Date post: | 18-Jul-2016 |
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APRESENTAÇÃO DA OBRA SERÁ DA ESCRITORA E PSICÓLOGA VERA LUCIA DIAS
Mitologia Africana
Xangô
Mitologia Yorubá
Deus supremo: Olorum
Não aceita oferenda, pois tudo quanto existe no mundo é seu
Olurum
Criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das
terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que
Oxalá criasse o Homem.
Mito da criação:Oxalá cria o homem a partir de:
Ferro e madeira - Rígidos Pedra - Frio
Água – Difícil de dar forma Fogo – consumiu-se em chamas
Ar – voltou a sua forma original
Oxalá fica triste, senta-se a beira de um rio de onde surge Nanã, e pergunta sobre sua
insatisfação.
Nanã mergulha no rio, traz barro molhado entrega a Oxalá que cria um boneco
flexível capaz de mover braços, pernas, olhos. Feito o boneco, Oxalá sopra em
suas narinas a vida
Xangô é orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo.
Rei da cidade de Oyo.Filho de Iemanjá.
Exerce poder sobre os mortos.Tem caráter violento e vingativo.
Há um mito onde se tenta explicar os raios e trovões. Conta-se que um exército
inimigo atacou o exército de Xangô, destroçando os soldados e jogando os
restos ao pé de uma montanha onde Xangô estava. Ele então, bate com seu machado na pedra produzindo raios e
trovões, matando alguns inimigos.
Alguns soldados de Xangô sugerem que ele destrua todos, mas ele diz que não o
fará e os deixa ir.Quando estão indo, ele mata os líderes e
os soldados inimigos.
XANGÔ – O Rei do Trovão
Orixá de grande valia e importância nos Cultos Afro-Brasileiros, tem alguns cultos que levam o seu próprio nome, tamanha a popularidade deste Orixá. Divide com Ogum a popularidade e o respeito dos fiéis, tanto nos Candomblés (diversas nações) como na Umbanda. Xangô foi o grande Obá (rei) da cidade de Oyó, representando, na linha de sucessão, seu quarto alafin (segundo fontes fidedignas). Ele fez sua passagem pela Terra por volta de 1450 a. C., filho de Oranian e Torossi. Governou com mãos de ferro, sendo, ao mesmo tempo, temido e adorado pelo povo. Muitas vezes comportou-se como tirano, na sua ânsia pelo poder. Alguns relatos afirmam que Xangô destronou seu próprio irmão, Dadá-Ajanká, para tomar o seu lugar. É o orixá das pedreiras, das terras áridas e das rochas. Seu elemento é o fogo, dominando também o raio e o trovão. O metal a que pertence é o cobre. Possui, como símbolo da natureza, a pedra de raio, que se cria quando um raio cai na terra. Sua ferramenta principal é o Oxé, ou machado duplo, simbolizando a imparcialidade na hora da justiça. Carrega também o Xerém, espécie de cabaça que é usada por certas qualidades deste Orixá. Xangô detém um profundo conhecimento e ligação com as árvores, de onde provêm muitos de seus objetos de
culto, como a gamela e o pilão. É muito violento, mas nunca gratuitamente. Quando provocado, castiga seus inimigos sem piedade, sendo implacável nas guerras de conquista, atividade que exerce com maestria. Se for necessário, Xangô usa seus poderes de feitiçaria para destruir o inimigo. Como grande amante da justiça, é imparcial em suas ações, usando toda sua autoridade para resolver as mais difíceis questões, tarefa que ninguém gosta de fazer. Sempre podemos recorrer a ele quando nos defrontarmos com questões litigiosas ou problemas jurídicos. Segundo a mitologia africana, um traço marcante desse orixá é o fato de se fazer notar, sendo muito atraente e vaidoso. Ele teve várias uniões com outros orixás, como Oxum, Obá e Iansã, que era sua prima e esposa predileta. Diz a tradição de lendas que Xangô tem medo da morte, pelo fato de abandonar a cabeça (ou ori) de seus filhos de santo. Orixá poderoso que não teme nada, não suportanto o frio que emana de um corpo sem vida. Xangô possui a energia do fogo, que irradia calor e possibilita a existência da vida. A morte e o frio são contrários à sua essência. Nos meses de junho, mantém-se uma tradição festiva, que são as famosas fogueiras de Xangô, feitas em sua homenagem. Xangô é um orixá que teve vontade de experimentar a criação divina, ou seja, ele quis nascer e viver aqui na Terra. Como foi dito no início, existiu um rei, na cidade de Oyó, que era
muito poderoso, sendo identificado como a energia Xangô. São Gerônimo (Agodô) é o sincretismo mais conhecido deste Orixá. São Pedro (Alafim), São João Batista (Xangô do Ouro ou Xangô menino) e São José (Agaju) também são qualidades de Xangô. Embora alguns estudiosos dão também como sincretismo São Miguel e São Gabriel. Orixá presente em todas as feituras de casas de santo, tem no axé da casa a sua Pedra Sagrada conhecida como “Okanixé”. Outras qualidades de Xangô são: Abomi, Alufam, Airá, Echê e Ibaru. Esta sentado no meio de 12 ministros chamados (obagues) que seriam seus ministros. Os ministros da direita absolvem enquento os da esquerda condenam. Para o contexto Umbandista, Xangô mora no alto de uma pedreira, e carrega o livro sagrado (as escrituras) e as Sete Chaves da Sabedoria. Xangô controla todas as forças naturais por intermédio dos astros, é conhecido como o Rei dos Astros. Vive no seu castelo, além do seu criado Oxumarê (quando o arco-irís aparece, significa que Oxumarê veio a Terra e está levando água ao Reino de Xangô), tem como servos Biri (as trevas) e Afefe (o vento). Nos candomblé dança com suas cores rituais que são o vermelho, branco e marrom. Algumas qualidades trazem na cabeça um gorro na cor vermelha. Conta uma lenda que explica o fato de Xangô e Iansã deterem ao mesmo tempo o poder do fogo. Vivia Xangô no reino de Oió e ouviu dizer de um
certo mago que vivia num reino distante que tinha uma poção capaz de fazer com que aquele que a tomasse, pudesse cuspir fogo e Ter o domínio sobre os raios e as tempestadades. Xangô muito ocupado, manda Iansã até o Reino viziho para pegar a tal poção. Lá chegando Iansã pega a tal poção e é avisada pelo mago para que não ousasse beber tal composto. No caminho, Iansã sente uma sede muito grande e não resistindo toma parte da poção. Chegando ao Reino de Oió, é perguntada por Xangô sobre o sucesso da viagem. Sem esperar, no ato da resposta Iansã fala com labaredas de fogo saindo pela boca. Xangô irado, manda Iansã embora, mas sabendo que a partir daquele dia teria Iansã como companheira dos raios e trovões.
Significado de Xangô
O que é Xangô: Xangô é uma entidade (Orixá) bastante cultuado pelas religiões afro-brasileiras, sendo considerado deus da justiça, dos raios, dos trovões e do fogo, além de ser conhecido como protetor dos intelectuais. Comparado com outras divindades, Xangô seria o equivalente à Zeus, para os gregos, Tupã, para os Tupi-Guarani, Júpiter, na mitologia romana, ou Odin, para os escandinavos. Este orixá é considerado o mestre da sabedoria, gerando o poder da política e justiça. Os crentes em sua existência recorrem à ela para resolver problemas relacionados com documentos, estudos, trabalhos intelectuais e etc.
Etimologicamente, Xangô é uma palavra de origem iorubá, onde o sufixo "Xa", significa "senhor"; "angô" (AG + NO = "fogo oculto") e "Gô", pode ser traduzido para "raio" ou "alma". Assim sendo, "Xangô" significaria "senhor do fogo oculto". De acordo com a lenda, Xangô era o rei de Òyó - região que hoje é a Nigéria - e possuía um caráter autoritário e violento, além de ser extremamente viril, atrevido, vaidoso e justiceiro. Conhecido por praticar uma justiça dura, justa e cega, como uma rocha - que aliás é outro elemento que o representa: a rocha.
A umbanda e o candomblé, religiões de origem afro-brasileira, possuem celebrações e cultos em homenagem à Xangô, que é considerado filho Yemanjá e casado com outras três divindades: Iansã, Oxum e Obá. O "Machado de Xangô" ou Oxé, é o símbolo principal de Xangô. A arma é um machado de duas lâminas que, quando os seus "filhos" (pessoas que
dentro dos cultos da umbanda e candomblé incorporam o espírito de Xangô) estão em transe, carregam com as mãos.
Os orixás são ancestrais divinizados pelo candomblé, religião trazida da África para o Brasil, durante o século XVI, pelo povo iorubá. Entre os vários orixás, além de Xangô, estão Ogum, dono do ferro e do fogo, defensor da lei e da ordem, abre caminhos e vence as lutas, protegendo os mais fracos; Exu, é o senhor do princípio e da transformação, é a figura mais importante da cultura iorubá, o guardião das aldeias e cidades. No entanto, na religião cristã ele é confundido com Satanás, um deus malígno, que se ocupa de semear a discórdia entre os seres humanos. No Brasil, cada orixá foi associado a um santo da Igreja Católica, em uma prática que ficou conhecida por sincretismo religioso. Xangô é sincretizado como São Jerônimo, Santa Bárbara e São Miguel Arcanjo.
Candomblé nos dias de hoje
Por volta de 1950, a umbanda já tinha se consolidado como religião
abertas a todos, não importando as distinções de raça, origem social, étnica
e geográfica. Por ter a umbanda desenvolvido sua própria visão de mundo,
bricolage européia-africana-indígena, símbolo das próprias origens
brasileiras, ela pode se apresentar como fonte de transcendência capaz de
substituir o velho catolicismo ou então juntar-se a ele como veículo de
renovação do sentido religioso da vida. Depois de ver consolidados os seus
mais centrais aspectos, ainda no Rio de Janeiro e São Paulo, a umbanda
espalhou-se por todo o País, podendo ser também agora encontrada
vicejando na Argentina, no Uruguai e outros Países latino-americanos, além
de Portugal (Oro, 1993; Frigerio & Carozzi, 1993; Pi Hugarte, 1993; Prandi,
1991c; Pollak-Eltz, 1993; Pordeus, 1995).
Durante os anos 1960, alguma coisa surpreendente começou a
acontecer. Com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades
industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem
estabelecido território da umbanda, e velhos umbandistas começaram e se
iniciar no candomblé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda para
se estabelecer csubstituir o velho catolicismo ou então juntar-se a ele como
veículo de renovação do sentido religioso da vida. Depois de ver
consolidados os seus mais centrais aspectos, ainda no Rio de Janeiro e São
Paulo, a umbanda espalhou-se por todo o País, podendo ser também agora
encontrada vicejando na Argentina, no Uruguai e outros Países latino-
americanos, além de Portugal (Oro, 1993; Frigerio & Carozzi, 1993; Pi
Hugarte, 1993; Prandi, 1991c; Pollak-Eltz, 1993; Pordeus, 1995).
