H2O) ……………………………….… 5,8 Pouco ácido
Nec. Cal CaCO3 t/ha ………………………………… … 0
Fósforo P2O5 ppm ……………………………….. > 200 Muito alto
Potássio K20 ppm …………………………………..180 Alto
Magnésio Mg ppm …………………………………… 63 Baixo
Matéria orgânica % ………………………………… 4,23 Alto
Azoto total % N % ……………………………….. 0,192 Médio ‐ alto
Com base nesta análise de terra optou‐se por fazer uma adubação de fundo com 1000 kg / ha de um adubo composto 20.08.10, a que corresponde uma quantidade de 200 kg/ha de azoto, 80 kg/ha de fósforo e 100 kg/ ha de potássio. Procedeu‐se também a uma correcção do pH do solo com a aplicação de 1500 kg/ha de calcário e uma correcção orgânica.
Na instalação e condução do ensaio optou‐se pelas técnicas culturais da região, procedendo‐se a uma lavoura seguida de fresagem para incorporação dos fertilizantes e correctivos.
O delineamento estatístico usado na instalação destes ensaios foi o de blocos casualizados, com 3 repetições.
A área útil do talhão é de 12,0 m2, constituído por 2 linhas de 8 m cada, afastadas entre si de 0,75 m, a que corresponde uma densidade de sementeira de 95000 plantas/há para o ciclo 300 e de 85000 plantas/há para os ciclos 400 e 500.
A sementeira foi feita manualmente, com distribuição da semente nas linhas anteriormente abertas, e de acordo com os compassos definidos em protocolo.
Tendo em consideração a experiencia da cultura em anos anteriores, optou‐se pela aplicação de um herbicida em pré‐emergência, com 312,5 g/l de S‐Metolacloro + 187,5 g/l de Terbutilazina para o controlo das infestantes e um insecticida (Ciclone) para controlo do alfinete.
Durante o ciclo vegetativo procedeu‐se a uma sacha com escarificador para destruir a camada superficial e controlar algumas infestantes entretanto surgidas e uma amontoa passados cerca de 10 dias.
A partir do dia 8 de Julho, e como não se verificou ocorrência de chuvas foi necessário recorrer à rega por aspersão para compensar a carência de humidade no solo, tendo‐se realizado 6 regas entre o dia 8 de Julho e 26 de Agosto.
Registo de datas
Ciclo Variedades Sementeira Emergência Desbaste Colheita
Ciclo 300 20 27‐04‐2010 05‐05‐2010 26‐05‐2010 15‐09‐2010
Ciclo 400 16 27‐04‐2010 6‐‐05‐2010 25‐05‐2010 22‐09‐2010
Ciclo 500 27 27‐04‐2010 6‐‐05‐2010 25‐05‐2010 22‐09‐2010
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3. Ciclo FAO 300
3.1 Observações de campo
Vigor A variedade código10082 apresentou o maior vigor à emergência enquanto as variedades códigos 09047, 10014, 10017, 10040 e 10041 registaram o menor vigor. Floração A floração ocorreu entre 03 e 05 de Julho na variedade código 10082 (var. mais precoce) e 10 e 13 de Julho na variedade código 10016 (var. mais tardia). Maturação Por sua vez, a maturação ocorreu entre 08 e 13 de Agosto para a variedade código 09050 (var. mais precoce) e entre 16 e 17 de Agosto na variedade código 10085 (var. mais tardia). Colmos partidos Em relação ao número de colmos partidos, deve referir‐se o baixo número de colmos partidos, com todas as variedades sem colmos partidos excepto a variedade10085 onde se registou apenas um colmo partido. Plantas tombadas Também se registaram muito poucas plantas tombadas, com 2 plantas tombadas nas variedades 09085 e 10055 e 1 nas variedades 09055, 10014 e 10062, o que reflecte a boa resistência à acama das variedades. Plantas com espiga As variedades 09047, 09055 e 10015 apresentaram o maior número de plantas com espiga (113) seguida das variedades 10014, 10055 e 10082 com 112 plantas com espiga. A variedade que apresentou menos plantas com espiga foi a 10017 com 99, seguida da 10085 com 105 plantas. 3.2 Resultados e análise das produções
A colheita do ensaio realizou‐se em 15 de Setembro, todas as variedades foram colhidas e apurado as produções de grão por talhão e o correspondente teor de humidade para determinação posterior das produções de grão, que se observam no gráfico.
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
32,00
34,00
Produção (t/há) Humidade do grão (%)
Da observação do gráfico, constatamos a grande variação da produção entre as variedades em estudo, tendo a variedade com o código 10075 registado a maior produção com 20,255 ton/ha e a variedade com o código 10082 a de menor produção, com 13,353 ton/ha.
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145
4. Ciclo FAO 400
4.1 Observações de campo
Vigor A variedade código 10037 apresentou o maior vigor à germinação com (1) enquanto as variedades códigos 10056 e 10087 apresentaram o menor vigor (5).
Floração A floração ocorreu entre os dias 06 e 17 de Julho, sendo que as variedades de floração mais precoce foram os códigos 09084 e 10077, entre 07 e 09 de Julho, enquanto a floração mais tardia se registou nas variedades códigos 09057 e 10088, ocorreu entre 13 e 17 de Julho.
Maturação Por sua vez, a maturação ocorreu entre 10 e 21 de Agosto, sendo a variedade código 10077 a mais precoce na qual a maturação ocorreu entre 08 e 10 de Agosto e a variedade código 09057 a mais tardia em que a maturação ocorreu entre 17 e 21 de Agosto.
Colmos Partidos Não foram registados colmos partidos em qualquer variedade.
Plantas tombadas Registaram 6 plantas tombadas na variedade código 10077, 2 na variedade código10078 e 1 nas variedades códigos 10039 e 10098
Plantas com espiga As variedades 10035, 10039 e 10084 apresentaram o maior número de plantas com espiga (101) seguida das variedades 10023, 10024, 10077 e 10086 com 100 plantas com espiga. A variedade que apresentou menos plantas com espiga foi a 09057 com 93, seguida da 10078 com 97 plantas. 4.2 Resultados e análise das produções A colheita do ensaio realizou‐se em 22 de Setembro, com a colheita de todas as variedades e apurado as produções de grão por talhão e o correspondente teor de humidade, determinando‐se posteriormente as produções de grão, que se observam no gráfico.
A análise sumária do gráfico permite observar diferenças acentuadas de produção de grão entre as variedades em estudo, verificamos que a variedade código 10023 apresentou a maior produção seguida da variedade código 10078, enquanto as variedades códigos10024 e 10056 apresentaram as menores produções.
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146
5. Ciclo FAO 400
5.1 Observações de campo
Vigor As variedades com os códigos 09075, 09089 e 10090 apresentaram o maior vigor à germinação (1) enquanto as variedades com os códigos 09058 e 10043 apresentaram o menor vigor (5) Floração A floração ocorreu entre o dia 06 e 14 de Julho, sendo que na variedade código 10086 a floração ocorreu entre 06 e 10 de Julho e a variedade código 09058 com a floração mais tardia, esta ocorreu entre 13 e 16 de Julho. Maturação A maturação ocorreu num período bem largo, entre 10 e 22 de Agosto, sendo a variedade mais precoce o código 10086 na qual a maturação ocorreu entre 09 e 14 de Agosto e para a variedade mais tardia o código 10043 em que a maturação ocorreu entre 21 e 22 de Agosto. Colmos Partidos Em relação ao número de colmos partidos, deve referir‐se que não registaram colmos partidos em qualquer das variedades. Plantas tombadas Também se registaram muito poucas plantas tombadas, na variedade código 09089 observou‐se em média 4 plantas tombadas, enquanto nas variedades 09058, 09074, 10018,10032, 10045 e 10090 se registou apenas 1 planta tombada e nas restantes não houve plantas tombadas. Plantas com espiga As variedades 10076 e 10089 apresentaram o maior número de plantas com espiga (102) seguida das variedades 10032, 10045, 10046 e 10088 com 101 plantas com espiga. A variedade que apresentou menos plantas com espiga foi a 09073 com 92, seguida da 10058 com 92 plantas com espiga. 5.2 Resultados e análise das produções A colheita do ensaio realizou‐se em 29 de Setembro, tendo‐se colhido todas as variedades e apurado as produções de grão por talhão e o correspondente teor de humidade, determinando‐se posteriormente as produções de grão, que se observam no gráfico.
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
22,00
24,00
Variedade
Prod
ução
(ton
/ha)
18,00
20,00
22,00
24,00
26,00
28,00
30,00
32,00
34,00
Hum
idad
e (%
)
Série2 Série1
A análise sumária do gráfico permite observar diferenças acentuadas de produção de grão entre as variedades em estudo, na ordem dos 5750 kg/ha, verificamos que a variedade código 10073 apresentou a maior produção, seguida da variedade código 10045, enquanto as variedades códigos10058 e 09073 apresentaram as menores produções.
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147
11. ENSAIOS DE VARIEDADES DE SORGO DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, EM AVEIRO B. Saltão, Carlos Gancho 1. Justificação e Objectivos A realização do ensaio tem como objectivo principal averiguar se as novas variedades reúnem as condições exigidas para a sua inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV).
Este ensaio serve para avaliação do Valor Agronómico das Variedades de Sorgo propostas à inscrição no Catálogo Nacional de Variedades, em comparação com outras variedades eleitas para testemunha e previamente definidas, assim como apoiar a apreciação do seu Valor de Utilização.
2. Material e Métodos O ensaio foi realizado numa parcela de terreno localizada na freguesia de Oliveirinha, concelho de Aveiro.
O local onde se instalou o ensaio é um terreno com um solo franco ‐ argiloso, de textura média, pouco ácido (pH 6,1), de fertilidade média‐alta e teor de Matéria Orgânica de 4,62 %.
