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PLANTARAcerola
coleção
edição
rev. e am pl.
3ª
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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Semiárido
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
A CULTURA
DA ACEROLA
3a edição revista e ampliada
Embrapa
Brasília, DF
2012
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Coleção Plantar, 69
Produção Editorial
Embrapa Produção de Informação
Coordenação editorial
Fernando do Amaral PereiraLucilene Maria de AndradeNilda Maria da Cunha Sette
Supervisão editorial
Erika do Carmo Lima Ferreira
Revisão de texto
Aline Pereira de OliveiraNormalização bibliográfca
Celina Tomaz de Carvalho
Projeto gráfco da coleção
Textonovo Editora e ServiçosEditoriais Ltda.
Editoração eletrônica
Carlos Eduardo Felice Barbeiro
Ilustração da capa Álvaro Evandro X. Nunes
Todos os direitos reservados
A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em
parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Embrapa Informação Tecnológica
A cultura da acerola / [editores técnicos, Marcelo Calgaro, Marcos Brandão Braga].
– 3. ed. rev. ampl. – Brasília, DF : Embrapa, 2012.
144 p. ; 11 cm x 15 cm. – (Coleção Plantar; 69).
ISBN 978-85-7035-130-2
1. Cultivo. 2. Plantio. 3. Pós-colheita. 5. Variedade. I. Calgaro, Marcelo. II. Braga,
Marcos Brandão. III. Embrapa Semiárido. IV. Coleção.
CDD 634.23
© Embrapa 2012
1ª edição
1ª impressão (1995): 5.000 exemplares
2ª edição1ª impressão (1999): 2.000 exemplares
2ª impressão (2002): 500 exemplares
3ª impressão (2004): 1.000 exemplares
4ª impressão (2006): 1.000 exemplares
5ª impressão (2009): 500 exemplares
6ª impressão (2010): 1.000 exemplares
3ª edição
1ª impressão (2012): 2.000 exemplares
Edição especial para o Fome Zero (2004):1.000 exemplares
Edição especial para o Fome Zero (2007):1.500 exemplares
Edição especial para o Fome Zero –Quilombolas (2010): 440 exemplares
Edição especial para o Fome Zero –Quilombolas Aditivo (2010):
380 exemplares
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Editores Técnicos
Marcelo Calgaro
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Engenharia de Água eSolo, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Marcos Brandão Braga
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Irrigação e Drenagem, pesquisador da Embrapa Hortaliças, Gama, [email protected]
Autores
Alessandra Monteiro S. MendesEngenheira-agrônoma, D.Sc. em Fertilidade dos Solos e Nutrição de Plantas, pesquisadora da Embrapa Semiárido,Petrolina, [email protected]
Anderson Ramos de Oliveira
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Produção Vegetal, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Antônio Heriberto de Castro Teixeira
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Ciências Ambientais,
pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
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Débora Costa Bastos
Engenheira-agrônoma, D.Sc. em Fitotecnia, pesquisadora
da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Diógenes da Cruz Batista
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia, pesquisadorda Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Francislene Angelotti
Engenheira-agrônoma, M.Sc. em Agronomia Agrícola, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Ivan Marques Leal
Engenheiro-agrônomo, diretor da Niagro Nichirei do Brasil
Agrícola Ltda., Petrolina, [email protected]
João Roberto Pereira Oliveira
Engenheiro-agrônomo, pesquisador da Embrapa Mandiocae Fruticultura, Cruz das Almas, BA [email protected]
José Barbosa dos Anjos
Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Mecanização Agrícola, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE [email protected]
José Egídio Flori
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fitotecnia, pesquisador daEmbrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
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José Eudes de Morais Oliveira
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. Entomologia, pesquisador da
Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
José Lincoln Pinheiro de Araújo
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. Economia Agroalimentar, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
José Mauro da Cunha e Castro
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. Fitopatologia, pesquisador daEmbrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
José Maria Pinto
Engenheiro-agrícola, D.Sc. em Irrigação e Drenagem, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE [email protected]
José Monteiro Soares
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fertirrigação, pesquisadoraposentado da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Luís Henrique Bassoi
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Física do Solo/Manejo deIrrigação, pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Luiz Gonzaga Neto
Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Fitotecnia, pesquisador daEmbrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
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Maria Angélica Guimarães BarbosaEngenheira-agrônoma, D.Sc. em Fitopatologia,
pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Maria Auxiliadora Coêlho de LimaEngenheira-agrônoma, D.Sc. em Pós-Colheita de Frutos, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Mohammad Menhazudin ChoudhuryBiólogo, Ph.D. em Fitopatologia, pesquisador aposentadoda Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Rebert Coelho Correia Engenheiro-agrônomo, M.Sc. em Economia da Produção,
pesquisador da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Ricardo Elesbão Alves Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em Fisiologia Pós-Colheita, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, [email protected]
Vanderlise GiongoEngenheira-agrônoma, D.Sc. em Ciências do Solo, pesquisadora da Embrapa Semiárido, Petrolina, [email protected]
Walter dos Santos Soares FilhoEngenheiro-agrônomo, D.Sc. em Genética e Melhoramentode Plantas, pesquisador da Embrapa Mandioca eFruticultura Tropical, Cruz das Almas, [email protected]
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Apresentação
Em formato de bolso, ilustrados e escritos em lin-guagem objetiva, didática e simples, os títulos da Cole-ção Plantar têm por público-alvo produtores rurais,estudantes, sitiantes, chacareiros, donas de casa e de-
mais interessados em resultados de pesquisa obtidos,testados e validados pela Embrapa.