Durante os anos 1960, alguma coisa surpreendente começou a
acontecer. Com a larga migração do Nordeste em busca das grandes cidades
industrializadas no Sudeste, o candomblé começou a penetrar o bem
estabelecido território da umbanda, e velhos umbandistas começaram e se
iniciar no candomblé, muitos deles abandonando os ritos da umbanda para
se estabelecer como pais e mães-de-santo das modalidades mais tradicionais
de culto aos orixás. Neste movimento, a umbanda é remetida de novo ao
candomblé, sua velha e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos
seguidores como sendo mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua
moderna e embranquecida descendente.
Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então
preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes
condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul;
o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse
conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média
buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais da
cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas
participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas
casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos
búziosmovimento, a umbanda é remetida de novo ao candomblé, sua velha
e "verdadeira" raiz original, considerada pelos novos seguidores como sendo
mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua moderna e
embranquecida descendente.
Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então
preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes
condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul;
o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse
conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média
buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais
da cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas
participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas
casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido nos
búzios pelas mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma necessidade
que preenchia o vazio aberto por um estilo de vida moderno e secularizado
tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que demarcavam o
jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo de vida já, quem
sabe?, eivado de tantas desilusões.
O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais
muito favoráveis para o seu renascimento num novo território, em que a
presença de instituições de origem negra até então pouco contavam. Nos
novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser
encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram
pelo candomblé. E os terreiros cresceram às centenas.
O termo candomblé designe vários ritos com diferentes ênfases
culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984).
Basicamente, as culturas africanas que foram asconsiderada pelos novos
seguidores como sendo mais misteriosa, mais forte, mais poderosa que sua
moderna e embranquecida descendente.
Nesse período da história brasileira, as velhas tradições até então
preservadas na Bahia e outros pontos do País encontraram excelentes
condições econômicas para se reproduzirem e se multiplicarem mais ao sul;
o alto custo dos ritos deixou de ser um constrangimento que as pudesse
conter. E mais, nesse período, importantes movimentos de classe média
buscavam por aquilo que poderia ser tomado como as raízes originais da
cultura brasileira. Intelectuais, poetas, estudantes, escritores e artistas
participaram desta empreitada, que tantas vezes foi bater à porta das velhas
casas de candomblé da Bahia. Ir a Salvador para se ter o destino lido
nos búzios pelas mães-de-santo tornou-se um must para muitos, uma
necessidade que preenchia o vazio aberto por um estilo de vida moderno e
secularizado tão enfaticamente constituído com as mudanças sociais que
demarcavam o jeito de viver nas cidades industrializadas do Sudeste, estilo
de vida já, quem sabe?, eivado de tantas desilusões.
O candomblé encontrou condições sociais, econômicas e culturais
muito favoráveis para o seu renascimento num novo território, em que a
presença de instituições de origem negra até então pouco contavam. Nos
novos terreiros de orixás que foram se criando então, entretanto, podiam ser
encontrados pobres de todas as origens étnicas e raciais. Eles se interessaram
pelo candomblé. E os terreiros cresceram às centenas.
O termo candomblé designe vários ritos com diferentes ênfases
culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984).
Basicamente, as culturas africanas que foram as principais fontes culturais
para as atuais "nações" de candomblé vieram da área cultural bantoonde hoje
estão os países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da região
sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons,
circunscritos aos atuais território da Nigéria e Benin. Mas estas origens na
verdade se interpenetram tanto no Brasil como na origem africana.
Na chamada "nação" queto, na Bahia, predominam os orixás e ritos de
iniciação de origem iorubá. Quando se fala em candomblé, geralmente a
referência é o candomblé queto e seus antigos terreiros são os mais
conhecidos: a Casa Branca do Engenho Velho, o candomblé do Alaketo, o
Axé Opô Afonjá e o Gantois. As mães-de-santo de maior prestígio e de
visibilidade que ultrapassou de muitos as portas dos candomblé têm sido
destas casas, como Pulquéria e Menininha, ambas do Gantois, Olga, do
Alaketo, e Aninha, Senhora e Stella, do Opô Afonjá. O candomblé queto
tem tido grande influência sobre outras "nações", que têm incorporado
muitas de suas prática rituais. Sua língua ritual deriva do iorubá, mas o
significado das palavras em grande parte se perdeu através do tempo, sendo
hoje muito difícil traduzir os versos das cantigas sagradas e impossível
manter conversação na língua do candomblé. Além do queto, as seguintes
"nações" também são do tronco iorubá (ou nagô, como os povos iorubanos
são também denominados): efã e ijexá na Bahia, nagô ou eba em
Pernambuco, oió-ijexá ou batuque de nação no Rio Grande do Sul, mina-
nagô no Maranhão, e a quase extinta "nação" xambá de Alagoas e
Pernambuco.
A "nação" angola, de origem banto, adotou o panteão dos orixás
iorubás (embora os chame pelos nomes de seus esquecidos inquices,
divindades bantos — ver Anexo), assim como incorporou muitas das práticas
iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, tambémsudanesa do Golfo
da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons, circunscritos aos
atuais território da Nigéria e Benin. Mas estas origens na verdade se
interpenetram tanto no Brasil como na origem africana.
Na chamada "nação" queto, na Bahia, predominam os orixás e ritos de
iniciação de origem iorubá. Quando se fala em candomblé, geralmente a
referência é o candomblé queto e seus antigos terreiros são os mais
conhecidos: a Casa Branca do Engenho Velho, o candomblé do Alaketo, o
Axé Opô Afonjá e o Gantois. As mães-de-santo de maior prestígio e de
visibilidade que ultrapassou de muitos as portas dos candomblé têm sido
destas casas, como Pulquéria e Menininha, ambas do Gantois, Olga, do
Alaketo, e Aninha, Senhora e Stella, do Opô Afonjá. O candomblé queto
tem tido grande influência sobre outras "nações", que têm incorporado
muitas de suas prática rituais. Sua língua ritual deriva do iorubá, mas o
significado das palavras em grande parte se perdeu através do tempo, sendo
hoje muito difícil traduzir os versos das cantigas sagradas e impossível
manter conversação na língua do candomblé. Além do queto, as seguintes
"nações" também são do tronco iorubá (ou nagô, como os povos iorubanos
são também denominados): efã e ijexá na Bahia, nagô ou eba em
Pernambuco, oió-ijexá ou batuque de nação no Rio Grande do Sul, mina-
nagô no Maranhão, e a quase extinta "nação" xambá de Alagoas e
Pernambuco.
A "nação" angola, de origem banto, adotou o panteão dos orixás
iorubás (embora os chame pelos nomes de seus esquecidos inquices,
divindades bantos — ver Anexo), assim como incorporou muitas das práticas
iniciáticas da nação queto. Sua linguagem ritual, também intraduzível,
originou-se predominantemente das línguas quimbundo e quicongo. Nesta
"nação",tem fundamental importância o culto dos caboclos, que são espíritos
de índios, considerados pelos antigos africanos como sendo os verdadeiros
ancestrais brasileiros, portanto os que são dignos de culto no novo território
a que foram confinados pela escravidão. O candomblé de caboclo é uma
modalidade do angola centrado no culto exclusivo dos antepassados
indígenas (Santos, 1992; M. Ferretti, 1994). Foram provavelmente o
candomblé angola e o de caboclo que deram origem à umbanda. Há outras
nações menores de origem banto, como a congo e a cambinda, hoje quase
inteiramente absorvidas pela nação angola.
A nação jeje-mahin, do estado da Bahia, e a jeje-mina, do Maranhão, derivaram suas tradições e língua ritual do ewê-fon, ou jejes, como já eram chamados pelos nagôs, e suas entidades centrais são os voduns. As tradições rituais jejes foram muito importantes na formação dos candomblés com predominância iorubá. Iniciação no candomblé queto
O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orixás são complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante as cerimônias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados, filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente denominados "cavalos dos deuses" uma vez que o transe consiste basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do espírito. O processo de se transformar num "cavalo" é uma estrada longa, difícil e cara, cujos estágios na "nação" queto podem ser assim sumariados:
O sacerdócio e organização dos ritos para o culto dos orixás são
complexos, com todo um aprendizado que administra os padrões culturais de
transe, pelo qual os deuses se manifestam no corpo de seus iniciados durante
as cerimônias para serem admirados, louvados, cultuados. Os iniciados,
filhos e filhas-de-santo (iaô, em linguagem ritual), também são popularmente
denominados "cavalos dos deuses" uma vez que o transe consiste
basicamente em mecanismo pelo qual cada filho ou filha se deixa cavalgar
pela divindade, que se apropria do corpo e da mente do iniciado, num modelo
de transe inconsciente bem diferente daquele do kardecismo, em que o
médium, mesmo em transe, deve sempre permanecer atento à presença do
espírito. O processo de se transformar num "cavalo" é uma estrada longa,
difícil e cara, cujos estágios na "nação" queto podem ser assim sumariados:
Para começar, a mãe-de-santo deve determinar, através do jogo de
búzios, qual é o orixá dono da cabeça daquele indivíduo (Braga, 1988). Ele
ou ela recebe então um fio de contas sacralizado, cujas cores simbolizam o
seu orixá (ver Anexo), dando-se início a um longo aprendizado que
acompanhará o mesmo por toda a vida. A primeira cerimônia privada a que
a noviça (abiã) é submetida consiste num sacrifício votivo à sua própria
cabeça (ebori), para que a cabeça possa se fortalecer e estar preparada
para algum dia receber o orixá no transe de possessão. Para se iniciar como
cavalo dos deuses, a abiã precisa juntar dinheiro suficiente para cobrir os
gastos com as oferendas (animais e ampla variedade de alimentos e objetos),
roupas cerimoniais, utensílios e adornos rituais e demais despesas suas, da
família-de-santo, e eventualmente de sua própria família durante o período
de reclusão iniciática em que não estará, evidentemente, disponível para o
trabalho no mundo profano. Como parte da iniciação, a noviça permanece
em reclusão no terreiro por um número em torno de 21 dias. Na fase final da
reclusão, uma representação material do orixá do iniciado (assentamento ou
ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas sagradas trituradas (amassi).
A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim preparada para receber o orixá
no curso do sacrifício então oferecido (orô). Dependendo do orixá, alguns
dos animais seguintes podem ser oferecidos: cabritos, ovelhas, pombas,
galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado sobre a cabeça da noviça,
no assentamento do orixá e no chão do terreiro, criando este sacrifício um
laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a comunidade de culto, da qual a
mãe-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das cerimônias iniciáticas em que
a noviça é apresentada pela primeira vez à comunidade, seu orixá grita seu
nome, fazendo-se assim reconhecer por todos, completando-se a iniciação
como iaô (iniciada jovem que "recebe" orixá). O orixá está prontotorno de
21 dias. Na fase final da reclusão, uma representação material do orixá do
iniciado (assentamento ou ibá-orixá) é lavada com um preparado de folhas
sagradas trituradas (amassi). A cabeça da noviça é raspada e pintada, assim
preparada para receber o orixá no curso do sacrifício então oferecido (orô).
