BLOG PARA CONSULTA
OBRAS PARA INDICAÇÃO
ANTECEDENTES: COLÔNIA SACRAMENTO
Fundação da Colônia Sacramento (1680) pelos portugueses na margem esquerda do Rio da Prata – em terras além do estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas (hoje: Santa Catarina e Paraná) (THOMÉ, 1993)
ILEGALIDADE PORTUGUESA
CAUSAS DA GUERRA – 1912 a 1916
• Limites interestaduais (Paraná X Santa Catarina)
• Competição econômica pela exploração de riquezas naturais (madeira)
• Disputa pela posse da terra (estrada de ferro)
• Movimento messiânico (monge)
CAUSAS DA GUERRA – 1912 a 1916
“Simultânea e coincidentemente, o CONTESTADO reuniu no mesmo TEMPO e no
mesmo ESPAÇO GEOGRÁFICO, mais de 30 mil pessoas – habitantes da região na
época – desde fazendeiros, em defesa de suas propriedades, posseiros, tentando
se manter em terras devolutas, os “fanatizados” por promessas messiânicas, e
oportunistas, que viam no movimento ocasião para exercerem pressões políticas
acerca dos limites disputados entre Santa Catarina e Paraná. Por isso, é dito que
nem todos os sertanejos catarinenses eram rebeldes, nem todos os rebeldes
eram fanáticos, e nem todos os fanáticos eram jagunços” (THOMÉ, 1997 apud
FRAGA, 2005)
ACONTECIMENTOS: A QUESTÃO DE PALMAS
• Argentina contesta terras brasileiras• 1857 – Tratado de limites (defendido pelo Visconde do
Rio Branco – pai do Barão do Rio Branco)• 1876 – nova tentativa (sem sucesso)• 1882 – Brasil busca a 3° tentativa• 1884 – Comissão mista (para nova verificação do
território em questão – durou de 1887 até 1890)• 5 de Fevereiro de 1895 – o Barão do Rio Branco (chefe da
missão especial) e o advogado do governo argentino recebem a notícia “o laudo é favorável ao Brasil” (quem assinou foi o presidente dos Estado Unidos: Grover Cleveland)
ACONTECIMENTOS: A QUESTÃO DE PALMAS
ACONTECIMENTOS: DAS CAPITANIAS À REPÚBLICA
• CAPITANIA DE SANTA CATARINA• CAPITANIA DE SÃO PAULO• Província do Paraná – Desmembrada da
Capitania de São Paulo em 1853• 1900 – Paraná entra com ação junto ao
Supremo Tribunal Federal• Julgamento em 1904 – ganho de causa para
Santa Catarina – 6 votos x 4 votos
ACONTECIMENTOS: DAS CAPITANIAS À REPÚBLICA
• Em 2 de Setembro de 1904 – embargo (PR)• Em 2 de Setembro de 1905 – impugnação (SC)• Em 24 de Dezembro de 1909 o STF rejeita os
embargos do Paraná• Em 15 de Abril de 1910 – novo embargo (PR)• Em 25 de Julho de 1910 o STF rejeita novamente os
embargos do Paraná• Visconde de Ouro Preto requereu expedição do
mandato executório em 1913 que o Juiz Federal Seccional do Paraná não cumpriu. (THOMÉ, 1989)
OS HABITANTES• Consequência do tropeirismo
• Refugiados “farroupilhas” (de 1835-1845)
• Refugiados “federalistas” (de 1892-1894)
• Mateiros – gente do mato ligados à lavoura ou criação de suínos
(engordados com pinhão no inverno, no verão com outros frutos)
• Cultivavam moranga, abóbora, milho, erva-mate
• Ranchos de pinho, fogo de chão
• Sem professores nem escolas, utilizavam medicina caseira, religião
principalmente católica rústica e avoenga pois padres raramente
apareciam (FRAGA, 2005)
A GUERRADURANTE A MONARQUIA
O POVO DA REGIÃO
VIVIA ALI, EM
LIBERDADE, CULTIVANDO A
TERRA E EXTRAINDO AS
RIQUEZAS DA FLORESTA
QUE CUMPUNHAM O
INTERIOR CATARINENSE.