Cada título desta coleção enfoca aspectos básicosrelacionados ao cultivo de, por exemplo, hortaliça, fru-teira, planta medicinal, planta oleaginosa, condimentoe especiaria.
Editada pela Embrapa Informação Tecnológica, em parceria com as demais Unidades de Pesquisa da Em- presa, esta coleção integra a linha editorial Transferên-cia de Tecnologia, cujo principal objetivo é preencherlacunas de informação técnico-cientíca agropecuária
direcionada ao pequeno produtor rural e, com isso,contribuir para o aumento da produção de alimentos demelhor qualidade, bem como para a geração de maisrenda e mais emprego para os brasileiros.
Fernando do Amaral Pereira
Gerente-GeralEmbrapa Informação Tecnológica
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Sumário
Introdução ..............................................11Descrição Botânica e Variedades ..........23Clima ......................................................35Adubação e calagem ..............................39
Preparo do solo ......................................59Propagação e preparo de mudas .............61Plantio ....................................................69Podas e raleio .........................................71
Irrigação .................................................75Consorciação ..........................................87Controle de invasoras .............................92Pragas da aceroleira ...............................97
Controle de doenças .............................106Colheita e pós-colheita .........................118Coecientes de produção e rentabilidade da exploração ...............131
Referências ...........................................137Literatura recomendada .......................137
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Introdução
O cultivo da acerola teve maior impulsoa partir de 1946, quando foi descoberto seualto conteúdo de vitamina C. Sob o incenti-vo dessa descoberta, iniciou-se o plantio
comercial da aceroleira em Porto Rico, ex- pandindo-se a seguir para Cuba, Flórida eHavaí.
No Brasil, a acerola, ou cereja-das-antilhas,
é conhecida no Estado de São Paulo há maisde 50 anos. Em Pernambuco, foi introduzida pela Universidade Federal Rural de Per-nambuco (UFRPE), em 1955, procedentede Porto Rico. Nos últimos anos, o cultivo
de fruteiras no trópico-árido do Nordeste brasileiro tem-se mostrado uma atividadeatraente, graças às condições de solo eclima e à adaptabilidade de várias espécies,
o que favorece a implantação de pomarescomerciais.
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Ao se considerar que os países desenvol-
vidos do Hemisfério Norte estão cada vezmais ávidos por produtos naturais, sobretu-do frutas procedentes dos trópicos, o cultivoda acerola para fins de exportação destaca-se como uma alternativa agrícola real.
Há ainda uma tendência mundial de au-mento do consumo de suco de frutas tropi-cais, principalmente nos países árabes,onde o clima é quente e as bebidas alcoóli-cas são proibidas.
No Brasil, a atividade frutícola ocupauma posição de destaque em 14 polos deirrigação do Nordeste que estão em franco
desenvolvimento, pois as condições locais permitem a produção de frutas durante qua-se todo o ano, até mesmo no período emque os mercados europeu, asiático e norte-
americano estão desabastecidos, entre ou-tubro e abril.
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Aqui, a área plantada com acerola é de
aproximadamente 7.200 ha, destacando-sea região Nordeste como a maior produtora,com área cultivada em torno de 3.100 ha.Estima-se, atualmente, uma produtividademédia de 150 mil toneladas de frutas porano. O Nordeste participa com aproxima-damente 64% desse total.