Dependendo do orixá, alguns dos animais seguintes podem ser oferecidos:
cabritos, ovelhas, pombas, galinhas, galos, caramujos. O sangue é derramado
sobre a cabeça da noviça, no assentamento do orixá e no chão do terreiro,
criando este sacrifício um laço sagrado entre a noviça, o seu orixá e a
comunidade de culto, da qual a mãe-de-santo é a cabeça. Durante a etapa das
cerimônias iniciáticas em que a noviça é apresentada pela primeira vez à
comunidade, seu orixá grita seu nome, fazendo-se assim reconhecer por
todos, completando-se a iniciação como iaô (iniciada jovem que "recebe"
orixá). O orixá está pronto para ser festejado e para isso é vestido e
paramentado, e levado para junto dos atabaques, para dançar, dançar e
dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos,
a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orixás (toque)
sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que
significa "vamos comer"), preparado com carne dos animais sacrificados. O
novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimônias festivas
ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo
aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa "meu irmão
mais velho"), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa de
culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da
vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação. Quando o ebômi
morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o
orixá fixado na cabeça durante adançar, dançar e dançar.
No candomblé sempre estão presentes o ritmo dos tambores, os cantos,
a dança e a comida (Motta, 1991). Uma festa de louvor aos orixás (toque)
sempre se encerra com um grande banquete comunitário (ajeum, que
significa "vamos comer"), preparado com carne dos animais sacrificados. O
novo filho ou filha-de-santo deverá oferecer sacrifícios e cerimônias festivas
ao final do primeiro, terceiro e sétimo ano de sua iniciação. No sétimo
aniversário, recebe o grau de senioridade (ebômi, que significa "meu irmão
mais velho"), estando ritualmente autorizado a abrir sua própria casa
de culto. Cerimônias sacrificiais são também oferecidas em outras etapas da
vida, como no vigésimo primeiro aniversário de iniciação. Quando o ebômi
morre, rituais fúnebres (axexê) são realizados pela comunidade para que o
orixá fixado na cabeça durante a primeira fase da iniciação possa desligar-se
do corpo e retornar ao mundo paralelo dos deuses (orum) e para que o
espírito da pessoa morta (egum) liberte-se daquele corpo, para renascer um
dia e poder de novo gozar dos prazeres deste mundo.
A mitologia africana é muito diversificada tendo em vista a extensão do território que é dividido em regiões, países, estados, cidades, tribos, culturas, grupos linguísticos e grupos étnicos.
Mapa de regiões da África
África do Norte corresponde ao norte do Saara e corre ao longo da costa do Mediterrâneo (por vezes, sendo considerado o Sudão); Mitologia egípcia
África Ocidental é a porção ocidental desde aproximadamente a longitude 10° leste, com excepção do Norte de África e o Magrebe; Mitologia Akan (Gana, Costa do Marfim) Mitologia Ashanti (Gana) Mitologia Fon Mitologia Efik (Nigéria, Camarões) Mitologia Igbo (Nigéria, Camarões) Mitologia Isoko (Nigéria) Mitologia Yoruba (Nigéria, Benin)
África Oriental estende-se ao longo do Oceano Índico, do Mar Vermelho e Corno de África até Moçambique, incluindo Madagascar, mas excluindo o sul do continente; Mitologia Akamba (East Kenya) Mitologia Dinka (Sudão) Mitologia Lotuko (Sudão) Mitologia Masai (Kenya, Tanzânia)
África Central é a grande massa planáltico no centro de África; Mitologia Bushongo (Congo) Mitologia Bambuti (Congo) Mitologia Lugbara (Congo)
África Meridional geralmente consiste na porção sul da latitude 10° Sul, e das grandes florestas tropicais do Congo; Mitologia Khoikhoi Mitologia Lozi (Zâmbia) Mitologia Tumbuka (Malawi) Mitologia Zulu (África do Sul)
Nas tribos onde os dirigentes corriam o risco de serem destronados se não seguissem as vontades divinas. Estes deuses seguem padrões muito diferentes e irregulares e são divididos em deuses criadores, semideuses e espíritos. Muitos nomes divinos são encontrados nas mitologias da África Ocidental: Ngewo, deus dos Mende de Serra Leoa, Amma dos Dogon do Mali, Mawu dos Éwés no Abomey; Olodumare ou Olorun dos Yorubás, Chukwu dos Igbo, Soko dos Nupe, Nzambi ou Zambi dos povos de Angola e CongoBantus.
Os Toques no Candomblé Agosto 20, 2008 por Manuela
“O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música actua como elemento ordenador, que organiza a pessoa internamente”
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas sem partitura.
Os Atabaques, são os principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é da responsabilidade dos Ogãs.
São de origem africana, usados em quase todos rituais, típicos do Candomblé. De uso tradicional na música ritual e religiosa, são utilizados para convocar os Orixás.
O Atabaque maior tem o nome de Rum, o segundo tem o nome de Rumpi e o menor tem o nome de Le.
Os atabaques no candomblé são objectos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para esse fim.
As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás: independente da cerimónia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados (o couro que veio da loja geralmente é descartado), só depois de passar pelos rituais é que poderão ser usados no terreiro.
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo Rum (o atabaque maior), e pelos Ogãs nos atabaques menores sob o seu comando.
É o Alagbê que começa o toque, e é através do seu desempenho no Rum que o Orixá vai executar a sua coreografia de dança, sempre acompanhando o floreio do Rum.
O Rum é que comanda o Rumpi e o Le.
O Agogô, tocado para marcar o Candomblé, também de tradição Alaketo, chama-se Gan. As Varetas usadas para tocar o Candomblé nos Atabaques, chamam-se Aguidavis. Também se utiliza ainda o Xequerê.
Nomes dos Toques dos Orixás na Nação Ketu:
ADABI – Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincopado dedicado a Exú.
ADARRUM – Ritmo invocatório de todos os Orixás. Rápido, forte e contínuo marcado
junto com o Agôgô. Pode ser acompanhado de canto especialmente para Ogum.
AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi com
andamento mais rápido para Iansã. Quando executado para Iansã é chamado de “quebra-pratos”
ALUJÁ – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado a Xangô.
BRAVUM – Dedicado a Oxumaré .Ritmo marcado por golpes fortes do Run.
HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode ser
executado com cânticos para Obaluaiê e Xangô
IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a viagem de
um Ancião. É dedicada a Oxalufã.
IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Oxum quando sua execução é só instrumental.
ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor
BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado para outros Orixás. Tocado com as mãos.
KORIN- EWE – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”.
OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá.
OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Xapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Run. Significa “o que mata e come”
SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Run. Dedicado a Oxumaré ou Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.
TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para Xangô
http: / /www.vagalume.com.br/moinho/xango.html
Os Toques no Candomblé
“O som é a primeira relação com o mundo, desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o
tratamento. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música actua como elemento ordenador, que organiza a
pessoa internamente”
O som é o condutor do Axé do Orixá, é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os Orixás, são sinfonias africanas
sem partitura.
Os Atabaques, são os principais instrumentos da música do Candomblé, cuja execução é da responsabilidade dos Ogãs.
São de origem africana, usados em quase todos rituais, típicos do Candomblé. De uso tradicional na música ritual e religiosa,
são utilizados para convocar os Orixás.
O Atabaque maior tem o nome de Rum, o segundo tem o nome de Rumpi e o menor tem o nome de Le.
Os atabaques no candomblé são objectos sagrados e renovam anualmente esse Axé. São usados unicamente nas
dependências do terreiro, não saem para a rua como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente
para esse fim.
As membranas dos atabaques são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Orixás: independente da
cerimónia que é feita para consagração dos mesmos quando são comprados (o couro que veio da loja geralmente é
descartado), só depois de passar pelos rituais é que poderão ser usados no terreiro.
Os atabaques do candomblé só podem ser tocados pelo Alagbê (nação Ketu), Xicarangoma (nações Angola e Congo) e Runtó (nação Jeje) que é o responsável pelo Rum (o atabaque
maior), e pelos Ogãs nos atabaques menores sob o seu comando.
É o Alagbê que começa o toque, e é através do seu desempenho no Rum que o Orixá vai executar a sua
coreografia de dança, sempre acompanhando o floreio do Rum.
O Rum é que comanda o Rumpi e o Le.
O Agogô, tocado para marcar o Candomblé, também de tradição Alaketo, chama-se Gan. As Varetas usadas para tocar o Candomblé nos Atabaques, chamam-se Aguidavis. Também
se utiliza ainda o Xequerê.
Nomes dos Toques dos Orixás na Nação Ketu:
ADABI – Bater para nascer é seu significado. Ritmo sincopado dedicado a Exú.
ADARRUM – Ritmo invocatório de todos os Orixás. Rápido, forte e contínuo marcado junto com o Agôgô. Pode ser
acompanhado de canto especialmente para Ogum.
AGUERE – Em Yorubá significa “lentidão”. Ritmo cadenciado para Oxóssi com andamento mais rápido para Iansã. Quando
executado para Iansã é chamado de “quebra-pratos”
ALUJÁ – Significa orifício ou perfuração. Toque rápido com características guerreiras. É dedicado a Xangô.
BRAVUM – Dedicado a Oxumaré .Ritmo marcado por golpes fortes do Run.
HUNTÓ ou RUNTÓ – Ritmo de origem Fon executado para Oxumaré. Pode ser executado com cânticos para Obaluaiê e
Xangô
IGBIN – Significa Caracol. Execução lenta com batidas fortes. Descreve a viagem de um Ancião. É dedicada a Oxalufã.
IJESA – Ritmo cadenciado tocado só com as mãos. É dedicado a Oxum quando sua execução é só instrumental.
ILU – Termo da língua Yorubá que também significa atabaque ou tambor
BATA – Batá significa tambor para culto de Egun e Sangô . Ritmo cadenciado especialmente para Xangô. Pode ser tocado
para outros Orixás. Tocado com as mãos.
KORIN- EWE – Originário de Irawo, cidade onde é cultuado Ossain na Nigéria. O seu significado é “Canção das Folhas”.
OGUELE – Ritmo atribuído a Obá. Executado com cânticos para Ewá.
OPANIJE – Dedicado a Obaluaiê, Onile e Xapanã. Andamento lento marcado por batidas fortes do Run. Significa “o que mata
e come”
SATÓ – A sua execução lembra o ritmo Bata com um andamento mais rápido e marcado pelas batidas do Run.
Dedicado a Oxumaré ou Nanã. Significa a manifestação de algo sagrado.