Quadro 1 – Relatório de análise de terra
Parâmetros Resultados Interpretação
Textura Média
pH (H2O) ……………………………….… 6,1 Pouco ácido
Nec. Cal CaCO3 t/ha ………………………………… … 0
Fósforo P2O5 ppm ……………………………….. > 200 Muito alto
Potássio K20 ppm …………………………………..116 Médio ‐ Alto
Magnésio Mg ppm …………………………………… 48 Baixo
Matéria orgânica ………………………………… 4,62 Alto
Azoto total % N % ……………………………….. 0,199 Médio ‐ alto
O antecedente cultural foi uma cultura de milho para grão.
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148
A preparação do solo para a instalação do ensaio iniciou‐se com uma fresagem para destruição do restolho existente, seguiu‐se uma lavoura e uma nova fresagem para incorporar os fertilizantes de fundo e preparar o solo para a germinação das sementes do sorgo.
A fertilização foi calculada em função das necessidades da cultura e de acordo com a análise de terra. Em fertilização de fundo foram usados 50 kg de sulfato de amónio 20,5%, 8 kg de sulfato de potássio 50 % e 2 kg de sulfato de magnésio 16,5%, quantidades calculadas em função da área do ensaio.
O delineamento estatístico usado na instalação deste ensaio foi o de blocos casualizados, com 3 repetições e 11 variedades (09125, 09129, 10133, 10134, 10135, 10136, 10139, 10140, 10141, 10142, 10143).
A área útil do talhão é de 7,5 m2, formado por 6 linhas de 5,0 m cada, afastadas entre si de 0,25 m.
Esquema do ensaio
B B B Rua Rua Rua
09125 10135 10134
Rua Rua Rua
09129 10140 10135
Rua Rua Rua
10133 10136 10143
Rua Rua Rua
10134 10139 10142
Rua Rua Rua
10135 10141 09125
Rua Rua Rua
10136 10142 10133
Rua Rua Rua
10139 09128 09129
Rua Rua Rua
10140 10143 10136
Rua Rua Rua
10141 10134 10139
Rua Rua Rua 10142 09125 10140 Rua Rua Rua
10143 10133 10141
Rua Rua Rua B B B
A distribuição da semente foi feita manualmente, talhão por talhão, assim como o seu enterramento.
Quadro 2 – Datas de sementeira, emergência e colheita
Variedades Sementeira Emergência Colheita
11 04‐05‐2010 20‐05‐2010 16‐08‐2010 30‐08‐2010 07‐09‐2010
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149
No combate às infestantes optou‐se por não recorrer à monda química em situação de pré‐emergência, dada a possibilidade de recorrer posteriormente, se necessário, a sacha manual.
3. Registos
A germinação e o desenvolvimento vegetativo das variedades de sorgo decorreram de forma regular, não se registando quaisquer tipos de ocorrências que afectassem negativamente o ensaio. Neste período registaram‐se as principais ocorrências no ensaio, no sentido de caracterizar o comportamento em campo das variedades em estudo.
Quadro 3 ‐ Registo de observações
09125 09129 10133 10134 10135 10136 10139 10140 10141 10142 10143
Nº plantas à emergência 93,33 79,33 95,00 74,00 94,00 82,66 96,00 81,66 146,33 101,00 67,33
Regularidade de emergência
5,00 6,33 4,33 5,66 3,66 3,66 5,00 3,66 3,66 4,33 7,00
Vigor inicial das plantas 5,66 5,00 3,66 5,00 3,66 3,66 3,00 3,66 3,66 5,00 6,33
Em relação à emergência, verificou‐se que a variedade 10141 apresentou o maior número médio de plantas à emergência com 146,33, seguida da variedade 10142 com 101 plantas e, por sua vez, a variedade 10143 apresentou o menor número de plantas com 67,33 seguida da 10134 com 74 plantas. Em relação à regularidade de emergência, verificou‐se uma maior regularidade nas variedades 10135,10136, 10140 e 10141 com um valor médio de 4,33, enquanto a variedade 10143 apresentou uma menor regularidade na emergência com o valor médio de 7,00 seguida da variedade 09129 com 6,33. No que diz respeito ao vigor inicial das plantas, a variedade que apresentou maior vigor foi a 10139 (média de 3,00) seguida das variedades 10133, 10135, 10136,10140 e 10141 e a que apresentou menor vigor inicial foi a variedade 10143 (média de 6,33). Na fase inicial do crescimento das plantas verificou‐se um ataque de rosca que foi controlado com um tratamento com recurso à substancia activa Lambda‐Cialotrina (Karate+). Devido à escassez de chuva e de modo a manter a humidade do solo suficiente para suprir as necessidades das plantas, foram feitas 7 regas entre 13 de Julho e 30 de Agosto, usando um sistema de rega por aspersão. Próximo da data de colheita ocorreram ventos mais ou menos fortes que conduziram à acama de algumas plantas, nomeadamente as variedades 10139 (variedade com maior sensibilidade à acama com cerca de 50 % das plantas acamadas), seguida das variedades 10134, 10135, 10140 e 10142. Não se registou acama das plantas nas restantes variedades. Em todo o ciclo vegetativo não se registou o aparecimento de pragas e/ou doenças em qualquer das variedades em ensaio. Com o aproximar da época de colheita verificou‐se a presença de aves (pardais), com efeitos negativos ao nível da semente, sendo o efeito mais evidente nas variedades 09129,10133, 10136 e 10140.
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150
4. Resultados
Com o desenvolvimento das plantas e a proximidade da colheita, verificou – se que as variedades atingiam o estado fenológico indicado para a realização do corte em datas diferentes, pelo que a colheita foi feita escalonadamente. As 2 variedades mais precoces a serem colhidas foram os códigos 10139 e 10142, sendo neste caso o corte efectuado a 16 de Agosto. No dia 30 de Agosto colheram‐se mais cinco variedades, códigos 09125, 09129, 10133, 10134 e 10135. As restantes variedades, códigos 10136, 10140, 10141 e 10143 foram colhidas no dia 7 de Setembro. Para avaliação da produção de forragem das variedades em estudo procedeu‐se ao corte total do talhão e pesada toda a produção. Em seguida procedeu‐se à preparação das amostras, formadas por 3 plantas inteiras por talhão, devidamente seccionadas a fim de facilitar a secagem em estufa com ventilação forçada, para avaliar a matéria seca. Os registos mais significativos nesta fase, bem como as datas de corte para cada variedade, constam nos quadros 4 e 5.
Quadro 4 – Registo das produções por variedade e talhão (mat. verde, kg)
Repetição Variedade
Data de Colheita I II II
Média (t/ha)
09125 30 Agosto 62,660 75,480 80,690 97,258 09129 30 Agosto 77,860 83,360 92,765 112,884 10133 30 Agosto 67,775 78,690 83,015 101,991 10134 30 Agosto 60,545 64,115 62,800 83,316 10135 30 Agosto 67,835 68,135 85,355 98,357 10136 07 Setembro 103,715 99,955 119,650 143,698 10139 16 Agosto 68,910 61,840 78,755 93,113 10140 07 Setembro 96,915 76,900 93,845 118,960 10141 07 Setembro 177,140 12,095 142,375 196,271 10142 16 Agosto 89,740 74,710 76,920 107,276 10143 07 Setembro 131,215 109,315 100,090 151,520
Quadro 5 – Registo da mat. Verde, teor de humidade e mat. Seca
Variedade Produção matéria verde
(t/ha) Teor de humidade
(%) Matéria seca
(t/ha) 09125 97,258 71,24 28,191 09129 112,884 70,01 30,518 10133 101,991 62,96 12,525 10134 83,316 64,55 9,840 10135 98,357 62,86 12,118 10136 143,698 63,40 17,484 10139 93,113 56,76 13.462 10140 118,960 63,07 14,649 10141 196,271 68,75 20,541 10142 107,276 69,11 11,068 10143 151,520 60,87 19,609
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5. Análise dos resultados As produções obtidas no ensaio estão projectadas no gráfico seguinte: Pela análise do gráfico e considerando as produções em matéria seca, deve assinalar‐se as grandes diferenças entre as variedades em estudo.
0,00020,00040,00060,00080,000
100,000120,000140,000160,000
9125
9129
1013
310
134
1013
510
13610
139
1014
010
141
1014
210
143
Variedade
Prod
ução
t/ha
0,00010,00020,00030,00040,00050,00060,00070,00080,000
Hum
idad
e %
Mat verde t/há Mat Seca t/há Humidade %
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12. ENSAIOS DE VARIEDADES DE SORGO DA REDE NACIONAL DE ENSAIOS, PARA
BIOMASSA, NO CEBM‐COIMBRA Carlos Alarcão 1. Introdução e Objectivos
Com este primeiro ano de ensaio, pretendeu‐se avaliar a aptidão cultural e produtiva de diferentes variedades de sorgo forrageiro (Sorghum ssp.) para efeitos de produção de biomassa para produção de energia, a fim de apurar se reúnem os requisitos para ainscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV). No caso presente, trata‐se de plantas da família das gramíneas, com fotossíntese em C4 e, como tal, com aptidão bem marcada para produção de elevadas quantidades de biomassa sob condições de temperatura média a elevada e condições de luminosidade intensa (dias longos), com prévia referência ao facto de algumas das espécies e subespécies em ensaio possuírem algum grau de resistência à secura. No decorrer do período correspondente ao primeiro ano de ensaio, os trabalhos de campo desenvolvidos após a sementeira incluíram registos e observações de emergência e de precocidade, observação e o registo periódico do desenvolvimento da cultura, acompanhamento das regas, mondas e outras operações culturais, marcação e realização dos cortes, pesagens da totalidade da produção em cada talhão, recolha e processamento de amostras, apuramento das produções em matéria seca, determinação dos valores produtivos e tratamento gráfico dos dados. 2. Delineamento Experimental e Esquema de Campo
Número de repetições: 3 Talhões de 7,5 m2 (6 linhas espaçadas de 0,25m x 5m de comprimento) Bordaduras (B) igualmente com 6 linhas Largura = 1,5*13+12*1 = 31,5 metros Comprimento = 19 metros A área total do ensaio ronda 600 m2 Blocos separados por ruas de 2 metros; talhões separados por ruas de 1 metro Número de variedades: 11
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153
3. Dados Meteorológicos do ano de 2010
Foram analisados os dados referentes à temperatura, precipitação, radiação global, humidade relativa e vento, registados durante todo o período em que decorreu o ensaio, ou seja, entre Maio e Setembro de 2010. Os dados foram retirados do site da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), com base os registos do posto meteorológico de Bencanta, cuja distância em linha recta ao local do ensaio é pouco superior a 2 Km.
