CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO
MESTRADO PROFISSIONAL EM PROMOÇÃO DA SAÚDE
MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA
MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL:
PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO
São Paulo 2018
MÔNICA DE FÁTIMA FREIRES DA SILVA
MOTIVAÇÃO PARA ADOÇÃO DE ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL:
PERCEPÇÃO DE PORTADORES DE HIPERTENSÃO
Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Promoção da Saúde, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira.
São Paulo 2018
Dissertação apresentada ao Centro Universitário Adventista de São Paulo -
Programa de Mestrado Profissional em Promoção da Saúde aprovada em
___/___/___.
_________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira
__________________________________________
Prof. Dr. Alexsandro dos Santos Machado
__________________________________________
Prof.ª Dr.ª Elisabete Agrela de Andrade
Dedico esse estudo primeiro a Deus por permitir sua concretização e pelo privilégio e oportunidade de ser acompanhada por professores dedicados e comprometidos com o ensino da Religiosidade e Espiritualidade na saúde. Aos pacientes da ESF pela oportunidade de representá-los na conclusão desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que direcionou esta pesquisa do início até o final,
permitindo que os obstáculos me fortalecessem.
Ao meu esposo a grata satisfação de tê-lo a meu lado, recebendo seu apoio
nos melhores momentos deste trabalho, e nas dificuldades, ao som de suas palavras
me dizendo “persevere sempre”.
Aos meus filhos Caio e André, que me incentivam e me brindam com palavras
que guardo em meu coração com muito amor e ternura.
À Melissa e Gabriel que me fazem a avó mais feliz do mundo, minha sempre
gratidão.
Aos meus pais que contribuíram, cada um do seu jeito, a que eu continuasse
discernindo o bom e o mau caminho. Especialmente às minhas mães Alaide e Laiete.
Aos meus familiares que me incentivaram a finalizar o estudo para que eu
pudesse ir visitá-los na “terrinha” que eu amo tanto, São José do Belmonte – PE.
Assim como de outros lugares do Brasil por onde os familiares estão espalhados.
Aos meus irmãos com quem aprendi o desapego e o amor fraterno,
especialmente à minha irmã Eurides.
À orientadora Prof.ª Dr.ª Maria Dyrce Dias Meira, com seu profissionalismo e
conhecimento, abstraiu o melhor de mim e me ensinou a alcançar o objetivo o qual fui
buscar na UNASP.
Aos professores que estiveram presentes na banca de qualificação, Prof. Dr.
Fernando Lefèvre e Prof.ª Dr.ª Elisabete Agrela de Andrade, pelas contribuições que
foram pérolas direcionando meus passos até a finalização do estudo.
Às professoras Dr.ª Gina Andrade Abdala e Dr.ª Maria Cecília Leite de Moraes,
meu profundo carinho por todos os momentos de incentivo, me faziam buscar
interiormente minha motivação para aprofundar ainda mais a pesquisa.
Aos demais professores do Centro Universitário Adventista de São Paulo
(UNASP), os quais me abrilhantaram com suas perguntas me fazendo sair do eixo,
contudo, meus olhos se abriam para novos rumos.
Aos meus amigos de mestrado, Daniela da Cunha dos Santos e Felipe Abrahão
com os quais estabeleci uma amizade terna e de ajuda mútua.
Ao Prof. Dr. Alexsandro dos Santos Machado que aceitou de prontidão o nosso
convite para a banca e me estimulou desde o princípio com seu entusiasmo.
E a todas as pessoas direta ou indiretamente que contribuíram com este
estudo, meu muito obrigado!
Gratidão, é a palavra para descrever o que sinto neste momento.
“O início de um hábito é como um fio invisível, mas, a cada vez que o repetimos, o ato reforça o fio, acrescenta-lhe outro filamento, até que se torna um enorme cabo e nos prende de forma irremediável no pensamento e ação”. (Orison Swett Merden)
RESUMO
Introdução: a Hipertensão Arterial Sistêmica apresenta um alto custo social e requer da Atenção Básica reforços em ações de promoção da saúde para minimizar os danos e agravos da doença. A pesquisa envolveu uma intervenção educativa que orientou a adoção de hábitos saudáveis, relacionados aos “Oito Remédios Naturais” – Alimentação, Exercício Físico, Água, Luz solar, Temperança, Ar puro, Sono e Confiança em Deus. Esses remédios abrangem práticas promotoras da saúde integral de grande importância como coadjuvantes no tratamento não medicamentoso para controle da pressão arterial. Objetivo: conhecer a percepção de portadores de hipertensão arterial, de uma Estratégia Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciam na adoção de hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do bem-estar. Método: estudo qualitativo, descritivo e exploratório no qual utilizou-se de entrevistas semiestruturadas com aplicação individualizada. As entrevistas ocorreram em duas etapas, uma semana após a finalização da intervenção educativa e três meses após. O conteúdo discursivo foi tratado com a técnica de análise do Discurso do Sujeito Coletivo e analisados com base no referencial da Teoria da Representação Social. A pesquisa foi realizada em uma Unidade da Estratégia Saúde da Família da Zona Sul de São Paulo, com um grupo de oito pacientes, portadores de hipertensão arterial, sem outras comorbidades. Durante oito semanas consecutivas, foram experienciados hábitos de vida como componentes de um Estilo de Vida Saudável, por meio de Oficinas de Espiritualidade e Saúde. Resultados: no perfil sócio demográfico houve uma predominância do sexo feminino (87,5%), com idade entre 65 e 80 anos (62,5%) e 45 e 64 anos (25,0%). Os principais fatores motivacionais apreendidos foram: percepção de melhorias da saúde integral com reflexos para a família; inter-relação e apoio social, a conscientização sobre a importância dos hábitos saudáveis relacionados aos “Oito Remédios Naturais” e finalmente, as oficinas foram consideradas um acontecimento transformador, uma possibilidade de reinventar-se e adotar hábitos saudáveis para controlar a pressão arterial. Outros motivos revelados foram: percepção dos benefícios espirituais; o incentivo das Oficinas de Espiritualidade e Saúde; a conscientização da importância dos Remédios Naturais e sobre o processo saúde-doença; conquista de novos hábitos; gratidão e Confiança em Deus. As dificuldades sinalizadas pelos pacientes foram: romper com crenças cristalizadas em favor de velhos hábitos, fatores pessoais e emocionais que limitam ações voltadas para o novo, a falta de tempo devido à excesso de trabalho e limitações pessoais. Considerações Finais: o relacionamento interpessoal e a espiritualidade durante as oficinas, constituíram-se como fatores motivacionais primordiais para a percepção da necessidade de adoção de um estilo de vida promotor da saúde. A despeito da complexidade e singularidade que envolvem as diversas condições existenciais de cada pessoa, ressalta-se a influência das Representações Sociais, ligadas à hipertensão e que estão condicionadas às crenças acerca dos determinantes de saúde e doença de cada paciente. predominantes no ambiente em que vivem. Palavras-chave: Hipertensão Arterial; Promoção da Saúde; Estilo de Vida; Motivação; Espiritualidade.
ABSTRACT Introduction: Systemic Arterial Hypertension has a high social cost and requires from the Primary Care several enhancements in health promotion actions to minimize the damage and worsening of the illness. The research involved an educational intervention that guided the adoption of healthy habits related to the “Eight Natural Remedies” – Food, Physical Exercise, Water, Sunlight, Temperance, Fresh Air, Sleep, and Trust in God. These remedies encompass comprehensive health promoting practices of great importance as supporting elements in the non-drug treatment for blood pressure control. Objective: to know the perception of patients with arterial hypertension from a Family Health Strategy in relation to the motivational factors that influence the adoption of healthy habits for the restoration of health and welfare. Method: this is a qualitative, descriptive and exploratory study using semi-structured interviews with individualized application. The interviews took place in two steps, the first one immediately one week after the end of the educational intervention and the second three months later. The discursive content was dealt with the Collective Subject Discourse technique and analyzed based on the Social Representation Theory framework. The research was performed in a Family Health Strategy Unit of the Southern Zone of São Paulo, with a group of eight patients. During eight consecutive weeks, life habits were experienced as components of a Healthy Lifestyle, through Spirituality and Health Workshops. Results: regarding the sociodemographic profile, there was a predominance of the female gender (87.5%), aged between 65 and 80 years (62.5%) and between 45 and 64 years (25.0%). The main motivational factors seized were: perception of comprehensive health improvements with reflexes for the family; interrelationship and social support, awareness of the importance of healthy habits related to the “Eight Natural Remedies”; and, finally, workshops were considered as a transformative event, i.e., a possibility of reinventing themselves and adopting healthy habits to control blood pressure. Other reasons revealed were: perception of spiritual benefits; encouragement of the Spirituality and Health Workshops; awareness of the importance of Natural Remedies and of the health-disease process; conquest of new habits; gratitude and trust in God. The difficulties signalized by the patients were: to break with beliefs crystallized in favor of old habits, personal and emotional factors that limit actions directed to the new, the lack of time due to work overload, and personal limitations. Final Considerations: the interpersonal relationship and the spirituality during the workshops were the primary motivational factors for the perception of the need to adopt a health promoting lifestyle. Despite the complexity and uniqueness of the existential conditions of each person, we should highlight the influence of the Social Representations linked to hypertension and that are conditioned to the beliefs about the determinants of health and illness of each patient, which are prevalent in the environment in which they live. Keywords: Hypertension; Health Promotion; Life Style; Motivation; Spirituality.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Representações sociais de hipertensão ……………………………... 42
Figura 2 - A Medicina face à hipertensão ………………………………………… 42
Figura 3 - A prática cotidiana ……………………………………………………… 43
Figura 4 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da primeira pergunta (n= 8)
64
Figura 5 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da segunda pergunta (n= 8)
73
Figura 6 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da terceira pergunta (n= 8)
81
Figura 7 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da quarta pergunta (n= 8)
84
Figura 8 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da quinta pergunta (n= 8)
89
Figura 9 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da sexta pergunta (n= 8)
94
Figura 10 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC
resultantes da sétima pergunta (n= 8)
97
LISTA DE ABREVIATURAS
ACS Agentes Comunitários de Saúde
APS Atenção Primária à Saúde
AVC Acidente Vascular Cerebral
CVS Centro de Vigilância Sanitária
DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DCV Doenças Cardiovasculares
DeCS Descritores em Ciência da Saúde
DSC Discurso do Sujeito Coletivo
EC Expressões Chaves
EM Esclerose Múltipla
ESF Estratégia Saúde da Família
EV Estilo de Vida
EVS Estilo de Vida Saudável
GC Grupo Controle
GE Grupo Experimental
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Ideias Centrais
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IECA Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina
IMC Índice de Massa Corporal
INSS Instituto o Nacional do Seguro Social
ISSL Inventário de Sintomas de Stress para adultos Lipp
LES Lúpus Eritematoso Sistêmico
MS Ministério da Saúde
NuRuNI Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades
Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas
OES Oficinas de Espiritualidade e Saúde
ORN “Oito Remédios Naturais”
OMS Organização Mundial da Saúde
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PA Pressão Arterial
PCR Proteína C Reativa
PE-OPAS Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde
PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição
PNH Política Nacional de Humanização
PNPS Política Nacional de Promoção da Saúde
PNS Pesquisa Nacional de Saúde
PPGSA Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente
PPS Políticas Públicas de Saúde
PS Promoção de Saúde
PSF Programa Saúde da Família
Q8RN Questionário Oito Remédios Naturais
R/E Religiosidade/Espiritualidade
REIS Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade da Saúde - Grupo de
Pesquisa
RS Representações Sociais
SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia
SESP Serviço Especial de Saúde Pública
SES SP Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TNM Tratamento Não Medicamentoso
TRS Teoria de Representações Sociais
UBS Unidade Básica de Saúde
UNASP Centro Universitário Adventista de São Paulo
USF Unidade de Saúde da Família
WPA World Psychiatric Association
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Motivação para o estudo ..................................................................................... 14
1.2 Contextualização - Hipertensão Arterial Sistêmica e Promoção da Saúde......15
1.3 Justificativa .......................................................................................................... 23
1.4 Objetivos............................................................................................................... 24
1.4.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 24
1.4.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 24
1.5 Problema e pressupostos teóricos ..................................................................... 24
2 METODOLOGIA .................................................................................................... 25
2.1 Casuística ............................................................................................................. 27
2.2 Materiais ............................................................................................................... 28
2.3 Método……………………………………………………………………………………. 28
2.3.1 Instrumentos de coleta de dados ........................................................................... 32
2.3.2 Coleta de dados ..................................................................................................... 33
2.3.3 Análise dos dados .................................................................................................. 34
2.3.4 Aspectos éticos ...................................................................................................... 35
3 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 36
3.1 Revisão da bibliografia fundamental .................................................................. 36
3.1.1 Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na hipertensão....................... 36
3.1.2 Educação em Saúde para favorecer o autocuidado ............................................... 43
3.1.3 “Oito Remédios Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde ......... 49
3.1.4 Oficina de Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde ........ 58
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 61
4.1 Caracterização sociodemográfica da amostra ................................................... 61
4.2 Primeira etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após
intervenção educativa ....................................................................................................... 63
4.3 Segunda etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após
três meses da intervenção educativa ............................................................................... 87
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 100
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 105
APÊNDICES ...................................................................................................................... 123
ANEXOS ........................................................................................................................... 130
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Motivação para o estudo
A motivação para este estudo surgiu à medida que me envolvi como
participante do Grupo de Pesquisa “Religiosidade e Espiritualidade na Integralidade
da Saúde” (Grupo REIS) e fui me inteirando dos projetos, reuniões, coletas de dados,
intervenções educativas, leitura e elaboração de artigos científicos. Minha
participação no grupo me possibilitou perceber que cada proposição de estudo estava
ligada a um propósito maior relacionado ao projeto “Percepção dos profissionais de
saúde da Estratégia Saúde da Família quanto a assistência espiritual aos usuários”
(APÊNDICE A).
Aos poucos fui compreendendo a relevância da pesquisa e me interessando
em conhecer as possibilidades para percorrer um caminho de pesquisa dentro do
Grupo REIS. Algumas ideias de projetos que eu poderia investigar foram sugeridas
pelo grupo, porém o despertar de meu interesse foi pelo tema que envolve a utilização
dos “Oito Remédios Naturais” (ORN).
Ao longo de dois anos de participação nos projetos do Grupo REIS, percebi
que as intervenções sociais comunitárias como as Feiras de Saúde alcançaram
pessoas, das quais algumas puderam se beneficiar com o conhecimento dos ORN,
porém outras não. Uma reflexão crítica relacionada à multiplicação deste
conhecimento foi a fonte de motivação para aprofundar ainda mais meus estudos
sobre o tema e transformá-los em ações efetivas. Assim, por meio desta pesquisa,
busco compreender os aspectos que levam as pessoas a fazerem uso dos ORN
objetivando o resgate da saúde de maneira integral.
Outro aspecto que ampliou a relevância pessoal para a realização desta
pesquisa, foi que, por meio da observação de familiares portadores de hipertensão
arterial percebi que utilizavam medicamentos e continuavam com os mesmos hábitos
de vida. Por orientação médica, deveriam também adotar hábitos relacionados à
alimentação saudável e exercícios físicos, bem como reduzir a utilização de agentes
nocivos, como o consumo do sal e bebidas alcoólicas, contudo apresentavam
dificuldades em adotar as práticas saudáveis no cotidiano.
Os hábitos saudáveis relacionados aos ORN sempre me despertaram
curiosidades. Percebia que, de modo geral, as pessoas os utilizavam, mas pareciam
15
desconhecer sua influência no corpo e a possibilidade de contribuir para o controle da
pressão arterial, bem-estar e melhora da saúde.
Neste sentido, parti da hipótese de que se pacientes portadores de hipertensão
vivenciassem um programa de intervenção educacional sobre o uso dos ORN,
poderiam perceber os benefícios dos mesmos em uma evolução progressiva de bem-
estar e saúde.
Por outro lado, enquanto profissional na área da saúde, tenho observado a
dificuldade das pessoas no que diz respeito às orientações médicas para aderirem
aos hábitos de vida saudáveis, seja por não terem a consciência sobre a importância
deles à saúde, pela resistência a mudanças, por pouco incentivo familiar e/ou social
ou por outros motivos desconhecidos. Assim, julguei pertinente investigar a percepção
que os portadores de hipertensão arterial teriam sobre sua saúde após conhecerem
e experienciarem o uso desses Remédios Naturais (RN) no seu dia a dia.
1.2 Contextualização – Hipertensão Arterial Sistêmica e Promoção da Saúde
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) apresentam um alto custo
social. Dentre elas destaca-se a hipertensão arterial que, ainda hoje, requer da
Atenção Básica reforços em ações de promoção da saúde (SILVA et al., 2015;
NEVES, et al., 2017). A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é o principal fator de
risco para desenvolver doenças cardíacas e acidente vascular cerebral (AVC). Essa
enfermidade contribui mundialmente para quase 9,4 milhões de mortes a cada ano e
afeta todas as classes sociais. Além disso, aumenta o risco de doenças, como
insuficiência renal e cegueira (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE...,
2016).
A HAS é definida como pressão sistólica igual ou maior que 140 mmHg ou
pressão diastólica igual ou maior que 90 mmHg. Mais de um bilhão de pessoas em
todo o mundo são hipertensas. De cada 10 adultos com mais de 25 anos, quatro tem
hipertensão, e em muitos países uma em cada cinco pessoas está pré-hipertenso
(ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE..., 2016; ALMEIDA et al., 2017).
Segundo a OMS as doenças cardiovasculares tendem a declinarem nos países
desenvolvidos, contudo continuam sendo a maior causa de morbimortalidade em todo
o globo terrestre (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2014).
16
No Brasil, a HAS é a comorbidade mais envolvida em casos de morte súbita
cardíaca, apresentando-se com 57,3% dos casos (BRAGGION-SANTOS et al., 2014).
São aproximadamente 17 milhões de pessoas, representando mais de 30% da
população com idade superior a 40 anos, sendo que somente um terço deles estão
com os níveis pressóricos controlados (PAZ et al., 2011). Portanto, trata-se de uma
doença que é considerada um grande problema para a saúde pública (ALMEIDA et
al., 2017).
A HAS não apresenta sintomas na maior parte das vezes, até que iniciam as
complicações como eventos de: acidente vascular encefálico, infarto agudo do
miocárdio, edema agudo dos pulmões, etc. Devido aos riscos aumentados, afeta a
aptidão para o trabalho de maneira temporária ou indefinida, com encaminhamento à
perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2008; DANTAS, 2015).
São várias as dificuldades que ocasionam a falta de adesão ao tratamento,
desde problemas de ordem financeira, a família que não colabora, a atenção nos
serviços de saúde, a forma de atendimento dos profissionais de saúde ou até mesmo
devido à ausência de sintomas (LOPES et al., 2015). Quando não controlada, a
doença progride e se associa às disfunções dos órgãos-alvo e às alterações
metabólicas, podendo causar danos cardiovasculares e óbitos (DANTAS, 2015;
MANTOVANI, 2016).
Um estudo observacional de corte transversal, por 12 meses, com 330
portadores de hipertensão, pertencentes a Unidade Saúde da Família (USF) do
Espírito Santo, cujos riscos de agravos estavam relacionados ao infarto agudo do
miocárdio ou doença coronária com morte, apontou que 148 participantes (44,8%)
apresentavam alto risco de desenvolver doenças coronarianas nos próximos 10 anos;
67 (20,4%) estavam em risco médio e os outros 115 (34,8%) apresentavam risco
baixo. Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores, foi que grande parte dos
prontuários não possuíam anotações sobre as consultas, exames e condutas de risco,
como o tabagismo. Esses e outros apontamentos, realizados pelo estudo, sugerem
falhas no processo de estruturação de trabalho do serviço de saúde, comprometendo
o acompanhamento de dados clínicos e qualidade do cuidado na Atenção Primária à
Saúde (APS) (SILVA; MOLINA; CADE, 2014).
Outra pesquisa com 422 indivíduos portadores de HAS, mostrou que 12,08%
dos entrevistados já foram hospitalizados por crise hipertensiva ou pseudocrise
17
hipertensiva (47,05%), complicações cardiovasculares (45,10%) e cerebrovasculares
(7,85%), (BARRETO; MARCON, 2014).
O estudo de Siqueira et al. (2017) identificou que entre os anos de 2010 e 2015,
os custos diretos e indiretos com as Doenças Cardiovasculares (DCV) se elevaram,
consideravelmente, no Brasil na faixa de R$ 37,1 bilhões de reais. As mortes
chegaram a 28% do total de ocorrências, sendo que 38% foi na faixa etária produtiva.
Entre os custos mais elevados estão os medicamentos com 88% e os gastos com a
Previdência Social relativos a aposentadorias precoce e auxílio-doença com 66% O
estudo estima também, que os custos aumentarão ainda mais, à medida que a
população continuar envelhecendo.
Além do componente genético estar presente como fator de risco para a
hipertensão, o Estilo de Vida (EV) do indivíduo é considerado como um fator
preponderante no surgimento das doenças cardiovasculares, assim como na
manutenção da saúde (RIPPE, 2014; ANGELOPOULOS, 2014). A dieta
predominantemente composta por gorduras e carboidratos, os hábitos sedentários, o
tabagismo, uso abusivo de álcool, bem como o estresse do mundo moderno, são
nocivos à saúde cardiovascular global do homem (GO et al., 2014). Mudar o EV,
portanto, tem se apresentado como uma intervenção positiva no combate às doenças
cardiovasculares, para o tratamento dos fatores de risco principais, a exemplo da
hipertensão arterial.
Segundo a OPAS e OMS, as pessoas podem tomar medidas simples para
reduzir o risco de hipertensão, como consumir menos sal, comer uma dieta
equilibrada, praticar atividades físicas regulares, evitar o tabagismo e diminuir o álcool.
Essas medidas foram incluídas no Plano de Ações das Estratégias Globais para os
cuidados com a pressão arterial por considerarem que se forem adotadas pelos
portadores de hipertensão redundaria em uma economia de tempo e dinheiro aos
governos (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE…, 2016).
Um dos aspectos estudados no levantamento de dados da Pesquisa Nacional
de Saúde (PNS) realizada em 2013, foi o de avaliar a atenção oferecida aos
portadores de hipertensão por profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e Clínicas particulares. A pesquisa demonstrou que ações de baixo custo, como
as recomendações sobre hábitos saudáveis atingiram percentuais como 91,1% para
ingerir menos sal, 88,4% manter uma alimentação saudável, 87,4% fazer o
acompanhamento regular, 84,7% manter o peso adequado, 81,8% praticar atividade
18
física regular e aproximadamente 75,0% das pessoas a recomendação foi para não
fumar e não beber em excesso (BRASIL, 2014a).
Por outro lado, um estudo em Maringá – PR, realizado sob a perspectiva de
enfermeiros no âmbito da APS, aponta dificuldades na implantação do programa de
assistência ao indivíduo com hipertensão arterial na dimensão estrutural. Os principais
resultados foram: ausência de materiais para realização de educação para a saúde
(81,0%), inexistência de capacitação dos profissionais (74%), insuficiência de
periodicidade na realização de estratégias para promoção de saúde, sendo uma delas
a falta de estimulo para modificação do EV (87,4%), ausência de atendimento
individual (67,6%), entre outros. Os resultados apontam para falhas estruturais do
sistema de saúde pela não consideração das necessidades e riscos individuais, por
dificultar o vínculo do paciente com a equipe de saúde e sua adesão ao tratamento e
estar parcialmente em desacordo com os procedimentos padrões do Ministério da
Saúde e dos protocolos criados pelo município (SILVA et al., 2016).
Neves et al. (2013) utilizaram os mesmos dados coletados pela PNS, realizada
em 2013, para avaliar a atenção oferecida por profissional da saúde aos idosos com
hipertensão arterial e associaram às desigualdades de escolaridade. Discorreram que
um número significativo de idosos não compreendem as recomendações sobre estilo
de vida saudável devido a condição escolar. Tal condição demonstra uma lacuna nas
ações de promoção da saúde que, segundo os autores, deveriam ser ainda melhores
em qualidade na atenção ao idoso com HAS. Apontam ainda, a responsabilidade de
se formular politicas públicas no sentido de promover intervenções focadas em
melhorar os determinantes sociais de saúde e viabilizar a melhoria no processo
educativo dos profissionais de saúde, para que suas práticas sejam diferenciadas e
promovam a equidade no manejo da HAS por meio de estímulos efetivos para o
autocuidado.
Trazendo Morin (2002, p. 14) e sua teoria sobre a dificuldade do pensar, que
pressupõe - “não porque não tem informação suficiente, mas porque não é capaz de
ordenar as informações e os saberes”, o campo científico exige a comunicação entre
pesquisadores, aqueles que teoricamente detêm o saber, contudo há conflitos de
teorias, ideias, experimentações e objetividades. Com isso não é possível estabelecer
um conhecimento que seja considerado como “a única verdade”. Santos e
Hammerschmidt (2012) propõem que os conhecimentos construídos na área da saúde
sejam compartilhados de acordo com as necessidades e particularidades de cada
19
pessoa. Ao se ampliar os saberes científicos, pode se contribuir com a qualidade de
atenção à saúde e de alguma forma, minimizar os danos decorrentes das DCNT.
O desafio representado pela HAS e seus efeitos na saúde da população impele
os profissionais da saúde e as instituições públicas e privadas a continuar
engendrando esforços, no sentido de viabilizar ações que contemplem toda
complexidade para o tratamento da doença, bem como, para a capacitação de
profissionais voltados à promoção da saúde, visando reduzir os agravos decorrentes
da HAS (NEVES et al., 2017). Nessa direção, Silva et al. (2016) argumentam que os
gestores municipais e das unidades de saúde devem ser sensibilizados a buscarem
a garantia de recursos financeiros e representatividade política da comunidade, para
melhorar a estrutura do planejamento desse setor.
O estudo de Mello et al. (2017) traz o exemplo do estado do Paraná, que se
dedicou a implantar e ampliar as ações no âmbito da APS nos últimos 10 anos. O
resultado dessa ampliação mostra redução de internações por causas sensíveis à
APS e por DCNT. Sendo assim, há expectativas que as internações por doenças
cerebrovasculares e insuficiência cardíaca congestiva, que se tornaram elevadas de
acordo com o estudo, sejam também reduzidas. A sugestão é a educação permanente
das equipes de saúde.
Outro exemplo, foi o estudo de Almeida (2017) realizado na Estratégia Saúde
da Família (ESF) no município de Passos – MG. Apoiados nos princípios do Sistema
Único de Saúde (SUS), os autores promoveram um novo conceito da atenção à
saúde. Romperam relações com o modelo assistencial mecanicista e biomédico que
percebe o indivíduo como “partes/fragmento/pedaços”, e assim, direcionaram ações
específicas para a atenção integral às pessoas que vivem com doenças crônicas
infecciosas, principalmente, doenças circulatórias (SANTOS; HAMMERSCHMIDT,
2012, ALMEIDA et al. 2017).
A Promoção da Saúde (PS), é evidenciada por um conjunto de intervenções
que buscam as causas mais básicas da doença, com o objetivo de eliminá-las
permanentemente ou minimizá-las ao extremo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2015).
Contextualizando a concepção de PS, vale ressaltar que esse termo foi
utilizado em 1945 pelo médico historiador canadense Henry Sigerist, ao fazer
referência às dimensões do exercício da medicina, afirmando que a PS se faz com
dignidade nas condições de vida, no trabalho, na educação, na cultura física e no
descanso (SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003, p.103).