TONIBOBÉ – Pedir e adorar com justiça é o seu significado. Tocado para Xangô
África Origens da Maçonaria1 - INTRODUÇÃO“Por mais que busquemos, só encontramos a nós mesmos” - Anatole France.Conhecer a exata origem da Maçonaria é o único caminho que pode nos levar à compreensão verdadeira do que significa ser um legítimo Obreiro da Arte Real.Para muitos, nossa Sublime Ordem surgiu apenas no início do século XVIII, precisamente em 24 de Junho de 1.717. As quatro lojas de Londres, que tinham seus nomes associados às tavernas nas quais se reuniam – Macieira, Cervejaria da Coroa, Ganso & Grelha e Taças & Uvas –, formalizaram sua união criando aquela que ficaria conhecida como Grande Loja Unida da Inglaterra. As Sessões ocorriam uma vez ao ano, regadas a muita guloseima, uísque e tabaco, geralmente direcionadas exclusivamente a novas iniciações. Eram “reuniões de cavalheiros”, chamadas de clubes de almoço por parte da sociedade, sem nenhuma conotação solene, esotérica ou filosófica.Por aproximadamente sessenta anos os Irmãos ingleses se reuniam apenas em tavernas e, eventualmente, utilizavam espaços de associações empresariais. Só em 1.776, na Great Queen Street, foi inaugurado o primeiro salão maçônico, que passou à História como sendo nosso primeiro Templo. Reformado e ampliado até 1.828, tinha várias salas e reunia diversas lojas. Este foi o início visível dos trabalhos, com registros e documentos oficiais que comprovam inexoravelmente tais acontecimentos.No entanto, se desejarmos ir além – como todo bom Maçom - para entender quando, realmente, os elementos seminais que geraram o nascimento de nossa Ordem se cristalizaram nas almas dos pioneiros, precisamos realizar uma meditação adicional.Falar de Maçonaria apenas a partir de 1.717 reduz sobremaneira nossa epopéia. Equivale a considerar a história da Humanidade a partir do advento da escrita, ocorrida na Mesopotâmia, há apenas 4.000 anos a.C..A gênese legítima de nossos princípios, de nossa doutrina, e das bases que fundamentam a verdadeira Ars Regia, se perde no longo curso da História. Os fenômenos místico-culturais que nos unem, enquanto escola filosófica com caráter iniciático, indicam que nossa Fraternidade pode ter surgido muito tempo antes, na cronologia humana, do que supõe a ortodoxia tradicional. Esta hipótese, extremamente intrigante e complexa, constitui o ponto de partida para nossa breve aventura no tempo, em busca das verdadeiras origens de nossa Sagrada Ordem.2 - ÁFRICA, JUSTA E PERFEITAHá cerca de três milhões de anos, no auge do período Paleolítico, uma pequena comunidade de hominídeos composta por 20 ou 30 indivíduos da espécie Pithecantropus erectus ocupava uma pequena planície do Serengueti, na atual Tanzânia. Por incontáveis gerações, seguiam a mesma rotina. Chegando à caverna após um árduo dia de caça e coleta, os homens permaneciam em silêncio, arfando devido ao calor. As mulheres tagarelam entre si uma linguagem arcaica que mistura estalidos e fonemas primitivos.
O fruto do trabalho jaz ali ao lado: um javali abatido e alguns tubérculos amarelados. Os mais jovens haviam passado há poucos dias pela cerimônia de Iniciação, a porta de entrada a um novo mundo, ao universo dos adultos, dos grandes guerreiros e caçadores poderosos. Tais eventos eram marcados por diversas provas, como a da terra – rastejar pelas dunas - , da água – mergulhando fundo no lago Tanganyka - , do fogo – andar em brasas – e , logicamente , do sangue – derramar ritualisticamente o sangue da primeira presa abatida, devolvendo à Gaia ou Mãe-Terra um pouco do que ela tanto fornece aos homens.
Defronte a entrada do abrigo, todos se sentam no verde gramado que adorna o ambiente. Observam, atentamente, o lento e preguiçoso ocaso do dia que paulatinamente se precipita no horizonte, a oeste. Os animais da noite começam a sair das tocas . Uivos são ouvidos. O farfalhar distante das matas anuncia o início do domínio das trevas sobre a natureza. O vento sul-sudeste soa mais forte. Os mais velhos trocam olhares entre si, com pequenas nuanças revelando a apreensão iminente. Como seres do dia, todos temem a chegada da noite. Com ela, os três grandes inimigos passam a ocupar a arena universal que a todos vai envolvendo: a escuridão, o frio e a ameaça dos predadores.Discretamente, os bravos vão se aninhando em torno de um arranjo de gravetos, folhas e pequenos troncos. Somente um deus poderia protegê-los destes perigos. Fogo. É isso que todos mentalizam neste momento. É o salvador, o redentor, aquele que afugenta todos os males da noite. Tal qual o Sol , que reina triunfante durante o dia, os guerreiros sabem que apenas o fogo pode protegê-los pelas próximas horas. O xamã, com duas pedras em atrito, realiza a mágica da incandescência, no centro da formação semicircular. Imediatamente os mais experientes transcendem seus pensamentos, observando as brasas escaldantes. Fixando seus olhares na luz irradiante, sentem a presença, no ponto central, da idéia de Divindade, do incompreensível ou intangível - aquela partícula que seria a origem e a razão da existência de tudo. Também a existência da porção não-material que forma os seres, a alma ou psy-khe, que Platão (427-347 a.C.) tão bem estudou, marca sua posição em meio às labaredas. Durante o dia estas grandezas caminham junto ao Sol invencível, o deus-pai. Ao cair da noite, o grande soberano se retira para o mundo das trevas, deixando apenas um lampejo protetor remanescente nas chamas, personificando a luz que protege e guarda.Após breves instantes de contemplação silenciosa, todos se levantam e começam a caminhar em volta da fogueira, em uma circunvolução ritualística, no sentido horário, acompanhando o giro da Terra. Imploram pela ressurreição do Sol. Em volta, no horizonte, as doze constelações se postam formando a vista de 360º, tal quais as doze colunas representando o zodíaco. No alto, a cúpula ou abóbada celeste a todos cobria , protegendo e estabelecendo o vínculo sagrado com o infinito.Todos ali eram irmãos, na mais terna concepção da palavra. A leal fraternidade os tornava solidários entre si, prontos a derramar o próprio sangue pelos mais fracos do grupo. Para evitar a intromissão de elementos de outros clãs, estabeleciam sinais e toques próprios, que permitiam a rápida identificação dos familiares. De todos era exigida a mais reta conduta social, de acordo com os princípios morais da época.Sabemos que na aurora do Homem a existência era tênue e fugaz. A expectativa de vida era curta, os riscos de morte ocorriam a cada minuto e as perspectivas de um futuro promissor beiravam a ficção. A extinção muitas vezes parecia uma certeza. Somente um poderoso espírito de luta, de coragem e de extrema valentia poderia ter garantido a sobrevivência desta espécie, fisicamente tão frágil, mas que estava fadada a sobrepujar todo o planeta, alguns milhões de anos mais tarde.3 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃOPor volta de 1.980 uma polêmica teoria foi comprovada. Cerca de 65 milhões de anos atrás findava a era dos dinossauros, com a queda de um meteoro próximo à península de Yucatán, no atual México. Este impacto gerou um verdadeiro apocalipse na Terra, com fogo, frio e fome generalizados. Quase toda forma de vida foi exterminada, de todos os reinos. A idade dos mamíferos ganhava força e vigor a partir de então, livres do domínio dos gigantes extintos. Se não fosse esta extinção em massa do final do Cretáceo (período da era Mesozóica iniciado há 145 milhões de anos atrás e terminado com a hecatombe do meteoro) , os mamíferos ainda seriam um insignificante grupo de quadrúpedes com vida rasteira.De pequenos roedores e habitantes de tocas, a evolução caminhou a passos largos, criando grande diversidade de organismos. No curso deste processo, há cerca de sete milhões de anos, os primeiros hominídeos ( dos gêneros Sahelanthropus, Ardipithecus e Australopitecus) começaram a florescer nas savanas africanas. Certamente estes primeiros bípedes, dedicados exclusivamente à coleta de vegetais, mariscos e restos de carcaças de animais abatidos por predadores melhor equipados, já começavam a elaborar os primeiros raciocínios questionando as grandes dúvidas que ainda hoje nos acompanham. Morte, dor, sofrimento, finalidade da existência e a busca pelas origens da espécie e da própria vida, já inquietavam nossos bravos antepassados. Deste ponto para o surgimento do pensamento místico, foi um pequeno passo. A busca pelo Sagrado e pelos mistérios do mundo subterrâneo, pelo entendimento do inconsciente e pela interpretação metafísica dos fenômenos naturais já incentivava a realização de cultos aos mortos, cerimônias ritualísticas iniciáticas e ritos de passagem. As pesquisas arqueológicas identificaram pétalas de flores, objetos simbólicos e pedaços de ossos de animais no interior de sepulturas do período Paleolítico. Pinturas rupestres em cavernas representam misticamente os animais, numa tentativa de dominar espiritualmente suas almas e facilitar as caçadas. Esculturas simbolizam esta ânsia pelo transcendente, como a “Vênus de Willendorf” que data do Paleolítico superior. Nesta fase, várias espécies de hominídeos coexistiam no continente africano, isoladas pelos acidentes naturais.Os bravos Homo sapiens ou homens modernos, exatamente idênticos a nós, surgiram por volta de 150.000 anos atrás. Com a estiagem que se abateu nas zonas tropicais, foram obrigados a emigrar da aconchegante África para todos os continentes. Chegaram ao extremo oriente, pelos caminhos da costa da Península Arábica e Índia, e se fixaram na Oceania. Atingiram as estepes da Ásia ocidental, da Rússia e da China. Dominaram a Europa que estava mais aquecida, devido ao recuo das geleiras, dizimando os “primos” Neandertalhensis e, no início do final da glaciação, há 26.000 anos, se tornaram a única espécie humana existente.4 - A ETERNA BUSCA DA VERDADEO Homem não conhece sua origem, nem seu futuro. Não sabe a razão de aqui estar, qual seu objetivo no Cosmos, e muito menos o que realmente é. Este drama é um dos pontos fundamentais da ciência especulativa. Todos se inquietam com estas questões, em um ou outro momento da vida.Desde os primeiros passos em solo africano, quando a linguagem era rudimentar, e a escrita um esboço disforme, estas dúvidas viscerais acompanham inexoravelmente as almas daqueles que voltavam seus olhos para o universo tentando enxergar além do visível.Pior que ignorar completamente o nosso surgimento ou o que somos, é desconhecer o porquê da dinâmica evolutiva ter nos tornado diferentes de todos os outros animais: não somos dominados exclusivamente pelos instintos primários. Necessitamos pensar, questionar, entender e justificar a nossa e toda natureza que existe. Isto não nos coloca acima nem abaixo das outras espécies em qualquer escala de valoração considerada. Apenas temos uma profunda dor e angústia em nossas almas, que outros seres feliz ou infelizmente não apresentam.Ao partirmos para este campo obscuro da linguagem e da cultura, nos são exigidos recursos de tolerabilidade para com o desconhecido e de confiança nas próprias condições de aceitar a infinitude que se apresenta. Para isso, é preciso