Procedeu‐se também à comparação destes dados climáticos de 2010 com os valores médios relativos a um período de referência de 30 anos recentes (1971‐2000), obtidos a partir do site oficial do Instituto de Meteorologia, I.P. (www.meteo.pt), a fim de averiguar até que ponto o período de desenvolvimento do ciclo cultural ocorreu sob condições meteorológicas representativas (ou não) do clima “normal” da região.
Valores da Precipitação e da Temperatura média do ar em 2010
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro
Prec
ipita
ção
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Tem
pera
tura
(Cº)
Precipitação
Temperatura
Por comparação com as normais climáticas para a região, verifica‐se que a temperatura média do ar no ano de 2010 registou valores superiores à média dos verificados no período de 30 anos, para os meses de Abril (+1,8 ºC), Maio (+0,7 ºC), Junho (+0,3ºC) Julho (+1,0ºC) e Agosto (+1,3 ºC). Dentro do período do ensaio, apenas o mês de Setembro decorreu com temperatura média ligeiramente inferior à normal (‐0,1 ºC), o que confirma a tendência para o aquecimento global que também já se manifesta na região de Coimbra.
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154
O final de Maio e os primeiros dias de Junho ficaram marcados por elevada temperaturas máximas do ar (acima dos 30ºC), situação que se repetiu no final deste último mês. Também em Julho se registaram algumas vagas de calor acentuadas (períodos com temperaturas máximas acima dos 35ºC) e muito prolongadas, tendência que se acentuou ainda mais no decurso do mês de Agosto, alcançando‐se nestes dois meses, valores médios das temperaturas máximas diárias de 31,4ºC e 32,4ºC, respectivamente. Neste período torna‐se assim fundamental o apoio da rega para combate ao stress térmico e deficit hídrico vegetal.
A respeito da precipitação, refere‐se que ela ocorreu de forma regular ao longo do Inverno, prolongando‐se pelo início da Primavera. No entanto, a situação inverteu‐se no mês em que se procedeu à instalação do ensaio (Maio) e, em especial, nos meses do Verão (Julho, Agosto e Setembro) que foram muito quentes e secos. No entanto, a ocorrência de algumas trovoadas de Verão, como a ocorrida no dia 31 de Agosto, provocou efeitos indesejáveis sobre o ensaio, acentuando situações pontuais de acama já existentes.
A radiação global atingiu o seu valor máximo no mês de Julho (média diária de 27,8 MJ/m2), seguida de Junho (25,9 MJ/m2), Maio (24,9 MJ/m2) e de Agosto (24,1 MJ/m2). No mês de Setembro, que coincidiu com a colheita da maior número de variedades, a radiação global atingiu o seu valor mínimo do período do ensaio (média diária de 19,6 MJ/m2).
4. Solos: características, preparação e fertilização
O terreno onde o presente ensaio varietal foi instalado corresponde a um Aluviosolo profundo, de textura grosseira e com bastante boa drenagem, com pH neutro, fertilidade elevada e teor de matéria orgânica de 2,84 %. O antecedente cultural foi uma forragem outono‐Invernal, propositadamente cortada um pouco antes da data prevista, a fim de se instalar este ensaio. Procedeu‐se a uma adequada mobilização do solo (a 24 de Maio) através de duas gradagens cruzadas, intercaladas por lavoura semi‐profunda (30 cm), para garantir um efectivo controlo da vegetação infestante e também para incorporação dos fertilizantes em fundo.
Esta fertilização de fundo consistiu na incorporação de 50 Kg de nitromagnésio 27% e de 50 Kg de Foskapa (adubo 7:14:14), que foram aplicados numa área de 700 metros2 (onde se inseriu toda a área do ensaio), valores estes determinados em função dos resultados da análise de terra, tendo em vista compensar as exportações previstas pela remoção da massa forrageira do terreno.
Resultados da análise química sumária de terra
pH ………………………………………………….. 6,7
P205 (ppm) ……………………………………….. + 200
K20 (ppm) ………………………………………… + 200
CaO (ppm) ..…...………………………………….. ‐
C‐total (%) ………………………………………… ‐
Parâmetros
N total (%) …………………………………………. 0,131
Face à elevada fertilidade do solo agrícola em causa e considerando que neste período de ocupação cultural não seria de prever grande lixiviação de nutrientes por efeitos de precipitação, não se programou nem se realizou qualquer fertilização de cobertura ao ensaio.
Também se optou por não recorrer a monda química em situação de pré‐emergência, dada a possibilidade de recorrer posteriormente (e se necessário) a mondas anuais.
4. Técnicas utilizadas na instalação da cultura
A sementeira foi efectuada a 26 de Maio, em 6 linhas espaçadas de 0,25 m e previamente marcadas em cada um dos 33 talhões, tendo‐se efectuado nessa altura uma distribuição homogénea da semente pelas
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155
linhas e na área útil de cada talhão (5 m x 1,5 m = 7,5 m2 ). A densidade de sementeira correspondeu a 100 sementes/m2 para as variedades de sorgo (Sorghum bicolor) e híbridas com erva‐do‐Sudão (Sorghum bicolor x S. sudanense) e a 120 sementes/m2 para as variedades de erva‐do‐Sudão.
Figura 1 – Pormenor da sementeira em linhas
Figura 2 – A semente de cada variedade foi uniformemente distribuída pelas 6 linhas traçadas no talhão A distribuição da semente foi feita manualmente, talhão por talhão, assim como o seu enterramento.
5. Registos fenológicos e ocorrências ao longo do ciclo vegetativo
Durante o período de tempo que correspondeu a este primeiro ano do ensaio, registaram‐se as principais ocorrências de campo, no sentido de tirar ilações quanto ao comportamento em campo das diferentes variedades, em relação com os dados meteorológicos do período considerado e outros factores. Constatou‐se que a semana pós‐sementeira foi muito quente, designadamente entre os dias 29 de Maio (sábado) e 2 de Junho (4ª feira), ocorrendo um acentuado arrefecimento na semana seguinte, acompanhado de chuva, que começou a cair logo no fim de semana de 5 e 6 de Junho, em valores bastante significativos.
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Na tabela seguinte apresentam‐se os primeiros registos e indicações do grau de precocidade da emergência e percentagem de falhas nas linhas e nos talhões, numa fase em que as plantas tinham entre 3 e 5 folhas.
Repetição Variedade
I II III Média
1 (09125) 5 1 3 3
2 (09129) 3 1 1 1,667
3 (09133) 3 1 1 1,667
4 (10134) 3 3 1 2,333
5 (10135) 3 1 1 1,667
6 (10136) 3 1 1 1,667
7 (10139) 3 1 1 1,667
8 (10140) 3 1 1 1,667
9 (10141) 3 1 1 1,667
10 (10142) 5 1 3 3
11 (10143) 5 1 1 2,333
1 – muito regular 3 – bastante regular 5 – regular 7 – pouco regular 9 – irregular
Estado 13 (três folhas)
Muito embora se registasse a presença de algumas infestantes, designadamente Amaranthus, junça e beldroegas, não houve necessidade de se recorrer à aplicação de herbicidas, optando‐se por efectuar uma monda manual. Efectuaram‐se regas por aspersão mas, na 2ª semana de Julho, ocorreu alguma acama de plantas, provocada pela falta de uniformidade da distribuição da água, resultante das deficiências do equipamento de rega usado. Dado o grande vigor das plantas e a sua deficiente ancoragem num solo bastante fértil e de textura ligeira, as regas passaram a efectuar‐se com maior frequências mas menores dotações e só assim foi possível consolidar o endireitamento das plantas, com excepção para as variedades 1 e 11 que foram as que apresentaram maior sensibilidade à acama, não tendo recuperado completamente. A 23 de Agosto (2ª feira), iniciou‐se a marcação das colheitas, que decorreram de forma escalonada, a partir de 25 deste mês, à medida que as plantas atingiam o estado fenológico indicado para a realização do corte total da biomassa presente. Os registos mais significativos nesta fase, bem como as datas de corte para cada variedade constam do quadro das produções obtidas. O corte inicial das duas variedades mais precoces (números 7 e 10) efectuou‐se a 25 de Agosto. Na tarde do dia 03 de Setembro cortaram‐se mais duas variedades, a nº 5 (código 10135) e a nº8 (10140) e constatou‐se a presença de pardais na zona do ensaio, situação que persistiu daqui para a frente, com algum predomínio para as duas bordaduras. Na tarde do dia 6 e durante parte do dia 7 de Setembro ocorreu alguma precipitação na zona de Coimbra o que, associado ao abaixamento de temperatura, permitiu aliviar os sintomas de algum stress hídrico na variedade mais atrasada (nº 9) então em inicio de floração. Após esta data foi suspensa a rega do ensaio.
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Figura 4 – O corte das diferentes variedades ocorreu na fase de grão leitoso
Na manhã do dia 9 de Setembro (5ª feira), efectuou‐se o corte das variedades nº 2 (09129) e nº 3 (10133) e da parte da tarde foram colhidas as variedades nº 4 (10134) e nº 6 (10136), todas elas com a grão na fase ena coloração indicadas no protocolo técnico. Uma semana depois, a 16 de Setembro, efectuou‐se o corte das variedades nº 1 e nº 11 (códigos 09125 e 10143 respectivamente). A última variedade a ser colhida foi a variedade nº 9 (código 10141), após indicação obtida da própria DGADR/ equipa técnica da Rede Nacional de Ensaios, numa fase em que cerca de metade das plantas tinha atingido a fase de grão leitoso, não se prevendo que a variedade pudesse vir a completar o ciclo. Os registos de campo prosseguiram ao longo do mês de Julho, à medida que as plantas evoluíam no seu ciclo vegetativo e no respectivo afilhamento e, posteriormente, com o crescimento dos caules. A 26 de Julho já se constatava que as variedades 7 e 10 eram as que se encontravam mais adiantadas em qualquer dos blocos (ou repetições), com bastantes inflorescências emitidas. Das restantes, as variedades 9 e 11 eram comprovadamente as duas mais tardias.