20
No campo da Saúde Pública, a PS começou a ser discutida no Canadá, EUA
e Europa ocidental, revalorizando o pensamento médico social, trazendo o foco para
as relações entre saúde e condições de vida. Em maio de 1974, foi apresentado o
documento “A New Perspective on the Health of Canadians” conhecido como
Relatório ou Informe Lalonde, dando início aos debates sobre o novo sistema de
saúde pública voltado à prevenção dos problemas de saúde e a promoção da boa
saúde. O enfoque era a ação individual, uma autonomia fomentada pela lógica de
mercado que incentivava a mudança no EV. Contudo, essa era uma visão
conservadora de PS que isentava o enredo político, econômico e social das suas
responsabilidades, passando-as aos indivíduos quanto à tarefa de cuidar da sua
própria saúde (GOVERNMENT OF CANADA, 1981; CZERESNIA, 1999; BUSS, 2000;
HEIDMANN et al., 2006).
Em contraposição com o enfoque anterior, na década de 80, surge uma nova
concepção de PS com elementos voltados para a determinação social da saúde, pelas
próprias dificuldades de aplicação dos projetos, por não se distinguirem das práticas
preventivas e se mostrarem vinculados a uma abordagem de culpabilidade (SÍCOLI,
2003).
Em novembro de 1986, foi realizada a I Conferência Internacional sobre PS,
em Ottawa. Este evento foi impulsionado por discussões que reconhecem a saúde
não como fruto da prevenção de doença, mas como um processo complexo que
aborda as questões de transformação das condições de vida, aumento da saúde,
bem-estar físico e mental, justiça social, ecossistema, renda e alcance à educação
(CZERESNIA, 1999).
Nesse mesmo ano, um novo documento no contexto da reforma sanitária foi
então elaborado e passou a ser referência mundial às inovações na PS, conhecido
como a Carta de Ottawa que enaltecia os serviços comunitários e favorecia a
participação popular, além de cobrar Políticas Públicas de Saúde (PPS) mais objetivas
e concretas, visando desenvolver a saúde para todos (CZERESNIA, 1999;
HEIDMANN et al., 2006).
No Brasil o debate iniciou-se em 1986 na VIII Conferência Nacional da Saúde
e foi um marco na transformação e universalização da saúde no Brasil. Este avanço
deu início a reforma sanitária brasileira e alcançou sua legitimidade na Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 2002, p. 5).
21
Em 2002, a OMS passou a discutir planos para a PS que pudessem reduzir os
riscos à saúde influenciados pelo mundo moderno, promovendo uma vida saudável.
Destaca-se, então, a gravidade dos “riscos de consumo pelo excesso ou a falta; riscos
ambientais de saneamento ou produção industrial e os riscos propiciados por
comportamentos inseguros” (BRASIL, 2002, p. 5; WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2002).
Neste contexto, as reflexões no debate se voltaram para os problemas
sanitários e a carga de enfermidades refletidas pelas diversidades regionais,
subjetividades culturais e desigualdades sociais. O foco principal foi sobre a redução
das mortes prematuras, as incapacidades e a esperança de uma vida saudável e
plena para todos. Assim, o estreitamento das discussões gerou a intenção seguida da
construção de uma Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Sua aprovação
se deu em março de 2006 ampliando o compromisso do Ministério da Saúde com
ações promotoras de saúde, tanto nos serviços assistenciais como na gestão do SUS
(BRASIL, 2002; CARVALHO; GASTALDO, 2008).
Ainda com lacunas, a PNPS passou por um processo de atualização e em 2014
uma nova versão foi aprovada. Nessa atualização a definição de PS passou a ser
entendida como:
[...] um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social, com ampla participação e controle social (BRASIL, 2014b, p. 26).
Em uma perspectiva de integralidade, a nova política vincula a saúde à
eficiência pretendida na articulação das ações de PS desenvolvidas em uma rede de
atenção que busca se consolidar em uma sociedade cuja complexidade é progressiva
e que tem se mostrado pouco participativa e sem representatividade. No entanto, o
avanço que se percebe nessa atualização, diz respeito ao embasamento no conceito
positivo de saúde e na ampliação do debate, envolvendo todos os atores sociais com
possibilidades de abrir novos e promissores caminhos para a saúde da população
(MALTA et al., 2015).
A PS vem sendo idealizada, nos campos de domínio da saúde pública e
coletiva há muito tempo atrás, contudo, sua aplicação até os dias de hoje parece
chocar em um ponto fundamentalmente estrutural. Sua concepção não se embasou
22
na saúde e sim na doença, sendo alicerçada na visão biomédica da doença
(CZERESNIA, 2003).
Na visão de Lefèvre e Lefèvre (2015, p. 49), a saúde não é um “estado orgânico
e temporário de bem-estar”, mas vai muito além disso. A promoção da saúde deve
direcionar os indivíduos para um “bem-estar global”, não vinculada à bens e serviços
de saúde, e nem um “acariciar afetivo” vinculados às ameaças de doenças ou à
doença propriamente dita, mas um pensar crítico e reflexivo diante dela.
Para Lefèvre e Lefèvre (2015, p. 27, 42 e 49), a doença não é “exclusividade
do setor saúde”, mas é responsabilidade de todos, desde o indivíduo, as instituições
educacionais e governamentais até os setores que de alguma forma estão envolvidos
com a saúde. Sistemicamente, propõem um novo paradigma, adotar a PS como um
“desafio cognitivo e não uma ameaça”. A saúde deve sobressair e representar
“melhores condições de vida da população”, o que significa ter um trabalho, onde
morar, ser alcançado pela distribuição de renda, pela política ambiental, educação,
etc.
Nessa direção, destaca-se o importante papel da motivação do indivíduo no
processo de promover ou recuperar a saúde. No contexto desta pesquisa a motivação
é entendida a partir do conceito apresentado nos Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS), que a define como: “Aqueles fatores que levam um organismo a se comportar
ou a agir de modo a atingir um objetivo ou alguma satisfação. Podem ser influenciados
por impulsos psicológicos ou por estímulos externos” (BIBLIOTECA VIRTUAL EM
SAÚDE/DeCS, 2018).
Assim, considerando a importância de ações capazes de incentivar os
portadores de HAS a adotarem um estilo de vida mais saudável para promover a
melhora de sua saúde, o propósito deste estudo foi investigar a percepção de
portadores de hipertensão quanto à motivação para adoção de hábitos promotores da
saúde integral, após vivenciarem as intervenções educativas com base nos oito
princípios de saúde, os ORN. Esses princípios estão relacionados ao “Estilo de Vida
Saudável” (EVS) proposto por White (2007) e orientado por Abdala et al. (2015) que
utilizaram as “Oficinas de Espiritualidade e Saúde” (OES), como uma técnica
educativa para melhorar o controle da HAS e promover a saúde.
23
1.3 Justificativa
Segundo o Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde 2014-
2019 (PE-OPAS), elevou-se o foco sobre s DCNT, mais especificamente às DCV, em
especial a HAS. O PE-OPAS objetiva acercar-se dos determinantes das doenças,
incluindo os fatores socioeconômicos, ambientais e ocupacionais, ao longo da vida,
além disso, melhorar as ações voltadas à prevenção das DCNT, aos fatores de risco
e aos problemas relativos a elas (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE...,
2014).
Ainda no PE-OPAS, item 2.1, do parágrafo 142, encontra-se o contexto dessa
situação problema, ao enfatizar a urgência de políticas e regulamentações públicas
para os serviços de saúde visando nas intervenções voltadas aos hábitos de vida,
visto que as DCNT podem ser controladas. Esse grupo de doenças ocasiona 75% de
mortes por causas prematuras, com pessoas de idade menor que 70 anos na região
das Américas. Isso representa mais de 1,5 milhão de pessoas que deixam de
contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país. Há um interesse no
sentido de os governos pensarem em intervenções que envolvam não só do setor da
saúde, como também da agricultura, educação, transporte, trabalho, meio ambiente,
comércio, sociedade civil e setor privado (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA
SAÚDE…, 2014).
Nessa perspectiva, se justifica a realização dessa pesquisa que, em seu aporte
metodológico, poderá apreender a percepção de portadores de HAS quanto aos
fatores que interferem na maneira de agir das pessoas e impactam direta ou
indiretamente na saúde integral do ser humano. O conceito de percepção adotado no
desenvolvimento do estudo se baseia na definição apresentada no DeCS que abrange
“o processo pelo qual a natureza e o significado dos estímulos sensoriais são
reconhecidos e interpretados” (BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE/DeCS, 2018).
Ao buscar conhecer a percepção dos pacientes portadores de hipertensão
sobre eventuais mudanças no EV, após a participação em um programa educativo
que envolveu uma intervenção comportamental para orientar a adoção de hábitos
saudáveis, este estudo se propôs a evidenciar os motivos que influenciam as
possíveis mudanças atitudinais, bem como a identificar os fatores impeditivos para
adoção desses hábitos.
24
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo geral
Conhecer a percepção de portadores de hipertensão arterial de uma Estratégia
Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciam na adoção de
hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do bem-estar.
1.4.2 Objetivos específicos
Conhecer os fatores que influenciam na mudança de Estilo de Vida dos
participantes.
Identificar os hábitos saudáveis que, na perspectiva dos portadores de
hipertensão, influenciam no controle da pressão arterial.
Identificar as dificuldades e facilidades atribuídas pelos portadores de
hipertensão para a continuidade da prática dos hábitos vivenciados durante uma
intervenção educativa, envolvendo os “Oito Remédios Naturais”.
1.5 Problema e pressupostos teóricos
Considerando a influência do estilo de vida na promoção de saúde e controle
da HAS, após uma intervenção educativa que propiciou aos participantes vivenciarem
atividades em grupo e receberem orientações relacionadas aos ORN, se questiona:
Qual a percepção de indivíduos portadores de hipertensão sobre os fatores
influenciadores na adoção de hábitos saudáveis?
Ao propor analisar os fatores motivacionais que influenciam a adoção de
hábitos saudáveis, partiu-se do pressuposto que eles estão centrados no apoio social;
nas trocas de experiências que favorecem uma aprendizagem significativa e na
continuidade do processo vivido, a despeito da complexidade que envolve os aspectos
que impactam no processo de tomada de decisão de cada pessoa.
25
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida no Centro Universitário Adventista de São Paulo
(UNASP) e é parte integrante da segunda fase do projeto “Percepção dos profissionais
de saúde da Estratégia Saúde da Família quanto à assistência espiritual aos usuários”
que se apresenta no desenho metodológico esquemático do projeto em andamento
(APÊNDICE A). Para facilitar o entendimento do desenvolvimento da pesquisa em
questão, o projeto acima referido será chamado de pesquisa “matriz”.
O estudo se enquadra na linha de pesquisa do Programa de Mestrado
Profissional em Promoção da Saúde - “Qualidade e Estilo de Vida na Promoção da
Saúde” - e na sub-linha adotada pelo grupo de pesquisa Religiosidade/Espiritualidade
na Integralidade da Saúde (REIS) - “Promoção da saúde na família com atenção à
saúde mental e espiritual e educação para saúde” – que se propõe a avaliar a
influência da adoção de hábitos saudáveis sobre a saúde integral do ser humano,
incluindo, portanto, a dimensão da espiritualidade.
A primeira fase da pesquisa “matriz” investigou, em uma perspectiva
quantitativa, a associação entre estilo de vida e religiosidade dos profissionais de
saúde de uma regional da ESF da Zona Sul de São Paulo e em abordagem qualitativa
buscou conhecer a percepção da equipe multidisciplinar sobre a influência da
Religiosidade/Espiritualidade (R/E) na integralidade da saúde, visando à construção
coletiva de um Plano de Ação com esse enfoque no âmbito da APS (SILVA, 2016;
WRUCK, 2016; COLIMOIDE, 2017; PEREIRA, 2017; SENS, 2018; SANTOS, 2018).
Na segunda fase operacionalizou-se uma das sugestões do “Plano de Ação”
(APÊNDICE B), elaborado por um grupo de profissionais de saúde que participou da
primeira fase da pesquisa “matriz” e validado pela administração local da regional da
ESF, envolvendo como nível de abrangência o “Grupo HiperDia”.
O programa HiperDia é um plano de reorganização da atenção à Hipertensão
Arterial e Diabetes Mellitus, criado pelo Ministério da Saúde em 2001, com objetivo de
organizar a assistência e promover a saúde aos usuários cadastrados na rede de
abrangência do SUS. Por meio deste plano foi possível gerar informações para
aquisição, dispensação e distribuição dos medicamentos para todas as pessoas
cadastradas, de maneira regular e sistemática. Grupos de pacientes, chamado
HiperDia, são formados para o monitoramento dos níveis pressóricos, distribuição de
medicamentos e outros acompanhamentos da saúde (BRASIL, 2018). Este método
26
gerou facilidade para a aplicação dos questionários e coleta de dados da pesquisa
“matriz”.
O “Plano de Ação” (APÊNDICE B) foi elaborado para propor a inserção da R/E
na assistência aos usuários da APS, tendo como base os princípios doutrinários do
SUS – Universalidade, Equidade e Integralidade. Como ferramenta para realizar as
etapas de forma cuidadosa e correta, foi utilizado o modelo de gestão 5W2H, sigla em
inglês que recomenda “o que fazer (What)”, “por que fazer (Why)”, “onde fazer
(Where)”, “quem fará (Who)”, “quando fazer (When)”, “como (How) realizar as ações”
e “quanto (How Much) irá custar”.
A validação do “Plano de Ação” foi realizada em reunião com os
administradores da Regional da ESF e concomitantemente foi autorizado a formação
dos grupos de pacientes para participarem da segunda fase da pesquisa “matriz” e a
operacionalização das intervenções educativas por meio das OES. Nesta fase foram
selecionados 115 portadores de HAS e avaliados em uma abordagem quantitativa
quanto ao Estilo de Vida, Religiosidade e Qualidade de Vida (PEREIRA, 2017). Destes
foram sorteados os participantes (n=50) que compuseram o Grupo Experimental (GE)
e o Grupo Controle (GC).
O objetivo principal da formação do GE, diferente do GC, foi a intervenção
educacional, por meio das OES (ANEXO A), para que os portadores de hipertensão
conhecessem os ORN. Ao mesmo tempo, avaliar os efeitos da adoção de hábitos
saudáveis sobre os níveis da Pressão Arterial (PA). Um dos objetivos específicos foi
analisar a associação entre EV, fatores sociodemográficos e de saúde e os níveis de
PA e os biomarcadores Proteína C Reativa (PCR), Colesterol e Cortisol dos
participantes, sendo que o GE foi mediado pela R/E. Esses dados foram analisados
no recorte da pesquisa desenvolvida por Santos (2018).
A operacionalização desta etapa da pesquisa “matriz” foi composta pelos
seguintes passos: primeiro a aplicação dos questionários: Estilo de Vida
FANTASTICO (RODRIGUEZ-ANEZ et al., 2008), Índice de Religiosidade Duke-Durel
(TAUNAY et al., 2012); Inventário de Sintomas de Stress (LIPP, 2007) e o Minichal-
Brasil (SCHULZ et al., 2008); medição dos níveis pressóricos e dosagem dos
biomarcadores. O segundo passo consistiu na realização das oito semanas de
intervenção por meio das OES (ANEXO A) para o GE. No terceiro e quarto passo
(imediatamente após as OES e depois de três meses) foram reaplicados os
questionários, aferido os níveis pressóricos, dosado o colesterol, PCR e cortisol para
27
os dois grupos, sendo que para o GE foi realizada também avaliação subjetiva sobre
a influência do EVS no controle da HAS, objeto da presente pesquisa.
As OES (ANEXO A) para o GE foram realizadas sem prejuízo para o GC, pois
além de pactuar sigilo com o GE no primeiro encontro com os participantes, a
aplicação dos questionários e coleta dos biomarcadores se deu em dias e horários
diferentes do GC. Os pesquisadores e pacientes do GE reuniam-se às segundas-
feiras, das 17:00 às 19:00 horas para a realização da OES.
Assim, a aplicação desta pesquisa, iniciou-se no terceiro momento da pesquisa
“matriz” e se repetiu no quarto momento, com a aplicação da avaliação subjetiva, cujo
objetivo foi analisar os depoimentos dos pacientes que participaram especificamente
da OES como intervenção educativa, nas quais foram apresentados os ORN e seus
benefícios, utilizando o modelo adaptado por Abdala et al., (2015).
2.1 Casuística
A pesquisa foi realizada em uma USF de uma regional da ESF da Zona Sul do
Município de São Paulo, com um grupo de pacientes, portadores de HAS essencial,
sem outras comorbidades, cadastrados e acompanhados pelas equipes de saúde da
unidade.
Do grupo de pacientes do HiperDia que aceitou participar desta fase (n=50),
foram convidados maiores de 18 anos, com condições cognitivas preservadas e
avaliadas pelo teste Mini-Exame do Estado Mental (BRUCKI et al., 2003). Os critérios
de não inclusão foram: portadores de hipertensão que tinham outras doenças crônicas
como: diabetes descompensados, hipertensão secundária, AVC, usuários de drogas
ilícitas, alcoolistas (mais de um copo por semana) e analfabetos.
A seleção inicial dos pacientes foi realizada por meio de sorteios com os nomes
dos pacientes, portadores de HAS, atendidos na USF. A partir do sorteio, foram
formados dois grupos o GE e o GC de 25 pacientes cada um.
Duas listas foram tabuladas, uma contendo o nome dos 25 participantes
sorteados para o GE e outra para o GC, com o número da ficha da família, equipe de
agentes de saúde que os atendia, endereço e telefone. O próximo passo se deu por
contato telefônico. Para aqueles que aceitaram, foi agendada a data da plenária para
as explicações sobre o projeto e data de início. Uma recusa significava um novo
sorteio para a substituição do participante até que atingisse o número de 25 pacientes
28
para cada grupo. Dos 25 participantes convidados para o GE, 14 aceitaram participar.
No dia agendado, compareceram 12 participantes, sendo que dois desistiram e
apenas dez iniciaram o processo das OES. Após a segunda intervenção educativa
duas pessoas deixaram de comparecer. Permaneceram até o final da OES oito
participantes. Um participante mudou sua residência para outro estado brasileiro,
após um mês do termino da OES, não comparecendo na segunda entrevista subjetiva,
finalizando um total de sete participantes.
A amostra, portanto, foi intencional (POLIT; BECK, 2011) e de adesão
espontânea, pois apenas os participantes do GE que vivenciaram a intervenção
educativa foram entrevistados ao término das oficinas e três meses após sua
conclusão, segundo a proposta da presente pesquisa.
2.2 Materiais
Os materiais utilizados foram: gravador digital do aparelho celular marca
Samsung Galaxy J7, modelo SM-J 700m, para coletar os depoimentos dos indivíduos;
formulário de dados sociodemográficos com roteiro das entrevistas (APÊNDICE C),
materiais para a operacionalização e o Programa DSCsoft do Instituto de Pesquisa do
Discurso do Sujeito Coletivo (2015).
2.3 Método
Estudo qualitativo, descritivo e exploratório no qual foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com aplicação individualizada.
O método qualitativo proposto para análise de discursos, segundo Minayo
(2014), desvenda processos sociais pouco conhecidos e inerentes a grupos
particulares, tendo como foco proporcionar a construção e/ou revisão de novas
abordagens, conceitos e categorias referentes ao fenômeno estudado.
Na concepção de Polit e Beck (2011), a escolha pelo método investigativo na
pesquisa qualitativa pressupõe explorar diretamente a capacidade dos participantes
refletirem sobre mudanças, de maneira que possam criar possibilidades de promoção
à sua saúde ao vivenciarem uma realidade diferente a que estão acostumados. A
pesquisa qualitativa busca meios para aprofundar o conhecimento do indivíduo
relacionado com sua própria subjetividade. Traz à tona sua verdade, facilitando a
29
interação com outras verdades do meio ambiente e tem como propósito descrever e
explicar o que emerge.
Como esta pesquisa faz parte de um recorte do projeto “matriz” (APÊNDICE
A), há necessidade de descrever mais detalhadamente os passos percorridos até o
momento que antecedeu a sua operacionalização, com o objetivo de dar visibilidade
a todo o processo.
O primeiro passo se deu com a realização de uma reunião com a administração
da regional ESF da Zona Sul do Município de São Paulo, cenário deste estudo. Foi
recebida autorização para transitar pelas dependências do posto de saúde, coletar
dados dos prontuários e reunir-se com os profissionais para operacionalização da
pesquisa. O segundo passo foi o agendamento de uma reunião com a coordenação
da ESF, que autorizou o levantamento dos dados pessoais nos arquivos de registros
dos pacientes. Nesta etapa, os profissionais da ESF que seriam envolvidos no
processo (médico, enfermeiro e agente comunitário de saúde) foram apresentados
aos pesquisadores. O terceiro passo foi o contato telefônico com os pacientes e neste
contato foram fornecidas as datas das plenárias.
O quarto passo, conforme cronograma (APÊNDICE D), foi a realização da
plenária com o GE sendo abertura de boas vindas, explicação sobre o processo,
aplicação do Inventário de Sintomas de Stress para adultos Lipp (ISSL) e entrega dos
pedidos de exames clínicos.
A pesquisa de campo “matriz” foi acompanhada de “práticas interacionais e
formais” para o bom andamento do processo, conforme recomendação de Minayo
(2014, p. 263-264). A apresentação da instituição credenciada e do pesquisador foi
realizada por uma pessoa conhecida e bem aceita pelos depoentes, tendo sido
apresentado um breve relato sobre o interesse e objetivos da pesquisa, sobre a
contribuição dos participantes e os possíveis benefícios à saúde que poderiam
decorrer desse processo. Também foi apresentada uma justificativa sobre a
escolha/sorteio dos portadores de hipertensão, sobre o sigilo absoluto e em seguida
algumas dinâmicas interativas de grupo.
O quinto passo diz respeito a aplicação das OES (ANEXO A) ao GE. Todas as
oficinas foram realizadas no endereço da unidade de atendimento ESF da Zona Sul
do Município de São Paulo, uma a cada semana no total de oito semanas
consecutivas, com duração de 2 horas em cada oficina. As atividades foram
configuradas por meio de palestras e dinâmicas interativas que contavam com
30
recursos audiovisuais, como cartazes, vídeos e PowerPoint, todos direcionados a
apresentar os ORN com demonstrações práticas. Ao final de cada oficina abria-se
espaço para a reflexão espiritual.
No primeiro dia da oficina foi apresentado a temperança como primeiro remédio
natural. Nos demais dias e sucessivamente foram: a alimentação, repouso, atividade
física, ar puro, água, luz solar e Confiança em Deus.
Durante oito semanas consecutivas, foram experienciados hábitos de vida
como componentes de um EVS para o controle dos níveis de pressão arterial (ALVES
et al., 2016). Neste período os participantes também puderam obter orientações sobre
os fatores de risco à saúde, como cigarro, álcool, sal em excesso, açúcar em excesso,
insônia, sedentarismo, estresse, bem como os danos e agravos da doença como
consequência dos agentes nocivos.
Para Fonseca e Amaral (2012), a vantagem na utilização de oficinas, como
instrumento de pesquisa, é o estabelecimento de uma relação horizontal entre os
pesquisadores e os participantes da pesquisa, possibilitando um espaço de discussão
pois permite resgatar os conhecimentos consolidados no grupo e incentiva a
manifestação de sentimentos relacionados à experiência vivida, facilitando a
comunicação intergrupal.
A finalização das OES, marcou o início da avaliação subjetiva, objeto desta
pesquisa.
A primeira avaliação subjetiva foi realizada na semana seguinte ao término das
OES. O procedimento foi o contato telefônico com os portadores de hipertensão
incluídos no GE. No momento do contato, foi estabelecido uma interação entre o
pesquisador e o participante, propiciada por uma conexão pré entrevista conforme
recomendação de Minayo (2014).
As entrevistas foram agendadas em um único dia, em horários diferentes e
aplicadas individualmente após concordância dos participantes de que seus
depoimentos seriam gravados para posteriormente serem transcritos e analisados.
Depois de três meses da intervenção educativa, por meio das OES, foi o
momento da segunda avaliação subjetiva. O procedimento observou o mesmo padrão
da primeira intervenção: os participantes da primeira fase foram contatados por
telefone e houve uma breve explicação do processo para relembrá-los sobre a
continuidade da pesquisa. Novamente as entrevistas foram individuais, todas
31
agendadas em um único dia, em horários diferentes em salas reservadas na USF e
gravadas.
Os dados das entrevistas foram transcritos manualmente e depois
armazenados no DSCsoft (2015) para serem analisados.
A análise tomou como base a Teoria de Representações Sociais (TRS)
orientada por Jodelet (2001) e Moscovici (2010), utilizando a técnica do Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC) como estratégia para análise de dados (LEFÈVRE; LEFÈVRE,
2006; LEFÈVRE, 2017).
Embora com raízes na sociologia, a TRS se consolidou na Psicologia Social
estudada por Moscovici (2010) e foi aprofundada por Jodelet. As RS têm sido
utilizadas como referencial de trabalho aplicado em várias áreas de conhecimento,
inclusive na educação e saúde (ARRUDA, 2009), como é o caso deste estudo.
A Psicologia Social estuda a construção da realidade por meio da interação do
indivíduo com a sociedade, sendo a cognição e o subjetivo seus principais objetos.
Nessa interação se revelam os processos psicossociais, como objetivação,
ancoragem, focalização, pressão à inferência, dispersão da informação, os quais
facilitam a mudança do pensamento social, bem como sua organização. É na
comunicação da vida cotidiana que a TRS toma forma, ou seja, na linguagem informal,
no senso comum, no saber popular, na cumplicidade dos grupos, etc, e se expande
formando a consciência coletiva (ARRUDA, 2009).
Para Marková (2017), a TRS se destaca pelos ricos recursos intelectuais
empregados por Moscovici (2010) durante seu desenvolvimento. Por um lado, o
pensamento científico e profissional, e de outro, o pensamento cotidiano das pessoas
comuns, que juntos, geram uma tensão, conflito e restrições dos diferentes modos de
pensar e comunicar-se. Refere ainda que “as pessoas podem expressar suas ideias
de diferentes formas, usando palavras específicas, gestos e símbolos” (MARKOVÁ,
2017, p. 370).
Para Spink (2013), as Representações Sociais (RS) são conhecimentos
práticos do cotidiano, formados a partir das relações sociais que dão sentido à vida
por meio da comunicação. Sendo um conhecimento construído socialmente, elas se
constituem não só do presente, mas de crenças e saberes passados existentes no
imaginário social, perpetuando culturalmente, historicamente, antropologicamente e
psicossocialmente.
32
Jodelet (2001, p. 1) traz a reflexão, “Sempre necessitamos saber o que temos
a ver com o mundo que nos cerca. É necessário ajustar-se, conduzir-se, localizar-se
física ou intelectualmente, identificar e resolver problemas que ele põe. Eis porquê
construímos representações”.
Por outro lado, a investigação científica verifica a realidade dos fatos das RS e
incumbe-se de organizar, analisar, esclarecer, descrever e sistematizar seus
processos e funcionamento. Assim, foi o princípio da identificação das produções
mentais sociais, nomeada como “ideação coletiva”, mais tarde, aprofundada e aceita
pela comunidade científica como um conhecimento do senso comum ou natural,
distinguindo-se do científico (JODELET, 2001, p. 4, 5).
2.3.1 Instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário contendo as
variáveis sociodemográficas e uma entrevista com roteiro semiestruturado
(APÊNDICE C). Foi realizado um pré-teste com dois portadores de hipertensão,
usuários da ESF de outras regiões do município e São Paulo, no qual se avaliou as
questões orientadoras da entrevista quanto ao alcance dos objetivos da pesquisa. As
questões foram modificadas por necessidade de ajustes.