Hoje, a comercialização de acerola nomercado interno apresenta a seguinte dis-tribuição: 46% destinam-se à indústria de
processamento e 54% destinam-se ao mer-cado de consumo da fruta fresca.
O Brasil é considerado o maior produ-
tor, consumidor e exportador mundial deacerola. Entre os principais estados brasilei-ros produtores de acerola, Pernambuco repre-senta 23,11% da produção nacional; seguido
pelo Ceará, com 14,32%; São Paulo, com11,39%; e Bahia, com 10,48%. A acerola tam-
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bém é produzida nos estados do Rio Gran-
de do Norte, Paraíba e Piauí.A Região do Submédio São Francisco,
com cerca de 100 mil hectares irrigáveis,destaca-se como um dos principais polos
agrícolas do Nordeste brasileiro, onde vá-rias fruteiras são cultivadas comercialmen-te com sucesso. A acerola está implantadasomente no Perímetro Irrigado Senador
Nilo Coelho, em 1.339 ha, e essa área mos-tra tendência de crescimento.
A aceroleira tem atraído o interesse dosfruticultores não só da Região do Submé-dio São Francisco, que envolve áreas dos
estados de Pernambuco e Bahia, como tam- bém de outros polos agrícolas, em virtudeda procura cada vez maior por essa fruta
para a extração da polpa. Além desse uso, a
acerola também entra na fabricação de lico-res, geleias, doces em calda e em pasta,
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sorvetes, chicletes e bombons. Pode ainda
ser consumida in natura, sob a forma desuco natural, ou como fonte enriquecedorade vitamina C quando associada ao suco deoutras frutas.
O consumo em expansão dessa fruta de-ve-se, basicamente, ao seu teor de ácido as-córbico (vitamina C) que, em algumasvariedades, alcança até 5.000 mg/100 g de
polpa. Esse índice chega a ser 100 vezes su- perior ao da laranja e 10 vezes ao da goiaba,frutas tidas como as de mais alto conteúdodessa vitamina. Como o consumidor brasi-leiro tornou-se mais consciente da importân-
cia dos alimentos naturais para a saúdehumana, esse fato tem contribuído para for-talecer e difundir o consumo da acerola.
Além disso, as perspectivas efetivas de
exportação de acerola nas formas de sucoconcentrado e de polpa integral congelada
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são promissoras, o que pode tornar seu cul-
tivo uma excelente opção de mercado, jáque diversos públicos, como japoneses, eu-ropeus e norte-americanos, vêm se interes-sando pelo seu consumo. E, ao contrário damaioria das nossas frutas de exportação, há
registro de consumo crescente de acerolatambém no mercado interno.
Na região Nordeste, por exemplo, en-contra-se em pleno funcionamento uma in-
dústria processadora de suco e de polpa,que mantém, sob contrato, uma área deaproximadamente 385 ha. Em 2009, essaempresa processou 10.500 t de acerola,chegando a receber, no período de pico de
produção (de outubro a abril), até 120 t/fru-tas/dia. A comercialização é realizada naforma de polpa integral e fruta in natura,sendo 95% da produção destinados, basica-
mente, para o mercado externo, em espe-cial para países da comunidade europeia.
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Outros mercados, como o Japão, China
e Estados Unidos, também são comprado-res de acerola do Nordeste. Empresas nor-te-americanas vêm comprando acerola naRegião do Submédio São Francisco, bus-cando atender sua demanda de mercado,
tanto no Brasil quanto no exterior. Algumasdelas têm ainda produção própria de acero-la, localizada em municípios do Nordeste,além de convênios para fornecimento da
fruta orgânica. No Japão, o valor do suco de frutas cul-
tivadas sem o emprego de pesticidas é apro-ximadamente 50% superior ao dos similaresnos quais o sistema de produção empregaagrotóxicos. Esse aspecto é animador, poisas condições ecológicas das áreas irrigadasdo Nordeste permitem o cultivo da acero-leira com reduzido emprego de pesticidas.
Há possibilidade, inclusive, do uso de inse-ticidas biológicos no controle de pulgão e
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cochonilha, que são as principais pragas de
importância econômica na Região do Sub-médio São Francisco.