Figura 5 – Corte manual de uma das variedades em ensaio
A produção de forragem foi totalmente colhida em cada talhão, pesada e avaliada, procedendo‐se à constituição de amostras, na base de 3 plantas inteiras por talhão, devidamente seccionadas a fim de facilitar a perda a humidade e o seu processamento na estufa de secagem com ventilação forçada.
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\
Figura 6 – Amostra de três plantas de cada talhão à entrada para a estufa de secagem
6. Análise das Produções obtidas A colheita das várias variedades em ensaio efectuou‐se assim de forma escalonada ao longo do tempo, entre 25 de Agosto e 29 de Setembro. O apuramento da produção total registada neste primeiro ano de ensaio pode visualizar‐se no Gráfico seguinte.
19,1720,55 21,31
24,97 26,34 26,87 27,08 27,9531,12
32,6934,36
05
10
15
20
25
30
35
Prod
ução
(Kg
MS/
Talh
ão)
VARIEDADES DE SORGO PARA BIOMASSA
Produção Total do 1º ano - Coimbra
Produção Média 19,17 20,55 21,31 24,97 26,34 26,87 27,08 27,95 31,12 32,69 34,36
10134 10139 10140 9125 10142 10136 10133 10135 9129 10141 10143
O principal facto a realçar do gráfico é o registo de produções muito diferenciadas entre variedades, em resultado da respectiva espécie e duração do ciclo. Em função da análise estatística dos dados, tarefa a cargo da equipa técnica da Rede Nacional de Ensaios (DGADR) poderão retirar‐se mais ilações.
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7. Conclusões e Recomendações O facto da sementeira deste ensaio ter ocorrido duas a três semanas após o que seria a data teoricamente mais indicada, não terá afectado significativamente a expressão do potencial produtivo das diferentes variedades, dado que o Verão ocorreu sob condições de temperatura elevada e de boa luminosidade. É do conhecimento geral que a cultura de sorgo forrageiro se adapta bem a solos de textura média (francos, franco‐argilosos) e mesmo de textura pesada (argilosos). Nesse aspecto, os solos da Quinta do Loreto, em Coimbra, onde foi conduzido o ensaio, não possui a textura ideal para esta cultura, por ser um solo franco‐arenoso, isto é, de textura ligeira. Este aspecto, associado à boa fertilidade da camada arável do solo, pode ter limitado o aprofundamento do sistema radicular das planas de sorgo e, consequentemente, a capacidade de “ancoragem” das plantas, tornando‐as assim mais vulneráveis ao efeito das regas por aspersão e à acção combinada da chuva e vento fortes, potencialmente provocadoras da acama. Dada a altura atingida pelas plantas de várias variedades, foi necessário proceder a sucessivas adaptações elevatória num sistema de rega já obsoleto e que não garante a desejável uniformidade da distribuição da rega pelos vários talhões. Trata‐se de um aspecto a rever atempadamente antes da instalação do 2º ano de ensaio previsto para 2011.
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13. Ensaios de Variedades de luzerna vivaz da Rede Nacional de Ensaios, em regadio, no CEBM‐Coimbra Carlos Alarcão
1. Introdução e objectivos O ano de 2010 correspondeu ao segundo ano deste ensaio, através do qual foi avaliado o potencial agronómico de uma nova variedade de luzerna vivaz (Medicago sativa L.), com o objectivo final da sua inscrição no Catálogo Nacional de Variedades (CNV). Foi nesse sentido que foi dada continuidade ao ensaio de campo inicialmente instalado em Outubro de 2008 na Quinta do Loreto, em Coimbra, para análise do Valor Agronómico e de Utilização (VAU) e também da Distinção Homogeneidade e Estabilidade (DHE). A inscrição de novas variedades de luzerna vivaz, no Catálogo Nacional vem reforçar a panóplia de opções disponíveis, cada vez mais produtivas e resistentes a factores limitativos da produção, para uso por parte dos agentes económicos do sector, mais concretamente dos empresários do sector agro‐pecuário. A cultura da luzerna vivaz (Medicago sativa L.), explora uma espécie forrageira da família das leguminosas, com aptidão bem marcada para produção de erva de elevada qualidade, explorada em regime de vários cortes ao longo do ano. A forragem pode ser consumida em verde ou sob a forma de feno, estando também em crescente utilização os grandes fardos de luzerna desidratada e as “pelettes No decorrer do período coberto pelo presente relatório anual, que corresponde ao segundo ano de ensaio, os trabalhos de campo desenvolvidos incluíram: registos e observações de persistência invernal, precocidade de rebrote, desenvolvimento sazonal da cultura, regas e outras operações culturais, cortes, pesagens e recolha de amostras, apuramento e tratamento dos dados produtivos. 2. Delineamento do Endaio e Esquema de Campo A instalação inicial do ensaio com esta espécie forrageira perene ocorreu através de sementeira efectuada a 22 de Outubro de 2008, na forma de 8 linhas (espaçadas de 0,25 m) previamente marcadas em cada um dos 24 talhões, após a correspondente fertilização de fundo. O esquema de campo corresponde ao o diagrama que seguidamente se apresenta.
Talhão 24 Verko
Talhão 23 Alcanar
Talhão 22 Venus
Talhão 21 Siriver
Talhão 15 Plato
Talhão 10 Alcanar
Talhão 20 08097
Talhão 5 Verko
Talhão 19 Plato
Talhão 14 Alcanar
Talhão 9 Verko
Talhão 4 08097
Talhão 18 08097
Talhão 13 08097
Talhão 8 Verko
Talhão3 Venus
Talhão 17 Venus
Talhão 12 Siriver
Talhão 7 Venus
Talhão 2 Siriver
Talhão 16 Siriver
Talhão 11 Plato
Talhão 6 Plato
Talhão1 Alcanar
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3. Dados meteorológicos do ano de 2010
Analisaram‐se os dados da temperatura, precipitação, humidade e vento, registados durante o período em deste segundo ano de ensaio, entre Janeiro a Outubro de 2010, mês de realização do 5º e último corte. Os dados foram retirados do site da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), com base os registos do posto meteorológico de Bencanta, cuja distância em linha recta ao local do ensaio é pouco superior a 2 Km.
Valores da Precipitação e da Temperatura média do ar em 2010
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
Jane
iro
Fevere
iro
Março
Abril
MaioJu
nho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Prec
ipita
ção
(mm
)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Tem
pera
tura
(Cº)
Precipitação
Temperatura
Os três primeiros meses de 2010 foram francamente pluviosos, com a precipitação a ocorrer de forma regular ao longo dos dias. Esta tendência prolongou‐se pelo início da Primavera, o que fez com que as regas só se iniciassem após a realização do 1º corte, a 28 de Abril, intensificando‐se ao longo do mês de Maio. Em Julho registaram‐se algumas vagas de calor acentuadas (períodos com temperaturas máximas acima dos 35 ºC) e muito prolongadas, tendência que se acentuou ainda mais no decurso do mês de Agosto, registando‐se nestes dois meses, valores médios mensais das temperaturas máximas (registadas diariamente) de 31,4º C e 32,4º C, respectivamente. Neste período revelou‐se assim fundamental o apoio efectivo da rega para combate ao stress térmico e ao deficit hídrico vegetal. Por comparação com as normais climáticas para a região num período de referência de 30 anos recentes (1971‐2000), disponíveis no site oficial do Instituto de Meteorologia, I.P. (www.meteo.pt), verificou‐se que a temperatura média do ar no ano de 2010 registou valores ligeiramente inferiores à média nos meses de Fevereiro, Março e Outubro e valores superiores à média nos meses de Abril, Maio, Julho e Agosto. Em síntese, o Inverno foi bastante mais pluvioso que a média do período de referência, invertendo‐se a situação em Maio e, em especial, nos meses do Verão (Julho, Agosto e Setembro) que foram quentes e secos. A precipitação global ocorrida no mês de Outubro (148,2 mm) foi mais elevado do que a média dos 30 anos de referência, mas deve ressalvar‐se o facto de 73,6 mm terem sido registados nos dias 29, 30 e 31 de Outubro, isto é, já após a data de realização do 5º e último corte do ensaio.
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4. Solos: Preparação, Fertilização e Características O terreno onde o ensaio se encontra instalado desde Outubro de 2008 corresponde a um Aluviosolo profundo, de textura grosseira e com bastante boa drenagem, com pH neutro, fertilidade elevada e teor de matéria orgânica de 2,84 %.
Resultados da análise química sumária de terra à instalação
pH ………………………………………………….. 6,7
P205 (ppm) ……………………………………….. + 200
K20 (ppm) ………………………………………… + 200
CaO (ppm) ..…...………………………………….. ‐
C‐total (%) ………………………………………… ‐
Química
N total (%) …………………………………………. 0,131
Face à elevada fertilidade natural do solo agrícola, não foi efectuada qualquer fertilização no decorrer do ano. 5. Técnicas utilizadas na Condução da Cultura Em relação às referências regionais e tal como referido em anteriores relatórios, o ensaio pode ser considerado bastante representativo da cultura e da sua importância agronómica para a região. Foi instalada uma vedação protectora em malha de rede plástica, ainda no primeiro mês do crescimento vegetativo, para minimizar os danos causados por roedores e assegurar a fiabilidade dos dados e correspondente validação do ensaio. No entanto, foi bastante gravoso e de difícil controlo o ataque por rato cego à zona do colo das plantas (a zona de acumulação das reservas de hidratos de carbono), sendo notória a presença das galerias escavadas por esta espécie animal, bem como de plantas roídas na zona do colo e zona radicular adjacente, levando à morte e perda de algumas plantas ao longo do período de repouso vegetativo. Esta praga marca presença assídua um pouco por todo o Vale o Baixo Mondego, especialmene em anos de Inverno mais pluvioso. A produção de forragem foi totalmente colhida em cada talhão e avaliada para cada um dos cinco cortes efectuados, de acordo com critérios de desenvolvimento fenológico das plantas em cultivo, mais concretamente ao atingir‐se a fase da plena floração. Utilizou‐se uma gadanheira com barra de corte, aproveitando‐se a totalidade das linhas semeadas, ou seja, toda a área útil do talhão. 6. Registos fenológicos e ocorrências ao longo do ciclo vegetativo Os primeiros registos efectuados no fim de Inverno/início da Primavera forneceram indicações importantes quanto ao grau de precocidade e de resposta do primeiro rebrote após o período de dormência invernal. Em termos de aparecimento da primeira floração, um primeiro grupo constituído pelas variedades Verko e Siriver iniciou a floração ainda no fim primeira quinzena do mês de Abril. No entanto, as restantes quatro variedades responderam de forma bastante aproximada, razão pela qual se optou por efectuar o corte inicial de todas as variedades em ensaio no dia 28 desse mês.