A entrevista é um dos métodos mais utilizados no trabalho de pesquisa de
campo, promove a comunicação falada entre depoente e pesquisador. Ela é de
iniciativa do pesquisador, cuja finalidade é obter informações sobre um determinado
tema científico. As informações obtidas mediante entrevistas são consideradas
importantes, pois fornecem respostas adequadas ao que se deseja conhecer
(MINAYO, 2014).
Minayo (2014) caracteriza a entrevista como uma conversa com propósito e
organização. O questionário semiestruturado inclui questões fechadas e questões
abertas como técnica para proporcionar ao entrevistado a possibilidade de falar sobre
si, dentro do tema proposto. Mobiliza reflexões sobre as experiências de vida, as quais
representam suas ideias, crenças, pensamentos, sentimentos, postura, atitudes,
idealizações sobre o futuro, bem como, projeções conscientes ou inconscientes de
atitudes e comportamentos vinculados ao propósito do estudo em questão. São as
informações subjetivas da realidade vivida.
33
No primeiro momento da entrevista foi questionado como era a vida cotidiana
dos participantes antes de conhecerem os ORN e seus benefícios sobre a saúde. Em
seguida foi feito um levantamento sobre os conhecimentos adquiridos. As questões
norteadoras foram: 1- Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta,
antes das Oficinas de Espiritualidade e Saúde? E agora, o que mudou? 2- Quais
remédios naturais você adotou com maior facilidade? Por que? 3- Quais remédios
naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por que? 4- O que mais te motivou a
participar das oficinas? (APÊNDICE C).
Três meses após as OES, na segunda etapa de coleta de dados, as questões
foram sobre o cotidiano do entrevistado após os novos conhecimentos adquiridos e
se o mesmo havia mantido as práticas para lidar e controlar a doença. As questões
foram: 1 - Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram apresentados
durante os encontros educativos que você participou? Quais? 2 - Como você está se
sentindo atualmente em relação à saúde? 3 - O que mais te influenciou a continuar
usando esses “Remédios Naturais”? (APÊNDICE C).
2.3.2 Coleta de dados
As coletas de dados ocorreram em dois momentos, sendo a primeira etapa
entre os dias 04 e 07 de julho de 2016, e a segunda entre os dias 17 e 27 de outubro
de 2016. As duas coletas foram realizadas em uma USF de uma Regional da Zona
Sul do Município de São Paulo.
Na data e horários agendados, os convidados compareceram na USF para
realização da entrevista. Após os cumprimentos e agradecimento por participar da
pesquisa, o gravador digital foi acionado na presença do depoente e a entrevista foi
conduzida pela pesquisadora a partir das questões norteadoras e balizadoras,
previamente pré testadas para o alcance dos objetivos da pesquisa (APÊNDICE C).
Decorrido o período de três meses do término da última (oitava) oficina, os
participantes da primeira fase foram contatados e compareceram no posto, no dia e
hora agendados. Igualmente com gravador digital acionado, iniciou-se a entrevista
com as questões norteadoras da segunda etapa (APÊNDICE C) para verificar se
ocorreram mudanças de atitudes e continuidade das mudanças no EV, decorrente da
intervenção educativa.
34
2.3.3 Análise dos dados
Os depoimentos dos participantes, resultantes das entrevistas foram transcritos
na íntegra pelo pesquisador e organizados por ordem alfabética. A estruturação do
processo de análise de dados contou com um analista experiente na técnica do DSC,
que utilizou como ferramenta facilitadora o DSCsoft (2015) de sua propriedade.
Este software permite armazenar os dados coletados, fazer cruzamento entre
as variáveis e os DSC, quantificar as representações dos participantes que partilham
as mesmas ideias ou diferentes, expor os resultados em gráficos e importar e exportar
a pesquisa (LEFÈVRE, 2017).
Os dados armazenados foram: o cadastro da pesquisa; o cadastro de
entrevistados; o cadastro de perguntas; o cadastro das respostas de cada
entrevistado; a análise das respostas para identificação de Ideias Centrais (IC);
categorias e ancoragens. Ao final da etapa de cadastros, houve a interação do analista
com o pesquisador para a validação dos cadastros de entrevistados, perguntas e
respostas; e das IC, categorias e ancoragens identificadas. Após validação desta
etapa, o analista prosseguiu com a composição e refinamento dos DSC de todos os
entrevistados. Por fim enviou os relatórios qualitativos (DSC) e quantitativos (gráficos)
de cada pergunta.
O produto da análise configurou-se, portanto, como RS de uma coletividade,
construídas por meio dos depoimentos dos oito participantes da pesquisa. Os
depoimentos foram analisados individualmente como respostas às perguntas
formuladas, dando significado a proposta da pesquisa. O material verbal resultante
das entrevistas foi organizado na seguinte ordem: Juntou-se as respostas da questão
um, de todos os entrevistados; em seguida juntou-se as respostas da questão dois, e
assim sucessivamente. O mesmo processo ocorreu para as demais questões.
De posse de todas as respostas para cada pergunta, o material verbal foi
analisado por meio de uma leitura aprofundada, para identificar em cada resposta, as
Expressões Chave (EC) associadas ao contexto pesquisado. Nas EC estão os trechos
da “conversa” que respondem de fato ao que foi perguntado, pois geralmente os
entrevistados divagam um pouco em suas falas, até chegarem a uma resposta que
aponta a essência da sua opinião a respeito do tema em questão. As repetições ou
discursos desvinculados da proposta foram deixados de lado (LEFÈVRE, 2017).
35
A técnica de análise consiste em identificar as IC semelhantes nas respostas,
e organizar esse material verbal como categorias, isto é, as EC são agrupadas de
acordo com as IC que representam.
A técnica do DSC permite incluir o mesmo participante representado em mais
de uma categoria de IC, já que ele pode apresentar mais de uma opinião a respeito
daquilo que está sendo comentado. Após a identificação das IC de mesmo significado,
foi o momento de separá-las em categorias A B C, etc. Na elaboração das IC o
pesquisador pode organizar o texto, somando as palavras dos diferentes
participantes, interagindo com ele, dando continuidade ao sentido no conjunto de EC.
Resumindo, a partir do agrupamento das EC, se obtém o DSC e ao mesmo tempo a
representação coletiva dos indivíduos da pesquisa (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2014;
LEFÈVRE, 2017).
A técnica de análise do DSC possibilita a apresentação de uma síntese,
elaborada com partes de diversos depoimentos reunidos em um só discurso. Ele é
construído na primeira pessoa do singular como se fosse verbalizado por apenas um
indivíduo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2006). É uma técnica que aliada à TRS cuja
abordagem é psicossocial, possibilita a compreensão da expressão de crenças e
valores que influenciam os comportamentos e atitudes das pessoas e, de alguma
forma, são determinantes da realidade praticada por elas (JODELET, 2001;
MOSCOVICI, 2010; MINAYO, 2014).
2.3.4 Aspectos éticos
Como parte integrante do projeto em andamento (APÊNDICE A) esta pesquisa
foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do UNASP (CAE nº
20774113.8.0000.5377) bem como pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Secretaria
Municipal da Saúde de São Paulo CEP/SMS (CAE nº 28905914.3.0000.5377)
apresentados nos ANEXOS B e C.
Foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (APÊNDICE E) no qual foram consideradas todas as recomendações da
Resolução 466/12, divulgada em junho de 2013 pelo Ministério da Saúde (MS) que
dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2013a). Na condução
desta pesquisa foram, ainda, respeitadas as diretrizes que constam na declaração de
Helsink (WORLD MEDICAL ASSOCIATION, 2013).
36
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Revisão da bibliografia fundamental
A revisão bibliográfica foi acessada nas principais bases de dados: Scientific
Eletronic Library Online - SciELO, United States National Library of Medicine at the
National Institutes of Health – PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde - BVS e WEB
SAÚDE. As referências foram associadas aos aspectos teóricos propostos para esta
pesquisa. São eles: 1) Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na
hipertensão; 2) Educação em Saúde para favorecer o autocuidado; 3) “Oito Remédios
Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde; 4) Oficinas de
Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde.
3.1.1 Aspectos psicossociais do processo saúde-doença na hipertensão
Procurou-se compreender o processo de adoecimento e as práticas
preventivas com base na teoria construcionista na perspectiva da psicologia social.
Esta postura concebe uma visão mais integrada e compreensiva das ciências sociais.
Ultrapassa a fragmentação disciplinar específica para um processo contínuo e de
conhecimento globalizante, sendo o indivíduo o foco principal a dar sentido ao mundo.
Nesta visão, o ser humano é o produto e o produtor da realidade social (SPINK, 2013).
A Psicologia Social atua em um campo de complexidade entre o indivíduo e a
sociedade, requer diversificação de conhecimentos que se encontram em uma
variedade de disciplinas científicas. Estabelece relações com diversos ramos de
conhecimento, numa metodologia interdisciplinar, enriquecendo, ampliando e
entendendo os diferentes conceitos e métodos de diferentes áreas para uma melhor
conduta em relação às práticas com indivíduos. Exige a transformação interna em
cada uma das disciplinas por meio da interação, comunicação e colaboração
recíproca com o objetivo de obter um conhecimento integrado do ser humano
(JAPIASSU, 1976).
Por outro lado, Diwan (2015, p. 13, 15) menciona que a ciência aliada ao poder
eugênico pode “criar políticas preconceituosas” justificando a separação da sociedade
em classes sociais e “confinamento dos considerados doentes” devido as diferenças
biológicas, o que provoca desentendimentos e preconceitos. Refere, ainda, que “o
37
conhecimento científico se sobrepõe à experiência humana e que as relações sociais
determinadas pela história cumprem um papel secundário.
No Brasil a eugenia foi institucionalizada por meio de biólogos e médicos com
anuência de muitos intelectuais, formando relações e rede de poderes constituindo
assembleias e o desenvolvimento de políticas públicas as quais defendiam a reforma
da sociedade por meio da higiene pública (DIWAN, 2015, p. 77, 87-93, 119).
Spink (2013) parte da cognição social e sua complexidade para compor um
processo de construção mental direcionado à mudança social desse modelo
hegemônico. Deteve-se no estudo das RS, sendo elas tanto de conhecimento prático,
formado a partir das relações sociais, como uma referência que confere sentido a vida
por meio de palavras e da comunicação possibilitada por elas.
Japiassu (1976) propõe um olhar para a interdisciplinaridade levando em conta
a realidade concreta das ações humanas e da sua história (prospecto) e outro olhar
para as reflexões sobre essas ações (retrospecto). São dois níveis de realização
interdisciplinar que objetivam integrar todas as informações que dizem respeito ao
homem no mundo. Dois métodos que se complementam ampliando as perspectivas
de intervenção na realidade humana e social, não somente para adquirir o
conhecimento, mas para atuar com os conhecimentos adquiridos na prática.
Na ótica da Psicologia Social construcionista de Spink (2013), o conhecimento
adquirido, por ser a base da prática, transforma-se em um processo ativo por meio do
desenvolvimento do pensamento e das ações concretas dos indivíduos. A relação
dialética entre o ser humano e a sociedade é enfatizada, assim como entre
pensamento e atividade.
Para a compreensão do processo saúde-doença na perspectiva da Psicologia
Social construcionista, como uma metodologia transformadora da verdade absoluta
científica, Spink (2013) retrocede historicamente à base da psicologia da saúde, neste
caso, à psicologia tradicional, que tem como centro o indivíduo e sua doença, conduta
clínica voltada ao intraindividual. Este retrocesso refere-se às principais etapas da
Psicologia Social até a concepção de Spink (2013) sobre a Psicologia Social
construcionista, que trata da comunicação das práticas do senso comum dando
sentido ao cotidiano do indivíduo e ao mundo sob a luz da TRS.
A Psicologia Social apontada por Spink (2013) perpassa por outras disciplinas
e amplia o cenário para além do indivíduo. Incorpora o ambiente social, mas sem a
abrangência do seu sentido e com contínua visão intraindividual para explicar a
38
relação entre “sujeito-saúde-doença”, sendo a doença o ponto de desequilíbrio no
indivíduo. Nessa primeira vertente e sob a ótica psicanalítica, prevalece na medicina
psicossomática, entre os anos de 1930 e 1968, a explicação de que os conflitos
emocionais crônicos não resolvidos, geravam disfunções estruturais fisiológicas,
levando certo órgão do corpo à doença. Essa tese caiu por terra à medida que se
reconhecia as múltiplas faces da doença e a resposta emocional frente as influências
ambientais.
Ainda, de acordo com Spink (2013), outra teoria da personalidade no ano de
1930 de visão intraindividual, relacionava certas doenças a certos tipos de
personalidade. Seu foco era especialmente em dois tipos de doenças, o câncer e as
doenças cardíacas. O câncer, ligado às repressões emocionais e as doenças
cardíacas, vinculadas às características da vida contemporânea e urbana:
competitividade, hostilidade, pressões temporais, impaciência, necessidade de auto-
atualização, tensão muscular, etc.
Spink (2013) aponta que no ano de 1953 a segunda vertente voltou-se à esfera
psicossocial, neste caso, a responsável pela doença passou a ser a cadeia
multicausal, que inclui as conexões ou pontos em comum entre os fatores
estressantes no cotidiano do individuo e o surgimento da doença. Em 1981 surgem
as críticas sobre essa vertente e os avanços nos estudos para compreender o
processo do adoecer. Foi demonstrado que não é o fato em si que gera o estresse,
mas o significado que o Indivíduo dá a ele. Implicitamente, nesta vertente, surge a
disposição para a promoção da saúde e prevenção de doenças, o que engloba a
educação na saúde. Porém, essa disposição fica em segundo plano, centralizando a
importância “aos fatores objetivos do stress físico” esbarrando na exploração da
medicalização na saúde. Os estudos foram centralizados na compreensão e
prevenção dos comportamentos de riscos como o fumar, comer alimentos nocivos à
saúde e submeter-se a uma vida sedentária (SPINK, 2013, p. 46).
O construcionismo é a terceira vertente neste retrocesso histórico, suas
contribuições estão no nível da conscientização e não da educação formal. A doença
é vista como um fenômeno coletivo submetido aos ideais da sociedade, privilegiando
a ótica e perspectivas do paciente e não somente do médico. Em 1978 dá importância
aos “estudos sobre a relação entre o saber popular e o saber científico”, em 1989 a
ênfase recai nas pesquisas vinculadas às explicações sobre “saúde-doença na teoria
39
do senso comum” e em 1994 a ênfase é na “exploração da relação entre
representação da doença e comportamento” (SPINK, 2013, p. 47-48).
Na perspectiva construcionista, Spink (2013) salienta sobre dois polos de
conexão no estudo de Moscovici (2010) e centraliza-os na elaboração das RS como
proposta de conhecimento prático direcionando as ações do cotidiano. Um polo diz
respeito a transformação dos conteúdos imaginários/abstratos em concretos
(objetivação) e agrega novos elementos ao pensamento que se constrói na interação
com o ambiente (ancoragem), alicerçando a corrente discursiva. O outro polo
centraliza a linguagem como meio de criação da realidade social firmando a corrente
estruturalista. Essa conexão entre a corrente discursiva voltada à funcionalidade do
discurso e a corrente estruturalista voltada para a ressignificação da realidade social
e a construção cognitiva do senso comum, entrepõem a construção dos significados
sociais e mantem identidades coletivas (SPINK, 2013).
A conscientização, nesta perspectiva é um tornar visível o que está oculto,
enfatizando os aspectos criativos do pensamento individual. Sendo os pensamentos
privilegiados, abre-se espaço, em primeiro lugar, às representações do processo
saúde-doença como forma de orientar as ações. Segundo, pode-se dizer que uma
ação é influenciada pela busca de um sentido pessoal, que é atribuído aos
acontecimentos da sua vida. A terceira contribuição dessa vertente é a inserção da
psicologia nos serviços de saúde, as práticas que derrubam a postura clínica
tradicional para uma realidade compatível com a psicologia comunitária. Uma nova
forma de atuar por meio da “construção social do conhecimento sobre a saúde e
doença”. Sendo que os benefícios dessa atuação estão centrados na redução da
distância social, entendimento da visão de mundo de uma variedade de grupos sociais
e estímulo aos psicólogos para buscarem inovações equivalentes aos propósitos do
atendimento na APS (SPINK, 2013, p. 49-50).
Para Moscovici (2010) RS é o conhecimento construído por um grupo social
que se consolidou ao longo do tempo e formou a realidade social daquele grupo. Ela
capta o sentido do senso comum, atribui a ele uma ordem e percepções de forma a
reproduzi-lo com significado. Estão presentes nas relações estabelecidas no cotidiano
e circula por meio de palavras, gestos corporais, olhares, imagens, conceitos etc,
tornando familiar um objeto não conhecido. A formação da RS se desenvolve por meio
de dois mecanismos de natureza psicológica e social. Um deles é o processo de
ancoragem, no qual um objeto é classificado, nomeado, torna-se categorizado,
40
conhecido e comum ao indivíduo. O outro é a objetivação, que concretiza a
ancoragem, transforma algo que está na mente do indivíduo em algo concreto.
Segundo Jodelet (2005, p. 315, 321), “a representação é um guia para as ações
sociais”. Afirma que os sujeitos são agentes pensantes e comunicativos e que “por
meio da socialização, educação, trocas sociais e do compartilhamento de
experiências, vão construir sua identidade e sua realidade comum”.
Como citado no inicio deste subitem, a psicologia, inclusive a social, como
interventora no processo saúde-doença, tem uma conduta crítica não só em relação
a técnica praticada, mas na amplitude dos conhecimentos sobre a complexidade da
área da saúde pública e comunitária. O processo de questionamento na concepção
psicossocial perpassa variadas disciplinas, culturas, políticas e a própria história da
atenção em saúde, no sentido de absorver seus conhecimentos em prol da aplicação
de uma prática voltada à integralidade. Existem maneiras diversificadas para os
indivíduos manterem-se saudáveis ou até mesmo cuidar-se frente a um processo de
adoecimento. Entretanto, Spink (2010) chama a atenção para este vasto campo
saúde-doença com seus múltiplos aspectos e sobreposição de variados elementos da
realidade, por vezes, confuso, complicado, de difícil acesso, com todo seu
detalhamento e que estão presentes nos diferentes sujeitos sociais. Não se pode
simplificar este fenômeno, principalmente fragmentando as suas múltiplas faces em
direção à diferentes saberes com a ilusão de explicá-lo.
Para Spink (2010) a complexidade pressupõe visões ampliadas e direcionadas
à aceitação das realidades existentes, apresentadas no espaço social em que as
ações são realizadas. A conduta profissional da psicologia deve ser ampliada e
aprofundada contemplando intervenções diferenciadas e flexíveis; recursos culturais
nos vários contextos da saúde e do adoecimento; estudo dos registros e da literatura
histórica e local; utilização de ferramentas diversificadas e habilidade na comunicação.
As práticas profissionais da psicologia, na concepção de Spink (2013), se
apoiam nos aspectos temporais, são determinados pelo processo de socialização e
constituídas por meio da cultura. Esses tempos são internos e marcam diferentes
histórias, construção e compreensão dos significados e sentidos do fenômeno saúde-
doença e sua diversidade: 1- tempo histórico ou longo – se trata da circulação da
trajetória construída que se dá por meio da mídia, literatura e documentos. Assim, a
história sobrevive até o tempo presente e carrega consigo os significados culturais; 2-
o tempo vivido de experiências – é o crivo do que fica introjetado, aprendido e ou
41
enraizado pelos processos vivenciados e está relacionado a todas as fases de
socialização, seja primária, secundária ou pós-secundárias.
No contexto da fase primária acontece a construção do caráter, a interiorização
da linguagem, normas, regras, valores, crenças, modos de pensar, moral, modelos de
práticas comportamentais e heranças culturais do grupo inserido. A fase secundária
se dá quando um indivíduo socializado inicia um processo de aperfeiçoamento, ou
seja, interage com grupos fora de seu espaço social, escola, amigos, trabalho, outras
culturas, enfim, nesta fase as expectativas do meio social são introduzidas por meio
das interações interpessoais; 3- tempo do aqui e agora – é definido pelas experiências
discursivas e interativas, quanto mais apreciado o tempo presente da interação, mais
encarará e vivenciará a diversidade e a criação social (SPINK, 2013).
Spink (2013, p. 260-275) faz referência a um estudo sobre hipertensão arterial
que ilustra o processo da RS nas questões temporais, na consciência coletiva e nos
fatores psicossociais do processo saúde-doença. Seu objetivo foi entender como as
representações orientam e dão sentido às práticas de um médico (pesquisado) que
efetua a prescrição do tratamento para pacientes portadores de hipertensão e a ação
do paciente que adere ou não ao tratamento. Os resultados mostram que a divisão do
tempo possibilita o entendimento da construção histórica e seu significado no
processo de tratamento e interação médico-paciente. Primeiro a repercussão do
passado (tempo longo), segundo as práticas médicas comuns no tratamento da
hipertensão (tempo curto) e terceiro as soluções encontradas no cotidiano da clínica
(tempo aqui e agora).
No caso da repercussão histórica, a representação social da hipertensão na
concepção do médico está centrada na ideia de uma doença, um problema sério, que
nem sempre apresenta sintomas, não tem cura e que está sob a responsabilidade da
saúde pública. É representada como uma doença sem causa definida, portanto,
atribuída à psicossomática, personalidade e causas associadas ao estresse da vida
urbana. Para o médico, seu controle depende da boa vontade do paciente. Aponta
fatores individuais e predisposição familiar na incidência da hipertensão entre os
negros, associando à complexidade dos mecanismos da hipertensão, como por
exemplo, os fatores socioeconômicos (FIGURA 1).
42
Figura 1 – Representações sociais de hipertensão
Fonte: Spink, 2013, p. 267
O discurso médico envolve as práticas contendo duas questões da medicina, o
saber tratar a hipertensão com medicamentos, mas não saber dar atenção às
manifestações psicológicas, evidenciando as RS da hipertensão como estruturas
cognitivas/afetivas e ambientais (FIGURA 2).
Figura 2 – A Medicina face à hipertensão
Fonte: SPINK, 2013, p. 270
Spink (2013) considera as soluções particulares na experiência clínica do
médico, na qual se vê a contraposição com o aprendido na universidade, levando em
consideração os aspectos psicossociais, o emprego da criatividade, o afeto e uma
conduta correta na prescrição do medicamento, o que significa que controla os efeitos
43
colaterais e adequa a prescrição as condições econômicas do indivíduo (motivos da
não aderência ao tratamento) (FIGURA 3).
Figura 3 – A prática cotidiana
Fonte: SPINK, 2013, p. 272
Essa relação médico-paciente demonstra a criação de um vínculo de confiança
que traz à tona informações sobre a arquitetura relacionada a causa da hipertensão,
bem como, um caminho às explicações para conscientizar sobre a cooperação com o
tratamento, visando minimizar os riscos, controlar a pressão e modificar o EV.
Spink (2013) analisa a pesquisa sob a perspectiva teórica construcionista e
enfatiza a complexidade da formação das RS, explica que por meio do contexto social,
das interações no cotidiano, da reconstrução científica e dos variados tempos da
história da hipertensão arterial se formam as teorias do senso comum.
3.1.2 Educação em Saúde para favorecer o autocuidado
A Educação em Saúde é um processo que utiliza um conjunto de práticas com
o objetivo de construir conhecimentos e promover a autonomia dos indivíduos para o
cuidado pessoal. É voltada à dialética entre profissionais e usuários do SUS, para o
desenvolvimento de debates entre população, gestores e trabalhadores com o
objetivo de potencializar o controle populacional e incentivar a gestão social da saúde
(BRASIL, 2013b). É também um serviço oferecido na ESF norteado pelos princípios
da integralidade, universalidade, equidade e autonomia para garantir o acesso da
população aos determinantes e condicionantes básicos, como o alimento, meio
44
ambiente, atividade física, bens e serviços e aos direitos dispostos na legislação
(BRASIL, 1990).
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), por exemplo, reforça o
papel de educador das práticas de saúde, uma vez que objetiva melhores condições
nutricionais, de alimento e saúde. Promove ações que envolvam alimentos saudáveis
e adequados, submete a área alimentar à vigilância, previne e cuida dos agravos
relacionados à alimentação e nutrição (BRASIL, 2013b).
Contudo, entende que sem possibilidade de controlar, vigiar e melhorar todos
os setores e indivíduos envolvidos na área alimentar e nutricional brasileira, a PNAN
propõe:
[…] investir em instrumentos e estratégias de comunicação e educação em saúde que apoiem os profissionais de saúde em seu papel de socialização do conhecimento e da informação, sobre alimentação e nutrição e de apoio aos indivíduos e coletividades na decisão por práticas promotoras da saúde (BRASIL, 2013b, p. 23).
Nessa direção, os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) destacam-se como
uma conexão que favorece a educação em saúde. Eles são preparados para estar,
lado a lado, com a população registrada na ESF, atendendo as necessidades locais
com atividades de promoção da saúde e orientações quanto ao uso correto de
medicamentos, conscientização para o autocuidado e incentivo aos indivíduos, às
famílias, aos grupos sociais e à coletividade visando a integralidade de atenção
(BRASIL, 2013b).
A abordagem dialética, com abrangência nas relações construídas entre
indivíduos, dedica-se à complexidade, a especificidade e as diferenças que os
problemas sociais apresentam. No campo das ciências sociais e humanas, os
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, representam a essência
do ser humano, aspectos que estão no lugar mais profundo da mente e que não se
quantifica. Os motivos pelos quais se faz algo, para si e em relação ao outro,
permeiam as relações entre os seres humanos dando significados subjetivos a eles
(DESLANDES et al., 2002).
As pessoas e grupos que convivem em uma dinâmica de interação social,
ocupam o lugar principal em estudos de pesquisa social. São personagens de uma
história que sob investigação desvelam “manifestações de intersubjetividades” e
interações pessoais que convergem na construção de novos conhecimentos. Nesse
45
campo de envolvimento respeitoso entre pesquisador e pesquisado se dá a
comunicação verbal e a compreensão das experiências de vida. No caso de
portadores de hipertensão, a exploração e o entendimento do que se quer, vinda da
própria pessoa, dão pistas ao pesquisador sobre os aspectos da doença, seu contexto
cultural, reflexos em sua vida cotidiana e as influências para viver um EV que promova
bem-estar e controle da hipertensão, sem equívocos e ilusões (DESLANDES et al.,
2002, p. 54).
Um estudo para verificar a compreensão de profissionais da área de saúde,
sobre as práticas de educação, realizado no Centro de Saúde do município de Antônio
Martins – RN, concluiu que as ações praticadas pela equipe se mostram principiantes,
carecendo de aprofundamento metodológico baseado em práticas participativas que
propiciem a construção de conhecimento e transformação da realidade vivida pelos
usuários, conforme o que preconiza o Ministério da Saúde (FIGUEIREDO et al., 2015).
Almeida (2014), relata o estudo fundamentado em uma visão dialética
relacionado com as doenças crônicas, realizado em uma ESF de Minas Gerais, cujo
objetivo foi analisar a prática de educação na saúde, a partir da percepção do usuário
sob estímulos de técnicas pedagógicas. Os resultados revelaram que houve
visibilidade às trocas de experiências, sobre o enfrentamento da doença crônica e
sobretudo às mudanças de EV favorecendo a autonomia para um cuidar de si mesmo.