A GUERRA
REPÚBLICA: “A LEI DO DIABO”
MODIFICAÇÃO NA LEI DO USO DA TERRA, VOLTADO
AOS GRANDES INVESTIMENTOS
INTERNACIONAIS DE EXTRAÇÃO DE MADEIRA E
PRODUÇÃO DE GADO
BRAZIL RAIWAY COMPANYLUMBER COMPANY
E FAZENDEIROS
BRAZIL RAIWAY COMPANY
• PERCIVAL FARQUHAR• Criou a SOUTHEN BRAZIL LUMBER and
COLONIZATION COMPANY• Em 1908 adquiriu controle da Companhia de
Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (EFSPRS)• “sob a copa das araucárias estavam imbuias
com até 10 m de circunferência”
BRAZIL RAIWAY COMPANY
• PERCIVAL FARQUHAR• A União garantiu, por contrato, 15 km de cada
lado da ferrovia, declarando que eram terras DEVOLUTAS (sem ninguém)
• O Governo contrariou a LEI DE TERRAS de 1850 “Surge então a Lei de Terras, (lei n°601/1850), a partir desta data só poderia ocupar as terras por compra e venda ou por autorização do Rei. Todos os que já estavam nela, receberam o título de proprietário, porém, tinha que residir e produzir na terra.”
BRAZIL RAIWAY COMPANY
• PERCIVAL FARQUHAR• Retirava a madeira, beneficiava e mandava para
a Europa (1° Guerra Mundial fez o preço da madeira disparar)
• Ao término das obras, Percival Farquhar não pagou passagem de volta aos ex-funcionários (aproximadamente 4000) que vieram engrossar o exército
LUMBER COMPANY
• PROPRIETÁRIO: Percival Farquhar• Ganhou o direito de explorar, para
desenvolver a, então, região contestada• Exército da LUMBER (impôs a ferro e fogo, os
direitos da companhia, que chegou ao status de ser a maior madeireira da América Latina)
• Montou serraria em Três Barras-SC e Calmon-SC onde (todo ano) festejavam o 4 de julho
LUMBER COMPANY
LUMBER COMPANY
MESSIANISMO
• Exército Encantado de São João Maria• Cruz Verde – bandeira branca• Quase 10 mil pessoas armadas (homens, velhos, crianças e
mulheres)• Criadores, peões, lavradores, ex-trabalhadores da estrada de
ferro, comerciantes de vilas e estradas, agregados e capatazes• Pessoas carentes de alfabetização, assistência e promoção
social • Antigos combatentes farroupilhas, maragatos, ex-
combatentes dos batalhões de Voluntários da Pátria e da Guarda Nacional, e ainda, criminosos, ex-presidiários e foragidos da justiça (FRAGA, 2005)
MESSIANISMO• Foram combatidos pelos regimentos de SEGURANÇA de
Santa Catarina e Paraná• Por piquetes de cavalaria do Esquadrão da Guarda
Nacional• E por grande parte do Exército Brasileiro que empregou
tropas de infantaria, da cavalaria, da engenharia e da artilharia.
• “a inferioridade numérica dos militares era compensada pelo melhor aparelhamento bélico, pois utilizava canhões, metralhadoras, bombas, espadas e fuzis, contra facões de pau, velhas espingardas, mosquetões e revólveres dos sertanejos” (MONTEIRO, 1996)
O MONGE SÃO JOÃO MARIA
SÍMBOLO DO EXÉRCITO ENCANTADO
O MONGE
• Agosto de 1912 – o “monge” José Maria instala-se em Taquarussu-SC, fundando o QUADRO SANTO
• O monge e seus 24 PARES DE FRANÇA “Dá-se a designação de Doze pares da França à tropa de elite pessoal do rei Carlos Magno da França, formada por doze cavaleiros leais ao rei, liderados por Rolando, sobrinho de Carlos Magno. A expressão "doze pares" se dá pelo fato dos doze cavaleiros terem extrema semelhança entre si, no que diz respeito à força, habilidade com armas e lealdade ao rei, e daí o termo ‘par’. “ (CABRAL, 1960)
• As autoridades catarinenses, incomodadas, invocam auxílio do Exército para garantir a ordem
O MONGE
• O monge cruza o Rio do Peixe e instala-se em Irani-PR, o governo paranaense considerou a passagem uma “invasão” e enviou forças policiais para conter o grupo (CABRAL, 1960)
• O combate se deu em Banhado Grande (Irani), em 22 de outubro de 1912, quando morreram tanto o monge José Maria, como o Capitão João Gualberto, chefe da polícia paranaense.