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Observações de precocidade no campo de ensaio de luzernas vivazes de regadio
N° Talhão Variedade Altura plantas (cm)
a 15 de Março Início da 1ª Floração Plena 1ª Floração
1 Alcanar 30 20 Abril 26 Abril
2 Siriver 35 15 Abril 22 Abril
3 Venus 25 21 Abril 26 Abril
4 08097 25 19 Abril 26 Abril
5 Verko 35 16 Abril 22 Abril
6 Plato 20 22 Abril 27 Abril
7 Venus 20 21 Abril 26 Abril
8 Verko 30 16 Abril 23 Abril
9 Verko 25 16 Abril 23 Abril
10 Alcanar 35 19 Abril 26 Abril
11 Plato 20 21 Abril 27 Abril
12 Siriver 35 16 Abril 22 Abril
13 08097 30 19 Abril 26 Abril
14 Alcanar 30 19 Abril 26 Abril
15 Plato 15 21 Abril 28 Abril
16 Siriver 30 15 Abril 21 Abril
17 Venus 25 20 Abril 26 Abril
18 08097 20 20 Abril 26 Abril
19 Plato 15 22 Abril 28 Abril
20 08097 20 22 Abril 27 Abril
21 Siriver 30 16 Abril 22 Abril
22 Venus 25 21 Abril 27 Abril
23 Alcanar 35 20 Abril 26 Abril
24 Verko 35 16 Abril 23 Abril
A floração (Figura 1) ocorreu em reposta aos dias mais longos do início da Primavera e representa a fase mais indicada para se efectuar o corte e aproveitamento da forragem.
Figura 1 – Visão de pormenor da fase de floração da luzerna vivaz
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23,3222,56 22,78
23,63
18,28
23,84
0
5
10
15
20
25
30
Prod
ução
(Kg
MS/
ha)
VERKO VENUS SIRIVER PLATO ALCANAR Código08097
VARIEDADES
Produção Total do 2º ano - Coimbra
7. Cortes realizados e análise das produções obtidas
O 1º corte efectuou‐se como foi referido a 28 de Abril, com uma antecipação em cerca de 2 a 3 semanas, relativamente à data do 1º cote no ano anterior (2009 ou ano de pós‐instalação). As plantas foram cortadas a cerca de 4 cm ao solo e teve lugar um “repasse” manual com foice, para garantir o total aproveitamento da erva de cada talhão. Logo após o corte, foi possível constatar a extensão das galerias provocadas pelos ataques de rato cego. Num ou noutro talhão a própria passagem da gadanheira provocou o arranque de plantas enfraquecidas ou já mortas por tais ataques.
O 2º corte do ensaio foi realizado a 16 de Junho, quando todas as variedades tinham atingido a plena floração, registando‐se (ainda que muito pontualmente e por força de condições climáticas anormais) o início da formação de vagens em inflorescências das camadas inferiores das variedades Verko” e “Siriver”. O 3º corte ocorreu no dia 23 de Julho, após a realização das indispensáveis regas ao ensaio neste mês extremamente quente e seco, em condições bastante análogas às ocorridas para o corte anterior.
Figura 2 – Aspecto do rebrote nas linhas, após a realização do 3º corte
As observações e registos de campo foram retomadas a 23 de Agosto e o 4º corte efectuou‐se a 27 de Agosto. Tal como nos anteriores cortes, a cultura foi regada logo após a operação. Finalmente, o 5º e último corte efectuou‐se a 26 de Outubro, constatando‐se que as produções se ressentiram do facto de alguns talhões estarem bastante fracos por acção de alguns agentes bióticos.
A evolução da cultura e do seu estado fenológico registou uma relativa uniformização entre as 6 variedades, viabilizando assim a realização de cinco cortes no ensaio, à semelhança do ocorrido em 2009. O apuramento da produção total, obtida pelo somatório das produções destes cinco cortes efectuados pode visualizar‐se no Gráfico seguinte.
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O primeiro facto a realçar é o registo de produções superiores às do 1º ano, aumento este que ocorreu em todos os tratamentos (variedades) e que em termos médios correspondeu a 1,64 toneladas de MS/ha. Neste aspecto, o aumento mais significativo foi obtido pela variedade codificada (2,831 ton Ms/ha ou 11,8 %) e o menor aumento foi registado pela variedade Siriver, com um diferencial de 0,776 Ton Ms/ha (ou 3,4 %). Também se constata a continuação da tendência de menor capacidade produtiva por parte da variedade “Alcanar”, cuja produção total, apesar de ter aumentado 0,947 ton MS/ha do primeiro para o segundo ano do ensaio, produziu menos 4,28 a 5,56 toneladas de MS/ha, relativamente às restantes. Neste ano de 2010, a variedade em código, candidata à inclusão no Catálogo Nacional, ultrapassou as demais, sendo que também a variedades Verko, Vénus, Siriver e Plato mantiveram valores produtivos francamente elevados. Quanto à distribuição sazonal da produção ao longo da época de crescimento, a mesma está representada no gráfico seguinte. Numa análise da repartição da produção forrageira pelos cinco cortes praticados, destaca‐se o facto das maiores produtividades terem sido registadas no 2º e no 3º cortes, com valores médios de 5,447 e 5,151 ton MS/ha, respectivamente, ao contrário do sucedido no ano anterior, em que o máximo da produção foi alcançado no 4º corte, efectuado já em finais do Verão (10 de Setembro de 2009). 8. Conclusões e Recomendações Pelas características físicas e químicas dos solos da Quinta do Loreto, especialmente pela sua boa drenagem, valor de pH neutro e elevada fertilidade, pode afirmar‐se que a luzerna vivaz, conduzida em regadio, faz aqui jus à expressão de “rainha das plantas forrageiras”. De facto, a cultura da luzerna encontra na zona de Coimbra e no Vale do Baixo Mondego e seus afluentes, algumas manchas de solos que lhe possibilitam a obtenção de elevadas produções de erva de alta qualidade, revelando‐se assim, perfeitamente adequado o local escolhido pela DRAPCentro para realizar o ensaio solicitado pela DGADR relativamente a esta espécie forrageira. Muito embora a actividade pecuária associada à exploração de animais ruminantes não assuma presentemente uma importância tão relevante como a que já teve há poucas décadas atrás nesta região, constata‐se, por outro lado, que a criação de cavalos de desporto e para lazer tem vindo a reforçar a sua expressão no Vale do Baixo Mondego. Isto representa um mercado local ou regional de criadores particularmente interessados em adquirir feno de luzerna, pela sua elevada qualidade e adequação à criação e exploração de equídeos. Os resultados obtidos no 1º ano do ensaio e que constam do respectivo relatório anual (2009), reflectiram, os diversos condicionalismos de instalação e desenvolvimento inicial de um luzernal para produção forrageira a partir de cortes múltiplos (desenvolvimento das plântulas, efeitos das geadas e das baixas temperaturas, desenvolvimento radicular e adaptação às condições de humidade do solo, etc…). Neste 2º ano de ensaio, que corresponde a uma fase de adaptação já bem alcançada e de certa estabilidade produtiva, pode afirmar‐se que o ensaio decorreu com normalidade, permitindo a obtenção de dados produtivos fiáveis e dentro dos coeficientes de variação recomendados. Deste modo, foi possível proceder já em 2011 à inscrição no Catálogo Nacional (CNV) desta nova variedade de luzerna, após a respectiva descodificação. A nova variedade, conforme consta do Despacho nº 3163/2011, da DGADR, publicado em Diário da República, 2ª Série, Nº 33, páginas 8210 a 8212, de 16 de Fevereiro, ecebe a designação “Ascend”, sendo responsável pela sua manutenção a empresa americana Cal West Seeds,
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VI. OUTRAS CULTURAS – COGUMELOS
1. EVOLUÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DE POVOAMENTOS FLORESTAIS INOCULADOS COM ESPÉCIES DE COGUMELOS COMESTÍVEIS José Luís Gravito Henriques
1. Introdução Algumas espécies de cogumelos silvestres comestíveis começam a suscitar muito interesse pelo seu alto valor gastronómico e potencial comercial.
A reconversão de alguns terrenos com utilização agrícola para floresta não possibilita, à partida, a disponibilidade dos solos em inóculos de fungos micorrizicos, o que naturalmente dificulta a produção de alguns cogumelos com muita procura na região.
No sentido de obviar a este problema, a Associação Florestal da Beira Interior no Outono de 2007 deu inicio a um processo de introdução de alguns fungos produtores de cogumelos comestíveis em povoamentos florestais implantados nos últimos 10 a 15anos, pretendendo‐se com esta operação antecipar e aumentar a produção de cogumelos das espécies introduzidas artificialmente.
A partir de 2008 a AFLOBEI em colaboração com a DRAPC vêm acompanhando a evolução da diversidade fúngica destes povoamentos florestais. Para além de se contabilizar o número de carpóforos da espécie em avaliação, tem‐se feito a inventariação das espécies para uma futura análise comparativa, dos campos inoculados com os campos testemunha onde não foram incorporados inóculos.