ter consciência que convivemos com duas realidades distintas e complementares: confrontamos nossa impressão do mundo consciente, a chamada realidade sensível, com uma zona de trevas, de mistérios e total desconhecimento. Esta face mais profunda de nossa psique, a que temos acesso apenas quando estamos inconscientes, em estados alterados da consciência ou após a morte, nos fascina e perturba.O mundo dos mortos, do subterrâneo, dos labirintos, é a arena onde encontramos nossos maiores medos e fraquezas. Seus mistérios são um total enigma e motivo de infinitas especulações por parte dos grandes pensadores. Inacessível à maioria, só pode ser alcançado por mecanismos específicos que permitam sua revelação – como sistemas filosóficos, místicos, religiosos ou contemplativos. Tais instrumentos são essenciais ao nosso equilíbrio, ao Self, uma vez que não temos como fugir desta aguda necessidade de conviver com estes aspectos contraditórios da condição humana. Nossos deuses e demônios atuam de maneira aleatória e conjunta, em uma alquimia incondicional que pode nos levar à completa harmonia ou ao caos irreversível.Uma das formas de elaborar estes dramas existencialistas foi a construção dos Arquétipos, comuns em todas as culturas. Surgidos nos tempos imemoriais, durante as meditações realizadas em cavernas iluminadas a fogueiras, se mantém com a mesma força e vigor em pleno século XXI. Definidos como formas imateriais às quais os fenômenos psíquicos tendem a se adaptar, são chamados também de imagens primordiais, pois podem sofrer pequenas variações epidérmicas, mas na essência mantém um padrão uniforme, praticamente invariável.Quando constituídos por modelos de narrativas que eternamente se repetem, comuns em todas as culturas e épocas, temos os Mitos. Tais figuras de linguagem possibilitam interpretar os maiores mistérios da alma humana, de forma dinâmica, através de roteiros dramáticos repletos de simbolismos. São ferramentas poderosas que nos orientam perante as grandes questões que se apresentam, explicando a razão e aliviando grande parte das agonias que dilaceram o mais íntimo de nosso ser. Como grandes exemplos existem os Mitos sobre a origem e destruição de tudo, os relativos ao tempo e eternidade, os de morte e ressurreição, os de renascimento e renovação e os de transformação.As cerimônias de Iniciação, por exemplo, são ritos de transformação. Como todo processo de mudança, de metamorfose, não há retorno. Transposto o portal que transmuta o indivíduo, o iniciado jamais será o mesmo. O neófito morre para uma realidade e renasce em outra dimensão. Daí a irreversibilidade do ritual. Vivenciando na plenitude estas experiências de transformação, melhoramos a maneira de lidar com nossa interioridade e com as contradições que nos afligem, enquanto seres livres de pensamento.Outra manifestação muito freqüente junto às comunidades esotéricas são as jornadas mitológicas de morte e ressurreição. Estas narrativas são aquelas na qual o herói morre e ressuscita, descendo ao mundo dos mortos e retornando são e salvo. Possibilitam aos protagonistas, quando corretamente elaboradas, tatear sutilmente o mundo que pertence às divindades. Estas entidades, que traduzem nossos temores, idéias e sentimentos mais profundos, habitam outros planos, aos quais os homens normalmente não tem acesso. Expondo suas vontades divinas aos mortais, estas desventuras nos apresentam, em última análise, as várias facetas da própria personalidade humana. Assim, com o renascimento se vence o maior dos medos – a morte – e se atinge o absoluto em vida. O contato entre os mundos ocorre exclusivamente através destas metáforas - não há outro canal que viabilize esta experiência transcendental ou mística.Em nossos rituais, nos Graus Simbólicos, utilizamos exatamente estes instrumentos mitológicos de busca do absoluto. Interpretamos e vivenciamos uma série de situações arquetípicas, que subsistem no inconsciente coletivo desde o princípio dos tempos. Este é o traço comum que nos une aos ancestrais da África e às comunidades basilares de toda nossa cultura. Todos sofremos as mesmas angústias e dúvidas existenciais, e somos irmãos fraternos nesta experiência dramática.5 – CONCLUSÃOAssim como a personalidade humana, a Maçonaria apresenta duas perspectivas distintas de trabalho ou elaboração da realidade. Temos por um lado o universo visível, voltado para a materialidade dos conceitos e para o consciente, representado pelas alegorias e adereços em si, como o próprio Templo, os paramentos, a documentação formal. Este conteúdo pode efetivamente ter surgido a partir de 1.717, ou mesmo nas guildas medievais de “pedreiros”, ou até nas névoas da Lenda de York, de 926 a.D.Por outro lado, temos o chamado universo das sombras, do imponderável, representado pelos grandes mistérios da alma, das profundezas do ser, do real significado dos símbolos que utilizamos. Complementa o status visível em uma mística alquimia, possibilitando a evolução do processo de transformação rumo à perfeição. Adentrando a este campo transcendental, enfrentamos nossas maiores dúvidas existenciais, trazendo-as à tona, à luz do consciente e da sabedoria, o que possibilita que conheçamos a nós mesmos.A verdadeira substância da Arte Real se encontra exatamente nesta área não material, que se cristaliza no plano intangível das idéias, dos conceitos arquetípicos e ritualísticos que surgiram na alvorada do Homem, quando as necessidades imemoriais que todos manifestam começavam a florescer.Com certeza a psique humana não surgiu juntamente com a diferenciação fenotípica dos Homo sapiens. A evolução é um processo contínuo, e uma nova espécie é produto da seqüência de transformações de tipos anteriores. Portanto , quando nos olhamos no espelho, podemos vislumbrar no infinito atrás de nós uma fila indiana imensa, cujos últimos indivíduos se encontram nas escalas iniciais do longo processo evolutivo de nossa jornada na Terra.Concluímos que a extraordinária jornada dos filhos de Hiram se iniciou quando surgiram os rituais mitológicos, com profundo teor esotérico. Estes mistérios existem, são perenes e fazem parte, inexoravelmente, da alma humana - seja em uma tribo esquecida no coração da África pré-histórica, seja em um vistoso Templo operando em qualquer oriente do Universo.REFERÊNCIAS:1- Arsuaga, J.L. “Colar do Neanderthal: em Busca dos Primeiros Pensadores” 1ª Edição, Editora Globo, 2005;2- Campbell, J. “Máscaras de Deus – Mitologias Primitivas”, 7ª Edição, Editora Palas Athena, 2005;3- Campbell, J. “O Poder do Mito”, 1ª Edição, Editora Palas Athena, 1990;4- Carvalho, I.S. “Paleontologia”, 2ª Edição, Editora Interciências, 2004;5- GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;6- Johanson, D.C. “Filhos de Lucy – A Descoberta de um Ancestral Humano” 1ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 1998.7- Jung, C.G. “Psicologia e Alquimia”, 2ª Edição, Editora Vozes, 1994;
O fruto do trabalho jaz ali ao lado: um javali abatido e alguns tubérculos amarelados. Os mais jovens haviam passado há poucos dias pela cerimônia de Iniciação, a porta de entrada a um novo mundo, ao universo dos adultos, dos grandes guerreiros e caçadores poderosos. Tais eventos eram marcados por diversas provas, como a da terra – rastejar pelas dunas - , da água – mergulhando fundo no lago Tanganyka - , do fogo – andar em brasas – e , logicamente , do sangue – derramar ritualisticamente o sangue da primeira presa abatida, devolvendo à Gaia ou Mãe-Terra um pouco do que ela tanto fornece aos homens.
Defronte a entrada do abrigo, todos se sentam no verde gramado que adorna o ambiente. Observam, atentamente, o lento e preguiçoso ocaso do dia que paulatinamente se precipita no horizonte, a oeste. Os animais da noite começam a sair das tocas . Uivos são ouvidos. O farfalhar distante das matas anuncia o início do domínio das trevas sobre a natureza. O vento sul-sudeste soa mais forte. Os mais velhos trocam olhares entre si, com pequenas nuanças revelando a apreensão iminente. Como seres do dia, todos temem a chegada da noite. Com ela, os três grandes inimigos passam a ocupar a arena universal que a todos vai envolvendo: a escuridão, o frio e a ameaça dos predadores.Discretamente, os bravos vão se aninhando em torno de um arranjo de gravetos, folhas e pequenos troncos. Somente um deus poderia protegê-los destes perigos. Fogo. É isso que todos mentalizam neste momento. É o salvador, o redentor, aquele que afugenta todos os males da noite. Tal qual o Sol , que reina triunfante durante o dia, os guerreiros sabem que apenas o fogo pode protegê-los pelas próximas horas. O xamã, com duas pedras em atrito, realiza a mágica da incandescência, no centro da formação semicircular. Imediatamente os mais experientes transcendem seus pensamentos, observando as brasas escaldantes. Fixando seus olhares na luz irradiante, sentem a presença, no ponto central, da idéia de Divindade, do incompreensível ou intangível - aquela partícula que seria a origem e a razão da existência de tudo. Também a existência da porção não-material que forma os seres, a alma ou psy-khe, que Platão (427-347 a.C.) tão bem estudou, marca sua posição em meio às labaredas. Durante o dia estas grandezas caminham junto ao Sol invencível, o deus-pai. Ao cair da noite, o grande soberano se retira para o mundo das trevas, deixando apenas um lampejo protetor remanescente nas chamas, personificando a luz que protege e guarda.Após breves instantes de contemplação silenciosa, todos se levantam e começam a caminhar em volta da fogueira, em uma circunvolução ritualística, no sentido horário, acompanhando o giro da Terra. Imploram pela ressurreição do Sol. Em volta, no horizonte, as doze constelações se postam formando a vista de 360º, tal quais as doze colunas representando o zodíaco. No alto, a cúpula ou abóbada celeste a todos cobria , protegendo e estabelecendo o vínculo sagrado com o infinito.Todos ali eram irmãos, na mais terna concepção da palavra. A leal fraternidade os tornava solidários entre si, prontos a derramar o próprio sangue pelos mais fracos do grupo. Para evitar a intromissão de