O estudo de Friedrich, (s.d) cujo objetivo foi compreender as motivações para
o desenvolvimento e manutenção de ações grupais na Atenção Básica, na percepção
de usuários e profissionais, revela que algumas das motivações para aderirem às
práticas de atividades coletivas é o próprio grupo, que proporciona o encontro de
pessoas em um mesmo espaço e por meio dele, o estabelecimento das relações
interpessoais, a construção de saberes e o cuidado integral aos participantes. Os
resultados positivos foram relacionados às atividades grupais desenvolvidas e
impactantes para as condições clínicas, sociais e afetivas dos participantes.
A pesquisa de Freitas et al. (2015) na mesma linha de conhecimento, objetivou
identificar os motivos da adesão e permanência dos participantes de grupos de
Promoção de Saúde (PS) de uma ESF. Os resultados demonstram que ao aderirem
às atividades grupais, os indivíduos buscam melhores condições de saúde,
desempenho físico e melhora na autoestima. Quanto aos fatores destacados para a
permanência aos grupos foram: manter a saúde, receber atenção e incentivo do
professor e dos funcionários e por último, reduzir o nível de estresse.
46
Einloft et al. (2016) enfatizaram em um estudo de intervenção longitudinal e
comparativo, realizado com 212 portadores de HAS, cadastrados nas unidades da
ESF de um município de Minas Gerais, as influências das intervenções educativas
com foco na percepção de saúde e doença dos participantes. Nesse estudo, foram
realizados encontros uma vez por mês, durante 12 meses, e a atenção prioritária foi
dada para a educação nutricional praticada dialogicamente com os portadores de
hipertensão durante os doze meses de pesquisa. Os resultados demonstram que
houve melhoras nas avaliações clínicas, bioquímicas e antropométricas com
diferenças significativas. Os participantes reconheceram a importância da mudança
de hábitos para o controle da HAS.
Os portadores de HAS apresentam dificuldades para adotarem as mudanças
de hábitos necessárias para o controle e prevenção da doença. Dias et al. (2015)
apontam que as maiores dificuldades, citadas pelos próprios pacientes, estão ligadas
exatamente aos fatores que promoveriam a sua saúde: redução e/ou controle do peso
corporal; ingestão de dieta adequada incluindo verduras, frutas e legumes e a prática
sistemática de atividade física moderada. Ainda de acordo com Dias et al. (2015) as
mudanças de hábitos somadas a atividades de lazer e controle emocional fazem parte
do tratamento não farmacológico no controle da HAS. Ressaltam, ainda, que a
incorporação dessas práticas é necessária para a qualidade de vida, embora elas
estejam entre as principais dificuldades para a adoção de um EVS.
No estudo avaliação de hábitos de vida saudáveis em pacientes atendidos em
um ambulatório de nutrição Rigodanzo et al. (2015) mencionam sobre a dificuldade
dos pacientes em adotar as orientações recebidas no aconselhamento oferecido por
profissionais da saúde e indicam que a inatividade física e a utilização de frituras uma
vez por semana são os hábitos mais arraigados.
Por outro lado, Figueiredo et al. (2015) citam o aparecimento de um modo de
vida alienante e potencialmente nocivo ao aparecimento de doenças crônicas, surgida
da relação estabelecida entre a sociedade capitalista contemporânea e indivíduos,
onde a prescrição de produtos e serviços sujeita os indivíduos a uma postura não
crítica, dominante e de exploração, de uma forma que a realização de ações
vinculadas à um EVS é relegado a segundo plano.
Seguindo essa linha de pensamento, Lefèvre e Lefèvre (2015) afirmam que a
sociedade é regida por princípios baseados na produção de uma infinidade de
mercadorias e serviços, consumidos por uma gama cada vez mais alta de indivíduos.
47
Tanto a saúde como a doença, são vistas pelas pessoas, como objetivos de consumo,
portanto, comportam-se como consumidores. Assim, como consomem objetos de
vestimentas e locomoção, pensam que devem consumir medicamentos, consultas
médicas, cirurgias, etc. O pensamento de consumo desenfreado e descontrolado do
indivíduo pode mudar se as doenças forem vistas como consequências de erros,
desequilíbrios, injustiças, escolhas erradas, etc. (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2015, p. 40-
41).
Para Sevalho (2018, p. 177-184) o conjunto das práticas criadas na saúde
coletiva, quando se destaca a “complexidade do jogo político” há um enfraquecimento
do pensamento crítico relacionado aos direitos básicos da sociedade, enaltecendo o
sistema capitalista que não atinge o objetivo da justiça e da igualdade social.
O movimento da educação popular em saúde nos anos setenta, foi influenciado
por Paulo Freire (1977; 1978; 1996), que propunha a transformação social com
percepções críticas sobre a vulnerabilidade social. Ou seja, transformação de uma
população oprimida, sem liberdade e nem direito a autonomia. Porém, o que
prevaleceu foi a educação em saúde tradicional, cujas ideias e práticas são
subordinadas às ciências biomédicas de caráter autoritário e conservador. Mesmo
com um legado interno freireano de humanização em educação na saúde, a saúde
coletiva brasileira segue, de lá para cá, os passos da educação neoliberal, com
modelos “limitados e limitantes de educação preventiva” (SEVALHO, 2018, 182-184).
Para se contrapor a essa condição de vulnerabilidade, traz-se o conceito de
autonomia de Paulo Freire (1996), que é constituída a partir de uma educação
libertadora, cujo foco é o diálogo crítico que problematiza e constrói novos saberes,
na interação entre memória e história vivida uns dos outros. Trata-se de provocar uma
interação e o compartilhamento de ideias diferentes, porém imbuídas no mesmo
objetivo. Nesse encontro há a construção de um ser que cresce em si mesmo e em
relação a um outro.
Por outro lado, um ser oprimido, que reconhece sua dependência e entra em
contato com suas próprias fragilidades e vulnerabilidades, se torna capaz de assumi-
las para enfrentar os determinantes sociais, em suas lógicas hegemônicas. Uma vez
conscientes de quem são, tornam-se seres humanizados e representam relações de
consciência, das quais não se trata de ignorantes ou sábios, mas da interação de
homens que se reconhecem como tais e buscam o saber e o fazer constantes
(FREITAS et al., 2013; SEVALHO, 2018).
48
Braga, Fiuza e Remoaldo (2017, p. 375, 388) estudaram os diferentes pontos
de vista para o termo “modo de vida” considerando as traduções da língua inglesa e
francesa para o português, constataram que embora tenham equivalências, existe
ambiguidades e imprecisões. Para as Ciências Sociais o termo “modo de vida”
expressa os processos de mudanças pelas quais as sociedades tradicionais passam.
Já os termos em inglês “way of life” ou “mode of life”; e em francês “mode de vie”,
associam-se às ideias e práticas coletivas e às condições de vida determinadas e
condicionadas pela sociedade. Refutam a ideia de que o termo “modo de vida” e “estilo
de vida” sejam sinônimos. O EV, reflete a subjetividade dos indivíduos no coletivo,
abrangendo os hábitos, conhecimentos, valores e práticas sociais expressos por cada
pessoa. Perspectiva que circula, também, no meio da saúde.
O EV é definido no DeCS como “modo de viver que caracteriza um indivíduo
ou grupo”, está relacionado com comportamento saudável que significa “proteger,
manter e promover o próprio estado de saúde” que é influenciado por fatores
socioeconômicos, educacionais e culturais. O EV abrange cuidados que influenciam
o estado de saúde, tais como: dieta e exercícios físicos (BIBLIOTECA VIRTUAL EM
SAÚDE/DeCS, 2018).
Silva et al. (2011, p. 150) consideram que ter um bom EV corresponde ao
indivíduo estar “ativo socioespiritualmente”, ter autonomia, independência e saúde
física, ter uma vida que faz sentido e ter papéis definidos, sentir-se pertencendo e
acolhido, ter laços afetivos nos relacionamentos e direcionar sua vida com elevada
autoestima.
Em uma concepção mais abrangente, Costa et al. (2011) relacionam EV a uma
transformação na maneira de pensar da população como um todo e consideram que
cabe aos profissionais de saúde a promoção de processos participativos, envolvendo
governo e instituições públicas e privadas no sentido de ampliar as resoluções e a
capacidade de decisão frente à complexidade que envolve os problemas de saúde.
Gois et al. (2016) apontam que o EV das pessoas portadoras de riscos
cardiovasculares foi gradualmente sendo modificado, considerando questões
subjetivas como: processo de amadurecimento psicológico, responsabilizar-se pelo
tratamento, tornar-se autor das próprias decisões; tomada de decisão baseada nos
valores e preferências pessoais; adoção de mecanismos voltados para mudanças de
pensamento; convívio familiar como propulsor para o autocuidado; percepção dos
sintomas físicos e consciência dos medos e limites de finitude; crenças religiosas
49
reconhecidas como primordiais; superação de influências negativas de pessoas
afetivamente próximas foi favorável para as mudanças. Outros aspectos relacionados
as mudanças como perda de peso; redução de glicemia, colesterol e estresse;
melhora no sono e na autoestima e aumento na disposição, também foram
reconhecidos.
3.1.3. “Oito Remédios Naturais”: terapia complementar para Promoção da Saúde
O tratamento não medicamentoso (TNM), para a prevenção e controle da
hipertensão, segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC),
consiste em reduzir o peso corporal e adotar medidas nutricionais, como: assumir um
padrão alimentar saudável e sustentável; reduzir o consumo diário de sal para 2g;
incluir os alimentos a base de ômega 3 (ácidos graxos insaturados), ricos em fibras,
oleaginosas, vitamina D, alho, verduras e frutas; evitar gordura saturada; incluir
atividade física ou exercício físico aeróbico ou estruturado, cinco dias por semana;
abandonar o tabagismo e a ingestão de álcool; controlar o estresse e tratar a apneia
obstrutiva do sono (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016, p. 30-32).
Na população negra portadora de HAS há uma situação especial para seu
tratamento. “Respondem menos à monoterapia com betabloqueadores, Inibidores da
Enzima Conversora da Angiotensina (IECA) e aos demais medicamentos. Terapias
não medicamentosas apresentam melhores resultados” (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE CARDIOLOGIA, 2010, p. 52). Vale destacar que, a despeito dessa afirmação, a
SBC atribui valor às alternativas de tratamento não medicamentoso, para o
desenvolvimento de programas de controle da hipertensão arterial entre a população
afrodescendente.
Em um Estudo de Caso conduzido por Vargas e Cardoso (2016), na cidade de
São Luiz – MA com a população negra, portadores de HAS, despertou o interesse dos
integrantes do Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades
Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas (NuRuNI) no sentido de estudar sobre a
saúde dessa população no Brasil e no Maranhão. Este relato foi encaminhado para o
estado de São Paulo, conforme nota técnica ao Centro de Vigilância Sanitária (CVS),
alertando às autoridades e operadores do SUS sobre pontos relevantes, como: os
afrodescendentes tem quadros mais graves e de maior resistência aos protocolos
terapêuticos em uso; eles não respondem bem aos medicamentos que são utilizadas
50
para os demais casos; na lista de medicamentos da Atenção Básica não existem
remédios específicos para essa população. Entretanto, a Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo (SES SP) desde 2006 tem protocolo terapêutico específico para
essa população. Os autores consideraram, ainda, que a pesquisa apontou os
obstáculos a serem superados e favoreceu às reflexões das autoridades públicas da
saúde em geral com a repercussão que causou no estado de São Paulo.
O surgimento de uma proposta de EVS, remonta os anos de 1830. Sylvester
Graham1 citado por Shryock (1931) foi considerado o pioneiro a difundir a ideia que
associava a saúde com os hábitos saudáveis. Aponta seis hábitos, tais como:
alimentação equilibrada, preferir verduras, frutas, pão integral, mastigação dos
alimentos e evitar carnes; peixes, gorduras, condimentos e bebidas a base de cafeína.
Enfatizava ainda, a importância do sono e repouso adequados; atividade física
sistemática; exposição ao ar livre; ingestão de água pura e por último, abstinência dos
excessos.
Segundo Wheeler (1989), White denominou originalmente estes elementos
como “remédios da natureza” e a medida que o seu uso foi se consolidando como
hábitos saudáveis e como prevenção e tratamento de doenças, esses elementos
naturais passaram a compor um EVS e a serem denominados de ORN.
Para White (2007, p. 127) “os verdadeiros remédios são: ar puro, luz solar,
abstinência, repouso, exercício, dieta adequada, o uso de água e confiança no poder
divino. Aqueles que os utilizam com rigor serão recompensados na saúde do corpo e
da mente”.
Segundo White (2007), todas as pessoas deveriam conhecer os meios
terapêuticos naturais e compreender os princípios que envolvem as formas de
tratamento, ou seja, como o doente deve utilizá-los. O processo de cura é uma
construção gradual e requer abandono de agentes nocivos ao organismo. A mesma
autora diz ainda que “bem pouca é a atenção dada em geral a conservação da saúde”
(WHITE, 2007, p.127-129).
Abdala et al. (2015, p.17-52) propõem a utilização dos ORN em programas
educativos operacionalizados por meio das OES (ANEXO A) e apresentam
sinteticamente o significado para cada remédio natural e seus respectivos benefícios:
1 Um dos precursores da alimentação vegetariana. Criou alguns remédios à base de vegetais para combater o alcoolismo.
Fonte: https://es.wikipedia.org/wiki/Sylvester_Graham
51
Ar puro - inspirar um ar com maior teor de oxigênio e livre de poluentes. Uma boa
respiração acalma os nervos, estimula o apetite, promove uma digestão adequada e
conduz a um sono profundo e tranquilo; Luz solar - exposição adequada à luz natural
que auxilia as funções biológicas cerebrais e autorregulação corporal. Influência na
produção de hormônios, auxilia no metabolismo da vitamina D, melhora o humor e
combate a depressão; Temperança ou abstinência - evitar o que prejudica a saúde
e utilizar o que é saudável e nutritivo; Sono e repouso - dormir e descansar de forma
equilibrada. A privação total ou parcial do sono pode causar diversas alterações
endócrinas, metabólicas, físicas, cognitivas, neurais e modificações na arquitetura do
sono; Atividade física - exercícios planejados, estruturados e sistemáticos, como por
exemplo: caminhada, corrida, bicicleta, natação, entre outros esportes que fazem suar
e elevar os batimentos cardíacos; Alimentação - nutritiva e saudável, acessível e de
baixo custo, abundância na variedade e cores, preparação simples sem condimentos
industrializados, harmonia entre a quantidade e qualidade; Água - o líquido mais
perfeito para limpar internamente os tecidos do organismo. O uso externo regula a
circulação do sangue, o banho frio ou fresco tonifica o corpo, o banho quente abre os
poros, auxilia na eliminação das impurezas, acalma os nervos e equilibra a circulação;
Confiança em Deus - fé em um Ser supremo ou sagrado. A
Religiosidade/Espiritualidade tem sido associada com melhor saúde física, mental e
para a qualidade de vida (QV).
Abdala et al. (2018), apresenta um instrumento de pesquisa cujo conteúdo foi
analisado e apresentou evidências de validade de conteúdo, para avaliar a adesão a
hábitos saudáveis correspondentes à proposta de Ellen White para um EVS. O
instrumento denominado “Questionário Oito Remédios Naturais” (Q8RN) foi
desenvolvido para aplicação em adultos e adolescentes e envolve 22 itens e oito
domínios representados por Nutrição, Exercício, Água, Luz solar, Temperança, Ar
puro, Sono/Descanso e Confiança em Deus.
Outras pesquisas, citadas a seguir, associam alguns destes “remédios
naturais” como benéficos e complementares ao tratamento de doenças crônicas.
Ar puro
O estudo de Prince (2017) revela que desde os fins do século XIX, há o
reconhecimento da classe médica e pesquisadores sobre a influência do clima na
saúde das pessoas. Com elevado número de mortes devido a proliferação da bactéria
mycobacterium tuberculosis, causando a tuberculose, um dos itens do protocolo de
52
tratamento e cura da doença estava vinculado ao isolamento dos doentes em
Estâncias Climáticas, ou seja, o doente era afastado das áreas de infestação e
mantido em regime de internato em estações climáticas, onde seria tratado,
juntamente com outros elementos da natureza, como repouso e boa alimentação.
A cidade de Campos do Jordão sempre foi considerada ideal para o tratamento
das doenças de trato respiratório, uma delas é a tuberculose, por ser uma região de
altitude, 1600 metros acima do nível do mar, portanto, região de clima frio, pode
chegar a temperaturas de até 16º C abaixo de zero. Além das condições climáticas
possui alto teor de ozônio atmosférico, camada de ozônio, protetora de raios
ultravioleta. Por essas condições Campos do Jordão é considerada a “Região de
Saúde”, havendo outras regiões que também são próprias para o restabelecimento da
saúde respiratória, por ter o clima favorável são consideradas estâncias climáticas,
como Teresópolis, Friburgo, Petrópolis, Pindamonhangaba, etc (PRINCE, 2017, p.
72).
Para evidenciar este elemento da natureza, Sinharay et al. (2018), recrutaram
para um estudo do tipo randomizado e cruzado, 40 homens e mulheres com idade de
60 anos ou mais, com doença cardíaca isquêmica estável, da clínica de cardiologia
respiratória e ambulatorial no Royal Brompton & Harefield NHS Foundation Trust; e,
40 voluntários saudáveis recrutados por publicidade e de bancos de dados existentes.
O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos sobre as respostas respiratórias e
cardiovasculares de andar em uma rua movimentada com altos níveis de poluição em
comparação com a caminhada em uma área livre de trânsito com níveis mais baixos
de poluição em adultos mais velhos.
No estudo de Sinharay et al. (2018) se evidenciou que em casos de
caminhadas longas em ritmo normal com exposição à poluição, há comprovação de
declínio na taxa da função pulmonar, principalmente nos indivíduos mais velhos e com
doença pulmonar obstrutiva crônica. Com tempo reduzido de exposição à poluição,
não há os benefícios dos efeitos cardiopulmonares da caminhada em pessoas com
doença pulmonar obstrutiva crônica, com doença cardíaca isquêmica e nem em
pessoas saudáveis. Por outro lado, com tempo reduzido de caminhada e exposição a
níveis mais elevados de poluição, as evidências mostram aumento das taxas de
mortes por doença cardíaca isquêmica e exacerbação da doença pulmonar obstrutiva
crônica. Foi aconselhado que as pessoas evitem a caminhada em lugares com altos
níveis de agentes poluentes e que as políticas públicas controlem os níveis ambientais
53
de poluição do ar em lugares com grande movimento para conter os efeitos
indesejáveis. As atividades aeróbicas devem ser realizadas em áreas verdes e longe
do tráfego intenso e com nível alto de agentes de poluentes ambientais (SINHARAY
et al., 2018).
Luz solar
A luz solar se destaca entre os remédios naturais pelo poder que tem na
elaboração da vitamina D, por meio da sua produção na pele quando exposta aos
raios solares. Ela fixa o cálcio e estimula o sistema imunológico afastando o risco de
desenvolver alguns tipos de câncer. Em casos de atraso de crescimento, raquitismo,
anemias, tuberculose dos ossos e das articulações, focos infecciosos, problemas
nervosos, etc, os raios infravermelhos e ultravioleta se fazem necessários nas
aplicações e cura dessas enfermidades. Outros benefícios dos raios solares estão
presentes no processo de nutrição, na digestão e na ativação do metabolismo no
sentido de revigorar as energias vitais, atuar nas defesas orgânicas e no sistema
nervoso (VAZ, 2014).
Outro estudo comprova a potência da vitamina D no equilíbrio do sistema
imunológico e metabolismo do fosfocálcico. Ela pode ser ativada na pele por meio da
exposição à luz solar. Após a ativação da vitamina D na pele, depois da exposição
aos raios ultravioletas, ocorre a interação com a expressão de receptores (VDR)
presente no interior das células beneficiado com ações biológicas. A deficiência dessa
ação no organismo e baixos níveis séricos de vitamina D foi a causadora das doenças
esclerose múltipla (EM) e lúpus eritematoso sistêmico (LES) na população
portuguesa. Segundo estudo a insuficiência desta vitamina afeta entre 60% a 95%
desta população, é provável que não se expõem à luz solar o tempo de 10 a 15
minutos ao dia (BETTENCOURT et al., 2018).
Temperança
Vaz (2014, p. 25) refere-se ao mundo moderno como influenciador dos
excessos, como alimentos industriais, bebidas alcoólicas e refrigerantes, cigarros,
conservantes, gordura animal, açúcar, drogas, etc. Por meio dos excessos as pessoas
transformaram-se em “compulsivas e deformadas no pensar, agir, no vestir e na
maneira de influenciar outros iniciantes à prática irracional de viver”. Elege a
abstinência como essencial para a vida, “abster-se do orgulho, da avareza, da solidão,
da individualidade, do ódio e do rancor”. Diz que a abstinência, embora quase extinta
da vida diária, pode transformar a vida humana em uma vida melhor e de qualidade.
54
No dicionário Aurélio online (FERREIRA, 2018) é atribuído à temperança o
significado de:
[…] o hábito de moderar os apetites sensuais, os desejos, as paixões; sobriedade no comer e no beber; comedimento, moderação; economia, parcimônia, modéstia; por sociedade de temperança, entende, associação que tem por fim combater o uso das bebidas alcoólicas.
No novo dicionário Aurélio o significado se apresenta como “qualidade ou
virtude de quem é moderado, ou de quem modera apetites e paixões; sobriedade,
moderação, comedimento, temperamento, economia e parcimônia” (FERREIRA,
1975, p. 1363)
Já no dicionário informal de sinônimos online temperança significa “moderar a
atração dos prazeres, assegurar o domínio da vontade sobre os instintos e
proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados”.
A temperança é considerada por White (2005) como equilíbrio, dar limites para
todos os prazeres da vida, é o domínio das vontades sobre a impulsividade de ir além
do necessário. A escritora cita nos seus escritos sobre o apetite, o álcool, o fumo, a
poluição, o desperdício do dinheiro, estimulantes narcóticos, cafeína e os efeitos
psicológicos da intoxicação dos excessos e abusos.
White (2008) descreve que o médico deve ser um educador, sobretudo, deve
orientar e esclarecer a todos a quem tem acesso, no sentido de a mente deste estar
preparada para prevenir a doença, o sofrimento, propensões e mortes prematuras.
Nesse sentido, os registros das evidências relacionadas ao papel da
espiritualidade na saúde e o bem-estar dos doentes. Saltam aos olhos dos médicos,
que estão a favor, aperfeiçoar a maneira de como lidam com os cuidados de seus
pacientes e como devem tornar possível o alívio e conforto deles durante o tratamento
(OLIVEIRA et al., 2013).
A investigação dos problemas do sono apresentados por 37 idosos (71,2%)
pode se referir ao alto consumo de produtos cafeinados que “interfere na capacidade
de conciliar ou manter o sono”, demonstrado no estudo de Clares (2012, p.57).
Repouso/sono
Uma das necessidades básicas na vida de uma pessoa é o sono. Para chamar
a atenção a este elemento significativo na vida da população, com doença crônica ou
saudável, este item da pesquisa inicia com trechos do artigo de um jurista do Ministério
55
do Trabalho em defesa da segurança de motoristas nas estradas, devido a retirada
das horas de descanso aos mesmos:
[…] o viés mais nocivo dessa regra se dá sobre a saúde do motorista profissional. […] O ser humano possui necessidades fisiológicas básicas que não podem ser ignoradas por lei alguma, não foi por outra razão que o debate que levou à edição da Lei n. 12.619/2012 teve como causa eficiente o fato, devidamente comprovado pelo Ministério Público do Trabalho, de que os motoristas brasileiros tinham que lançar mão do uso de drogas em larga escala para que pudessem suportar as longas jornadas de trabalho deles exigidas (MORAES, 2015, p.53).
Silva e Braz (2017) discorrem sobre a jornada de trabalho que são exigidas dos
caminhoneiros, de forma ilícita. As respostas dos motoristas a essa cobrança são: não
dormir o suficiente para o descanso do corpo e mente; utilizar drogas para driblar uma
imposição do próprio organismo; não dar o movimento ao corpo por meio de
atividades físicas, desencadeando o sedentarismo e por fim, atingir a obesidade.
[…] O que a indeterminação da jornada impõe é a insana exigência de que o motorista aja de modo contrário às condicionantes do seu próprio corpo, exige que o trabalhador permaneça acordado quando o corpo pede o sono e que durma quando não há sono (MORAES, 2015, p. 65).
Segundo Silva e Braz (2017) o EV dos motoristas de estrada, está totalmente
prejudicado devido às consequências da privação do sono, má alimentação, estresse
e outros fatores acarretados pela rotina de trabalho.
O sono influencia na qualidade de vida do idoso, o estudo de Clares (2012)
revela que com o passar do tempo e o envelhecimento a qualidade do sono se
modifica chegando a prejudicar a vida dos idosos devido a privação e perturbações
do sono. Indicou, ainda, que 51,9% dos indivíduos estudados apresentaram algum
tipo de problema com o sono e repouso e que as causas mais citadas se relacionam
com as doenças crônicas como: a hipertensão arterial, 48,1%; osteoporose, 34,2%;
alcoolismo, 21,2%; diabetes, 19,2%; gastrite, 15,4% e incontinência urinária, 15,3%.
Por outro lado, os principais problemas relacionados à necessidade de dormir foram
o dormir menos de 4 horas por noite (84,6%); sonolência diurna (71,2%); despertares
noturnos frequentes (71,2%); não possuir um ambiente calmo para dormir (23,1%) e
o uso de medicação para dormir (21,2%) (CLARES, 2012).
56
Exercício físico
Bocalini et al. (2008) argumentam que um programa de exercício físico melhora
a aptidão e a capacidade funcional para atividades diárias promovendo independência
e bem-estar psicossocial e melhorando a QV em pacientes com insuficiência cardíaca
de diferentes etiologias, sugerindo a inclusão de atividades físicas como parte do
plano de tratamento.
White escreve que o exercício físico bem orientado é um remédio eficaz, e que
em alguns casos, ele é indispensável à restauração da saúde (WHITE, 2007, p. 239).
Nessa direção, Dias et al. (2015) reforçam que prática da atividade física e
atividades de lazer fazem parte do tratamento não farmacológico e quando adotadas
pelos portadores de hipertensão, melhoram a QV e contribuem para um melhor
controle da PA.
Alimentação
Os princípios da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) estão
relacionados com os direitos à saúde, tendo a alimentação como elemento de
humanização das práticas de saúde, e a segurança alimentar e nutricional com
soberania (BRASIL, 2013c, p. 22-24).
Além disso, a PNAN é regida por ações que devem ser “capazes de modificar
os determinantes de saúde e promover a saúde da população” (BRASIL, 2013c, p.
25), sendo assim, algumas ações são realizadas por meio de pesquisas, objetivando
esclarecer pontos a serem melhorados, relacionados a saúde populacional e sua
complexidade.
A alimentação desprovida de nutrientes aliado ao sedentarismo,
gradativamente geram riscos à saúde levando ao desenvolvimento de doenças
crônicas, entre as quais se destaca a HAS, que assola cada vez mais as populações
do mundo todo, em idades variadas (PINTO; SILVA, 2015).
Água
Costa et al. (2017) relatam que os exercícios aquáticos aeróbicos para
indivíduos acima de 50 anos e portadores de hipertensão promovem, dentre outros
benefícios, a redução da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e tem sido
utilizado para a prevenção da hipertensão. Os resultados encontrados demonstram
uma diminuição aproximada de 12mmHg na PAS e 5mmHg na PAD, ainda reduziu a
frequência cardíaca.