Os dados referem‐se ao ano de 2010 e são apresentados ao nível da área total do campo. 2. Metodologia Delimitação a cordel de 2 campos numa superfície florestal, um sujeito a inoculação (campo de avaliação) e outro não (campo de observação), com uma área total de 300m2 (30x10m), seccionados em 6 talhões/repetições (5x10m).
Acompanhamento semanal das parcelas e registo dos dados observados, durante os meses de Outubro e Novembro.
Avaliação da produção através da contabilização dos carpóforos.
3. Resultados 3.1 Carvalho americano; 18 anos de idade; Compasso 4,5x3m; Inóculo de Boletus spp.; Valverdinho ‐ Sabugal.
Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de avaliação nem no campo de observação.
Quadro I ‐ Produção semanal e total do campo de observação SEMANA TOTAL
ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11 5
Amanita muscaria 9 17 9 10 2 47 Inocybe sp. 5 3 8 Laccaria laccata 28 18 46 Paxillus involotus 3 3
Total 4 9 25 9 41 20 104
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Quadro II ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação
3.2 Carvalho americano; 15 anos de idade; Compasso 6x3m; Inóculo de Boletus spp.; Ferro ‐ Covilhã.
Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de avaliação nem no campo de observação.
3.3 Pinheiro bravo; 19 anos de idade; Compasso 4x1,5m; Inóculo de Lactarius deliciosus; Ferro ‐ Covilhã.
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
14/10 28/10 4/11 3Amanita muscaria 1 4 5 Marasmius sp. 3 3
Total 2 3 1 4 8
Quadro III ‐ Produção semanal e total do campo de observação SEMANA TOTAL
ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11 5
Inocybe sp. 1 1 Laccaria laccata 15 107 136 100 59 417 Pisolithus tinctorius 1 1 2
Total 3 16 108 136 101 59 420
Quadro IV ‐ Produção semanal e total do campo de avaliaçãoSEMANA TOTAL
ESPÉCIE 28/10 4/11 11/11 18/11 25/11 5
Amanita gioiosa 10 10 Amanita muscaria 1 10 7 15 10 43 Hebeloma crustiliniforme 1 1 Inocybe sp. 5 5 Laccaria laccata 16 128 229 95 468 Rhizopogon luteolus 2 2 Russula amoenelens 4 4 Lactarius deliciosus 1 1
Total 8 11 26 139 252 106 534
Quadro V ‐ Produção semanal e total do campo de observaçãoSEMANA TOTAL
ESPÉCIE 4.11 11.11 18.11 25.11 4
Calocera cornea 8 8 Collybia butyracea 2 2 Laccaria laccata 12 2 14 Lactarius deliciosus 3 2 5 Marasmius androsaceus 80 30 110 Russula olivacea 6 57 30 93 Russula sardonia 21 22 43 Tricholoma portentosum 1 1
Total 8 80 6 132 58 276
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Obs: Não se observou produção de Lactarius deliciosus no campo de avaliação nem no campo de observação. 3.4 ‐ Pinheiro manso; 17 anos de idade; Compasso 6x6m; Inóculo de Lactarius deliciosus; Monte Fidalgo ‐ Castelo Branco.
Obs: Não se observou produção de Lactarius deliciosus no campo de avaliação nem no campo de observação.
Quadro VI ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE 28.10 4.11 11.11 18.11 25.11 5
Collybia butyracea 1 1 2 Galerina sp. 4 4 Laccaria laccata 18 11 4 33 Lactarius deliciosus 2 3 2 7 Marasmius androsaceus 23 23 Mycena seynisii 6 30 6 Russula olivacea 46 83 30 159 Russula sardonia 2 7 29 28 66 Suillus bellinii 3 3 Tricholoma equestre 9 7 5 21
Total 10 18 19 72 149 66 324
Quadro VII ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
14.10 4.11 18.11 25.11 4 Collybia dryophila 1 14 7 22 Laccaria laccata 12 12 Lycoperdon perlatum 1 3 2 6 Pholiota sp. 2 8 2 12
Total 4 1 3 25 23 52
Quadro VIII ‐ Produção semanal e total do campo de avaliação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
14.10 4.11 18.11 25.11 4 Collybia butyracea 1 2 3 Collybia dryophila 26 65 13 5 109 Galerina sp. 1 2 3 Hypholoma fasciculare 8 8 Inocybe sp. 1 1 Mycena pura 11 11 Pholiota sp. 28 28 Russula foetens 2 2 Vascelum pratense 2 2 Pulveroboletus hemichrysus 2 2 Fuligo septica 1 1
Total 11 29 65 56 20 170
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3.5 ‐ Sobreiro; 17 anos de idade; Compasso 6x6m; Inóculo de Boletus spp.; Monte Fidalgo ‐ Castelo Branco.
Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação. Registou‐se apenas 1 carpóforo de Boletus spretus no campo de avaliação, mas esta espécie não integra as espécies comestíveis inoculadas.
4. Considerações finais
Os dados anuais serão objecto de análise conjunta após 4 a 5 anos de acompanhamento. No que se refere
a este ano, não se verificou qualquer influência adicional na produção de cogumelos comestíveis com a
prática da inoculação.
Das espécies introduzidas apenas se registou a produção de Lactarius deliciosus no campo de avaliação
em pinheiro bravo, mas tal também se verificou, embora em menor número, no campo não inoculado.
A fraca diversidade fúngica observada neste ano tem a ver com as características do solo mas também
com o ano pouco favorável em termos de pluviosidade, nos meses de Setembro, Outubro e Novembro.
Quadro IX ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
11.11 18.11 25.11 3 Collybia dryophila 6 6 Inocybe sp. 6 6 Laccaria laccata 39 21 60 Pisolithus tinctorius 1 1 Psathyrella marcesbilis 8 8 Russula amoenelens 8 8
Total 6 14 54 21 89
Quadro X ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
4.11 11.11 18.11 25.11 4 Amanita muscaria 1 1 2 Boletus spretus 1 1 Collybia dryophila 5 5 Cortinarius sp. 5 5 Hebeloma crustiliniforme 5 5 Inocybe sp. 14 13 7 34 Laccaria laccata 22 98 52 172 Lactarius sp. 10 10 Panaeolus sp. 12 12 Pisolithus tinctorius 4 4 Psathyrella marcesbilis 14 1 15 Russula amoenelens 4 54 71 37 166
Total 12 4 109 206 112 431
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2. PRODUÇÃO E DIVERSIDADE DE COGUMELOS SILVESTRES José Luís Gravito Henriques
1. Introdução Desde há alguns anos que se vêm acompanhando áreas agro‐florestais no sentido de avaliar a capacidade produtiva de alguns cogumelos comestíveis, a diversidade fúngica de determinados habitats e as influências positivas que os fungos micorrizicos podem associar ao nível dos aspectos sanitários e da produção de algumas espécies arbóreas.
Os estudos de Outono desenvolvem‐se no que se considera a época normal de produção de cogumelos na nossa região, ou seja nos meses de Outubro e Novembro, embora haja anos em que, por razões climáticas, alguma produção com interesse se possa iniciar ou prolongar um pouco para além destes meses. Mantém‐se este período fixo de acompanhamento semanal, para futuramente se realizar uma análise comparativa ao longo dos anos.
Aproveitando o acompanhamento das área em estudo tem‐se também procedido, quando possível, a uma inventariação ao nível do concelho, das espécies de fungos e de mixomicetas observadas.
Os dados aqui apresentados referem‐se aos dados registados em alguns campos de observação apresentados no contexto da área total e ao inventário das espécies identificadas esporadicamente nos locais e itinerários adjacentes. 2. Metodologia Delimitação a cordel de 2 campos em povoamentos adultos, um sujeito à apanha dos carpóforos (campo de avaliação) e outro não (campo de observação), com uma área total variável com as condições locais, seccionados em 6 talhões/repetições.
Acompanhamento semanal das parcelas e registo dos dados observados, durante os meses de Outubro e Novembro.
Avaliação da produção através da contabilização dos carpóforos.
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3. Resultados 3.1 ‐ Castanheiro; Área ‐ 576 m2; Prospeção de Boletus spp.; Martim Rei ‐ Sabugal
Obs: Não se observou produção de Boletus spp., no campo de observação.
3.2 Carvalho; Área ‐ 200 m2; Prospeção de Boletus spp.; Quinta da Maunça ‐ Guarda
Obs: Não se observou produção de Boletus spp., no campo de observação.
3.3 ‐ Pinheiro bravo; Área ‐ 300 m2; Prospeção de Boletus spp.; Cabeça – Seia
Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação.
Quadro I ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE 5.11 12.11 19.11 26.11 4
Collybia dryophila 12 12
Hebeloma crustiliniforme 80 89 82 27 278
Hypholoma fasciculare 15 18 33
Marasmius quercophilus 90 90
Mycena sp. 2 2
Stropharia coronilla 2 2
Tricholoma acerbum 3 3
TOTAL 7 107 107 179 27 420
Quadro II ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
12.11 19.11 26.11 3Psathyrella piluliformis 8 8
Coprinus sp. 4 4
Macrolepiota procera 1 1 2
TOTAL 3 1 12 1 14
Quadro III ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 5 Amanita rubescens 1 1
Dacrymyces stillatus 8 3 11
Hypholoma fasciculare 2 4 6
Laccaria laccata 2 2 Marasmius androsaceus
23 23
Mycena seynesii 3 3
TOTAL 6 2 4 34 3 3 46
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3.4 Pinheiro silvestre; Área ‐ 100m2; Prospeção de Hydnum repandum; Folgosinho ‐ Gouveia
Obs: Não se observou produção de Hydnum repandum no campo de observação.
3.5 ‐ Bétula; Área ‐ 300m2; Prospeção de Boletus spp.; Folgosinho ‐ Gouveia
Obs: Não se observou produção de Boletus spp. no campo de observação. 3.6 ‐ Pinheiro negro; Área ‐ 150m2; Prospeção de Tricholoma portentosum; Folgosinho ‐ Gouveia
Obs: Registaram‐se apenas 2 carpóforos de Tricholoma portentosum no campo de observação.