elementos de outros clãs, estabeleciam sinais e toques próprios, que permitiam a rápida identificação dos familiares. De todos era exigida a mais reta conduta social, de acordo com os princípios morais da época.Sabemos que na aurora do Homem a existência era tênue e fugaz. A expectativa de vida era curta, os riscos de morte ocorriam a cada minuto e as perspectivas de um futuro promissor beiravam a ficção. A extinção muitas vezes parecia uma certeza. Somente um poderoso espírito de luta, de coragem e de extrema valentia poderia ter garantido a sobrevivência desta espécie, fisicamente tão frágil, mas que estava fadada a sobrepujar todo o planeta, alguns milhões de anos mais tarde.3 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃOPor volta de 1.980 uma polêmica teoria foi comprovada. Cerca de 65 milhões de anos atrás findava a era dos dinossauros, com a queda de um meteoro próximo à península de Yucatán, no atual México. Este impacto gerou um verdadeiro apocalipse na Terra, com fogo, frio e fome generalizados. Quase toda forma de vida foi exterminada, de todos os reinos. A idade dos mamíferos ganhava força e vigor a partir de então, livres do domínio dos gigantes extintos. Se não fosse esta extinção em massa do final do Cretáceo (período da era Mesozóica iniciado há 145 milhões de anos atrás e terminado com a hecatombe do meteoro) , os mamíferos ainda seriam um insignificante grupo de quadrúpedes com vida rasteira.De pequenos roedores e habitantes de tocas, a evolução caminhou a passos largos, criando grande diversidade de organismos. No curso deste processo, há cerca de sete milhões de anos, os primeiros hominídeos ( dos gêneros Sahelanthropus, Ardipithecus e Australopitecus) começaram a florescer nas savanas africanas. Certamente estes primeiros bípedes, dedicados exclusivamente à coleta de vegetais, mariscos e restos de carcaças de animais abatidos por predadores melhor equipados, já começavam a elaborar os primeiros raciocínios questionando as grandes dúvidas que ainda hoje nos acompanham. Morte, dor, sofrimento, finalidade da existência e a busca pelas origens da espécie e da própria vida, já inquietavam nossos bravos antepassados. Deste ponto para o surgimento do pensamento místico, foi um pequeno passo. A busca pelo Sagrado e pelos mistérios do mundo subterrâneo, pelo entendimento do inconsciente e pela interpretação metafísica dos fenômenos naturais já incentivava a realização de cultos aos mortos, cerimônias ritualísticas iniciáticas e ritos de passagem. As pesquisas arqueológicas identificaram pétalas de flores, objetos simbólicos e pedaços de ossos de animais no interior de sepulturas do período Paleolítico. Pinturas rupestres em cavernas representam misticamente os animais, numa tentativa de dominar espiritualmente suas almas e facilitar as caçadas. Esculturas simbolizam esta ânsia pelo transcendente, como a “Vênus de Willendorf” que data do Paleolítico superior. Nesta fase, várias espécies de hominídeos coexistiam no continente africano, isoladas pelos acidentes naturais.Os bravos Homo sapiens ou homens modernos, exatamente idênticos a nós, surgiram por volta de 150.000 anos atrás. Com a estiagem que se abateu nas zonas tropicais, foram obrigados a emigrar da aconchegante África para todos os continentes. Chegaram ao extremo oriente, pelos caminhos da costa da Península Arábica e Índia, e se fixaram na Oceania. Atingiram as estepes da Ásia ocidental, da Rússia e da China. Dominaram a Europa que estava mais aquecida, devido ao recuo das geleiras, dizimando os “primos” Neandertalhensis e, no início do final da glaciação, há 26.000 anos, se tornaram a única espécie humana existente.4 - A ETERNA BUSCA DA VERDADEO Homem não conhece sua origem, nem seu futuro. Não sabe a razão de aqui estar, qual seu objetivo no Cosmos, e muito menos o que realmente é. Este drama é um dos pontos fundamentais da ciência especulativa. Todos se inquietam com estas questões, em um ou outro momento da vida.Desde os primeiros passos em solo africano, quando a linguagem era rudimentar, e a escrita um esboço disforme, estas dúvidas viscerais acompanham inexoravelmente as almas daqueles que voltavam seus olhos para o universo tentando enxergar além do visível.Pior que ignorar completamente o nosso surgimento ou o que somos, é desconhecer o porquê da dinâmica evolutiva ter nos tornado diferentes de todos os outros animais: não somos dominados exclusivamente pelos instintos primários. Necessitamos pensar, questionar, entender e justificar a nossa e toda natureza que existe. Isto não nos coloca acima nem abaixo das outras espécies em qualquer escala de valoração considerada. Apenas temos uma profunda dor e angústia em nossas almas, que outros seres feliz ou infelizmente não apresentam.Ao partirmos para este campo obscuro da linguagem e da cultura, nos são exigidos recursos de tolerabilidade para com o desconhecido e de confiança nas próprias condições de aceitar a infinitude que se apresenta. Para isso, é preciso ter consciência que convivemos com duas realidades distintas e complementares: confrontamos nossa impressão do mundo consciente, a chamada realidade sensível, com uma zona de trevas, de mistérios e total desconhecimento. Esta face mais profunda de nossa psique, a que temos acesso apenas quando estamos inconscientes, em estados alterados da consciência ou após a morte, nos fascina e perturba.O mundo dos mortos, do subterrâneo, dos labirintos, é a arena onde encontramos nossos maiores medos e fraquezas. Seus mistérios são um total enigma e motivo de infinitas especulações por parte dos grandes pensadores. Inacessível à maioria, só pode ser alcançado por mecanismos específicos que permitam sua revelação – como sistemas filosóficos, místicos, religiosos ou contemplativos. Tais instrumentos são essenciais ao nosso equilíbrio, ao Self, uma vez que não temos como fugir desta aguda necessidade de conviver com estes aspectos contraditórios da condição humana. Nossos deuses e demônios atuam de maneira aleatória e conjunta, em uma alquimia incondicional que pode nos levar à completa harmonia ou ao caos irreversível.Uma das formas de elaborar estes dramas existencialistas foi a construção dos Arquétipos, comuns em todas as culturas. Surgidos nos tempos imemoriais, durante as meditações realizadas em cavernas iluminadas a fogueiras, se mantém com a mesma força e vigor em pleno século XXI. Definidos como formas imateriais às quais os fenômenos psíquicos tendem a se adaptar, são chamados também de imagens primordiais, pois podem sofrer pequenas variações epidérmicas, mas na essência mantém um padrão uniforme, praticamente invariável.Quando constituídos por modelos de narrativas que eternamente se repetem, comuns em todas as culturas e épocas, temos os Mitos. Tais figuras de linguagem possibilitam interpretar os maiores mistérios da alma humana, de forma dinâmica, através de roteiros dramáticos repletos de simbolismos. São ferramentas poderosas que nos orientam perante as grandes questões que se apresentam, explicando a razão e aliviando grande parte das agonias que dilaceram o mais íntimo de nosso ser. Como grandes exemplos existem os Mitos sobre a origem e destruição de tudo, os relativos ao tempo e eternidade, os de morte e ressurreição, os de renascimento e renovação e os de transformação.As cerimônias de Iniciação, por exemplo, são ritos de transformação. Como todo processo de mudança, de metamorfose, não há retorno. Transposto o portal que transmuta o indivíduo, o iniciado jamais será o mesmo. O neófito morre para uma realidade e renasce em outra dimensão. Daí a irreversibilidade do ritual. Vivenciando na plenitude estas experiências de transformação, melhoramos a maneira de lidar com nossa interioridade e com as contradições que nos afligem, enquanto seres livres de pensamento.Outra manifestação muito freqüente junto às comunidades esotéricas são as jornadas mitológicas de morte e ressurreição. Estas narrativas são aquelas na qual o herói morre e ressuscita, descendo ao mundo dos mortos e retornando são e salvo. Possibilitam aos protagonistas, quando corretamente elaboradas, tatear sutilmente o mundo que pertence às divindades. Estas entidades, que traduzem nossos temores, idéias e sentimentos mais profundos, habitam outros planos, aos quais os homens normalmente não tem acesso. Expondo suas vontades divinas aos mortais, estas desventuras nos apresentam, em última análise, as várias facetas da própria personalidade humana. Assim, com o renascimento se vence o maior dos medos – a morte – e se atinge o absoluto em vida. O contato entre os mundos ocorre exclusivamente através destas metáforas - não há outro canal que viabilize esta experiência transcendental ou mística.Em nossos rituais, nos Graus Simbólicos, utilizamos exatamente estes instrumentos mitológicos de busca do absoluto. Interpretamos e vivenciamos uma série de situações arquetípicas, que subsistem no inconsciente coletivo desde o princípio dos tempos. Este é o traço comum que nos une aos ancestrais da África e às comunidades basilares de toda nossa cultura. Todos sofremos as mesmas angústias e dúvidas existenciais, e somos irmãos fraternos nesta experiência dramática.5 – CONCLUSÃOAssim como a personalidade humana, a Maçonaria apresenta duas perspectivas distintas de trabalho ou elaboração da realidade. Temos por um lado o universo visível, voltado para a materialidade dos conceitos e para o consciente, representado pelas alegorias e adereços em si, como o próprio Templo, os paramentos, a documentação formal. Este conteúdo pode efetivamente ter surgido a partir de 1.717, ou mesmo nas guildas medievais de “pedreiros”, ou até nas névoas da Lenda de York, de 926 a.D.Por outro lado, temos o chamado universo das sombras, do imponderável, representado pelos grandes mistérios da alma, das profundezas do ser, do real significado dos símbolos que utilizamos. Complementa o status visível em uma mística alquimia, possibilitando a evolução do processo de transformação rumo à perfeição. Adentrando a este campo transcendental, enfrentamos nossas maiores dúvidas existenciais, trazendo-as à tona, à luz do consciente e da sabedoria, o que possibilita que conheçamos a nós mesmos.A verdadeira substância da Arte Real se encontra exatamente nesta área não material, que se cristaliza no plano intangível das idéias, dos conceitos arquetípicos e ritualísticos que surgiram na alvorada do Homem, quando as necessidades imemoriais que todos manifestam começavam a florescer.Com certeza a psique humana não surgiu juntamente com a diferenciação fenotípica dos Homo sapiens. A evolução é um processo contínuo, e uma nova espécie é produto da seqüência de transformações de tipos anteriores. Portanto , quando nos olhamos no espelho, podemos vislumbrar no infinito atrás de nós uma fila indiana imensa, cujos últimos indivíduos se encontram nas escalas iniciais do longo processo evolutivo de nossa jornada na Terra.Concluímos que a extraordinária jornada dos filhos de Hiram se iniciou quando surgiram os rituais mitológicos, com profundo teor esotérico. Estes mistérios existem, são perenes e fazem parte, inexoravelmente, da alma humana - seja em uma tribo esquecida no coração da África pré-histórica, seja em um vistoso Templo operando em qualquer oriente do Universo.REFERÊNCIAS:1- Arsuaga, J.L. “Colar do Neanderthal: em Busca dos Primeiros Pensadores” 1ª Edição, Editora Globo, 2005;2- Campbell, J. “Máscaras de Deus – Mitologias Primitivas”, 7ª Edição, Editora Palas Athena, 2005;3- Campbell, J. “O Poder do Mito”, 1ª Edição, Editora Palas Athena, 1990;4- Carvalho, I.S. “Paleontologia”, 2ª Edição, Editora Interciências, 2004;5- GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;6- Johanson, D.C. “Filhos de Lucy – A Descoberta de um Ancestral Humano” 1ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 1998.7- Jung, C.G. “Psicologia e Alquimia”, 2ª Edição, Editora Vozes, 1994;