57
Guimarães et al. (2013) preocupados com os casos clínicos ambulatoriais, de
riscos com doenças cardiovasculares em consequência da pressão arterial (PA)
elevada, demonstram pesquisa realizada com pacientes portadores de hipertensão
em piscina com água aquecida. O estudo foi realizado considerando que a atividade
física regular controla a HAS, a partir desse dado, o estudo foi realizado com 16
pacientes com idade entre 50 e 61 anos, acrescentando a água aos exercícios físicos,
em piscina aquecida, pelo tempo de 60 minutos, três vezes por semana, com
monitoramento ambulatorial 24 horas. O período de estudo durou duas semanas. Os
resultados demonstram que após treinamento, a PA sistólica e diastólica foi reduzida
significativamente. Concluíram que exercícios realizados na água aquecida não só
reduzem a PA diurna e noturna, em 24 horas, como a carga cardiovascular da PA,
tanto de dia quanto de noite foi reduzida e pode ser uma nova abordagem terapêutica
com pacientes portadores de hipertensão.
Complementando, em uma revisão de literatura, Arca et al. (2012), citam que
modificações fisiológicas ocorrem no sistema cardiovascular, renal, hormonal,
musculoesquelético e nervoso central, durante a imersão parcial de pessoas com
hipertensão, em estado de repouso com água ao nível tóraco-cervical em piscina
aquecida. Essa medida terapêutica pode ser adotada como controle da HAS. Tanto
em uma pesquisa como na outra, houve o cuidado de sugerir novas investigações
antes de serem disponibilizadas como terapêutica aos portadores de hipertensão.
Outra pesquisa apresentou o caso de um Centro de Balneoterapia, onde se
aplica água mineral com enxofre. O estudo consistiu no tratamento, de 53 indivíduos
portadores de hipertensão e não portadores, com água e enxofre para verificar se a
aplicação dessa mistura resultava na redução da PA. A duração do tratamento foi de
10 dias. O resultado da medição clínica foi favorável a diminuição da PA, sendo a PA
sistólica de 133,0 ± 13,9 mm Hg antes das aplicações e no final do estudo, redução
para 126,5 ± 12,3 mm Hg; a diastólica de 78,5 ± 7,8 mm Hg antes, para 75,9 ± 6,5
mm Hg no final do estudo. Confirmando que a redução da PA automonitorada, após
o tratamento foi de 2,3 mm Hg, menor do que a PA inicial, antes do tratamento
(P=0,008) (MARTÍNEZ GUILLAMÓN et al., 2013).
Martínez Guillamón (2018) publicou o estudo “La balneoterapia y su influencia
sobre la Presion Arterial”, cujo objetivo foi analisar se o tratamento com água mineral
sulfuradas por via tópica em balneoterapia se correlacionam com mudanças na PA. O
resultado foi comprovado, a estadia de portadores de hipertensão em um balneário
58
de águas sulfuradas seguindo um tratamento por 10 dias, está relacionado com a
redução da pressão arterial, principalmente para redução da PA sistólica.
Confiança em Deus
Koenig (2012), quando faz a relação entre R/E e saúde física, relata que
estudos que abordam à hipertensão indicam que pessoas mais religiosas tendem a
apresentar uma PA significativamente mais baixa do que os portadores de hipertensão
não religiosos. Como conclusão de sua pesquisa, descreve que em todos os trabalhos
incluídos na revisão foram relatados que há necessidade de integrar a espiritualidade
ao cuidado ao paciente.
Koenig é um autor que se destaca pela qualidade e quantidade de estudos
sobre R/E. Seus estudos demonstram comportamentos positivos de pessoas que sob
influência da confiança em um ser supremo e superior, melhoram sua saúde. Aborda,
também, as influências de crenças e práticas religiosas que podem interferir em
tratamentos psiquiátricos, por exemplo. Na pesquisa de revisão sistemática realizada
entre os anos de 1872 e 2010, Koenig (2012) enfatiza as ligações entre a R/E e os
cuidados com o corpo. Entre os estudos analisados, 121 relatam que a abstinência de
fumo de cigarro reduz o risco de hipertensão entre outras doenças; 25 dizem respeito
ao valor do exercício físico; 21 relatam que a adesão a uma dieta saudável e o baixo
consumo de alimentos processados, gordurosos e lanches reduzem o nível de
colesterol no sangue.
3.1.4 Oficina de Espiritualidade e Saúde como estratégia de Educação em Saúde
O estudo de Souza et al. (2014), aponta grande número de pacientes que
utilizavam medicamentos anti-hipertensivos e mesmo assim não tinham a pressão
arterial controlada. O maior desafio e preocupação dos profissionais das unidades de
saúde, que atuam no HiperDia, é alcançar os usuários portadores de hipertensão e
fazer o acompanhamento dos níveis pressóricos. São vários os fatores relatados para
a não adesão ao tratamento, mesmo sabendo dos riscos à saúde e tendo
conhecimento sobre a importância de adotar ações continuas que privilegiam a saúde.
Abdala et al. (2015) propõem como técnica de educação em saúde as OES.
Trata-se de uma intervenção educativa que estimula a prática de hábitos saudáveis
relacionados aos ORN, os quais podem se sobrepor às crenças e comportamentos
59
disfuncionais existentes, despertando as motivações intrínsecas que podem levar o
indivíduo a reconhecê-las como eficazes para adoção de um estilo de vida saudável.
Sobre a motivação, Imaginário et al. (2014, p. 93), Ryan e Deci (2000) e
Guimarães e Bzuneck (2002) definem como “fator interno que dirige e integra o
comportamento de um indivíduo”. Classificam-na em dois tipos: intrínseca e
extrínseca. A intrínseca é determinada pela satisfação das necessidades psicológicas
básicas de autodeterminação e uma tendência natural para buscar novidade/desafios
e exercitar as próprias capacidades. A extrínseca se caracteriza pela associação às
rotinas aprendidas ao longo da vida e direcionadas para um elemento externo com
intuito de obter recompensas.
Para Maron (2015) a motivação seria um estado interno ativado mediante uma
necessidade, que por sua vez aciona uma ação comportamental para sanar o
desconforto, voltando para o estado de satisfação. Significa tendência à estabilidade
interna do organismo, ou busca pelo equilíbrio. Tendo o corpo padrões de referência
para um estado ótimo, por meio dos genes ou experiência, ativa-se um alerta de
necessidade ou motivo, quando o corpo se afasta desses padrões e assim busca a
autorregulação ou homeostase.
Alves et al. (2016) relatam a implementação de OES em uma pesquisa
intervencional descritiva, com cinco mulheres hipertensas e pré hipertensas de uma
comunidade de fé (confessional), cuja base para os procedimentos de enfermagem
foi a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. As participantes foram
acompanhadas e monitoradas, durante todo o processo. Foi aferida a pressão arterial,
medição de peso e altura e a mensuração dos resultados das aferições, antes e
depois de cada oficina. No final da intervenção, que totalizou oito semanas, foi
constatado uma redução da pressão arterial sistólica em 20 mmHg e do peso corpóreo
de 1,1 kg. Concluíram que as influências das OES utilizando os ORN foram
mensuráveis e houve benefícios no controle da hipertensão arterial, embora
estatisticamente pouco significativos (p>0,05).
Koenig (1998), afirma que uma redução em 4 mmHg de pressão arterial
sistólica favorece o setor público no que diz respeito aos gastos públicos, além dos
benefícios para o portador de hipertensão.
No estudo de caso realizado por Vargas e Cardoso (2016), com portadores de
HAS, incluindo população negra do Maranhão e São Paulo, os autores sugerem
60
algumas providencias relacionadas a oficinas, especificamente, a oficina de
espiritualidade:
[…] que o Ministério da Saúde passe a realizar, a curtíssimo prazo, oficinas de construção e atualização de um consenso terapêutico sobre controle da hipertensão arterial na população negra; que promova oficinas de capacitação e atualização em saúde da população negra para todas as equipes da ESF no país; trazer outros autores que já utilizaram as oficinas e valorizam para mudanças de hábitos; e, valorizar as oficinas de espiritualidade como estratégia complementar da educação na saúde (VARGAS; CARDOSO, 2016, p. 669).
Recente estudo intervencional, desenvolvido no contexto do projeto “matriz”
mencionado nesta pesquisa, aponta que as OES influenciaram de maneira positiva
nos marcadores biológicos, especialmente no colesterol total que foi a melhora mais
significativa. Esclarece que as OES contribuíram na mudança dos níveis pressóricos
e favoreceram as mudanças de comportamentos relacionados ao autocuidado,
refletindo na saúde física, mental e espiritual (SANTOS, 2018).
61
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A fim de contextualizar o perfil dos portadores de hipertensão, será apresentado
a caracterização sociodemográfica dos participantes deste estudo. Em seguida serão
expostas as perguntas norteadoras das entrevistas e a representação gráfica das IC
correspondentes aos DSC construídos e analisados com base na Teoria das
Representações Sociais dos portadores de hipertensão.
Os DSC resultantes da análise serão apresentados e discutidos em duas
etapas, sendo que a primeira corresponde às entrevistas realizadas na semana
consecutiva ao termino da intervenção educativa e a segunda três meses após.
4.1 Caracterização sociodemográfica da amostra
O estudo incluiu oito portadores de HAS essencial, moradores da Zona Sul do
Município de São Paulo e em acompanhamento médico na UBS de uma regional da
ESF, sem outras comorbidades. As variáveis consideradas na composição sócio
demográfica foram o sexo (feminino e masculino), faixa etária de acordo com estudos
da Vigitel (BRASIL, 2017a), cor da pele referida, escolaridade e religião.
No perfil sócio demográfico de portadores de hipertensão (TABELA 1) houve
uma predominância do sexo feminino (87,5%), com idade entre 45 e 64 anos (25,0%)
e 65 e 80 anos (62,5%) em relação ao sexo masculino (12,5%) na idade entre 25 e 34
anos (12,5%). Predominância da cor da pele referida branca (62,5%) em detrimento
as cores indígena, parda e preta que tiveram 12,5% cada uma. Na escolaridade houve
uma predominância do 1º. grau completo (62,5%) em relação ao 1º. grau incompleto,
2º. grau incompleto e pós-graduação que obtiveram a minoria (12,5%) cada.
62
Tabela 1. Caracterização segundo sexo, idade, cor da pele referida, escolaridade e religião dos participantes (n=8).
VARIÁVEL n %
SEXO Feminino 7 87,5 Masculino 1 12,5 IDADE 25 a 34 1 12,5 45 a 64 2 25,0 65 a 80 5 62,5 COR DA PELE REFERIDA Branca 5 62,5 Indígena 1 12,5 Preta 1 12,5 Parda 1 12,5 ESCOLARIDADE 1º grau completo 5 62,5 1º grau incompleto 1 12,5 2º grau completo 1 12,5 Pós-graduação 1 12,5 RELIGIÃO Católica 4 50,0 Evangélica 3 37,5 Espírita 1 12,5
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.
Segundo a caracterização apresentada na tabela 1, percebe-se a maior
prevalência de HAS em idade acima de 65 anos (62,5%) confirmando o
envelhecimento como um dos fatores de risco. Segundo estudos da SBC, a medida
que a faixa etária vai aumentando, as mulheres superam os homens no que tange a
prevalência da HAS, as explicações estão no fato de que ao atingirem os 50 anos as
mulheres perdem a proteção dos hormônios, ficando mais predispostas à hipertensão;
se alimentam pior e fazem menos exercício físico do que os homens (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Houve predominância da cor branca (62,5%) em relação à preta (12,5 %). Este
resultado surpreendeu os pesquisadores, pois segundo a SBC a etnia preta apresenta
um antecedente genético que favorece a incidência da HAS e lhes impõe
complicações mais graves, como por exemplo, a diminuição rápida da função renal.
Outro ponto em relação a etnia preta é o fator socioeconômico educacional ser mais
baixo, o que lhes restringe o acesso aos cuidados de saúde (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Outra variável estudada foi a religião sendo constatada uma predominância da
religião católica (50%), seguida da evangélica (37,5%) e espírita (12,5%). O
63
predomínio de católicos vem ao encontro dos dados publicados no último censo
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando que a
população do município de São Paulo em 2010 chegou a 11.253.503 habitantes, com
uma estimativa para 2017 de 12.106.920, destes, mais da metade são pessoas
católicas com 6.549.775, seguido da religião evangélica com 2.487.810 e em terceiro
lugar a religião espírita com 531.822. Esta variável demonstra que 100% da
amostragem são de pessoas religiosas, equiparado com os 85% demonstrado no
estudo do IBGE com 9.569.407 de habitantes religiosos (BRASIL, 2017b).
A região Sul do Município de São Paulo, local onde os participantes residem e
onde a pesquisa “matriz” foi desenvolvida, apresenta condições de saúde, educação
e renda consideradas no nível médio e, com um Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) de 0,782 de acordo com os dados de 2012 (SÃO PAULO, 2013). Entretanto, é
uma região que cresceu de forma descontrolada, o que gerou grandes bolsões de
pobreza e considerada uma das regiões com maior incidência de violência do
munícipio de São Paulo, impactando nas condições de saúde da população (SÃO
PAULO, 2018).
4.2 Primeira etapa: Representação social dos portadores de hipertensão após
intervenção educativa
A proposta de conhecer o que pensam os portadores de hipertensão sobre a
doença, no seu cotidiano, foi de aproximar opiniões individuais em torno das suas
práticas de vida e reconstituir categorias de sentidos parecidos, incluindo nelas as
sínteses das expressões verbalizadas de diferentes pessoas (LEFÈVRE, F.;
LEFÈVRE, A. M. C. 2014). Nos discursos do coletivo pesquisado estão as histórias
de vida de pessoas com hipertensão, assim como a reprodução da RS no contexto de
um grupo.
Ao serem contactados pelo pesquisador, os portadores de hipertensão foram
receptivos e demonstraram alegria em terem sido chamados a participar das OES.
O DSC diz respeito à representação de um grupo de pessoas que pensam de
forma semelhante, em um determinado espaço e tempo. O espaço visa a socialização
entre pessoas com o mesmo perfil de comorbidade e que contam suas histórias. A
medida que compartilham seus pensamentos, geram um significado que faz sentido
e alcançam também as RS construídas no coletivo a partir das manifestações de
64
pensamentos do senso comum, sejam opiniões, julgamentos, avaliações,
posicionamento ou postura (LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. 2014, p. 503;
LEFÉVRE, 2017, p. 38).
A seguir serão apresentadas as questões norteadoras da primeira etapa, os
gráficos correspondentes com a representação das IC categorizadas a partir das EC
que compuseram os DSC e as percepções coletivas interpretadas à luz das RS
presentes no conteúdo discursivo.
Com os participantes totalmente a vontade para se expressarem, a primeira
pergunta propôs uma reflexão comparativa entre dois tempos, antes e depois das
OES, no qual vivenciaram ativamente durante oito semanas a ação dos ORN. A Figura
4 apresenta o resultado da análise de suas narrativas.
Pergunta 1 – Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta, antes das
oficinas de saúde? E agora, o que mudou?
Figura 4 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da primeira pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.
Legenda: IC A - Antes das oficinas a qualidade de vida era ruim (6 EC); IC B - Negação da Hipertensão
Arterial (2 EC); IC C - Conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os remédios,
inclusive os naturais (7 EC); IC D - Percepção de benefícios físicos e emocionais após as oficinas (6
EC).
As duas primeiras barras (IC A e B) do gráfico (FIGURA 4) representam a
percepção sobre como era ser portador de hipertensão antes da participação nas
oficinas. Seis EC (75%) apresentam que a qualidade de vida era ruim e duas EC (25%)
demonstram negação dos participantes quanto a doença. As duas barras posteriores
75%
25%
88%
75%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
IC A IC B IC C IC D
No
. P
arti
cip
ante
s
Ideias Centrais
65
(IC C e D) representam a percepção do grupo após as OES, sendo que sete EC (88%)
denotam conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os remédios,
inclusive os naturais. Por último seis EC (75%) mostram a opinião dos participantes
sobre benefícios físicos e emocionais decorrentes das novas práticas adotadas.
IC A - Antes das oficinas a qualidade de vida era ruim (6 EC)
DSC - Quando o médico falou que eu estava com pressão alta, eu me senti, por exemplo, sozinha. Antes desse grupo acho que eu não estava muito assim... estava um pouco com astral baixo. Eu ficava meio angustiada, eu era muito tensa, sem esperança, sem vontade das coisas. A pressão estava sempre alta. Eu vim de cidade pequena e lá a gente não se cuida muito bem a respeito de sal, a gente exagera, come carne seca. Senti que estava me envenenando com sal e carne seca, porque ficava com dor de cabeça, eu não sabia que problema da pressão tem a ver com o sal. Eu não tinha uma orientação para alimentação, para comer pouco sal e gordura, eu não sabia... Prá mim só a medicação era o suficiente. A comida era toda bagunçada. Eu almoçava tarde, tinha o hábito de comer muitas coisas depois do almoço. Eu comia besteira, muito doce que sempre foi meu fraco. Tinha dia que eu não tomava nem um copo de água ou tomava um pouco quando tomava algum remédio. Eu tomava o copo cheio de café, e também o chá mate que tem cafeína, eu tomava porque eu não sabia.... Eu nunca tive uma vida muito sedentária, mas não sabia da importância da atividade física, não tinha o hábito de fazer exercício. Eu não tinha conhecimento de tantas técnicas de relaxamento e da importância de elementos tão simples como os oito remédios naturais.
O DSC acima apresenta representações sobre costumes alimentares; crença
sobre alimentos estimulantes como compensação e comportamento sedentário,
sendo que o discurso está em conformidade com as referências apresentadas a
seguir.
Participantes do estudo de Einloft et al. (2016) demonstraram ter conhecimento
que o sal em exagero e estresse são prejudiciais e elevam a pressão arterial. Os
autores ressaltaram que os aspectos subjetivos e equilíbrio emocional estão
relacionados com qualidade de vida e controle da HAS.
A OPAS (2003, p. 15) em concordância com as representações acima,
registrou que as principais causas modificáveis da HAS são: a alimentação, atividade
física, obesidade e consumo de álcool. Em relação ao controle da hipertensão, Torres
et al. (2011, p. 1784) sugerem que o aconselhamento dietético pode estar associado
ao controle da pressão alta. O estudo de Lin e Chu (2014, p.147) destaca os efeitos
66
positivos da dieta alimentar equilibrada e um programa de exercícios físicos para a
promoção da saúde (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2003).
Nesse recorte discursivo as EC são representativas da relação com a cultura
local e a desinformação sobre a doença, fatores de risco e tratamento da HAS, bem
como depressão, conforme referências.
Alguns fatores que colaboram para a falta de adesão ao tratamento são as
condições socioeconômica e culturais, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e
o grau de conhecimento a respeito da doença. Além destes, destacam-se as crenças,
valores, costumes e práticas relacionadas à saúde, assim como, percepções sobre a
própria doença e seu tratamento (BRAGGION-SANTOS et al., 2014).
Fatores descritos como a ansiedade e os níveis elevados de estresse físico,
mental e psicológico contribuem para a elevação da HAS, os quais tem indicação para
controle com tratamento medicamentoso e não medicamentoso baseado no EVS.
Inclusive no caso de depressão, o foco do tratamento é a promoção do bem-estar e
autoconfiança (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
IC B – Negação da Hipertensão Arterial (2 EC)
DSC - Olha, na realidade minha pressão não é alta, isso eu nunca tive, né? mas tenho histórico na família. Eu não tô no quadro que estão aquelas senhoras que tem a pressão bem alta. Eu nem tenho pressão alta e eles me chamaram (para participar das oficinas), mas na realidade eu tenho, porque eu tomo “lozartana” (medicamento para hipertensão) e se eu fico sem remédio ela sobe. É que eu não queria aceitar, mas minha família toda tem diabetes e pressão alta, vem da minha mãe isso. Então, a gente tem que prevenir... Melhor do que remediar, né? De uns dois anos pra cá tá tranquilo, graças a Deus, tá ótimo. A oficina veio na hora certa, eu tenho só que agradecer por tudo.
Neste discurso foram identificados três momentos que antecedem a aceitação
de um tratamento: a negação da doença, expressada na fala “Eu nem tenho pressão
alta”; negação com uma certa abertura para tomada de consciência, em seguida toma
consciência e aceita a hipertensão, sendo que tudo sucede no pensamento, uma vez
que a HAS é considerada uma doença silenciosa e agressiva, a equipe de saúde
emprega esforços para realizar ações terapêuticas e educacionais, contudo, para
obter um efeito positivo, o controle e a adesão ao tratamento depende da atitude
colaborativa do paciente (MANTOVANI, 2016).
67
Lefèvre, F. e Lefèvre, A. M. C. (2015) descrevem a doença como uma
agressão, ameaça ou ataque, por isso há necessidade de defender-se e evita-la,
sendo que a força que a ameaça exerce sobre uma pessoa dependerá de uma pessoa
para outra, tanto quanto a resposta que cada indivíduo oferece a essa força ou
ameaça.
Na psicanálise freudiana a negação é um mecanismo de defesa, um processo
do qual há recusa inconsciente da percepção sobre a realidade que se impõe
(LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).
De acordo com Morin (2002), o pensamento é uma aventura de profundo
diálogo que não é trivial, não é previsível, é criador e inventor e é um processo
complexo. Ele está presente na vida cotidiana, é extremamente ativo. Para a ciência
há uma zona de não-pensamento, ou seja, há pensamentos, mas muitos estão
congelados no intelecto de cada um. Morin (2002) sugere, também, que o
conhecimento de nós mesmos se funda sobre um vasto desconhecimento interior,
que somos coprodutores dos objetos do mundo exterior e que a objetividade faz parte
da subjetividade. Enfim, tal qual a complexidade do ser humano é seu modo de vida
ou de viver.
IC C – Conscientização do que é a hipertensão e motivação para usar os
remédios inclusive os naturais (7 EC)
DSC - Eu participei de todas as oficinas, fui em todas e foram muito boas. Esse grupo me motivou, incentivou, aprendi muitas coisas boas com eles, eu me senti bem. Depois das oficinas mudou bastante, percebi diferença antes e depois. Abriu mais a minha mente, deu essa clareza de que para a gente viver bem a gente tem que se alimentar, fazer exercício físico, ter disciplina. Então, mudou tudo em minha vida. Tenho mais consciência do que é uma pressão alta e do que ela causa, né? E, daqui para frente, vou tomar os cuidados. Tô tomando direitinho as minhas medicações. Até falei para as meninas que a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi a oficina, ela veio na hora certa e eu agradeci a Deus. Aprendi que a pessoa tem que descansar um pouco, então eu melhorei o tempo de sono e foi muito benéfico! Eu diminuí o café, porque eu gosto do cafezinho né, tô tomando menos e com leite. Eu sinto falta ainda, eu tomo uma ou duas vezes por semana e eu tenho tomado chá natural de capim santo. Agora tenho mais disciplina nos horários da alimentação, eu procuro almoçar mais cedo. Eu também diminuí a comilança durante o dia, diminuí mais a comida e tô comendo mais legumes, assim, até salada. Eu já parei com aquele excesso de doces, parei um pouco com o sal, tô tirando fritura e tô eliminando gordura também. A minha comida
68
agora é muito mais sem sal hoje em dia, depois do grupo. Em casa o esposo tá reclamando que tudo está sem sal, e eu digo para ele pegar o sal e colocar no prato dele, porque eu vou ter que maneirar o sal da minha comida. Agora, também, eu tomo mais água, que eu não tomava. Eu tomo um copo cheio, de manhã. Tento não tomar água na hora da alimentação e prefiro ingerir líquidos entre as refeições. Eu tinha esse hábito, acabava de almoçar e tomava água, agora ou eu tomo bem antes ou bem depois. Eu quero fazer academia, mas ainda não dá. Faço caminhadas, procuro fazer exercícios e estou me movimentando mais. Aí quando vou no posto, no mercado vou caminhando e tô pegando mais Sol, porque eu quase não pegava, né? A Confiança em Deus eu sempre tive, mas agora leio mais a bíblia. Hoje evito de assistir mais televisão e vou para o meu quarto e pego a bíblia e leio uma coisa e outra. Ponho uma música lá no fundo e me sinto melhor. São esses detalhes que com o dia a dia corrido, estavam passando batido. Acho que você nota o que conseguiu mudar da sua rotina e o que você não mudou. Então, eu senti que mudanças simples de hábitos são difíceis, são bem difíceis! Mas eu tô mudando aos poucos, e agora, com fé em Deus eu vou melhorar.
Foi identificado no discurso acima a representação quanto à consciência sobre
ser um portador de hipertensão.
Na teoria psicanalítica o sistema “Percepção-Consciência” (Pc-Cs), situa-se no
aparelho psíquico e recebe informações tanto internas quanto externas. A consciência
é uma função do sistema Pc-Cs e o acesso a ela está vinculado às percepções
recebidas do mundo exterior pelos órgãos sensoriais. A consciência dá qualidade
psíquica às variadas e diferentes sensações vindas das relações estabelecidas com
o meio ambiente (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).
Para a Psicologia Histórico-Cultural a consciência é um ato psíquico que se
desenvolve por meio das relações interpessoais estabelecidas. O indivíduo atribui um
significado pessoal após compreender e apropriar-se dos significados sociais
relacionando-os com suas experiências, necessidades, motivações e sentimentos.
Sua estrutura se dá por meio do trabalho e concretiza-se por meio da linguagem
(AITA; TULESKI, 2017).
O discurso acima retrata a diferença entre o antes e o depois da participação
nas OES. Se conscientizaram quanto à utilização de sete dos “Oito Remédios
Naturais” (RN). O RN Ar puro não foi representado no DSC acima, contudo é um
elemento essencial para a vida. Houve representação dos seguintes RN: Alimentação
Saudável (RN1), Exercício físico (RN2), Temperança (RN3), Sono (RN4), Água (RN5),
Sol (RN6), Confiança em Deus (RN7) todos devidamente referenciados quanto aos
69
seus benefícios no item 3.1.3 deste estudo. O discurso acima está em consonância
com as referências indicadas a seguir.
Nessa direção, a integralidade na atenção à saúde está atrelada à construção
de projetos terapêuticos, considerando a “autonomia e a singularidade dos sujeitos”
como sendo determinados por uma complexidade de fatores que são influenciados
pelos contextos sociais, econômicos, políticos e culturais do território onde vivem e
esses, por sua vez, influenciam suas escolhas e modo de viver (BRASIL, 2014b, p.
8).
Destaca-se a representação da percepção do benefício de um dos ORN, o
sono, referenciado a seguir.
Um dos fatores do envelhecimento precoce, doenças degenerativas e morte
prematura é a redução do tempo do sono. Esse tempo reduzido, diminui a
concentração da enzima glutationa, responsável pela reorganização e metabolismo
dos radicais livres, sem esse trabalho não há formação de antioxidantes para
combater as toxinas que os radicais livres liberam. Outros males que a insuficiência
de sono pode causar são: a resistência à insulina, hipertensão, doenças do coração,
obesidade, dor crônica e baixa imunidade (VAZ, 2014).
No recorte do discurso acima foram identificadas representações sobre os
motivos para a utilização dos RN, as percepções do incentivo e o aprendizado por
meio do grupo de trabalho das OES, a tomada de consciência sobre o autocuidado,
além da fé que fortalece a motivação para mudar e melhorar. Esses aspectos são
devidamente retratados nos estudos apresentados a seguir.