A acerola é reputada por diversos pes-quisadores como uma rica fonte de vitami-
na C, a cuja deficiência o organismohumano está geralmente mais sujeito. Afruta atuaria como um ativador indispensá-vel do metabolismo celular como um todo.Podendo, portanto, suplementar regular-mente a dieta alimentar de gestantes, lac-tantes, crianças e jovens em fase decrescimento, bem como de idosos, enfer-mos e pessoas que executem atividades que
impliquem em grande desgaste físico.A experiência médica tem comprovado
que a ingestão de vitamina C em doses ele-vadas é útil como medicação coadjuvante
no tratamento de numerosos estados pato-lógicos, entre os quais os relacionados à
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gripe, resfriado, tuberculose, afecções pul-
monares, doenças hepáticas ou das vias bi-liares. Resultados positivos foram igualmenteobtidos no tratamento de reumatismo e es-tresse. Considerando-se que a acerola possuielevado teor de vitamina C, grandes esfor-
ços devem ser dedicados para se difundirtais propriedades, de modo que o seu consu-mo possa generalizar-se, sobretudo nas regi-ões mais carentes do Brasil, compondo a
dieta alimentar em escolas, creches, hospi-tais, casas de detenção, entre outras.
O cultivo de acerola para exportação exi-ge mão de obra intensiva, principalmentenas etapas de colheita e classificação dosfrutos, e ocupa uma posição de destaque en-tre as fruteiras comercialmente exploradas.As características da acerola como cultura
perene, produzindo praticamente durante o
ano todo nos projetos irrigados do Nordeste, permitem ao pequeno fruticultor ter um
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fluxo de caixa quase contínuo. Esse aspecto
reveste-se de fundamental importância, umavez que o pequeno produtor, em geral, temdificuldade em obter capital de giro nasentressafras.
Embora a acerola seja conhecida noBrasil há mais de 60 anos, seu cultivo emescala comercial e com uso de tecnologiasmais apropriadas é recente. Por essa razão,no passado, muitas áreas plantadas foraminstaladas com variedades e técnicas decultivo disponíveis naquele momento, masque agora já não atendem às novas exigên-cias do mercado. Nos pomares mais anti-
gos, era muito comum uma grande variaçãoentre plantas e qualidade da fruta, devido,
principalmente, à utilização de sementes no processo de produção das mudas.
Atualmente, com o uso de tecnologiasapropriadas de produção de mudas, manejo
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e seleção de cultivares, os pomares de ace-
roleiras são uniformes, produtivos e comfrutas de boa qualidade. O conteúdo de vi-tamina C na polpa costuma ser superior aomínimo exigido para exportação, que é de1.000 mg/100 g de polpa.
Além disso, o rendimento alcançado por planta e por hectare apresenta grandes dife-renças entre as áreas cultivadas, dependen-do da variedade ou clone explorado, dostratos culturais adotados, do manejo da irri-gação, entre outros fatores.
Com relação à produção em áreas decultivos comerciais, a região do Submédio
São Francisco registra, atualmente, em lo-tes agrícolas de produtores familiares as-sentados nos perímetros irrigados, uma
produtividade média de 20 t/ha/ano. É inte-
ressante mencionar que, nessa região, há produtores de acerola que alcançam
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produtividade de até 50 t/ha/ano, visto que
as condições climáticas aliadas à irrigação possibilitam que essa frutífera realize anu-almente até sete ciclos fenológicos.
Já a produtividade média de acerola dos
produtores do Projeto Irrigado Senador Nilo Coelho, em Petrolina, PE, é de 25 t/ha,mas alguns produtores chegam a produziraté 60 t/ha.
No caso dos pomares de aceroleira paraexportação, a importância do fator quantida-de, isto é, o peso total dos frutos produzidos,é apenas relativo. O produtor de acerola paraconsumo in natura ou produção de suco que
estiver interessado em abastecer os grandescentros consumidores internos e, principal-mente, os externos, deve estabelecer, junta-mente com sua meta de produção, um pro-
grama rígido e sistemático de controle dequalidade dos frutos produzidos, para con-
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quistar e assegurar sua permanência num
mercado altamente exigente e competitivo.Descrição Botânica e Variedades
A aceroleira, também conhecida comocerejeira-das-antilhas, é descrita na litera-
tura como originária de duas espécies, Malpighia punicifolia e Malpighia glabra.Há contradição no que diz respeito à espé-cie a que pertence a aceroleira cultivada em
Porto Rico, uma vez que, para muitos botâ-nicos, Malpighia punicifolia e Malpighia glabra não são espécies distintas, mas simformas botânicas diferentes da mesmaespécie.
Descreve-se a Malpighia glabra L.como arbusto glabro (sem pelos), de tama-nho médio, com 2 m a 3 m de altura, ramosdensos e espalhados, folhas opostas, com
pecíolo curto, ovaladas e elíptico-peciola-das, medindo entre 2,5 cm e 7,5 cm. A base
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e, principalmente, o ápice das folhas são
agudos, de coloração verde-escura brilhan-te, na superfície superior, e verde-pálida, nasuperfície inferior.