elementos de outros clãs, estabeleciam sinais e toques próprios, que permitiam a rápida identificação dos familiares. De todos era exigida a mais reta conduta social, de acordo com os princípios morais da época.Sabemos que na aurora do Homem a existência era tênue e fugaz. A expectativa de vida era curta, os riscos de morte ocorriam a cada minuto e as perspectivas de um futuro promissor beiravam a ficção. A extinção muitas vezes parecia uma certeza. Somente um poderoso espírito de luta, de coragem e de extrema valentia poderia ter garantido a sobrevivência desta espécie, fisicamente tão frágil, mas que estava fadada a sobrepujar todo o planeta, alguns milhões de anos mais tarde.3 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃOPor volta de 1.980 uma polêmica teoria foi comprovada. Cerca de 65 milhões de anos atrás findava a era dos dinossauros, com a queda de um meteoro próximo à península de Yucatán, no atual México. Este impacto gerou um verdadeiro apocalipse na Terra, com fogo, frio e fome generalizados. Quase toda forma de vida foi exterminada, de todos os reinos. A idade dos mamíferos ganhava força e vigor a partir de então, livres do domínio dos gigantes extintos. Se não fosse esta extinção em massa do final do Cretáceo (período da era Mesozóica iniciado há 145 milhões de anos atrás e terminado com a hecatombe do meteoro) , os mamíferos ainda seriam um insignificante grupo de quadrúpedes com vida rasteira.De pequenos roedores e habitantes de tocas, a evolução caminhou a passos largos, criando grande diversidade de organismos. No curso deste processo, há cerca de sete milhões de anos, os primeiros hominídeos ( dos gêneros Sahelanthropus, Ardipithecus e Australopitecus) começaram a florescer nas savanas africanas. Certamente estes primeiros bípedes, dedicados exclusivamente à coleta de vegetais, mariscos e restos de carcaças de animais abatidos por predadores melhor equipados, já começavam a elaborar os primeiros raciocínios questionando as grandes dúvidas que ainda hoje nos acompanham. Morte, dor, sofrimento, finalidade da existência e a busca pelas origens da espécie e da própria vida, já inquietavam nossos bravos antepassados. Deste ponto para o surgimento do pensamento místico, foi um pequeno passo. A busca pelo Sagrado e pelos mistérios do mundo subterrâneo, pelo entendimento do inconsciente e pela interpretação metafísica dos fenômenos naturais já incentivava a realização de cultos aos mortos, cerimônias ritualísticas iniciáticas e ritos de passagem. As pesquisas arqueológicas identificaram pétalas de flores, objetos simbólicos e pedaços de ossos de animais no interior de sepulturas do período Paleolítico. Pinturas rupestres em cavernas representam misticamente os animais, numa tentativa de dominar espiritualmente suas almas e facilitar as caçadas. Esculturas simbolizam esta ânsia pelo transcendente, como a “Vênus de Willendorf” que data do Paleolítico superior. Nesta fase, várias espécies de hominídeos coexistiam no continente africano, isoladas pelos acidentes naturais.Os bravos Homo sapiens ou homens modernos, exatamente idênticos a nós, surgiram por volta de 150.000 anos atrás. Com a estiagem que se abateu nas zonas tropicais, foram obrigados a emigrar da aconchegante África para todos os continentes. Chegaram ao extremo oriente, pelos caminhos da costa da Península Arábica e Índia, e se fixaram na Oceania. Atingiram as estepes da Ásia ocidental, da Rússia
e da China. Dominaram a Europa que estava mais aquecida, devido ao recuo das geleiras, dizimando os “primos” Neandertalhensis e, no início do final da glaciação, há 26.000 anos, se tornaram a única espécie humana existente.4 - A ETERNA BUSCA DA VERDADEO Homem não conhece sua origem, nem seu futuro. Não sabe a razão de aqui estar, qual seu objetivo no Cosmos, e muito menos o que realmente é. Este drama é um dos pontos fundamentais da ciência especulativa. Todos se inquietam com estas questões, em um ou outro momento da vida.Desde os primeiros passos em solo africano, quando a linguagem era rudimentar, e a escrita um esboço disforme, estas dúvidas viscerais acompanham inexoravelmente as almas daqueles que voltavam seus olhos para o universo tentando enxergar além do visível.Pior que ignorar completamente o nosso surgimento ou o que somos, é desconhecer o porquê da dinâmica evolutiva ter nos tornado diferentes de todos os outros animais: não somos dominados exclusivamente pelos instintos primários. Necessitamos pensar, questionar, entender e justificar a nossa e toda natureza que existe. Isto não nos coloca acima nem abaixo das outras espécies em qualquer escala de valoração considerada. Apenas temos uma profunda dor e angústia em nossas almas, que outros seres feliz ou infelizmente não apresentam.Ao partirmos para este campo obscuro da linguagem e da cultura, nos são exigidos recursos de tolerabilidade para com o desconhecido e de confiança nas próprias condições de aceitar a infinitude que se apresenta. Para isso, é preciso ter consciência que convivemos com duas realidades distintas e complementares: confrontamos nossa impressão do mundo consciente, a chamada realidade sensível, com uma zona de trevas, de mistérios e total desconhecimento. Esta face mais profunda de nossa psique, a que temos acesso apenas quando estamos inconscientes, em estados alterados da consciência ou após a morte, nos fascina e perturba.O mundo dos mortos, do subterrâneo, dos labirintos, é a arena onde encontramos nossos maiores medos e fraquezas. Seus mistérios são um total enigma e motivo de infinitas especulações por parte dos grandes pensadores. Inacessível à maioria, só pode ser alcançado por mecanismos específicos que permitam sua revelação – como sistemas filosóficos, místicos, religiosos ou contemplativos. Tais instrumentos são essenciais ao nosso equilíbrio, ao Self, uma vez que não temos como fugir desta aguda necessidade de conviver com estes aspectos contraditórios da condição humana. Nossos deuses e demônios atuam de maneira aleatória e conjunta, em uma alquimia incondicional que pode nos levar à completa harmonia ou ao caos irreversível.Uma das formas de elaborar estes dramas existencialistas foi a construção dos Arquétipos, comuns em todas as culturas. Surgidos nos tempos imemoriais, durante as meditações realizadas em cavernas iluminadas a fogueiras, se mantém com a mesma força e vigor em pleno século XXI. Definidos como formas imateriais às quais os fenômenos psíquicos tendem a se adaptar, são chamados também de imagens primordiais, pois podem sofrer pequenas variações epidérmicas, mas na essência mantém um padrão uniforme, praticamente invariável.Quando constituídos por modelos de narrativas que eternamente se repetem, comuns em todas as culturas e épocas, temos os Mitos. Tais figuras de linguagem possibilitam interpretar os maiores mistérios da alma humana, de forma dinâmica, através de roteiros dramáticos repletos de simbolismos. São ferramentas poderosas que nos orientam perante as grandes questões que se apresentam, explicando a razão e aliviando grande parte das agonias que dilaceram o mais íntimo de nosso ser. Como grandes exemplos existem os Mitos sobre a origem e destruição de tudo, os relativos ao tempo e eternidade, os de morte e ressurreição, os de renascimento e renovação e os de transformação.As cerimônias de Iniciação, por exemplo, são ritos de transformação. Como todo processo de mudança, de metamorfose, não há retorno. Transposto o portal que transmuta o indivíduo, o iniciado jamais será o mesmo. O neófito morre para uma realidade e renasce em outra dimensão. Daí a irreversibilidade do ritual. Vivenciando na plenitude estas experiências de transformação, melhoramos a maneira de lidar com nossa interioridade e com as contradições que nos afligem, enquanto seres livres de pensamento.Outra manifestação muito freqüente junto às comunidades esotéricas são as jornadas mitológicas de morte e ressurreição. Estas narrativas são aquelas na qual o herói morre e ressuscita, descendo ao mundo dos mortos e retornando são e salvo. Possibilitam aos protagonistas, quando corretamente elaboradas, tatear sutilmente o mundo que pertence às divindades. Estas entidades, que traduzem nossos temores, idéias e sentimentos mais profundos, habitam outros planos, aos quais os homens normalmente não tem acesso. Expondo suas vontades divinas aos mortais, estas desventuras nos apresentam, em última análise, as várias facetas da própria personalidade humana. Assim, com o renascimento se vence o maior dos medos – a morte – e se atinge o absoluto em vida. O contato entre os mundos ocorre exclusivamente através destas metáforas - não há outro canal que viabilize esta experiência transcendental ou mística.Em nossos rituais, nos Graus Simbólicos, utilizamos exatamente estes instrumentos mitológicos de busca do absoluto. Interpretamos e vivenciamos uma série de situações arquetípicas, que subsistem no inconsciente coletivo desde o princípio dos tempos. Este é o traço comum que nos une aos ancestrais da África e às comunidades basilares de toda nossa cultura. Todos sofremos as mesmas angústias e dúvidas existenciais, e somos irmãos fraternos nesta experiência dramática.5 – CONCLUSÃOAssim como a personalidade humana, a Maçonaria apresenta duas perspectivas distintas de trabalho ou elaboração da realidade. Temos por um lado o universo visível, voltado para a materialidade dos conceitos e para o consciente, representado pelas alegorias e adereços em si, como o próprio Templo, os paramentos, a documentação formal. Este conteúdo pode efetivamente ter surgido a partir de 1.717, ou mesmo nas guildas medievais de “pedreiros”, ou até nas névoas da Lenda de York, de 926 a.D.Por outro lado, temos o chamado universo das sombras, do imponderável, representado pelos grandes mistérios da alma, das profundezas do ser, do real significado dos símbolos que utilizamos. Complementa o status visível em uma mística alquimia, possibilitando a evolução do processo de transformação rumo à perfeição. Adentrando a este campo transcendental, enfrentamos nossas maiores dúvidas existenciais, trazendo-as à tona, à luz do consciente e da sabedoria, o que possibilita que conheçamos a nós mesmos.A verdadeira substância da Arte Real se encontra exatamente nesta área não material, que se cristaliza no plano intangível das idéias, dos conceitos arquetípicos e ritualísticos que surgiram na alvorada do Homem, quando as necessidades imemoriais que todos manifestam começavam a florescer.Com certeza a psique humana não surgiu juntamente com a diferenciação fenotípica dos Homo sapiens. A evolução é um processo contínuo, e uma nova espécie é produto da seqüência de transformações de tipos anteriores. Portanto , quando nos olhamos no espelho, podemos vislumbrar no infinito atrás de nós uma fila indiana imensa, cujos últimos indivíduos se encontram nas escalas iniciais do longo processo evolutivo de nossa jornada na Terra.Concluímos que a extraordinária jornada dos filhos de Hiram se iniciou quando surgiram os rituais mitológicos, com profundo teor esotérico. Estes mistérios existem, são perenes e fazem parte, inexoravelmente, da alma humana - seja em uma tribo esquecida no coração da África pré-histórica, seja em um vistoso Templo operando em qualquer oriente do Universo.REFERÊNCIAS:1- Arsuaga, J.L. “Colar do Neanderthal: em Busca dos Primeiros Pensadores” 1ª Edição, Editora Globo, 2005;2- Campbell, J. “Máscaras de Deus – Mitologias Primitivas”, 7ª Edição, Editora Palas Athena, 2005;3- Campbell, J. “O Poder do Mito”, 1ª Edição, Editora Palas Athena, 1990;4- Carvalho, I.S. “Paleontologia”, 2ª Edição, Editora Interciências, 2004;5- GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;6- Johanson, D.C. “Filhos de Lucy – A Descoberta de um Ancestral Humano” 1ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 1998.7- Jung, C.G. “Psicologia e Alquimia”, 2ª Edição, Editora Vozes, 1994;