A interação de uma pessoa com outra, suscita manifestações cognitivas e
emocionais que influenciam a ambas, resultando em um processo reflexivo na troca
de experiências. Essa troca só é possível por meio da percepção, impressão que se
tem de determinado objeto. As informações percebidas vão se organizando
cognitivamente, como uma ordenação do que foi captado com as experiências
anteriormente vividas, transformando-se em conhecimento consciente. Esta
organização facilitará o entendimento e a categorização de uma nova experiência ou
fato (RODRIGUES, 2003).
Segundo Lane (2009), as produções humanas resultantes das interações
sociais são capazes de construir a realidade social e ao mesmo tempo desenvolver o
indivíduo.
70
Considerar o paciente com toda sua complexidade social, econômica e cultural
no processo saúde-doença, pode ser uma alternativa para quebrar o modelo
biomédico hegemônico e articular redes intersetoriais de assistência. Esse processo
manejado por profissionais preparados poderá alavancar a saúde integral do
indivíduo, família, comunidade em sua dimensão biopsicossocioespiritual (SILVA et
al., 2018). Modelo este que se fundamenta no estudo de Sulmasy (2002, p. 24; 27)
que abrange os cuidados de pacientes considerando seus aspectos biológicos,
psicológicos, sociais e transcendentais, a saber “biopsychosocial-spiritual”.
O estudo de Gonçalves et al. (2017) aponta que o envolvimento religioso, tanto
a frequência de encontros religiosos, quanto de atividades religiosas privadas (oração,
meditação e leitura da bíblia) podem favorecer o enfrentamento dos conflitos mentais
desenvolvidos ao longo da vida.
Koenig (2007) menciona que investigações científicas datadas no início deste
século já indicavam que pessoas com fé religiosa apresentavam maior equilíbrio para
lidar com o estresse da vida cotidiana; melhor recuperação de depressão; menos
emoções negativas, comparadas com as pessoas não religiosas ou menos religiosas;
melhor socialização ou adaptação e menor chance de desenvolverem transtornos por
abuso de substâncias químicas.
Outra representação presente no discurso acima sobre o motivo para adotar
hábitos saudáveis é a designação e determinação frente à família devidamente
referenciada abaixo.
O estudo de Barreto e Marcon (2014), aponta que as famílias possuem um
papel fundamental de incentivar às ações ao tratamento não farmacológico vinculadas
ao autocuidado do portador de HAS. Ela atua como um canal facilitador da promoção
da saúde para um portador de hipertensão e tem influência direta na vida destes.
Benefícios como a prática de exercícios físicos, alimentação apropriada,
acompanhamento do itinerário terapêutico e acompanhamento ao médico, são alguns
cuidados que o paciente passou a ter quando se sentiu apoiado pela família. Outro
aspecto que o portador de hipertensão apresentou em relação à família, tem a ver
com a responsabilidade que sente ser dele, isto porque não se sente doente a ponto
de a família ter que ajudá-lo.
Por outro lado, é importante considerar que a experiência de mudar os hábitos
de vida, dentro da família também pode representar uma ameaça à adesão do doente
ao tratamento. No estudo de Barreto e Marcon (2014) alguns pacientes não sentiram
71
que a família representa um elo no tratamento, o motivo foi que a família entende que
o controle da doença, depende das atitudes e comportamento do portador de
hipertensão. Dentre os relatos, também aparecem descrições de situações
estressantes e preocupações em relação à família, sendo estas, um agravante para
o desequilíbrio pressórico.
Ainda no recorte do discurso acima, se apresenta a percepção sobre os
estímulos ambientais para as mudanças no estilo de vida. Arruda (2009) evidência
que esse tipo de mudança é o que busca a TRS de Moscovici (2010). Ela se detém
em desvendar o pensamento dos vários atores do cotidiano e revelar a base da
mudança do pensamento e das práticas sociais, pois o ato de mudar mostra uma
complexidade, ou seja, há os conformistas e os contrários ao conformismo, estes, se
revelam inovadores pelo fato de pensarem as mudanças, sem divisão disciplinar das
equipes de saúde para o tratamento.
IC D – Percepção de benefícios físicos, emocionais e espirituais após as
oficinas (6 EC)
DSC - Depois que comecei aqui (oficina) eu mudei o comportamento porque as vezes a gente tem aquela agitação, né? Aprendi algumas técnicas de relaxamento, simples e que qualquer um pode executar e é de grande benefício. Foi assim, senti uma melhora na disposição e uma melhora psicológica, estou mais calma, mais tranquila, senti redução das dores no corpo, estou dormindo melhor. Eu estou muito melhor e mais sensível, minha vida ficou mais tranquila, já não tenho mais aquela explosão de raiva, até minha cabeça melhorou. Percebi que a minha aparência tá mais alegre, tenho mais ânimo, mais vontade de fazer as coisas. Sinto paz espiritual sabe! As oficinas ajudaram muito no sentido da equipe ter dado apoio, suporte e controle da minha pressão. Eu percebi a diferença. A última vez que medi minha pressão estava 12x7, e eu diminui o peso, estava com 73kg e em um mês, quando voltei estava 72kg. Esse negócio de caminhada foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, porque eu perdi peso sem muito esforço com a boca, não precisei fazer tanto regime. Participar das oficinas me deu um ganho, não só no controle pressórico, mas o emocional, a pressão no final das contas foi só um detalhe. Senti um equilíbrio em todos os sentidos, a pressão arterial tá reguladinha, meu xixi agora está mais claro, antes era amarelo muito escuro. Outra coisa é que a gente conhece novas pessoas, porque a gente se via no posto, mais não conversava e agora a gente se encontra sempre, então mudou tudo isso. Levantou muito meu astral, prá mim foi muito bom. Minha família notou a diferença, notou que a gente não fica mais só, né? Agora estou mais confiante, sou mais de conversar,
72
estou mais confiante no total. Vou sentir falta desse grupo, por ter as pessoas do nosso lado.
O conteúdo discursivo apresentado no DSC acima demonstra as
representações sobre a mudança do comportamento agitado, benefício das técnicas
de relaxamento, melhora na disposição, redução das dores no corpo, melhor
descanso durante o sono, controle da pressão arterial, diminuição do peso, aparelho
urinário melhorado e a percepção de um semblante alegre, concomitante às
referências apresentadas a seguir.
Severo e Dias (2012, p. 414, 417) apresentam a estratégia de oficinas como
uma proposta de método que propicia a reflexão-ação, desafiando estrategicamente
o processo ensino-aprendizagem. Segundo os autores as oficinas não se limitam a
programas metodológicos, mas constituem um desafio a incerteza por permitir a
entrada de novos elementos que emergem da prática, gerando representações e
construções conceituais diversas.
Carrijo e Oliveira (2014) no primeiro Seminário internacional de pesquisa em
políticas e desenvolvimento social, discorrem sobre a atenção das políticas públicas
não estarem voltadas somente para a cura de doenças, porque o indivíduo doente é
atingido por vários fatores que prejudicam suas condições físicas, mentais e sociais.
Lefèvre e Lefèvre (2015) propõe sim uma postura que possa contribuir para
desconstruir a ideia de mundo sem doentes, modelo biomédico tradicional, para uma
visão de mundo sem doenças, modelo de Promoção da Saúde.
O discurso retrata, ainda, as representações sobre a percepção dos benefícios
psicológicos, bem-estar mental, emocional e espiritual, concomitante ao referencial
teórico apresentado por Silva et al. (2018) que sugerem ruptura no modelo biomédico
para que os olhares sejam ampliados considerando todas as dimensões de vida da
população, além dos determinantes sociais da saúde-doença. Agregar ao tratamento
uma postura holística, humanizada, respeitosa, cuidadosa, responsável e participativa
de todos envolvidos no processo de tratamento produz melhores resultados.
73
Pergunta 2: Quais Remédios Naturais você adotou com maior facilidade? Por que?
Figura 5 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da segunda pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - Ingestão de maior quantidade de água, devido ao incentivo das oficinas (6 EC); IC B - Exposição ao sol, ao ar puro e a prática de atividade física, devido a conscientização (4 EC); IC C - Alimentação saudável, por sentir os benefícios (3 EC); IC D - A confiança em Deus, por sentir gratidão (3 EC); IC E - O sono, por compreender a importância (1 EC)
Nesta pergunta a proposta foi de investigar o pensamento natural dos
portadores de hipertensão sobre a utilização dos RN e quanto a facilidade de os usar.
Na representação gráfica acima (FIGURA 5), a IC A com seis EC (75%)
demonstra que a água foi o elemento apreendido com mais facilidade devido ao
incentivo das oficinas, seguido da IC B, exposição ao Sol, Ar puro e a prática de
atividades físicas representaram quatro EC (50%) como elementos mais fáceis por
conta da conscientização. A IC C demonstra por meio de três EC (38%) que a
alimentação saudável foi a mais fácil por sentir os benefícios. Ao passo que a
Confiança em Deus demonstrada pela IC D também foi elegida a mais fácil por três
EC (38%) pelo fato de sentir gratidão. Já a IC E demonstra que o Sono foi elegido por
apenas uma EC (13%) por compreender a importância. No geral a Água teve maior
representatividade. Cabe ressaltar que a garrafinha foi um facilitador e por ter sido
incluída no seu campo de visão, os participantes lembravam-se da importância de
ingerir a água na quantidade recomendada durante as OES. Outra questão que vale
75%
50%
38% 38%
13%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
IC A IC B IC C IC D IC E
No
. P
arti
cip
ante
s
Ideias Centrais
74
ressaltar é que o agrupamento dos elementos Sol, Ar puro e Exercício físico, deveu-
se ao fato dos três elementos serem usados ao ar livre.
Igualmente à questão anterior, sete dos ORN foram representados no
discurso, apenas a temperança ou equilíbrio não foi citado. Ela aparecerá como
elemento mais difícil de ser adotada no dia a dia.
IC A – Ingestão de maior quantidade de água, devido ao incentivo das oficinas
(6 EC)
DSC - Acho que principalmente a água foi a mais fácil. Sempre ouvi falar da água, mas nunca levei a sério, eu tinha o hábito de tomar pouca, eu só tomava água quando meu corpo pedia. Depois dos slides que o menino mostrou foi joia. Elas deram aquela garrafinha de brinde né? Então eu tomo duas garrafinhas daquelas no dia. Hoje em dia eu tomo bastante água, porque está me fazendo muito bem. Eu levanto cedinho e tomo um copo aí vou para caminhada, levo a garrafinha para saber a quantidade e completar os 8 copinhos do dia. Agora eu tô com o hábito, e também estou dando água pro meu pessoal lá de casa.
O DSC acima apresenta representações sobre incentivo e estímulos que
perpassa por um processo de autoentendimento abrindo um acesso facilitador para o
hábito diário até que este seja incorporado à rotina e naturalmente passa a envolver
à família, associando a outro RN, neste caso a caminhada, condizente com o
referencial teórico a seguir.
O estudo de Silva et al. (2016. p. 82) sobre os benefícios de oficinas
terapêuticas realizadas em uma instituição para idoso demostrou que as práticas
adotadas induziram melhora da qualidade de vida, possibilidade de maior
independência e autonomia, sentimento de prazer em realizar as atividades e
sobretudo que “o se sentir útil por estar ocupado acarreta prazer no ambiente em que
vivem”.
Abram (2000, p. 25; 26; 27) cita a teoria analítica winnicottiana que buscou a
consonância entre o indivíduo e o ambiente. O “ambiente de holding” possibilita ao
indivíduo a chance de desenvolver sua saúde, ou seja, nesse ambiente o cuidador se
coloca à disposição, inspira confiança, é presente e ativo. Por um período combinado,
se faz atento e preocupado; se interessa positiva e amorosamente; busca
compreender as questões apresentadas e comunica verbalmente o seu
entendimento; observa objetivamente tudo o que se passa ao redor e promove que
tudo isso seja em um lugar adequado. Já em 1952 Winnicott considerava condutas
75
relevantes para estabelecer empatia e oferecer suporte “egóico” nas orientações e
estímulos às pessoas assistidas (WINNICOTT, 1952).
Scorza e Cavalheiro (2013) abordam sobre o mecanismo de associação por
simultaneidade descrito pela psicanálise freudiana como um processo mental, quando
duas comunicações seguem juntas e atingem a consciência, elas tornam-se
associadas às conexões neuronais do cérebro. A essa associação dá-se o nome de
neuroplasticidade, uma vez que o cérebro pode alterar sua estrutura sob influências
de estímulos externos ou internos por meio do acréscimo de neurônios na estrutura já
existente.
Jotz e Seminotti (2014) trazem as instâncias: Id, Ego e Superego como uma
complexidade do ser humano, cada instância acomoda o indivíduo de forma distinta
em seu aspecto biológico, individual e social. A pessoa abstrai o que é tangível e o
intangível, organiza suas percepções de acordo com a realidade que assimila e credita
suas memórias e ideias preexistentes entre espaços percebidos para acomodar as
trocas e modificações existentes na interação com o meio.
Os registros da memória que se dão por meio de estímulos recebem o nome
de “traços mnêmicos” pela psicanálise, que são os registros que se instalam na
memória, podendo ser modificáveis ou atualizados a medida que novas
representações, em um determinado contexto associativo, transitam pelo sistema
neurofisiológico do aparelho psíquico. Os traços mnêmicos envolvem a memória e
são inconscientes, passam a ser conscientes quando se unem à representação verbal
(LAPLANCHE; PONTALIS, 2001; NAMBA, 2012; BOCCHI; VIANA, 2012).
A complexidade, segundo Morin, incentiva a busca do conhecimento por
intermédio do diálogo do homem com o meio, afasta-se do pensamento fragmentado
e passa a visualizar um ponto único que abrange a totalidade. As certezas e teorias
nascem e morrem constantemente e o que permanece são os verdadeiros
pensadores que promovem as mudanças, alimentam os sonhos e avançam rumo ao
imaginário que move a natureza humana. A solidão dá lugar ao compartilhamento de
ideias, saberes, descobertas, tolerância e esperança. Neste pensamento o homem é
tido como capaz de ser múltiplo em sua “unicidade” (MORIN, 2007. p. 17).
A TRS busca nomear fenômenos complexos individuais e coletivos,
psicológicos e sociais. Interpreta e organiza de maneira prática o funcionamento
cognitivo desenvolvido por indivíduos e grupos, sobre posicionamentos de
76
determinadas situações ou objetos. “É o processo pelo qual se estabelece a relação
entre o mundo e as coisas” (SÊGA, 2000, p. 129).
A educação piagetiana apresenta a motivação como resultado de um “desnível”
entre o processo de assimilação e o processo de acomodação, de tal modo, que a
continuidade do desequilíbrio desenvolva um desejo pela busca por novas
assimilações ou satisfações (CABRAL; NICK, 2013, p. 211).
Maron (2015) retrata a teoria das necessidades humanas ou pirâmides de
Maslow, como a capacidade de colocar-se no lugar do outro e entender seus anseios,
motivações e prioridades. Esta teoria fundamenta-se nas necessidades que o ser
humano tem durante a vida. Ao surgir uma necessidade, um estímulo volta-se para a
ação de sua satisfação, aliviando a tensão. Apoia-se em dois grupos: as necessidades
fisiológicas, segurança, afeto (social) e estima e as necessidades de crescimento
relacionadas com o autodesenvolvimento e autorrealização.
A dinâmica de satisfação prioriza as necessidades fisiológicas por serem vitais,
depois as de segurança, sociais, de autoestima e por último as de autorrealização. As
necessidades mais emergentes e que precisam ser satisfeitas em primeiro lugar, são
as de níveis inferiores e estão na base da pirâmide, como satisfazer a fome e sede
(fisiológicas), de se sentir protegido (segurança), de amar e ser amado, de pertencer
e ser aceito (sociais). Quando estas necessidades são satisfeitas, deixam de ser
motivadoras e o estímulo se volta para as de níveis superiores, que são as
necessidades de realização, competência e independência (autoestima) e de atingir
o potencial pleno (autorrealização) (MARON, 2015).
Cada pessoa tem o seu ritmo e suas necessidades, sendo que as mais
importantes são aquelas nas quais ela está investindo esforços para satisfazê-la
(GRIGGS, 2009).
IC B – Exposição ao sol, ao ar puro e a prática de atividade física, devido a
conscientização (4 EC)
DSC - O Sol, eu tinha mais dificuldade antes, agora não, depois da conscientização da importância da exposição solar, agora estou tomando o sol pela manhã, ou eu tiro uma parte do horário do almoço para exposição à Luz solar, aí pelo menos quinze minutos. Daí a respiração profunda, o ar puro e a caminhada, eu faço tudo junto. Eu consegui incluir porque vou para o parque todos os dias. Eu já praticava atividade física e tinha parado, mas retomei.
77
Neste DSC, a representação que se mostra é a conscientização a partir das
orientações que tiveram durante as OES e as práticas realizadas. Estes aspectos são
referenciados segundo os processos cognitivos apresentados a seguir.
A representação verbal, localizada no pré-consciente, são traços “mnêmicos",
cuja origem é perceptiva acústica. Para tornar-se uma percepção consciente deve se
associar a uma representação de coisa (visual ou imagem “mnêmica”) e a uma
representação de palavra (verbalização), acarretando dois registros de
representações conscientes (BERNAT, 1996; LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, p.
665-668).
A palavra é composta por um tipo de som e de elementos gráficos que formam
a imagem mental e a consequência desta linguagem no psiquismo é a ligação que se
forma entre a palavra e a representação do objeto, ambas relacionadas com a origem
cultural (SANTOS, 2012).
Dentro dos estudos sobre a dinâmica sociocultural e sua influência nos
fenômenos mentais, Santos (2012) relata a compreensão da linguagem na
consciência baseado em três eixos: a construção sociocultural dos fenômenos
mentais só se tornam conscientes por meio da linguagem; a complexidade do acesso
ao inconsciente só é possível por meio da linguagem, ela é subjetiva e pode levar o
indivíduo dizer uma coisa, mas inconscientemente crê em outra e, por último, a
relação entre o indivíduo detentor de uma linguagem e outra pessoa que apresenta
uma linguagem e escuta interpretativa, tem aspectos conflituosos. O entendimento
entre ambos, só é possível por meio do fator compreensão, existente na mediação
entre as linguagens distintas.
Os traços “mnêmicos” são os elementos internos indispensáveis para o contato
com a consciência. Os processos internos do pensamento transformam-se em
percepções por meio da representação verbal. Nesse caso, os pensamentos são
percebidos e tomados como verdadeiros, como se viessem do exterior (BERNAT,
1996; LAPLANCHE; PONTALIS, 2001, p. 665-668).
A tomada de consciência depende dos processos geradores de pensamentos,
que para serem de qualidade sensorial associam-se a todos os processos vinculados
às representações, recordações verbais ou de raciocínio. Esse processo de
pensamento é regulado pela atenção (LAPLANCHE; PONTALIS, 2001).
78
IC C – Alimentação saudável, por sentir os benefícios (3 EC)
DSC - A alimentação eu tive mais consciência. Agora compro fruta prá
fazer suco de fruta pura, como elas me ensinaram a fazer. E também
eu estou só almoçando e não janto, eu como uma fruta, uma bolacha,
e está sendo bom. Tô sentindo diferença, porque com o estômago
cheio eu tinha muitos pesadelos.
Também tô fazendo chá de ervas caseiras. Às vezes minha vizinha
me chama para tomar um café e eu falo que café eu não quero, mas
que se ela tiver um chazinho pode me dar, eu prefiro! As vezes ela
chega do trabalho e eu falo “ôh você está muito cansada, tá muito
estressada toma esse chazinho” pra relaxar um pouquinho.
O único que não tirei lá de casa foi o doce, o açúcar para adoçar as coisas, porque agora eu uso pouco. Quando meu filho adoça as coisas, eu falo: “olha que a diabete está aí dentro!”. Então, eu estou influenciando minha família e minha vizinha também.
O DSC apresentado acima traz evidências de representações ligadas à
consciência do benefício do RN, coincidindo com o referencial abaixo.
Dos encontros e interações das pessoas nos diferentes espaços nos quais
transitam, resultam as RS. O pensamento coletivo se individualiza a medida que as
RS influenciam o comportamento do indivíduo, orientando as suas práticas
(MOSCOVICI, 2010).
O pensamento coletivo se caracteriza em polifasia cognitiva, imagem mental
das diferentes modalidades do pensamento e conhecimento. Essas modalidades são
extraídas das culturas específicas, das experiências sociais, suas intenções, suas
expectativas e sua compreensão da situação. Na TRS a relação entre essa
complexidade harmoniza as capacidades intelectuais das pessoas, além disso,
formam padrões de interdependência exercendo influência mútua uns sobre os outros
e juntos geram novos padrões de conhecimento, crenças e imagens (MARKOVÁ,
2017).
O mesmo recorte traz a representação da consciência da percepção do ensino
e aprendizagem, conforme demonstrado a seguir.
A memória é uma função cognitiva fundamental no processo ensino e
aprendizagem, bem como para a definição da identidade de uma pessoa. É na
memória que se registra as vivências, por meio dela acontece a interação e
socialização entre as pessoas pela possibilidade de transmitir experiências
(CASEMIRO et al., 2018).
79
No estudo de Casemiro et al. (2018) as mulheres com idades entre 60 e 75
anos predominaram na pesquisa. As participantes foram impactadas pelas ações das
intervenções educativas pautadas nas estratégias ativas e de dinâmicas de grupo
evidenciando melhora e desempenho cognitivo em relação à memória, linguagem e
orientação.
A proposta da educação na saúde trazida por Carvalho e Gastaldo (2008)
refere-se a estimular as pessoas em práticas educacionais individuais ou em grupo,
com incentivos para fortalecer o despertar do autocuidado por meio do conceito de
empoderamento. Este conceito preconiza autonomia e, ao mesmo tempo
responsabilidade para viver a vida em diferentes momentos, sobretudo, momentos de
limitações por ocasião de alguma enfermidade, podendo tirar proveito dos benefícios
aprendidos em diferentes ambientes sociais.
Algumas das estratégias propostas no estudo acima é a criação de ambientes
facilitadores e sustentáveis que desenvolvam nas pessoas as capacidades cognitivas
para restabelecer hábitos e estilos de vida vinculados à saúde. A incrementação dos
serviços deve estar de acordo com as necessidades das pessoas em todos os
sentidos e em conformidade com suas culturas, compartilhando responsabilidades e
parcerias entre todos os envolvidos no processo saúde-doença (CARVALHO;
GASTALDO, 2008).
IC D - A confiança em Deus, por sentir gratidão (3 EC)
DSC - A confiança em Deus eu sempre tive, esse (remédio) é o maior de todos, está em primeiro lugar! Né? E depois de ver as meninas participando com a gente eu fiquei mais apegada. Eu tenho muita fé em Deus. Esse já vive na mente, porque se não fosse Deus eu não existia, acho que eu não estava nem aqui viu. Agradeço todos os dias e digo, obrigado Senhor.
Neste discurso, a espiritualidade emergiu porque houve a escuta qualificada
que fica evidente na expressão “E depois de ver as meninas participando com a gente
eu fiquei mais apegada”. Maynart et al. (2014) apresentam este recurso como sendo
uma técnica de estabelecimento de vínculos respeitosos, de acolhimento, de cuidado
integral, foco na integralidade de uma pessoa, é uma escuta ativa e responsável pelas
ações de saúde. Por meio desta ferramenta o participante se sente ouvido e isso os
fazem gostar de quem os escutam, facilita a manifestação de um corpo e mente
80
saudável e pode ser decisiva no tratamento por se sentirem apoiados. Além disso se
torna um tratamento humanizado.
Outro recorte do DSC acima traz a representação do envolvimento com a saúde
por utilizar a fé como um recurso positivo.
Hefti e Esperandio (2016, p. 14) com uma visão holística do paciente, discorrem
em seu estudo sobre as questões do “cuidado espiritual como componente importante
a ser integrado na atenção ao paciente”. Instituído pela Joint Commission no processo
de acreditação das instituições interessadas na espiritualidade como prática no
processo saúde-doença. Citam o exemplo da Clínica SGM Langenthal, na Suíça, que
trabalha com as dimensões existencial e espiritual na doença física, definindo metas
a partir da compreensão do paciente sobre doença ou cura e considerando suas
convicções religiosas e espirituais.
Caldeira (2009) apresenta o aspecto espiritual como um cuidar do espírito por
meio de orações conscientes no sentido de obter o favor de um “Ser Superior”
envolvendo a melhora da saúde. O autor alerta que é fundamental, no cuidado da
enfermidade do paciente, levar em consideração o respeito pelas crenças do enfermo
e negar o fazer saúde somente por meio das intervenções planejadas como instituição
de saúde, sobretudo, valorizando o sentido da vida e o bem-estar de cada um.
IC E – O sono, por compreender a importância (1 EC)
DSC - Dos oito elementos, o que eu adotei com mais facilidade foi a higiene do sono. Esse horário eu via como lazer, mas eu estava estragando o momento de descanso, pois eu começava a ficar mais
ligado e agora eu tô ficando mais relaxado, por tomar consciência
quando foram expostos os elementos e a importância do sono.
Este DSC tem como representação o aprendizado e a compreensão dos
benefícios do sono, concomitante ao referencial apresentado a seguir.
Clares et al. (2012) evidenciam que o sono fragmentado durante a noite ou a
insuficiência dele deixam idosos sonolentos durante o dia, isso ocorre devido ao
prejuízo do sono restaurador da noite. Evidenciam ainda que a má qualidade do sono
pode acarretar prejuízos à saúde e à qualidade de vida. No caso dos idosos desse
estudo eles eram submetidos à medicamentos para dormir por não considerarem
como distúrbio do sono noturno, achavam normal pelo fator velhice.
81
Corrêa et al. (2018) descrevem a importância da conscientização da higiene do
sono sobre o risco de desenvolver e ou agravar doenças cardiovasculares, acidentes
de trabalho, desempenho acadêmico entre outros agravantes. O estudo mostra que é
alta a prevalência dos distúrbios do sono nos EUA e que no Brasil pelo menos 76%
da população são acometidas por um sintoma, porém com pouco conhecimento da
população e dos profissionais de saúde.
Pergunta 3: Quais remédios naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por
que?
Figura 6 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da terceira pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A temperança e o sono, pela dificuldade em romper com velhos hábitos (4 EC); IC B - A atividade física e o sol, devido a limitações pessoais (3 EC); IC C - A alimentação e água, por conta da rotina de trabalho (2 EC)
A terceira pergunta teve como objetivo desvendar as dificuldades para a
utilização dos ORN e se seria possível a continuidade no cotidiano dos participantes,
bem como o motivo da não continuidade.
O gráfico (FIGURA 6) mostra que na IC A, quatro EC (50%) trazem a
representação de que a Temperança e o Sono foram os elementos de maior
dificuldade em adotar, pela dificuldade em romper com velhos hábitos. Percebe-se
também que a IC B representou três EC (38%) apontaram a Atividade física e o Sol
como sendo os RN mais difíceis de serem incorporados aos hábitos do cotidiano,
50%
38%
25%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
IC A IC B IC C
No
. P
arti
cip
ante
s
Ideias Centrais
82
devido a limitações pessoais. Os recursos naturais Alimentação e Água também foram
apontados como difíceis de serem adotados, devido a rotina de trabalho ser intensa,
representados pela IC C por duas EC (25%).