Uma vez que pomares de aceroleirasexistentes no Brasil são, originalmente,oriundos de sementes vindas de Porto Rico,acredita-se que sejam formados, essencial-mente, a partir de Malpighia punicifolia.É importante assinalar que em pomares im-
plantados na Região do Submédio São Fran-cisco existem plantas glabras, que não produzem irritação na pele durante a colhei-ta. Outras, entretanto, causam forte irritação
por causa da presença de pelos nas folhas.
Essa observação reforça a hipótese da exis-tência, no Submédio São Francisco, de
Malpighia glabra e Malpighia punicifolia.
As inflorescências da aceroleira, com
3 a 5 flores perfeitas, medem de 1 cm a2 cm de diâmetro. Sua coloração evolui do
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rosa-esbranquiçado ao vermelho. As flores
surgem sempre após um surto de cresci-mento vegetativo. Podem originar-se tantona axila das folhas dos ramos maduros emcrescimento, como nas axilas das folhas
dos ramos recém-brotados. Constatou-se aocorrência tanto de autopolinização comode polinização cruzada. A polinização cru-zada é responsável, em alguns casos, pela
maior fixação de frutos.Em áreas de plantio comercial, consta-
tou-se a presença persistente e contínua deabelhas da família Apidae, especialmente
dos gêneros Centris e Epicharis, tidas comoum dos principais e mais eficientes polini-zadores da aceroleira. Algumas espécies de
Malpighia polinizadas por abelhas, entre as
quais a M. emarginata, responderam comuma alta taxa de frutificação efetiva.
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Os frutos podem ser arredondados, ova-
lados ou mesmo cônicos. Sua cor, quandomaduros, pode ser vermelha, roxa, amarelaou branca (Figura 1).
Essa característica é muito importante,
pois a indústria de processamento prefere osfrutos de coloração vermelha. Porém, princi-
Figura 1. Acerolas com cores e tamanhos variados.
F o t o : J o s é E g í d i o F l o r i
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palmente fora do Brasil, já sinaliza para a
utilização de frutos de coloração amarela,usados em mistura com outros sucos, visan-do enriquecê-los com vitamina C.
A acerola apresenta um conteúdo médio
de vitamina C de aproximadamente 2%, eum rendimento de suco entre 59% e 73%do seu peso. O teor de vitamina C do fruto
pode ainda variar em função da época dacolheita, e decresce à medida que a frutaamadurece. Em trabalhos conduzidos pelaEmbrapa Semiárido, na Região do Submé-dio São Francisco, detectou-se um clonecom teor de vitamina C superior a 2 g por
100 g de polpa.As acerolas crescem isoladas ou em ca-
chos de dois ou mais frutos, sempre na axi-la das folhas. Os frutos são pequenos, com
peso médio de 3 g a 16 g, variando em vir-tude do potencial genético da planta e das
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condições de cultivo. Em geral, os frutos
que crescem isolados são maiores que osque formam cachos.
A formação do fruto ocorre muito rapida-mente. No Submédio São Francisco, consta-
tou-se que o tempo decorrido entre oflorescimento e a colheita gira em torno de3 a 4 semanas. Em estudos conduzidos coma variedade Sertaneja BRS 152, ficou carac-terizado que, do lançamento do botão floral
até a abertura da flor, passam-se 8 dias. O período entre a abertura da flor e o pega-mento do fruto é de 4 dias; ao passo que do
pegamento do fruto ao estágio considerado“de vez” ou rosando, como é conhecido na
prática do agricultor, tem-se, em média,25 dias. O período total de tempo da emissãodo botão floral até a colheita é de, aproxima-damente, 29 dias. O conhecimento dessa va-
riação, que depende das condições climáticas, principalmente da temperatura, é da maior
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importância para o produtor de acerola, que
pode assim programar, com maior perspecti-va de acerto, suas atividades de colheita ecomercialização.
Em geral, as acerolas apresentam três
sementes por frutos. A aceroleira produz,normalmente, de 3 a 4 safras por ano. Nos pomares irrigados da Região do SubmédioSão Francisco ocorre uma grande safra no
período de outubro a abril, e uma retraçãona produção entre os meses de maio a agos-to, sem, contudo, deixar de produzir. Essecomportamento deve-se basicamente àscondições de clima, associados à prática da
irrigação que, ao favorecerem vários surtosde crescimento, propiciam a floração e afrutificação quase contínuas (Figura 2).