Quadro IV ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
8.10 15.10 20.10 3.11 10.11 17.11 24.11 7 Amanita rubescens 4 4 Clitopilus prunulus 4 4 Collybia butyracea 2 2 Cortinarius sp. 2 2 Flamulina velutipes 5 5 Hygrophoropsis aurantiaca 2 7 1 1 11 Hygrophorus hypothejus 1 1 Hypholoma fasciculare 3 3 Lactarius rufus 5 6 11 Russula badia 2 1 3 Suillus luteus 3 2 4 9
TOTAL 11 2 12 1 6 13 10 11 55
Quadro V ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
8.10 15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 8 Amanita muscaria 1 1 Amanita rubescens 1 1 Amanita vaginata 2 1 1 2 1 1 8 Astraeus hygrometricus 1 3 1 1 6 Collybia butyracea 2 2 Hypholoma fasciculare 5 15 20 Lactarius necator 1 1 1 2 1 6 Mycena sp. 1 1 Paxillus involotus 1 2 3 1 7 Russula aeruginea 2 6 6 9 23
TOTAL 10 2 10 1 8 16 11 24 3 75
Quadro VI ‐ Produção semanal e total do campo de observação
SEMANA TOTAL ESPÉCIE
8.10 15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 8Cortinarius sp. 2 2 Hygrophoropsis aurantiaca 2 2 1 1 6 Hypholoma fasciculare 4 8 24 4 40 Lactarius rufus 5 6 11 Lycogala epidendrum 1 1 Pholiota pinicola 2 2 Pseudohydnum gelatinosum 6 6 Tricholoma portentosum 2 2 Xerocomus badius 1 1
TOTAL 9 2 4 6 9 24 9 1 16 71
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4 ‐ Inventário de Outono
4.1 ‐ Concelho do Sabugal
Quadro VII ‐ Espécies identificadas
SEMANA ESPÉCIE
7.10 15.10 22.10 29.10 5.11 12.11 19.11 26.11 Agaricus campestris x Agaricus sylvaticus x x x Agaricus sylvicola x Amanita citrina x x x Amanita gioiosa x x Amanita muscaria x x Amanita phalloides x Amanita rubescens x x x Armillaria mellea x Boletus aereus x x Boletus aestivalis x x Boletus edulis x x Boletus erythropus x x x x Boletus pinophilus x x x Boletus spretus x Boletus pseudoregius x Boletus radicans x Bovista plumbea x Chalciporus piperatus x Clitocybe gibba x Clitocybe vibecina x Clitopilus prunulus x Collybia butyracea x Collybia dryophila x Cortinarius sp. x x x Cortinarius traganus x Cortinarius trivialis x Entoloma sp. x Entoloma vernum x Fistulina hepática x x x Flamulina velutipes x Grifola frondosa x Hebeloma crustiliniforme x x x x Hebeloma mesophaeum x Hypholoma fasciculare x x x x x Hypholoma sublateritium x x Lactarius deliciosus x x Lepiota clypeolaria x Lepista nuda x x x Lycogala epidendrum x Macrolepiota procera x Marasmius quercophilus x Mycena pura x Mycena rosea x Mycena seynesii x Mycena sp. x Pisolithus tinctorius x Pleurotus ostreatus x x x Pluteus cervinus x Psathyrella piluliformis x x Ramaria formosa x Ramaria stricta x Rhizopogon luteolus x Stereum hirsutum x Stropharia coronilla x Suillus bellinii x Trametes versicolor x Tremella folleacea x Tremella mesenterica x Tricholoma acerbum x x x Tricholoma equestre x x Tricholoma portentosum x x Tricholoma saponaceum x Tricholoma sulphureum x Tricholoma ustale x x x Tricholoma ustaloides x
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4.2 Concelho da Guarda
Quadro VIII ‐ Espécies identificadas
SEMANA ESPÉCIE
7.10 15.10 22.10 29.10 5.11 12.11 19.11 26.11 Agaricus campestris x Agaricus sp. x Agaricus xanthodermus x Amanita citrina x x Amanita phalloides x Amanita vaginata x Armillaria cepistipes x Bovista plumbea x Clitocybe gibba x Clitocybe vibecina x Coltricia perennis x x x Coprinus micaceus x Coprinus sp. x Cortinarius sp. x x Galerina sp. x Hebeloma crustiliniforme x Hebeloma mesophaeum x Hypholoma fasciculare x x x Laccaria bicolor x Laccaria laccata x x x Lactarius quietus x x x x Lactarius sp. x x x x Macrolepiota procera x x x x x Meripilus giganteus x Mycena seynesii x Paxillus involutus x Polyporus squamosus x Psathyrella piluliformis x Psathyrella sp. x Rhizopogon luteolus x Russula parazurea x x Russula sardonia x Russula sp. x Scleroderma bovista x Scleroderma citrinum x x x Scleroderma verrucosum x x x Stropharia coronilla x Suillus bellinii x Tremella mesenterica x Xerocomus chrysenteron x x x Xerocomus pruinatus x x
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4.3 Concelho de Seia
Quadro IX ‐ Espécies identificadas
SEMANA ESPÉCIE
8.10 15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 Agaricus campestris x Amanita citrina x x x x Amanita muscaria x x x x x Amanita rubescens x x x x Amanita spissa x Armillaria mellea x Baeospora myosura x x x Boletus erythropus x x Boletus pinophilus x x x x Clitopilus prunulus x x x x Collybia maculata x Coprinus comatus x Cortinarius sp. x x Dacrymyces stillatus x x Fuligo septica x Gomphidius viscidus x x x Gymnopilus penetrans x Hygrophoropsis aurantiaca x x x x Hypholoma fasciculare x x x x Inermisia fusispora x x Inocybe sp. x Inonotus hispidus x Laccaria bicolor x Laccaria laccata x x x Lactarius necator x Lactarius rufus x x x Leccinum scabrum x Lepista nuda x Macrolepiota procera x Marasmius androsaceus x Mucilago crustacea x Mycena seynesii x x x x Paxillus atrotomentosus x Paxillus involutus x x Psathyrella piluliformis x Russula cyanoxanta x Russula olivacea x Russula sardonia x Russula torulosa x Stereum hirsutum x x Suillus bellinii x Tricholomopsis rutilans x Xerocomus sp. x
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4.3 Concelho de Gouveia
Quadro X ‐ Espécies identificadas
SEMANA ESPÉCIE
8.10 15.10 20.10 27.10 3.11 10.11 17.11 24.11 Agaricus campestris x Agrocybe erebia x Amanita muscaria x x x x x x x Amanita rubescens x x Amanita vaginata x x x x x x Astraeus hygrometricus x x x x Baeospora myosura x Boletus edulis x x x Boletus pinophilus x Clitocybe sp. x Clitopilus prunulus x x Collybia butyracea x x Collybia kuehneriana x x Coprinus comatus x Coprinus micaceus x Coprinus silvaticus x Cortinarius mucosus x Cortinarius sp. x x Flamulina velutipes x Gymnopilus spectabilis x x x Hydnum repandum x x x Hygrophoropsis aurantiaca x x x x x x x Hygrophorus hypothejus x x x Hypholoma fasciculare x x x x x Laccaria laccata x Lactarius glyciosmus x x Lactarius necator x x x x x x x Lactarius rufus x x x x x Leccinum scabrum x Lentinus tigrinus x Lycogala epidendrum x Macrolepiota procera x x Mycena seynesii x Mycena sp. x Paxillus involutus x x x x x x x x Pholiota pinicola x x x x Pisolithus tinctorius x Pluteus cervinus x x x Pseudohydnum gelatinosum x Russula aeruginea x x x x x Russula albonigra x Russula badia x x Russula nigricans x Russula olivacea x Scleroderma polyrhizum x Stereum hirsutum x Suillus luteus x x x x x Tricholoma equestre x x x Tricholoma focale x x Tricholoma fulvum x x x Tricholoma imbricatum x Tricholoma portentosum x x Tricholoma saponaceum x Tricholoma sejunctum x Tricholomopsis rutilans x Volvariella gloiocephala x Xerocomus badius x x x x
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5. Considerações finais
Foi uma má campanha de produção de cogumelos de Outono. O Verão e o mês de Setembro foram muito secos. Ocorreu precipitação com algum significado na primeira semana de Outubro mas depois ficou sem chover durante vinte dias, tendo vindo só a chover nos últimos três dias deste mês. Durante o mês de Novembro também ocorreu uma baixa precipitação total, na ordem dos 80 a 100mm, consoante os locais.
Os solos estavam com um grande défice hídrico pelo que da irregular e escassa precipitação resultaram uma baixa diversidade, frequência e quantidade de cogumelos.
A pouca produção concentrou‐se em Novembro. No início, praticamente só perto de passagens de água, em terra com muita matéria orgânica e em troncos degradados, onde foi possível absorver e prolongar a retenção de alguma humidade foram observados alguns carpóforos e sobretudo de espécies sapróbias.
Nas áreas acompanhadas verificaram‐se, comparativamente com o ano anterior cerca de metade das espécies e, no que se refere a cogumelos comestíveis, apenas alguns exemplares em número insignificante de Flamulina velutipes, Suillus luteus, Xerocomus badius, Tricholoma portentosum e Macrolepiota procera.
No que se refere ao inventário das espécies, apesar de se tratar de uma acção pouco sistematizada, sem áreas fixas de observação e dependente da disponibilidade de tempo no dia, a diversidade fúngica que se apresentou reflecte muito as condições climáticas ocorridas, comuns aos vários concelhos da região.
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3. PRODUÇÃO DE TORTULHOS (Amanita ponderosa). AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DOS CAMPOS DE CABEÇO DE MOURO (ROSMANINHAL – IDANHA A NOVA) E BARROCA DO BEIRÃO (MONFORTE ‐ CASTELO BRANCO)
José Luís Gravito Henriques
1. Introdução
O Amanita ponderosa é uma espécie de Primavera com significativa expressão na parte Sul do distrito de Castelo Branco. Colectado e consumido desde tempos imemoriais, faz parte, com certa importância, da dieta alimentar dos naturais da região.