IRANI (HOJE PERTENCE A SANTA CATARINA)
OS COMBATES• Segundo semestre de 1913: “ressureição” de José
Maria (por Euzébio Ferreira do Santos – neta Teodora) que voltou a Taquarussu para formar o novo “Quadro Santo”
• 29 de dezembro de 1913: os “fanáticos” derrotam as forças legais
• 8 de fevereiro de 1914: nova coluna do exército: 750 homens. A maioria dos caboclos tinha fugido ao cerco, rumo a Caraguatá, sob comando de MARIA ROSA (a “Virgem”) – visões do monge
OS COMBATES• José Freire Gameiro subestimou o poder dos
caboclos, atacando em 9 de março de 1914 e foi derrotado em sangrenta batalha (tática de guerrilha)
• General Mesquita (esteve em Canudos), 1700 homens, de 13 a 29 de maio de 1914 atacou Caraguatá, contudo, os “fanáticos” liderados por Maria Rosa simularam uma dispersão
• A missão do General Mesquita foi dada como por encerrada (fica no comando Capitão Matos Costa)
OS COMBATES• Julho de 1914: o Capitão Matos Costa patrulha a
região, tentando convencer os caboclos a entregar as armas, sem empregar violência, mas o “fanáticos” não haviam debandado, e sim se espalhados em vários redutos
• Começaram a saquear, depredar, arrebanhar gado, alistar adeptos
• 5 setembro de 1914 os “fanáticos” entraram em Calmon, incendiaram a Lumber, no dia 6, destruíram a Estação de Nova Galícia (São João-SC)
OS COMBATES• No mesmo dia, atacaram o trem que trazia Matos
Costa que foi morto em combate (SCHÜLLER, 1994)• Assume o General Setembrino de Carvalho• 1° viação de guerra na América Latina (Tenente
Ricardo Kirk e Ernesto Darlolli) • Em outubro de 1914: 7199 homens da força regular,
6408 soldados do Exército, 465 policiais de Santa Catarina, 26 policiais do Paraná, 300 vaqueanos contratados (divididos em 4 poderosas colunas)
OS COMBATES• A tática de Setembrino: cercar os caboclos pelos redutos• 25 de fevereiro de 1915: grande ofensiva• 1° abril: ataque ao reduto de Caçador• 5 abril: 6000 casas queimadas e 600 caboclos mortos fora
mulheres e crianças não contabilizados• Dezembro de 1915: fim dos combates – parte mais
sangrenta do combate: “limpeza geral”• 20 de outubro de 1916: assinatura, no Palácio do Catete,
Rio de Janeiro, em ato solene, do “Acordo de Limites” (Felipe Schimidt – Gov. Santa Catarina/Affonso Camargo – Gov. Paraná e Wenceslau Braz – Pres. República)
Obrigado pela atenção!
REFERÊNCIAS• CABRAL, Oswaldo R. Histórias de Santa Catarina. Rio de Janeiro. Liv. Pioneira
Editora. 1967. • FRAGA, Nilson Cesar. Paraná Espaço e Memória. Diversos olhares histórico-
geográficos. Curitiba. Editora Bagozzi. 2005.• MONTEIRO, Duglas Teixeira. Os errantes do novo século. Um estudo o surto
milenarista do Contestado. 1912/1916. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1996
• SCHÜLLER, Donaldo. Império Caboclo. Florianópolis: UFSC/FCC. Porto Alegre. Movimento, 1994.
• THOMÉ, Nilson. A aviação militar no Contestado – Réguiem para Kirk. Caçador (SC). Fearp, 1986.
• --------------------. As duras frentes de luta desta terra Contestada. Florianópolis. Diário Catarinense. Suplemento. 1989
• --------------------. Rio Branco e o Contestado – Questão de limites Brasil – Argentina. Caçador (SC). UnC. 1993