IC A – A temperança e o sono, pela dificuldade em romper com velhos hábitos
(4 EC)
DSC - Acho que não adotar, mas abolir alguns que não eram naturais. É difícil a temperança. O mais difícil foi deixar de tomar café. Comecei alguns dias com chazinho, mas aí... não consegui deixar o cafezinho. Café é vício, eu acho. Eu tenho uma grande dificuldade de deixar de usar estimulantes, e o café é algo do meu dia a dia. Antes era raríssimo eu tomar café, mas acho que pela pressão dos horários de trabalho, os estimulantes passaram a fazer parte da minha vida, então a dificuldade é maior. Então, o sono também foi difícil porque o meu sono fica descontrolado. Quando eu penso muito, o sono some. Eu quero deixar de fazer algumas coisas, digo que não vou fazer e de repente eu vou e faço! Por exemplo: A abstinência do cigarro, porque é assim, você vai me entender: eu só fumo quando estou em crise, então eu fiquei praticamente um ano inteiro depressiva, então eu fumei um tempo maior e ficou um pouco mais difícil, eu não parei totalmente.
No DSC acima as representações giram em torno de crenças cristalizadas a
favor de velhos hábitos como demonstram as referências a seguir.
Uma das diretrizes da SBC (2016) propõe incentivar, em todos os estágios de
atendimento, os portadores de hipertensão a aderirem ao Tratamento Não
Medicamentoso (TNM) baseado nas práticas de um EVS. Reconhece como simples
e aparentemente de fácil adesão, porém constatam forte resistência por esbarrar em
mudanças de hábitos antigos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Carrijo e Oliveira (2014) entendem que as crenças arraigadas em torno de uma
determinada doença limitam a busca por conhecimento e influenciam diretamente no
enfrentamento da mesma ocasionando prejuízos lastimáveis aos seus portadores.
Dias et al. (2015) relatam que um tratamento não medicamentoso pode
incentivar os portadores de hipertensão a reduzir a ingestão excessiva de álcool e sal,
abandonar o sedentarismo e incluir em seu cardápio o consumo de vegetais e
consequentemente controlar o peso, contudo para adotar um EVS as mudanças
comportamentais são fundamentais. Relata ainda que esse tipo de intervenção é de
baixo custo, não oferece riscos e são eficazes como medidas para redução da pressão
arterial.
83
IC B – A atividade física e o sol, devido a limitações pessoais (3 EC)
DSC - Prá mim está sendo a atividade física o mais difícil, ainda não dá pra fazer, meu marido depende de mim pra tudo. As caminhadas ainda não consegui fazer, me movimento, mas tenho dores nas pernas. Eu também não estou tomando sol, porque fica ardendo um pouco. É que eu não gostava de jeito nenhum do sol, porque eu peguei muito sol lá no Norte e fiquei receosa do sol daqui também.
Neste recorte a representação envolve os fatores pessoais e emocionais como
limitantes à adoção de novos hábitos para a saúde, como demonstram as referências
a seguir.
Pinheiro et al. (2017) apontam o estresse emocional como um dos fatores do
desencadeamento e manutenção da hipertensão, atua também como barreira para a
adesão ao tratamento e às mudanças de hábitos. No caso de idosos com PA algumas
vulnerabilidades podem ser melhoradas com o auxilio de intervenções adequadas e
eficazes.
Segundo estudos sobre psicossomática, o ambiente em que uma pessoa vive,
principalmente se for permeado de pressões vivenciais, pode ocasionar abalos na sua
estrutura emocional e leva-la a um determinado conflito psíquico dificultando no
enfrentamento dos limites impostos pela doença, nos sentimentos de impotência e em
uma autoavalição de menos valia (CARRIJO; OLIVEIRA, 2014).
IC C – A alimentação e água, por conta da rotina de trabalho (2 EC)
DSC - A alimentação foi difícil também por conta da minha profissão. É que às vezes eu tô sem fazer nada e chega alguém bem na hora do almoço, daí eu não dispenso a pessoa, eu atendo. Então eu passo muito da hora do almoço e aí vou almoçar 4 horas da tarde. Ou às vezes eu atendo muita gente e não tomo nem água e vou direto até 9 horas da noite. Tem dia de comer só meia noite. E aí o médico falava: deixa uma fruta e fala com a cliente que vai ali... e come alguma coisa. Mas, ainda não consegui pôr em prática.
A representação deste DSC está atrelada às influências da vida
contemporânea que envolve a pessoa em prioridades materiais podendo ser um
impeditivo para adesão a um EVS, deixando em segundo plano a saúde, concordando
com as referências a seguir.
Para Barreto e Marcon (2014); Lopes et al. (2015) e Mantovani (2016), a
hipertensão por ser uma condição multifatorial, não pode ser atribuída toda a
responsabilidade da não adesão ao portador de hipertensão. A adesão depende de
84
fatores que vão além da própria doença, como o tratamento, os serviços de saúde,
profissionais de saúde, sociedade, família, trabalho, enfim.
Um estudo qualitativo demonstrou que a percepção de feirantes com
hipertensão sobre a doença é que ela é crônica, silenciosa, traiçoeira, que mata; que
viver atarefado e estressado provoca hipertensão e que leva a morte, além disso, que
viver com HAS exige mudanças de hábitos (SILVA et al., 2015).
Pergunta 4 - O que mais motivou você a participar das oficinas?
Figura 7 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da quarta pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - O acolhimento e o apoio social (3 EC); IC B - A motivação foi aprender sobre os remédios naturais (5 EC); IC C - A confiança em Deus motiva e aumenta a vontade de aprender a se cuidar (5 EC)
A proposta desta pergunta foi levantar a importância que as OES fizeram na
vida diária dos pacientes portadores de hipertensão acompanhados pela ESF da Zona
Sul de São Paulo.
A demonstração gráfica (FIGURA 7) apresenta três motivos que levaram os
pacientes a participarem das OES até seu final. Na IC A três EC (38%) apontam para
o acolhimento e o apoio social como fatores motivadores, enquanto na IC B com cinco
EC (63%) mostra o aprender sobre os remédios naturais como o ponto de motivação
e a IC C também com cinco EC (63%) demonstra que o motivo da participação foi a
Confiança em Deus que aumenta a vontade de aprender a se cuidar.
38%
63% 63%
0
1
2
3
4
5
6
7
8
IC A IC B IC C
No
. P
arti
cip
ante
s
Ideias Centrais
85
IC A – O acolhimento e o apoio social mobilizam a motivação (3 EC)
DSC – Foi muito bom ter aceito participar da pesquisa, não tinha nada a perder. Vi que seria uma coisa legal. E foi muito bom. Eu acho que o grupo foi a maior força, acho que o benefício maior foi o companheirismo, esse convívio. A dona Geralda (nome fictício), por exemplo, falou ontem que se não fosse a carona que ela tinha do grupo para voltar para casa, ela não teria vindo. Foi muito bom mesmo! Me fizeram esquecer as preocupações. As amizades, as meninas todas foram muito legais mesmo. Exatamente isso, foi o apoio social mesmo! Eu achei fantástico!
O recorte discursivo apresenta como representação o acolhimento e o apoio
social como fatores motivacionais para participar do aprendizado nas oficinas dos
ORN, tendo o aparato da fundamentação teórica a seguir.
A Política Nacional de Humanização (PNH) conceitua o acolhimento na área
da saúde como a construção de interações interpessoais solidárias e contagiantes
fundamentada na escuta atenta, comprometida com a humanização e focada no
interesse aos aspectos subjetivos e objetivos de cada pessoa, bem como a
coletividade. Não está restrito a um determinado setor e nem a determinados
profissionais, o acolhimento está relacionado a uma postura ética dotada de
determinada atitude que todos os gestores, colaboradores e usuários da rede do SUS
e do campo da saúde deveriam adotar (BRASIL, 2010).
Sato e Ayres (2015) estudaram o acolhimento diferenciado praticado em uma
UBS que, por meio da arte, restaurou o significado do acolhimento humanizado
proposto pela PNH (BRASIL, 2010) desmistificando o fazer saúde somente por meio
do pensamento tecnicista. Além disso o trabalho baseado na arte e humanização
resgatou a dignidade dos participantes e enriqueceu recursos subjetivos para a
percepção ampliada de novas possibilidades do cuidado à saúde.
Para Maron (2015) a motivação, baseado na teoria davidoffiniana, seria um
estado interno, também chamado de impulso, que é ativado mediante uma
necessidade, que por sua vez aciona uma ação comportamental para sanar o
desconforto, voltando para o estado de satisfação e busca do equilíbrio e estabilidade
interna do organismo.
IC B – A motivação foi aprender sobre os remédios naturais (5 EC)
DSC - Eu gostei muito de participar das oficinas, foi uma benção na minha vida, eu amei, e aprendi muito. Gostei das palestras, das
86
explicações de tudo, né? Foi fantástico! Tudo foi assim, muito bom, sem preocupação na cabeça. Os remédios naturais que eles (os profissionais) passaram pra gente, são tudo coisa fácil que a gente tem em casa, e a gente não usa. Olha... Vou ser sincera... O que foi falado a gente até já sabe, só que é muito bom alguém bater na tecla falando... principalmente por profissionais, pois a gente só vê remédio, a droga... e, o remédio natural a gente não vê. São coisas fáceis, basta querer praticar, porque que a gente tem muito remédio ao redor. Quando a gente tem consciência aí a gente dá valor. Valeu a pena! E eu até faria de novo. Pena que foi pouco, gostaria de ter isso mais vezes, para aprender ainda mais. Quem desistiu é quem perdeu, né?
Neste discurso, a representação focaliza o aprender sobre os RN como um
forte motivo para participar das oficinas, estando em conformidade com as referências
apresentadas a seguir.
O resultado do estudo de Pinheiro et al. (2017) apontou que quando a
curiosidade e o interesse natural pelo aprendizado são utilizados como estratégias de
ensino para que os alunos se sintam motivados em estudar e aprender. A pesquisa
mostrou que as motivações mais relevantes nos alunos foram as intrínsecas, ou seja,
aquelas ligadas à fatores internos, como vontade de conhecer e aprender assuntos
novos e o esforço para resolver tarefas independente de notas. São motivações que
não exigem recompensa exterior, pois elas são focadas na execução da ação.
Sobre profissionais da saúde, o estudo de Sá et al. (2018) identificou que em
98% dos enfermeiros, a motivação para participarem das atividades de educação
permanente foi a necessidade de aprender e aprimorar a qualificação nos serviços
prestados aos pacientes.
Outro estudo, nessa direção, demonstrou que um dos motivos para o
desenvolvimento e a manutenção de ações grupais está representado pela
construção de saberes, devido a troca de experiências, ao aprendizado e o
empoderamento quanto ao cuidado com a saúde enfatizado por usuários e
profissionais da Atenção Básica. O aprendizado ocorreu devido à comunicação de
orientações, informações, esclarecimentos de dúvidas e interação entre os
participantes do estudo, essa construção se mostrou significativa para ambos os lados
possibilitando mudanças na vida dos usuários e na prática dos profissionais da saúde
(FRIEDRICH et al., 2018).
87
IC C – A confiança em Deus motiva e aumenta a vontade de aprender a se
cuidar (5 EC)
DSC- O que de fato me motivou a continuar nas oficinas foi a confiança em Deus, e essa vontade imensa que eu tô de mudar de vida. Eu tô com pressão alta. Eu fiz as oficinas eu queria aprender as coisas e mudar para melhor. Então, foi o comprometimento com a saúde que me motivou a participar, e gostei muito de tudo. A confiança de Deus é um dos remédios mais importantes na minha vida! Eu participei das oito oficinas. Se estava chovendo eu estava aqui, se estava frio ou com vento de rachar, eu vinha porque eu queria ficar no grupo prá poder saber mais. É bom na vida a gente aprender! Eu fico muito agradecida porque “eles” (os profissionais) realmente ensinaram o que é bom para a vida da gente, e esse aprendizado vou levar comigo.
O DSC demonstra que a confiança em Deus representou o motivo para
participar das oficinas e aprender sobre o autocuidado, ou seja, a crença em um Ser
Superior move-os para o cuidado com a saúde.
Pesquisas demonstram que a população mundial gostaria de abertura e espaço
nas práticas clínicas de saúde para abordarem sobre seus valores, crenças e
experiências religiosas e espirituais e que houvesse sensibilidade e respeito
independente da orientação religiosa dos médicos (MOREIRA-ALMEIDA, et al.,
2016).
De acordo com Moreira-Almeida et al. (2016), a World Psychiatric Association
(WPA) publicou o seu posicionamento sobre a influência relevante da R/E na saúde
mental, destacando o rigor científico nos estudos dessa natureza em mais de 3000
pesquisas investigativas sobre o assunto. A WPA expressa formalmente a importância
de incluir o tema sobre espiritualidade e saúde nos currículos de ensino psiquiátrico,
além de torna-lo uma diretriz norteadora para as práticas da clínica psiquiátrica em
todo mundo.
A WPA incluiu a R/E como uma amplitude significativa para o bem-estar nos
casos de transtornos mentais, além disso estudos epidemiológicos demonstram seu
predomínio nos casos existentes, principalmente na depressão, comprovando
aderência ao tratamento e melhora clínica da saúde mental (MOREIRA-ALMEIDA, et
al., 2016).
Tomkins et al. (2015) realizaram um estudo comparativo e explicativo sobre a
influência e o efeito dos ensinamentos da religião nos cuidados com a saúde e
ressaltaram a importância da compreensão dos profissionais de saúde quanto às
88
diferenças entre as religiões para aplicação na medicina clínica, nos programas de
saúde pública e nas políticas de saúde. Destacaram ainda que todas as atividades de
fé religiosas creem que Deus ou uma força maior pode influenciar na prevenção e
tratamento da doença. Em alguns países, juntamente com o apoio psicossocial, os
aspectos espirituais, como uma oração, são oferecidos aos pacientes e aceitos de
bom grado, entretanto em outros países ainda não são aceitos e, portanto, excluídos
dos cuidados com a saúde.
4.3 Segunda etapa: Representação Social dos portadores de hipertensão após
três meses da intervenção educativa
A finalidade da segunda etapa, foi identificar se os participantes da pesquisa
deram continuidade aos hábitos aprendidos por meio das OES e se ocorreram
mudanças no EV. Conhecer também os fatores que influenciaram na mudança de EV,
caso tenha ocorrido, e se influenciaram no controle da hipertensão arterial.
Como na primeira fase, será construído um único discurso coletivo, a partir das
semelhanças de sentido dos discursos individuais (LEFÈVRE E LEFÈVRE, 2014)
quanto a continuidade dos hábitos aprendidos durante as OES realizadas há três
meses atrás.
Nessa segunda fase foram três as perguntas direcionadas aos participantes e
seguiram a sequência da fase anterior, compreendendo as perguntas 5, 6 e 7 com os
respectivos gráficos que representam as IC, os DSC e por fim as percepções e
interpretações do DSC.
89
Pergunta 5 - Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram
apresentados durante os encontros educativos que você participou? Quais?
Figura 8 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da quinta pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A – Conquista de novos hábitos, utilizando quase todos os remédios naturais (6 EC); IC B - Dificuldades para adoção de alguns hábitos (6 EC); IC C - Fatores impeditivos para mudança de hábitos (3 EC)
A quinta pergunta teve como proposta investigar se os participantes
incorporaram os hábitos aprendidos nas intervenções educativas e se deram
continuidade após decorridos três meses do término das OES.
O gráfico acima, representativo das ideias centrais desta questão (FIGURA 8),
demonstra três modalidades de respostas com a representação dos RN mais
utilizados pelos participantes. A IC A aponta seis EC (75%) quanto à conquista de
novos hábitos, utilizando quase todos os remédios naturais; a IC B com seis EC (75%)
mostra o percentual dos que apresentaram dificuldades para adoção de alguns
hábitos e a IC C com três EC (38%) demonstrou os fatores impeditivos para mudança
de hábitos.
IC A – Conquista de novos hábitos, utilizando todos os remédios naturais (EC
6)
DSC - Sim, tô utilizando quase tudo: a água, luz solar, exercício físico, ar puro, repouso e confiança em Deus. A alimentação está bem, o
75% 75%
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Ideias Centrais
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sono está melhor e na temperança eu tirei o álcool, até porque não posso. Olha, eu tô tomando a minha água. Antes eu tomava bem pouquinha água, só era para tomar o remédio, né? Agora eu bebo bastante! Ainda mais agora, que está quente. Agora tô dormindo bem. Antes eu tinha o hábito de tomar alguma bebida alcóolica por causa do cansaço antes de dormir... Pra poder relaxar, né? Agora com a prática da “higiene do sono”, que eu aprendi, eu estou conseguindo dormir melhor. Eu me deito mais cedo, e às vezes custo a dormir, mas eu vejo que estou dormindo mais. Tinha noite que eu não dormia e agora está normal, graças a Deus. Estou tendo mais descanso também. O tempo que tenho de sono é de qualidade. A alimentação tá muito bem também. O refrigerante foi abolido, não tomo mais. Reduzi a cafeína em 50%. Café só uso no período da manhã. Eu também tirei bastante o açúcar, porque... Nossa! Eu era demais... Era chocolate, doces... Dei uma maneirada bem significativa. Estou comendo aveia, tomando suco verde que eu gosto, folha de couve com a maça, tô viciada. Estou comprando meu arroz integral. Lá em casa o pessoal não gosta, mas eu faço o meu. Agora é normal ter em casa as verduras, legumes, saladas, rúcula, brócolis. Como uma banana, faço um suco de limão ou uma vitamina de frutas... Tô me cuidando! Então, a comidinha está mais balanceada. Participo da atividade física. Faço alongamento em casa, na hora que eu me levanto, e faço minhas caminhadas duas vezes por semana. Eu tô indo fazer os exercícios físicos na quarta e na sexta-feira. A gente faz atividade pela Prefeitura, e isso eu não vou parar. Ajuda muito! Temos um professor que caminha com a gente, então eu tô me movimentando mais, como se diz, não fico muito tempo parada. Agora, estou fazendo isso por mim mesma, né? Também... durante as minhas caminhadas, automaticamente, eu pego sol todos os dias. Luz solar é uma prática que tenho... Até porque identifiquei a vitamina D baixa. Então, tomo o banho de sol, pelo menos de 5 minutos, todos os dias na luz do meio dia. Passei no médico outro dia e ele me disse que eu não tô com cara de doente. O ar puro, a respiração está boa graças a Deus, pois o ar puro já entra na caminhada todo dia, né? Uma respiração mais profunda, com troca gasosa do ar, faz aquela preparação para o sono... Então, tô trabalhando essa parte. O remédio natural que mais me apeguei foi a confiança em Deus, eu oro muito. Eu tenho Deus em minha vida, e a gente tem que ter muita fé! A gente precisa ter Confiança em Deus, né? Tô seguindo a igreja, orando... E, tô aí... na luta!
O DSC acima apresenta representações vinculadas à conquista de novos
hábitos por meio de uma relação diferenciada com os Remédios Naturais (RN),
trazendo como destaque a Confiança em Deus que potencializa a ação de todos os
demais RN (Água, Luz Solar, Exercício Físico, Ar Puro, Repouso, Alimentação e
Temperança), sendo que o discurso se encontra em conformidade com as referências
apresentadas a seguir.
91
As crenças e práticas religiosas podem ser incentivadoras de atitudes
promotoras de saúde, de ações que melhorem o enfrentamento do estresse e redução
de emoções negativas interferindo positivamente nos índices elevados de mortalidade
por doenças crônicas (KOENIG, 2012).
Cervelin e Kruse (2014) destacam em sua pesquisa que pacientes que se
apoiam na religiosidade e espiritualidade e conduzem suas atitudes de vida por meio
do relacionamento com Deus apresentam menos problemas de saúde e melhor
qualidade de vida.
O modelo “Interdisciplinar de Cuidado Espiritual” descrito por Hefti e
Esperandio (2016) surgiu para agregar ao modelo biopsicossocial a dimensão
espiritual como parte da existência do ser humano. Este modelo traz uma visão
holística para os cuidados com a saúde, olhando a pessoa e a doença como um todo
para alcançar a saúde integral. Os autores citam, ainda, o modelo
“biopsicossocioespiritual” estudado por Sulmasy (2002) como proposta de
restabelecimento das relações rompidas por ocasião de doenças e sofrimento,
reforçando a crença da antropologia filosófica de que o ser humano é intrinsicamente
espiritual e direcionado para o relacionamento.
Outro modelo mencionado no estudo de Hefti e Esperandio (2016) é o modelo
“biopsicossocial ampliado” que considera a religiosidade e espiritualidade como um
mediador dos resultados biológico, psicológico e social, amortecendo a reação de
estresse fisiológico, visto que é considerado independente e relacional. Nesse modelo
uma pessoa é vista como um ser que necessita de esperança, de um propósito que
dá sentido à vida, de estar ligado à transcendência, a si mesmo e aos outros e de se
sentir amado e amar, assim, a medida que vivencia os fundamentos básicos dessas
necessidades, ativa o processo de enfrentamento e recuperação.
No estudo de Lin e Chu (2014) os resultados apontam que os participantes do
grupo de estratégias para a síndrome metabólica “Diet and Exercise Programme”
(DEP) apresentaram conquistas de comportamentos positivos para promover a saúde
quando comparados ao grupo que não vivenciou o DEP, o que significa que as
estratégias de apoio foram eficazes em potencializar os recursos internos para a
mudança de estilo de vida dos pacientes com síndrome metabólica.
Santos (2018) demonstrou em seu estudo que participantes de intervenções
educativas que utilizaram a estratégia de OES tiveram melhorias na saúde e qualidade
92
de vida e isso pode ser um indicativo das conquistas de mudanças de hábitos e sua
influência no controle das HAS.
IC B – Dificuldades para adoção de alguns hábitos (EC 6)
DSC - A atividade física é uma falha que eu tenho, não tô conseguindo encaixar na minha rotina. Essa parte aí está desequilibrada, eu tô burlando bastante essa parte, muito trabalho e pouco investimento na saúde, né? Nem caminhada e nem corrida na rua... Quando começou as oficinas eu estava praticando, mas esse mês eu dei uma diminuída... Mas, ainda assim, eu estou fazendo mais do que antes. Os remédios naturais mais difíceis são a atividade física e alimentação e por consequência o equilíbrio, que é a parte da temperança. A gente tem vontade, mas não tem disposição, né? A vontade não falta, o que falta é disposição! E aí, vem as desculpas. Então tem que ter objetivo, em tudo devemos ter objetivo. A alimentação, eu tenho tentado regrar... Mas, essa é a parte mais difícil. Tô tirando as guloseimas, não tem mais aquelas guloseimas da tarde e da manhã. Agora só tem as refeições. Mas, onde eu mais escapo é na alimentação. A água, eu não bebo o tanto que é pra beber, mas bebo... sabe? Só não consegui tomar as quatro garrafinhas no dia, mas tomo umas três por dia. Às vezes eu não durmo as 8 horas por noite não. O Sol eu tomo pouco. Eu sinto que eu estou precisando melhorar.
No recorte deste DSC a representação se concentra nas dificuldades em
incorporar alguns hábitos na vida cotidiana, como a falta de tempo por excesso de
trabalho, limitação pessoal ou culpabilidade por não conseguir. O discurso é
referendado a seguir.
Devido às realidades complexas que se apresentam como fatores
preponderantes ou até mesmo determinantes do processo saúde-doença, a
Promoção da Saúde, enquanto Política Pública, requer uma condição de estímulos a
comportamentos inovadores e produção de elementos que facilitam a autonomia de
uma pessoa ou população para transformarem os hábitos do cotidiano, costumes e
regras de comportamento, considerando a escolha do indivíduo entre as alternativas
que lhe são apresentadas. A pessoa deve ser respeitada em seus valores, crenças,
expectativas, manifestações, necessidades e prioridades (LEFÈVRE, F; LEFÈVRE,
A. M. C. 2015).
No estudo de Falcão et al. (2018) com idosos portadores de hipertensão na
região do Piauí, manifestações relacionadas às dificuldades para realizar atividade
física surgiram devido a idade e a falta de motivação para mudar os hábitos de vida já
instalados. No mesmo estudo foi encontrado um mecanismo compensatório por parte
93
dos participantes no sentido de ingerir alimentos saudáveis e não saudáveis,
sugerindo a busca pelo controle da HAS sem, contudo, abandonar os alimentos de
riscos, como fritura, doces e alimentos industrializados. Outro achado neste estudo
alegou redução da ingestão de alimentos de risco, restringindo ao consumo de sal,
gorduras e doces como os mais referidos pelos participantes. Outro, ainda,
demonstrou que pelo menos 85,2% dos participantes mantiveram um hábito não
saudável, contudo, esses estudos evidenciam que mesmo em condições de
dificuldades, os participantes conseguem consumir alimentos saudáveis (FALCÃO et
al., 2018).
IC C – Fatores impeditivos para mudança de hábitos (3 EC)
DSC - Ainda tomo café, não consegui deixar de comer o pão branco sem tomar o café. É difícil! Também não estou fazendo caminhada. Meu marido ficou o mês de agosto inteiro no hospital. Então, eu não tive tempo de praticar o que aprendi. Eu não estava conseguindo controlar a alimentação e tudo que eu pegava, eu comia, era uma comilança só! Não era fome, era ansiedade, nervoso e estresse, porque eu vou te dizer, eu ando ansiosa, não sei o que está acontecendo. A pressão está desregulada. Eu testei ficar sem o sal... Mas, não é isso, é o nervosismo...
Neste discurso se mostram representações relacionadas a fatores impeditivos
para a mudança de hábitos, como referenciado a seguir.
Um doente em casa exige cuidados constantes para o enfrentamento da
doença e para manter sua qualidade de vida, principalmente se o doente não
apresenta a capacidade de se cuidar sozinho. Nesse caso um familiar assume os
cuidados com o doente e passa a fazer todo o trabalho por ele. Essa responsabilidade
pode ocasionar uma sobrecarga emocional e desenvolvimento de sintomas como
cansaço físico, fadiga, estresse, depressão, preocupações com a vida financeira,
abandono da vida pessoal, descuido com a própria saúde e sentimento de impotência
culminando em impedimentos à mudança do estilo de vida ou tratamento de doenças
(SANTOS, et al., 2017).
94
Pergunta 6 – Como você está se sentindo atualmente em relação a sua saúde?
Figura 9 – Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da sexta pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A saúde está razoavelmente bem (5 EC); IC B - A saúde melhorou e refletiu na vida como um todo (2 EC); IC C - A vida pessoal interfere na saúde (2 EC)
A proposta da pergunta 6 foi de levantar informações a respeito da saúde dos
participantes entre a primeira fase, na qual se deu o aprendizado dos ORN, e a
segunda em que se esperava a consolidação dos hábitos incorporados. Foram três
meses de autonomia para continuar ou não com as práticas saudáveis.
A demonstração gráfica (FIGURA 9) apresenta três ideias centrais sobre a
saúde dos participantes. A IC A abarca a representação de cinco EC (63%) apontando
para uma saúde razoavelmente bem; a IC B com duas EC (25%) indica que a saúde
melhorou e refletiu na vida como um todo e a IC C também com a representação de
duas EC (25%) aponta que a vida pessoal interfere na saúde.
IC A – A saúde está razoavelmente bem (5 EC)
DSC - Tô razoável, na luta. Não tô bem, mas também não estou ruim! Tirando alguns problemas, que a gente tem, estou me sentindo até bem, né?! É que, na saúde como um todo, tenho um probleminha de uma perna que às vezes incha muito, e incomoda um pouco. Tô melhorando, tô melhorando.
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Ideias Centrais
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No DSC acima a representação gira em torno de uma saúde razoável após
decorridos três meses das intervenções educativas sendo concomitante à referência
a seguir.