e da China. Dominaram a Europa que estava mais aquecida, devido ao recuo das geleiras, dizimando os “primos” Neandertalhensis e, no início do final da glaciação, há 26.000 anos, se tornaram a única espécie humana existente.4 - A ETERNA BUSCA DA VERDADEO Homem não conhece sua origem, nem seu futuro. Não sabe a razão de aqui estar, qual seu objetivo no Cosmos, e muito menos o que realmente é. Este drama é um dos pontos fundamentais da ciência especulativa. Todos se inquietam com estas questões, em um ou outro momento da vida.Desde os primeiros passos em solo africano, quando a linguagem era rudimentar, e a escrita um esboço disforme, estas dúvidas viscerais acompanham inexoravelmente as almas daqueles que voltavam seus olhos para o universo tentando enxergar além do visível.Pior que ignorar completamente o nosso surgimento ou o que somos, é desconhecer o porquê da dinâmica evolutiva ter nos tornado diferentes de todos os outros animais: não somos dominados exclusivamente pelos instintos primários. Necessitamos pensar, questionar, entender e justificar a nossa e toda natureza que existe. Isto não nos coloca acima nem abaixo das outras espécies em qualquer escala de valoração considerada. Apenas temos uma profunda dor e angústia em nossas almas, que outros seres feliz ou infelizmente não apresentam.Ao partirmos para este campo obscuro da linguagem e da cultura, nos são exigidos recursos de tolerabilidade para com o desconhecido e de confiança nas próprias condições de aceitar a infinitude que se apresenta. Para isso, é preciso ter consciência que convivemos com duas realidades distintas e complementares: confrontamos nossa impressão do mundo consciente, a chamada realidade sensível, com uma zona de trevas, de mistérios e total desconhecimento. Esta face mais profunda de nossa psique, a que temos acesso apenas quando estamos inconscientes, em estados alterados da consciência ou após a morte, nos fascina e perturba.O mundo dos mortos, do subterrâneo, dos labirintos, é a arena onde encontramos nossos maiores medos e fraquezas. Seus mistérios são um total enigma e motivo de infinitas especulações por parte dos grandes pensadores. Inacessível à maioria, só pode ser alcançado por mecanismos específicos que permitam sua revelação – como sistemas filosóficos, místicos, religiosos ou contemplativos. Tais instrumentos são essenciais ao nosso equilíbrio, ao Self, uma vez que não temos como fugir desta aguda necessidade de conviver com estes aspectos contraditórios da condição humana. Nossos deuses e demônios atuam de maneira aleatória e conjunta, em uma alquimia incondicional que pode nos levar à completa harmonia ou ao caos irreversível.Uma das formas de elaborar estes dramas existencialistas foi a construção dos Arquétipos, comuns em todas as culturas. Surgidos nos tempos imemoriais, durante as meditações realizadas em cavernas iluminadas a fogueiras, se mantém com a mesma força e vigor em pleno século XXI. Definidos como formas imateriais às quais os fenômenos psíquicos tendem a se adaptar, são chamados também de
imagens primordiais, pois podem sofrer pequenas variações epidérmicas, mas na essência mantém um padrão uniforme, praticamente invariável.Quando constituídos por modelos de narrativas que eternamente se repetem, comuns em todas as culturas e épocas, temos os Mitos. Tais figuras de linguagem possibilitam interpretar os maiores mistérios da alma humana, de forma dinâmica, através de roteiros dramáticos repletos de simbolismos. São ferramentas poderosas que nos orientam perante as grandes questões que se apresentam, explicando a razão e aliviando grande parte das agonias que dilaceram o mais íntimo de nosso ser. Como grandes exemplos existem os Mitos sobre a origem e destruição de tudo, os relativos ao tempo e eternidade, os de morte e ressurreição, os de renascimento e renovação e os de transformação.As cerimônias de Iniciação, por exemplo, são ritos de transformação. Como todo processo de mudança, de metamorfose, não há retorno. Transposto o portal que transmuta o indivíduo, o iniciado jamais será o mesmo. O neófito morre para uma realidade e renasce em outra dimensão. Daí a irreversibilidade do ritual. Vivenciando na plenitude estas experiências de transformação, melhoramos a maneira de lidar com nossa interioridade e com as contradições que nos afligem, enquanto seres livres de pensamento.Outra manifestação muito freqüente junto às comunidades esotéricas são as jornadas mitológicas de morte e ressurreição. Estas narrativas são aquelas na qual o herói morre e ressuscita, descendo ao mundo dos mortos e retornando são e salvo. Possibilitam aos protagonistas, quando corretamente elaboradas, tatear sutilmente o mundo que pertence às divindades. Estas entidades, que traduzem nossos temores, idéias e sentimentos mais profundos, habitam outros planos, aos quais os homens normalmente não tem acesso. Expondo suas vontades divinas aos mortais, estas desventuras nos apresentam, em última análise, as várias facetas da própria personalidade humana. Assim, com o renascimento se vence o maior dos medos – a morte – e se atinge o absoluto em vida. O contato entre os mundos ocorre exclusivamente através destas metáforas - não há outro canal que viabilize esta experiência transcendental ou mística.Em nossos rituais, nos Graus Simbólicos, utilizamos exatamente estes instrumentos mitológicos de busca do absoluto. Interpretamos e vivenciamos uma série de situações arquetípicas, que subsistem no inconsciente coletivo desde o princípio dos tempos. Este é o traço comum que nos une aos ancestrais da África e às comunidades basilares de toda nossa cultura. Todos sofremos as mesmas angústias e dúvidas existenciais, e somos irmãos fraternos nesta experiência dramática.5 – CONCLUSÃOAssim como a personalidade humana, a Maçonaria apresenta duas perspectivas distintas de trabalho ou elaboração da realidade. Temos por um lado o universo visível, voltado para a materialidade dos conceitos e para o consciente, representado pelas alegorias e adereços em si, como o próprio Templo, os paramentos, a documentação formal. Este conteúdo pode efetivamente ter surgido a partir de 1.717, ou mesmo nas guildas medievais de “pedreiros”, ou até nas névoas da Lenda de York, de 926 a.D.Por outro lado, temos o chamado universo das sombras, do imponderável, representado pelos grandes mistérios da alma, das profundezas do ser, do real significado dos símbolos que utilizamos. Complementa o status visível em uma mística alquimia, possibilitando a evolução do processo de transformação rumo à perfeição. Adentrando a este campo transcendental, enfrentamos nossas maiores dúvidas existenciais, trazendo-as à tona, à luz do consciente e da sabedoria, o que possibilita que conheçamos a nós mesmos.A verdadeira substância da Arte Real se encontra exatamente nesta área não material, que se cristaliza no plano intangível das idéias, dos conceitos arquetípicos e ritualísticos que surgiram na alvorada do Homem, quando as necessidades imemoriais que todos manifestam começavam a florescer.Com certeza a psique humana não surgiu juntamente com a diferenciação fenotípica dos Homo sapiens. A evolução é um processo contínuo, e uma nova espécie é produto da seqüência de transformações de tipos anteriores. Portanto , quando nos olhamos no espelho, podemos vislumbrar no infinito atrás de nós uma fila indiana imensa, cujos últimos indivíduos se encontram nas escalas iniciais do longo processo evolutivo de nossa jornada na Terra.Concluímos que a extraordinária jornada dos filhos de Hiram se iniciou quando surgiram os rituais mitológicos, com profundo teor esotérico. Estes mistérios existem, são perenes e fazem parte, inexoravelmente, da alma humana - seja em uma tribo esquecida no coração da África pré-histórica, seja em um vistoso Templo operando em qualquer oriente do Universo.REFERÊNCIAS:1- Arsuaga, J.L. “Colar do Neanderthal: em Busca dos Primeiros Pensadores” 1ª Edição, Editora Globo, 2005;2- Campbell, J. “Máscaras de Deus – Mitologias Primitivas”, 7ª Edição, Editora Palas Athena, 2005;3- Campbell, J. “O Poder do Mito”, 1ª Edição, Editora Palas Athena, 1990;4- Carvalho, I.S. “Paleontologia”, 2ª Edição, Editora Interciências, 2004;5- GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;6- Johanson, D.C. “Filhos de Lucy – A Descoberta de um Ancestral Humano” 1ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 1998.7- Jung, C.G. “Psicologia e Alquimia”, 2ª Edição, Editora Vozes, 1994;
Por outro lado, temos o chamado universo das sombras, do imponderável, representado pelos grandes mistérios da alma, das profundezas do ser, do real significado dos símbolos que utilizamos. Complementa o status visível em uma mística alquimia, possibilitando a evolução do processo de transformação rumo à perfeição. Adentrando a este campo transcendental, enfrentamos nossas maiores dúvidas existenciais, trazendo-as à tona, à luz do consciente e da sabedoria, o que possibilita que conheçamos a nós mesmos.A verdadeira substância da Arte Real se encontra exatamente nesta área não material, que se cristaliza no plano intangível das idéias, dos conceitos arquetípicos e ritualísticos que surgiram na alvorada do Homem, quando as necessidades imemoriais que todos manifestam começavam a florescer.Com certeza a psique humana não surgiu juntamente com a diferenciação fenotípica dos Homo sapiens. A evolução é um processo contínuo, e uma nova espécie é produto da seqüência de transformações de tipos anteriores. Portanto , quando nos olhamos no espelho, podemos vislumbrar no infinito atrás de nós uma fila indiana imensa, cujos últimos indivíduos se encontram nas escalas iniciais do longo processo evolutivo de nossa jornada na Terra.Concluímos que a extraordinária jornada dos filhos de Hiram se iniciou quando surgiram os rituais mitológicos, com profundo teor esotérico. Estes mistérios existem, são perenes e fazem parte, inexoravelmente, da alma humana - seja em uma tribo esquecida no coração da África pré-histórica, seja em um vistoso Templo operando em qualquer oriente do Universo.REFERÊNCIAS:1- Arsuaga, J.L. “Colar do Neanderthal: em Busca dos Primeiros Pensadores” 1ª Edição, Editora Globo, 2005;2- Campbell, J. “Máscaras de Deus – Mitologias Primitivas”, 7ª Edição, Editora Palas Athena, 2005;3- Campbell, J. “O Poder do Mito”, 1ª Edição, Editora Palas Athena, 1990;4- Carvalho, I.S. “Paleontologia”, 2ª Edição, Editora Interciências, 2004;5- GLESP – “Ritual do Simbolismo do Aprendiz Maçom”, 2.001;6- Johanson, D.C. “Filhos de Lucy – A Descoberta de um Ancestral Humano” 1ª Edição, Editora Bertrand Brasil, 1998.7- Jung, C.G. “Psicologia e Alquimia”, 2ª Edição, Editora Vozes, 1994;
PARABENS IRMÃO VICENTE HIGINO
QUE A JUSTIÇA DE XANGÔ O PROTEJA E GUARDE ....