As variedades cultivadas, principalmente
no Submédio São Francisco, atendem as ca-racterísticas consideradas essenciais, como
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Figura 2. Aceroleira com intenso orescimento e frutos em
vários estádios de formação.
F o t o : J o s é E g í d
i o F l o r i
um alto nível de produtividade (até 100kg/planta/ano), produção de frutos com pelí-cula de coloração vermelha, peso superior(entre 4 g a 5 g) e teor de vitamina C acima
de 1.000 mg/100 g de polpa.Atualmente, as principais variedades
plantadas no Submédio São Francisco sãoas cultivares Costa Rica, Flor Branca, Oki-
nawa, Sertaneja BRS 152 e, mais recente-mente, Junco.
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A cultivar Flor Branca apresenta boa
produtividade, um vigor de planta menor efrutos com 3 g a 5 g, em média. Nos mesesde junho e julho tem a sua menor produção,e nos meses de outubro a abril, o período demaior produção (Figuras 3 a 6). A cultivar
Costa Rica apresenta um vigor intermediá-rio, se comparada à cultivar Flor Branca e àcultivar Okinawa, seus frutos têm, em mé-dia, 4 g a 6 g (Figuras 4 e 6).
A cultivar Okinawa apresenta frutoscom 5 g a 9 g, boa coloração, teor de vita-mina C e resistência ao transporte. A plantaé muito vigorosa e sua maior produçãotambém ocorre entre os meses de outubro e
abril (Figuras 5 e 6).A Embrapa Semiárido, em parceria com
a Empresa Pernambucana de PesquisaAgropecuária (IPA) e a Embrapa Mandioca
e Fruticultura, desenvolveu, por meio deum programa de melhoramento genético, a
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variedade Sertaneja BRS 152. Essa varieda-
de, lançada para cultivo nas áreas irrigadasdo Nordeste brasileiro, tem como caracterís-ticas: o porte baixo a médio (2,0 m a 2,5 m),quando conduzida com podas; as flores,imediatamente após a abertura, de coloração
rosa-esbranquiçada; as folhas, verde-escuro,quando maduras; os ramos pigmentados de
branco; o fruto com peso médio de 4 g a 5 g,e coloração vermelha, quando maduro; uma
produção anual estimada de 100 kg/planta; e
teor de vitamina C superior a 1.000 mg/100 gde polpa.
Na falta de uma variedade de aceroleiraindicada para cultivo em outras regiões do
Brasil, recomenda-se que o produtor utili-ze, para multiplicação em escala comercial,os métodos vegetativos (enxertia ou enrai-zamento de estaca), e árvores comprovada-mente produtivas e com frutos bem aceitos
pelo mercado de destino, levando em contaas características e descrições já referidas.
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Figura 3. Planta da cv. Flor Branca com frutos maduros.
Figura 4. Planta da cv. Costa Rica.
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Figura 5. Planta da cv. Okinawa.
F o t o : J o s é E g í d
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Figura 6. Frutos verdes das cvs. Flor Branca, Costa Rica eOkinawa.
F o t o : J o s é E g í d i o F l o r i
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Clima
O clima influencia diretamente a produ-ção da acerola por meio da temperatura,umidade relativa, precipitação e radiaçãosolar. Tais fatores climáticos interferem no
crescimento e desenvolvimento das plan-tas, na qualidade dos frutos e, também, naocorrência de problemas fitossanitários.
A temperatura do ar afeta a maioria dos
processos bioquímicos e fisiológicos das plantas e, para cada espécie, existe um óti-mo de amplitude térmica e temperaturasmáxima e mínima, além das quais a planta
não se desenvolve satisfatoriamente. A ace-roleira é uma planta típica de regiões de cli-ma tropical e subtropical, necessitando,
para o seu desenvolvimento e produção, de
temperaturas entre 15 °C e 32 °C, com mé-dias anuais próximas a 27 °C.
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A temperatura média no Submédio do
Vale do São Francisco varia de 23 °C a28 °C, apresentando pequena variabilidadeinteranual, sendo julho o mês mais frioe novembro o mês mais quente do ano
(Figura 7).Além disso, para que a planta de acerola
tenha um ótimo desenvolvimento e produ-ção, é fundamental que haja adequada dis-
ponibilidade de água no solo. Precipitaçõesentre 1.200 mm e 1.600 mm, bem distribu-ídas ao longo do ano, são consideradas
Figura 7. Temperatura média, mínima e máxima e precipita-ção em Petrolina, PE. Médias históricas de 10 anos.