O interesse e o valor que representa no actual panorama micológico da Beira Interior, suscitaram a necessidade da obtenção de alguma informação adicional à descrita e referida na bibliografia disponível, que permita melhor conhecer e dar a conhecer este cogumelo silvestre.
Tendo sobretudo como propósito observar o comportamento e a capacidade produtiva do fungo nas condições de alguns ambientes locais com relevância na produção, delimitaram‐se várias áreas que têm vindo a ser acompanhadas, desde 2006.
Os dados aqui apresentados, referentes ao ano de 2010, foram obtidos em duas explorações agro‐florestais referenciadas pela produção desta espécie.
2. Metodologia Acompanhamento semanal das parcelas delimitadas e registo dos dados, no período de finais de Fevereiro a princípios de Maio.
Colheita total dos carpóforos na forma do comum colector, contagem e respectiva pesagem.
Distribuição da produção por repetição/talhão e por quatro classes/ categorias, correspondentes a diferentes estádios de desenvolvimento: ‐ Classe I: Ovo; ‐ Classe II: Inicio do pé visível por descolagem e rompimento do véu exterior do chapéu até à separação total do anel do pé; ‐ Classe III: Anel separado do pé a chapéu aberto plano; ‐ Classe IV: Chapéu completamente aberto, mas com curvatura para cima.
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3. Resultados
3.1 Cabeço de Mouro
Campo de avaliação num povoamento de azinheiras com área de 720 m2 e dimensões de 60x12m, seccionado em 6 talhões/repetições (10x12m).
Quadro I ‐ Produção semanal e total e % em peso, por repetição
REPETIÇÃO 1 2 3 4 5 6
SEMANA Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g)
4/3 4 66 0 0 0 0 7 110 0 0 0 0 10/3 0 0 0 0 1 24 2 48 3 41 1 13 16/3 0 0 0 0 0 0 1 8 2 49 2 47 24/3 9 417 0 0 6 224 18 951 16 822 6 176 30/3 13 451 7 250 15 535 17 622 9 347 8 355 6/4 12 392 6 292 13 518 19 757 3 129 7 269 13/4 7 257 2 92 9 296 15 541 1 24 7 198 20/4 10 646 12 720 6 260 10 500 1 47 2 52 28/4 4 190 3 78 6 312 4 128 1 8 3 64 4/5 1 35 0 0 1 38 0 0 0 0 1 6
TOTAL 60 2.454 30 1.432 57 2.207 93 3.665 36 1.467 37 1.180 (%) Em Peso 19,8 11,5 17,8 29,6 11,8 9,5
Quadro II ‐ Produção semanal e total, % em peso e peso médio, por classe
3.2 Barroca do Beirão
Campo de avaliação num povoamento de sobreiros com área de 1200m2 e dimensões de 60x20m, seccionado em 6 talhões/repetições (10x20m).
Quadro III ‐ Produção semanal e total e % em peso, por repetição
CLASSE I II III IV TOTAL
SEMANA Nº. PESO (g) Nº PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g)
4/3 10 159 0 0 1 17 0 0 11 176 10/3 5 98 0 0 2 28 0 0 7 126 16/3 5 104 0 0 0 0 0 0 5 104 24/3 50 2.124 5 466 0 0 0 0 55 2.590 30/3 50 1.792 19 768 0 0 0 0 69 2.560 6/4 37 1.100 6 323 17 934 0 0 60 2.357 13/4 19 617 8 300 13 473 1 18 41 1.408 20/4 13 538 4 101 24 1.586 0 0 41 2.225 28/4 0 0 5 246 10 427 6 107 21 780 4/5 0 0 0 0 0 0 3 79 3 79
TOTAL 189 6.532 47 2.204 67 3.465 10 204 313 12.405 (%) Em Peso 52,7 17,8 27,9 1,6 100,0
Peso médio (g) 34,6 46,9 51,7 20,4 39,6
REPETIÇÃO 1 2 3 4 5 6 SEMANA Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g)
24/3 10 1.091 0 0 0 0 0 0 0 0 1 172 30/3 21 1.465 2 160 0 0 0 0 0 0 4 521 6/4 13 1.118 1 50 0 0 0 0 1 138 3 327 13/4 8 405 0 0 0 0 0 0 0 0 5 369 20/4 5 492 1 102 0 0 0 0 0 0 1 143 28/4 5 211 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 TOTAL 62 4.782 4 312 0 0 0 0 1 138 14 1.532
(%) Em Peso 70,7 4,6 0,0 0,0 2,0 22,7
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Quadro IV ‐ Produção semanal e total, % em peso e peso médio, por classe
CLASSE I II III IV TOTAL
SEMANA Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) Nº. PESO (g) 24/3 4 371 2 306 5 586 0 0 11 1.263 30/3 15 861 8 767 4 518 0 0 27 2.146 6/4 10 770 3 377 5 486 0 0 18 1.633 13/4 2 117 3 230 7 402 1 25 13 774 20/4 1 112 0 0 6 625 0 0 7 737 28/4 0 0 1 80 0 0 4 131 5 211 TOTAL 32 2.231 17 1.760 27 2.617 5 156 81 6.764
(%) Em Peso 33,0 26,0 38,7 2,3 100,0 Peso médio (g) 69,7 103,5 96,9 31,2 83,5
4. Considerações finais
Os dados anuais são objecto de análise após 4 a 5 anos de recolha, no sentido de sedimentar a informação, que nesta matéria está muito sujeita às condições climáticas ocorridas no período que antecede e em que se desenvolve a produção.
No entanto numa apreciação muito sumária verificamos que:
‐ A época de produção de carpóforos foi em parte diferente nos dois campos, tendo‐se iniciado mais cedo e acabado mais tarde em Cabeço de Mouro.
‐ Durante o ciclo de frutificação a produção semanal foi variável, tanto em número de carpóforos como em peso ao longo das semanas, sendo que os valores máximos da produção ocorreram em ambos os campos nas semanas de 24 de Março a 6 de Abril o que se enquadra com os anos em que ocorre precipitação regular durante este período (neste ano choveram 188 mm em Fevereiro, 116 mm em Março e 83mm em Abril).
‐ Apesar de se tratar de áreas totais pequenas (720m2 e 1200m), confirma‐se aqui uma grande heterogeneidade na produção semanal dos talhões. Se por um lado em Cabeço de Mouro há uma produção total razoavelmente distribuída por repetição, já na Barroca do Beirão há talhões sem produção e um talhão a ter 70,7% da produção total.
‐ Nos dois campos o peso médio é muito díspar (39,6g em Cabeço de Mouro e 83,5g na Barroca do Beirão) assim como o peso médio das classes, mas está em consonância com o que se tem verificado nos anos anteriores.
‐ A produção reflecte outras condicionantes para além das climáticas, como são a profundidade do solo, a vegetação competidora presente e a distância às árvores micorrizadas.
‐ Num intervalo entre colheitas de uma semana a classe de ovo é predominante em número no início e durante quase todo o ciclo. Uma semana é um período curto que, nas fases do ciclo em que as temperaturas são mais baixas e onde se concentra a maior parte da produção, não proporciona grande evolução, para além da formação do ovo.
‐ A classe IV é residual. Não temos carpóforos da classe IV no início da época de produção e estes apenas apareceram quando as temperaturas são mais elevadas levando ao seu rápido desenvolvimento, já no final da época.
‐ A produção média reportada ao hectare foi de 56,3Kg/ha na Barroca do Beirão e de 172,2Kg/ha Cabeço de Mouro. Ambos os valores são muito interessantes para que se possam menosprezar como fonte adicional de rendimento das explorações agro‐florestais.
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4. PRODUÇÃO DE CRIADILHAS (Terfezia spp.) NA BEIRA INTERIOR. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE PRODUTIVA DO CAMPO DE MONTE FIDALGO ‐ CASTELO BRANCO
José Luís Gravito Henriques, Eng. Agrónomo
1. Introdução
A criadilha, designação vulgarmente dada na Beira Interior ao conjunto constituído pela Terfezia arenaria e Terfezia leptoderma, é um carpóforo hipógeo, muito frequente na Beira Interior Sul, colectado na Primavera em incultos e pastagens permanentes cuja composição florística apresenta em abundância uma planta herbácea da família das Cistáceas denominada Xolantha guttata.
O alto valor gastronómico e comercial das criadilhas, justificaram o início de um trabalho sobre o seu comportamento produtivo, nas condições de alguns ambientes locais.
Os dados aqui apresentados, referentes ao ano de 2010, foram obtidos numa exploração agro‐pecuária referenciada pela produção desta espécie. 2. Metodologia
Delimitação a cordel, numa superfície aberta de pastagem natural com significativa presença da espécie Xolantha guttata, de um campo de avaliação, com a área 500 m2 e dimensões de 25x20m.
Acompanhamento semanal da parcela e registo dos dados observados, durante o período de meados de Março a finais de Maio.
Avaliação da produção através da colecta total dos carpóforos, com correspondente calibragem, contagem e pesagem.
Distribuição da produção de acordo com o calibre, em intervalos de 5 mm, para as dimensões compreendidas entre <30 mm e >60 mm.
Fig. 1 ‐ Calibragem Fig. 2 ‐ Contagem Fig. 3 ‐ Pesagem
3. Resultados No total registou‐se a apanha de 7 carpóforos com um peso de 34g, repartida respectivamente pelos calibres:
‐ <30mm com 6 carpóforos e 22g; ‐ 30–35mm com 1 carpóforos e 12g;
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3. Considerações finais
Os dados anuais são objecto de análise após 4 a 5 anos de recolha, no sentido de apresentar uma
informação mais sedimentada e enquadrada com as condições climáticas que influenciam
determinantemente o desenvolvimento da Xolantha guttata e da criadilha.
Este ano a produção de criadilhas neste campo foi insignificante e de calibres muito pequenos, o que
reflecte o fraco ou nulo crescimento do ano anterior da planta a que esta espécie está associada, em
resultado da fraca pluviosidade ocorrida durante a Primavera do ano de 2009 (menos de 100mm de
precipitação no período de Março a Junho).