No estudo de Borba et al. (2018) os participantes percebem que seu estado de
saúde está vinculado aos resultados obtidos na adesão às práticas educativas
orientadas. O idoso utiliza o termo “saúde razoável” como representação de como ele
se vê e compreende sua doença, é uma expressão de que o idoso não se entende
como um ser sem doença, mas como uma pessoa ativa e responsável pelo seu
tratamento.
IC B – A saúde melhorou e refletiu na vida como um todo (EC 2)
DSC - Eu tô me sentindo bem, posso dizer que estou ótima, maravilhosa. Bem mesmo! Em relação a tudo. O trabalho das oficinas contribuiu muito... Ajudou bastante mesmo! Principalmente por apresentar o mal que faz prá gente, se não usarmos os remédios da natureza. Os encontros me fizeram pensar que aquilo ali (os remédios naturais) tudo está na natureza. Me fez bem essa temporada que estava por aqui (posto de saúde), fez muito bem para mim. Olha, praticamente tudo a gente já sabia, só não colocava em prática, e de lá para cá acho que eu coloquei bastante em prática. Sinto diferença no corpo, me sinto mais leve... Mais “maneira”, né? Estas mudanças vieram prá ficar! Vou fazendo pouco a pouco. Fui ao médico e os exames deram tudo bom, ele falou que tava tudo bem... Tudo em dia. Baixou bastante o colesterol, os triglicérides e o sangue estava ótimo! O corpo tá bom! Sinto diferença também nessa parte espiritual... E isso é bom! Me faz mais calma... Mais tranquila...
O recorte do discurso acima traz representações sobre a melhoria da saúde e
os reflexos na vida, sendo que o discurso está em conformidade com o estudo de
Rêgo e Radovanovic (2018), que ressalta a importância do acompanhamento
periódico do portador de hipertensão pelo mesmo profissional, além do benefício da
interação, promove melhor adesão ao tratamento e consequentemente melhoras na
saúde. Corroborando o pensamento coletivo expressado pelos participantes, a
construção de um vínculo de confiança, respeitoso, humanizado, de acolhimento e
escuta, entre usuários e profissionais, favorece a prática do autocuidado refletindo na
melhora da saúde. Em relação à participação nos serviços assistenciais oferecido no
contexto da atenção à saúde holística, os autores argumentam que essa condição
favorece a construção de uma relação de empatia que pode reduzir sintomas de
tensão resultando na eficácia do tratamento.
96
IC C – A vida pessoal interfere na saúde (EC 2)
DSC - Na profissão estou muito bem! Eu sinto que estou cumprindo os compromissos profissionais. Na parte pessoal acho que a família tá meio abandonada, meio de lado, digamos... Eu tenho que pensar nisso também, e na minha saúde... Pois, a vida é primordial! Sempre que posso, faço isso, eu desligo o televisor para ler um pouco e para ficar um pouco sozinha no meu canto.
No discurso acima percebe-se a representação da importância do trabalho e
da satisfação profissional, que na perspectiva do participante se equipara ao bem-
estar promovido pelo estado de saúde. Nessa direção, ressalta-se que o trabalho é
um processo pelo qual o ser humano exercita sua capacidade de pensar, planejar,
objetivar o futuro, materializar os sonhos, interação social e é o que os diferenciam
dos animais (CAMPOS, 2017).
Por outro lado, o trabalho desmedido leva uma pessoa a inversão de valores a
medida que supervaloriza as coisas materiais alienando-se em si mesmo,
distanciando das relações sociais e familiares. Além disso a saúde mental é abalada
produzindo angústias, medos, agressividade, agitação, desânimo e estresse, sendo
estes os maiores vilões da saúde humana podendo inclusive ajudar a desencadear
doenças físicas (CAMPOS, 2017).
O estudo de Ferreira et al. (2017) com idosos destaca que os determinantes
sociais influenciam na qualidade de vida e na saúde. Aponta ainda a importância de
receberem apoio das relações familiares e sociais e sentirem-se pertencentes a um
grupo de convivência. Os conhecimentos adquiridos passam a ser transformados em
saberes que fazem sentido para o cotidiano, assim como as práticas aprendidas,
como a alimentação saudável, são transformadas em benefícios para a saúde.
Separar um momento para estar consigo mesmo expressa saúde e maturidade
emocional atrelado à capacidade de estar só, mesmo na presença do outro. Isso só
se torna possível em um ambiente acolhedor, compatível com as necessidades,
integrativo e que provém do direito de ser diferente (ABRAM, 2000).
97
Pergunta 7 - O que mais te influenciou a continuar usando os Remédios Naturais?
Figura 10 - Representação das Ideias Centrais (IC), presentes nos DSC resultantes da sétima pergunta (n= 8).
Fonte – Elaborada pelo autor, São Paulo - SP, 2018.Legenda: IC A - A melhora da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN (4 EC); IC B - A participação das oficinas foi um incentivo (3 EC); IC C - A percepção das mudanças na família foi um estímulo (1 EC)
Na sétima pergunta a proposta foi investigar a influência dos RN na vida dos
portadores de hipertensão e os motivos pelos quais continuaram utilizando.
A demonstração gráfica (FIGURA 10) indica que foram três as influências para
os participantes continuarem utilizando os RN. A IC A demonstra em quatro EC (50%)
que a melhoria da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN, seguida da IC B
com três EC (38%) que indica a participação nas OES com um incentivo e por último
a IC C com uma EC (13%) indica que a percepção das mudanças na família foi um
estímulo para a continuidade dos hábitos saudáveis aprendidos.
IC A - A melhora da saúde e o bem-estar influenciam o uso dos RN (4 EC)
DSC - Ah, pelo meu bem-estar mesmo! Principalmente, a melhora da depressão que eu senti desde que comecei a colocar em prática os exercícios físicos. Comecei no início deste ano e não parei... E nem pretendo mais ficar sem... Pode estar frio ou calor. Eu vi o bem que faz, né? Então, o que mais influenciou foi sentir o bem-estar. Eu vi o bem de continuar fazendo as atividades. Tinha dias que eu nem conseguia sair da cama, pra mim era a morte. Então... Foram os benefícios mesmos! Né? Eu passei a dar mais atenção para o que eu estava falhando. E, além disso, passei a me policiar na alimentação,
50%
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como ao temperar os alimentos. Outra coisa, foi que eu percebi o desequilíbrio que eu estava tendo com muito tempo no trabalho. Essa parte da ansiedade também melhorou bastante! Aliviou o problema dos nervos. O médico falava pra mim do exercício físico, porque o exercício faz controlar adrenalina e estimular a serotonina. Outra coisa que me influenciou foram os benefícios da água. Porque eu fazia xixi escuro... bem amarelo... E hoje, tomando mais água, o xixi está claro. Ainda não está bem clarinho, mas agora vou tentar fazer as coisas mais direitinho. Então, com o uso dos remédios naturais, diminuiu os riscos que eu corria. Estou menos preocupada. Valeu a pena sim usar! Acho que tudo foi um benefício!
O recorte do discurso acima apresenta representações sobre a melhora da
saúde e o bem-estar como motivadores para a continuidade da prática dos RN. O
discurso está em conformidade com a pesquisa de Silva et al. (2018) na qual foi
identificado que a proposta de exercícios físicos e acompanhamento psicológico para
idosos despertou a motivação, vontade e expectativas para o enfrentamento das
situações diferenciadas apresentadas no contexto do estudo. Os participantes
apresentaram disposição para novas relações sociais e novos projetos de vida,
favorecendo a resiliência, sentimentos de esperança e pertencimento.
IC B - A participação nas OES foi um incentivo (3 EC)
DSC - O que me influenciou mais foram as palestras que a gente teve aqui, né? Foi muito bom!! Os professores ligavam prá gente e a gente foi se sentindo melhor. Então, foi isso... Saber que isso dá certo mesmo! Então, vou continuar... Com fé em Deus! Inclusive, eu participaria de outra oficina, se tivesse...
No DSC acima a representação destacada foi perceber o incentivo por meio da
participação nas OES. Nesse sentido, Caldeira (2009) apresenta que o atendimento
dos cuidados da enfermagem para as necessidades psicológicas e espirituais dos
pacientes trouxe envolvimento relacional humanizado, holístico, eficiente e ainda
influenciou o paciente com sentimentos de bem-estar e ganhos no processo saúde-
doença, como a autonomia e o estado de saúde.
Alves et al. (2016) destacam que as intervenções educativas por meio da OES
promovem um espaço propício para estimular a adoção de hábitos saudáveis
relacionados aos ORN e eficaz na melhoria dos níveis de pressão arterial. Foi possível
mensurar os efeitos positivos de todas as médias da qualidade de vida, do estilo de
vida e dos valores pressóricos dos participantes.
99
IC C - A percepção das mudanças na família foi um estímulo (1 EC)
DSC - Digo que vou continuar com isso (a prática dos ORN) porque aprendi com vocês e vou levar isso pro caminho de meus netos, minha filha, meu filho. Por exemplo, carne em casa quase não tem mais.... Faço mais uma verdura, um ovo. Já tô conseguindo ver mudanças com meu filho, e isso que me motiva! Ver a saúde de cada um deles bem e melhorando... Fico feliz! E eu vou continuar com isso!
Nesse discurso as representações sobre a motivação estão relacionadas com
a influência das práticas dos ORN na família.
Cruz e Sampaio (2016) descrevem que 70% das práticas populares da
Medicina Alternativa e Complementar e da Medicina Tradicional na APS são
praticadas também pelas famílias devido a motivação por facilidade de acesso,
tradições familiares, baixo custo, insucesso do tratamento convencional, percepção
efetiva e mídia influenciadora. Além disso, se vincula a busca pela espiritualidade e
relações mais humanizadas. As famílias praticam juntamente com o tratamento
convencional outras formas que se ligam às tradições, como benzer, chás alternativos,
e etc.
Motta et al. (2014) reportam o estudo realizado com idosos de uma ESF em
Maringá, cujo processo se deu por meio de entrevista e cinco encontros informativos
com profissionais da saúde. A conscientização sobre alimentação saudável foi
estendida para toda a família evidenciando uma parceria entre os usuários, familiares
e profissionais da saúde. Os autores defendem que a família é fundamental neste tipo
de trabalho porque exerce grande influência sobre os idosos e consegue agregar
hábitos saudáveis aos cuidados prestados. As práticas de exercício físico foram
estendidas também para as famílias e, assim, esses aspectos proporcionaram a elas
melhor qualidade de vida, bem-estar físico, social e emocional. O programa das OES
foi construído passo a passo com o objetivo de levar o conhecimento às pessoas
promovendo uma reflexão e a busca pelo prazer de viver.
100
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa se propôs a conhecer a percepção de portadores de hipertensão
de uma Estratégia Saúde da Família, quanto aos fatores motivacionais que
influenciaram na adoção de hábitos saudáveis para o restabelecimento da saúde e do
bem-estar.
O estudo perpassou por caminhos percorridos pelos portadores de hipertensão
que esbarram desde o reducionismo, em que o primeiro pensamento relacionava o
portador de hipertensão à grande responsabilidade em mudar seu EV até o
pensamento questionador de que se fosse assim tão simples, porque de cada dez
adultos com mais de 25 anos, quatro são portadores de hipertensão em todo o
mundo?
A maior parte do conteúdo deste estudo aborda o fato de que, o doente, a
família, a Atenção Básica na ESF, os profissionais da saúde, as Políticas Públicas e
todos que direta ou indiretamente se relacionam com a saúde, devem estar envolvidos
em detectar, tratar e controlar a hipertensão arterial, sobretudo envolver-se com as
intervenções para a Promoção da Saúde dos usuários nas unidades de saúde.
A corrida para melhores condições de vida econômica e social não depende
única e exclusivamente do cidadão ou da área da saúde, mas de todos os setores que
influenciam direta ou indiretamente na saúde ou na doença populacional.
As pessoas são totalmente dependentes das influências econômicas e sociais
que afetam a saúde, deteriorando-a cada vez mais por vinculá-la ao consumo de bens
e serviços alicerçados na doença, portanto ilusórios para o desenvolvimento do bem-
estar global. Enquanto as Políticas Públicas embasarem a qualidade de vida da
população nos fatores ligados ao adoecimento, continuarão colhendo doenças. Há
que se abrir espaço para um pensar crítico e refletir sobre: há quanto tempo buscam
a saúde integral sem alcançá-la? O que falta para alcançá-la? Qual o alicerce
fundamental que resultará progressivamente na integralidade da saúde?
O alicerce da Saúde Pública não parece atingir uma performance necessária
para um planejamento compartilhado com foco no bem-estar geral para uma saúde
integral do ser humano. Uma representatividade política, educacional e de outros
setores da saúde se faz premente, bem como, o envolvimento da população, no
sentido de construírem uma realidade social crítica e reflexiva em que o indivíduo
101
alcance melhores condições de vida, incluindo moradia digna, transporte, trabalho,
educação, segurança, saúde, entre outras.
Para tanto se questiona, o que de fato é preciso para se atingir a performance
necessária para minimizar as falhas existentes nos processos, procedimentos,
monitoramento, controle e redução das causas relacionadas com a hipertensão?
O portador de hipertensão ao ser protagonista desta pesquisa, respondeu aos
objetivos específicos deste estudo. Na percepção dos participantes os fatores que
motivaram a adoção de novos hábitos foram: os benefícios físicos, emocionais e
espirituais; incentivo das OES para ingestão de maior quantidade de água;
conscientização sobre a importância da exposição do sol, ar puro e prática da
atividade física; sentir os benefícios da alimentação saudável; compreender a
importância do sono; gratidão e Confiança em Deus.
Quanto aos hábitos saudáveis que, na opinião dos participantes, influenciaram
no controle da pressão arterial, os Discursos do Sujeito Coletivo (DSC) mostraram
que terem participado das Oficinas de Espiritualidade e Saúde (OES) foi
preponderante, sendo que experimentaram vivências grupais que promoveram maior
equilíbrio emocional, mudança do comportamento agitado, benefício das técnicas de
relaxamento, melhora na disposição, redução das dores no corpo, melhor descanso
durante o sono, diminuição do peso e um semblante de alegria. Os discursos ainda
relataram que o controle da pressão foi só um detalhe mediante aos outros ganhos.
As dificuldades iniciais, na percepção dos portadores de hipertensão, surgiram
logo após terem conhecido e experimentado as novas práticas relacionadas aos Oito
Remédios Naturais (ORN) como: romper com crenças cristalizadas determinantes de
velhos hábitos, fatores pessoais e emocionais que limitam ações voltadas para o novo
e a rotina de trabalho que envolve as prioridades materiais.
Após o intervalo de três meses da OES, as dificuldades ficaram relacionadas à
falta de tempo devido à excesso de trabalho, limitação pessoal, culpabilidade por não
conseguir mudar e fatores impeditivos, como ter o tempo integral voltado a outras
prioridades de ordem pessoal.
A percepção dos participantes quanto aos motivos facilitadores em incorporar
os ORN como hábitos saudáveis, estão vinculados à conquista de novo estilo de vida,
à melhoria da saúde e aos reflexos obtidos na vida cotidiana, o sentimento de bem-
estar influenciado pelo uso dos Remédios Naturais, o incentivo obtido nas OES e ao
102
estímulo positivo por perceber as mudanças sendo multiplicadas na família. Assim, o
terceiro objetivo específico foi respondido.
A representação da fé em Deus, como um Ser Superior com poder de cura,
relatado nos discursos desperta uma linha de raciocínio de que por meio da Confiança
em Deus é possível mudar o pensamento e por meio dessa mudança pode se
modificar progressivamente as ações que levam à adoção de novos hábitos,
fisiológicos, emocionais e espirituais. Os demais elementos da natureza como o Ar
puro, Luz solar, Temperança, Repouso, Atividade física, Alimentação e a Água são
componentes dos ORN aliados e utilizados na continuidade das mudanças, reduzindo
assim as práticas prejudiciais e contribuindo para alcançar gradativamente os hábitos
saudáveis para um viver com qualidade.
Se verificou que a complexidade que envolve os doentes e a doença é muito
mais abrangente do que se imagina. Os motivos para adoção de um Estilo de Vida
Saudável, assim como as dificuldades relatadas pelo grupo estudado, se ligam a
fatores de autocensura ou a impedimentos circunstanciais próprios de cada pessoa e
que impossibilitam uma análise crítica das situações da vida cotidiana. A não ser que
tenham incentivo, apoio, escuta ativa, qualificada e visão ampliada para o todo da
pessoa, as dificuldades tendem a se perpetuar e agravam ainda mais o problema em
questão.
A proposta da intervenção educativa por meio dos ORN aplicada nas OES,
como uma terapia complementar, foi de dar continuidade aos esforços para minimizar
os efeitos e agravos que a hipertensão arterial representa na vida dos participantes
desta pesquisa. As evidências apresentadas nos discursos demonstraram, em um
período de três meses, a eficácia do processo.
Além das respostas aos objetivos propostos no estudo, um outro aspecto da
pesquisa que vale destacar é que foi a equipe de saúde da regional da ESF que
elaborou e validou o Plano de Ação (APÊNDICE B), no qual foi sugerido a aplicação
da OES em um grupo de portadores de hipertensão, como projeto piloto.
Hierarquicamente o aprendizado dos profissionais de uma ESF está centrado
nos ideais das Políticas Públicas que articulam o pensamento de Promoção de Saúde
baseado no modelo biomédico com vistas a atuar sobre a doença e, talvez, em outras
propostas de intervenção chamar a atenção para uma mudança de pensamento.
Questiona-se então: seria possível um esforço da equipe interdisciplinar analisar as
103
experiências vivenciadas pelo grupo participante desta pesquisa e os resultados
alcançados?
O rompimento com os modelos assistenciais eugênicos, mecanicistas e
biomédicos deveria ser a base para desestabilizar a assistência à saúde hierarquizada
e sofisticada baseada em aparatos de diagnósticos e prescrição de medicamentos de
última geração. Dessa forma, rompe-se, também, com o descaso quanto à prescrição
de métodos terapêuticos naturais e menos onerosos.
Os resultados desta pesquisa relatam sobre um método simples e de baixo
custo que comprovadamente atuou com efeito sinérgico e que poderá promover a
saúde dos portadores de hipertensão, prevenindo complicações e Doenças Crônicas
Não Transmissíveis e, consequentemente, devolver à população o direito à força de
trabalho.
Aliada ao rompimento com as Políticas Públicas preconceituosas, a Promoção
da Saúde propõe intervenções que vão além da saúde física. Ela propõe o resgate da
consciência crítica; do pensar e agir lógico e agregador; do senso da subordinação
equivocada e das contradições da vida moderna imposta. Assim, promove o
discernimento sobre o que é bom ou ruim; a interrelação pessoal provinda do diálogo
para a busca do saber e a constância no fazer; a consciência de mundo, de si mesmo
e do outro e restabelece a voz para o enfrentamento dos determinantes sociais e o
resgate da dignidade humana.
O envolvimento das instituições públicas e privadas para esse resgate
necessita de um envolvimento cognitivo e massificador, imbuído de uma
espiritualidade crescente, demonstrado nas relações entre as pessoas que deram voz
aos questionamentos levantados neste estudo.
A saúde espiritual, cognitiva e física deve sobrepor a todos os determinantes
impositivos que promovem a doença para representar melhorias quanto a força de
trabalho, moradia digna, distribuição de renda justa, educação de qualidade e gratuita,
melhores condições ambientais, comida saudável e preço justo e uma medicina mais
voltada ao natural, determinando o percurso de vida da população.
A partir das discussões dos resultados deste trabalho, emergiram algumas
proposições às Políticas Públicas com foco na Promoção da Saúde que levaram os
participantes à satisfação e desejo de recuperar sua saúde. Os indivíduos foram
influenciados por uma corrente condutora da espiritualidade e por ações capazes de
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incentivar os portadores de hipertensão arterial a adotarem um estilo de vida saudável
para promover sua saúde e controle da pressão arterial.
Aliadas ao interesse dos governos em ações interventivas intersetoriais, as
ações educativas por meio das Oficinas de Espiritualidade e Saúde, com base nos
Oito Remédios Naturais, relacionam-se a um Estilo de Vida Saudável que pode
conduzir à construção de uma base sólida e acessível à população, como técnica
educativa para melhorar o controle da hipertensão e promover a saúde. O Estilo de
Vida que se desenvolveu a partir dessa intervenção, representado nos discursos dos
participantes desta pesquisa, refletiu a subjetividade de cada pessoa, ancorada no
coletivo, e abrangeu hábitos, conhecimentos, valores e práticas sociais.
No contexto pesquisado foram geradas transformações na maneira de pensar
a saúde e, neste sentido, os resultados foram considerados relevantes para que os
profissionais de saúde promovam esse processo participativo. Assim, deve envolver
não só os usuários da ESF, mas também as instituições públicas e privadas,
ampliando a capacidade de decisão frente à complexidade relacionada aos problemas
de saúde. Depreende-se que, a partir deste estudo piloto, um novo grupo possa ser
formado, utilizando as estruturas da ESF, para seguir o passo a passo das OES para
novas avaliações dos benefícios conquistados e assim seguirem sucessivamente a
multiplicação dos conhecimentos adquiridos.
Conhecer a percepção de portadores de hipertensão de uma Estratégia Saúde
da Família, quanto aos fatores motivacionais que influenciaram na adoção de hábitos
saudáveis veio ao encontro da premissa de que o aprendizado prático sobre o uso
dos ORN, no dia a dia, foi significativo e pode levar os portadores de hipertensão a
perceberem os seus benefícios em uma evolução progressiva para o
restabelecimento da saúde e do bem-estar, contribuindo sobremaneira para o controle
da hipertensão.
Acrescenta-se, ainda, que mesmo esbarrando em fatores complexos que
limitam a mudança de hábitos, os portadores de hipertensão poderiam passar por este
processo como uma condição a mais que amplia as escolhas para uma saúde integral.
Uma limitação encontrada na condução deste estudo, foi não ter dado
continuidade no processo para obter o comparativo entre o antes e o depois das OES,
assim, detectar se houve a consolidação dos hábitos saudáveis ao longo do tempo,
bem como, a conscientização da importância do uso dos ORN para o
restabelecimento da saúde e controle da hipertensão.
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126
APÊNDICE C - Formulário de dados sócio demográficos e Roteiro para a Entrevista
Código da Família _________-__________
Código de Identificação _____________
Nome_________________________________________________________
Endereço_____________________________________________________
Data de nascimento _________________Idade _________, Sexo __________
Cor da pele referida ( ) Branca ( ) Parda ( ) Preta ( ) Indígena ( ) Amarela
( ) Ignorada
Escolaridade ____________________
Peso ______Kg Altura ___________ IMC_______
Religião referida ________________________Profissão_________________
Há quanto tempo é hipertenso______________________________________
Faz acompanhamento médico sistemático? Sim ( ) Não ( ) Nem sempre ( )
Faz uso de quais medicamentos para controle da pressão arterial, prescritos pelo
seu médico? _______________________________________________
Deixa de usar ou esquece de tomar os medicamentos prescritos? Sempre ( )
Quase sempre ( ) Quase nunca ( ) Nunca ( )
Questões norteadoras
Após as OES:
1. Como você se sentia sendo uma pessoa com pressão alta, antes das Oficinas
de Espiritualidade e Saúde? E agora, o que mudou?
2. Quais remédios naturais você adotou com maior facilidade? Por que?
3. Quais remédios naturais você teve maior dificuldade em adotar? Por que?
4. O que mais te motivou a participar das oficinas?
Três meses após as OES:
1. Você continuou utilizando os “Remédios Naturais” que foram apresentados
durante os encontros educativos que você participou? Quais?
2. Como você está se sentindo atualmente em relação à saúde?
3. O que mais te influenciou a continuar usando esses Remédios Naturais?
128
APÊNDICE E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa sobre Percepção dos
profissionais de saúde do PSF quanto à assistência espiritual aos usuários, sob
a responsabilidade da pesquisadora Profa. Dra. Maria Dyrce Dias Meira. Os
pesquisadores serão os alunos que fazem parte do grupo de pesquisa
Religiosidade/Espiritualidade na Integralidade da Saúde (REIS) e os docentes: Prof.
Dr. Carlos Antônio Teixeira e Profa. Dra. Gina Andrade Abdala. O objetivo desta fase
da pesquisa será “analisar a associação entre estilo de vida de portadores de
hipertensão essencial e os níveis da pressão arterial e do biomarcador interleucina-6,
mediados pela Religiosidade/Espiritualidade”. A sua participação na pesquisa
ocorrerá da seguinte forma: No inicio e final da intervenção você responderá a quatro
questionários: “índice de religiosidade Duke-Durel”; “Estilo de Vida Fantástico”;
“Qualidade de Vida do Hipertenso – Minichal” e “Índice de Stress de Lipp”. Você
também poderá participar de grupos terapêuticos com reuniões semanais em que
serão abordados temas relacionados ao controle e tratamento da Hipertensão. Serão
coletadas três amostras de sangue, duas durante o período das reuniões e a outra de
dois a três meses após para dosagem de substâncias que podem estar alteradas em
pessoas com problemas de pressão alta. Durante a coleta do sangue você poderá
sentir pequena dor devida a picada da agulha e também poderá surgir uma manchinha
roxa que desaparecerá em poucos dias sem nenhuma complicação. Sua participação
não envolve outro risco físico relacionado à coleta dos exames laboratoriais, pois os
mesmos serão colhidos por profissionais da Unidade Básica de Saúde na qual você
já é atendido e continuará sendo acompanhado pelo seu médico. Você terá também
a garantia de receber esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa.
Sua participação nessa pesquisa poderá trazer como benefício o conhecimento de
novas maneiras de controlar os níveis da pressão arterial. Sua participação não é
obrigatória e você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento
sem ser prejudicado por isso. Você não receberá pagamento pela sua participação no
estudo e nem pagará pelos procedimentos efetuados pelos pesquisadores. Os
resultados da pesquisa serão divulgados, mas você terá total garantia de que seu
nome não será revelado. Caso você tenha dúvidas sobre o comportamento dos
pesquisadores ou sobre possíveis mudanças ocorridas na pesquisa que não constam
129
neste termo e caso se considere prejudicado(a) de alguma forma você poderá entrar
em contato com as pesquisadoras responsáveis Maria Dyrce Dias Meira – 11- 98289-
1433 e Gina Andrade Abdala – cel: 19-98389-3330 ou também pode consultar o
Comitê de Ética em Pesquisa do UNASP, pelo telefone (11) 2128-6230. Você poderá
também em caso de qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre
os aspectos éticos desta pesquisa entrar em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo CEP/SMS, Rua General
Jardim, 36, 1º andar. Telefone: 3397-2464 - e-mail: [email protected]. Diante do
exposto, eu concordo em participar desta pesquisa, e sei que terei uma cópia deste
termo, que será assinado por mim e pelos pesquisadores em duas vias.
Local e data: _____________________________________/_______/_______
Nome do (a) participante: __________________________________________
Assinatura: _____________________________________________________
Docentes orientadores: Componentes do Grupo de Pesquisa:
Maria Dyrce Dias Meira Daniela C. Santos Cel: 11- 98289-1433 Cel: 19-98285-7209 Assinatura_____________________ Assinatura ___________________
Gina Andrade Abdala Marli Rosangela Cres Cel: 19-98389-3330 Cel: 19-99179-7720 Assinatura____________________ Assinatura ____________________
Carlos Antônio Teixeira Evelson Silva Cel: 1199368-0604 Cel: 11-99789-5417 Assinatura___________________ Assinatura ____________________
JocimarWruck Cel: 11-99608-4239 Assinatura ____________________
Guilherme Ramos Sens Cel: 49-9919-3840 Assinatura____________________ Fabiana Colimoide
Cel:11981101200 Assinatura ____________________