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ideais, proporcionando a produção de fru-
tos com qualidade.Embora a aceroleira seja uma planta que
tolera, por curtos períodos, a seca, reco-menda-se a prática de irrigação nessa situa-
ção. Sabe-se que em locais onde os totaisanuais de precipitação são inferiores a1.000 mm, há a ocorrência de frutos peque-nos, enrugados e com baixo teor devitamina C.
No semiárido, a produção só é possívelcom o uso de irrigação. A região é caracte-rizada por regime de chuvas marcado pelaescassez, irregularidade e concentração das
precipitações num curto período de 3 me-ses em média. De maneira geral, a maiorconcentração de chuva ocorre nos meses de
janeiro a abril (Figura 7).
Entretanto, o excesso de água – como precipitações acima de 1.600 mm, por
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exemplo – provoca a formação de frutos
aguados, com menores teores de açúcares evitamina C, além de favorecer a ocorrênciade doenças. Chuvas torrenciais no períododa floração podem ainda provocar a quedadas flores e até impedir a visita de
polinizadores.A planta é exigente quanto à insolação –
que também influencia na produção de vita-mina C –, já que a luz é fonte de energia paraa fotossíntese. O ácido ascórbico é antioxi-
dante e protege o sistema fotossintético dosdanos solares, interferindo nos processos
bioquímicos, e, consequentemente, na pro-dução de vitamina C. Dessa maneira, a ra-diação solar interfere diretamente na
produção e na qualidade dos frutos.O Semiárido brasileiro é uma região
caracterizada por altos valores de radiaçãosolar, elevadas temperaturas e irregularidade
no regime pluviométrico, com concentraçãode chuvas nos quatro primeiros meses do
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ano. Assim, a associação de temperaturas
elevadas (24 °C a 31 °C), alta radiação solar(2.000 a 3.000 horas/ano) e disponibilidadede água para irrigação proporcionam ascondições climáticas necessárias ao desen-volvimento da acerola, assegurando eleva-do rendimento na produção e frutos deótima qualidade.
Adubação e calagem
A cultura da acerola se adapta a diferen-tes tipos de solos. Entretanto, os solos maisadequados ao seu cultivo são os de fertili-dade mediana e os argiloarenosos. A faixade pH considerada como ótima para acero-leira está entre 5,5 e 6,5, com saturação por
bases em torno de 70%. Devem ser evita-dos os solos muito arenosos, argilosos emal drenados – principalmente em áreas
irrigadas, onde há risco de salinização –,assim como os muito rasos.
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Resultados de pesquisa indicam que a
aceroleira é moderadamente tolerante aoestresse salino. Sabe-se que as plantas jo-vens são sensíveis à salinidade, e que o teorde sais presente na água de irrigação afeta agerminação e o desenvolvimento inicial
das mudas, provocando redução de até 77%no desenvolvimento das plantas quando acondutividade elétrica chega a 4,5 dS/m.
O método mais simples, barato e rápido
para se avaliar a fertilidade do solo é pormeio de análise química. No laboratório,são determinados os valores de pH, os teo-res dos principais nutrientes exigidos pelas
plantas, além daqueles elementos que sãotóxicos, como o alumínio (Al) e o sódio(Na). Essas informações são importantes
para o planejamento da adubação e cala-gem adequadas às necessidades da cultura,
para se corrigir problemas de salinidade e,também, para monitorar as principais
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alterações químicas do solo ocorridas pelo
uso. No entanto, se a amostra não for repre-
sentativa da área, a análise poderá levar arecomendações errôneas, por melhor que
seja a qualidade do serviço prestado pelolaboratório responsável pela análise.
Uma amostragem bem feita deve obser-var as seguintes considerações:
• Inicialmente, deve-se dividir a áreada propriedade em áreas menores ehomogêneas, levando-se em conta atopografia (baixada, plana, encostaou topo), a vegetação ou cultura exis-tente, o tipo de solo e cor (amarelo,vermelho, cinza ou preto), a textura(argilosa, média ou arenosa), o graude erosão, a drenagem e, finalmente,
o uso (virgem ou cultivado, adubadoou não) (Figura 8).
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Figura 8. Esquema de amostragem no campo em função das
características do solo, uso e paisagem.Ilustração: José Clétis Bezerra.
• Deve-se percorrer cada área homo-
gênea em forma de zigue-zague (Fi-gura 8), coletando-se 20 amostrassimples, a uma profundidade de 0 cma 20 cm, e outras 20, a uma profundi-dade de 20 cm a 40 cm, colocando-seo solo em baldes plásticos limpos.Mistura-se todo o solo coletado de
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cada profundidade e, dessa mistura,
retira-se uma amostra com aproxima-damente 0,5 kg a 1,0 kg de solo. Essasamostras de solo devem ser colocadasnum saco plástico limpo e, antes de seenviá-las ao laboratório de análises de
solo, faz-se sua identificação comdata, profundidade, local, responsável
pela coleta e outras informações dohistórico de uso da área.
• Em pomares já estabelecidos, asamostras devem ser coletadas na pro-
jeção da copa das plantas de acerola,nos espaços correspondentes às fai-xas em que se distribuem os fertili-
zantes. Também devem ser retiradasamostras nas profundidades de 0 cma 20 cm e 20 cm a 40 cm. A épocarecomendada para amostragem éapós uma colheita e antes de se efe-
tuar a adubação de base para o novociclo de produção.
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• A amostragem deve-se repetir todos
os anos, guardando-se sempre os re-sultados da análise anterior.
• No caso da existência de cultura in-tercalar, ou quando se desconhece ascaracterísticas do solo antes da insta-lação do pomar, recomenda-se aindafazer uma amostragem de solo no es-
paço das entrelinhas, seguindo-se amesma metodologia descrita ante-riormente.
• Evita-se a coleta de amostras em lo-cais de formigueiro, com restos delixo, de coivara ou próximos acurrais.
• Antes da coleta, deve-se limpar a su- perfície do terreno, caso haja matoou resto vegetal.
• A amostragem é facilitada quando o
solo está um pouco úmido. As amos-tras simples podem ser coletadas
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com trado, com cano galvanizado de
1 pol. ou ¾ pol., ou, ainda, com en-xadeco e pá reta (Figura 9).
Figura 9. Ferramentas utilizadas na coleta de amostras de
solo.Ilustração: Alessandra M. Salviano
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Figura 10. Representação da forma de coleta de amostras de
solo utilizando-se enxadeco ou pá reta.Ilustração: Clementino Marcos Batista de Faria
Ao se usar o enxadeco ou a pá reta, a
amostra simples deve corresponder a umafatia estreita de terra, com 0 cm a 20 cm de
profundidade. Deve-se observar para quetodas essas amostras sejam coletadas na
mesma profundidade e tenham o mesmovolume (Figura 10).
Embora a aceroleira seja uma plantarústica, facilmente adaptável aos mais va-
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riados tipos de solo, seu cultivo requer ma-
nejo correto da adubação e nutrição.A fertilização é uma das práticas mais
importantes para o aumento da produtivi-dade. Para que os nutrientes proporcionem
adequado retorno dos investimentos reali-zados, sua aplicação deve ser feita de ma-neira correta. O uso eficiente de fertilizantesreflete-se no aumento da produção por unida-de de nutrientes aplicados. De modo inverso,
a ineficiência no uso significa baixa produti-vidade e baixo lucro, resultados que podeminviabilizar o retorno dos investimentos.
Para que o produtor de acerola possa
manejar racionalmente os fertilizantes, teránecessariamente que adotar algumas técni-cas básicas e essenciais de manejo, descri-tas a seguir:
• Análise do solo – é um excelente meiode se diagnosticar, com menor proba-
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bilidade de erro, o fertilizante e a quan-
tidade que devem ser aplicados.• Análise foliar – essa análise tornou-
se, nos últimos tempos, um impor-tante recurso para a diagnose de pro-
blemas nutricionais, principalmenteem culturas perenes. Quando asso-ciada à análise de solo, proporcionaorientação segura no manejo dosnutrientes.
• Observação dos sintomas de deficiên-cia de nutrientes – esse exame permi-te a identificação visual da deficiênciade nutrientes em plantas para a previ-
são dos problemas do pomar.• Conhecimento dos fatores que afe-
tam a disponibilidade de nutrientes –é fundamental, principalmente para a
tomada de decisões acerca da aplica-ção de micronutrientes. Esses fatores
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compreendem, entre outros, o nível
do pH do solo, a presença do alumí-nio em níveis tóxicos, a textura dosolo e a disponibilidade de água.
O histórico da área a ser cultivada tam-
bém é de grande valia na otimização oumaximização do uso e eficiência dos fertili-zantes.
No caso da aceroleira, essas técnicas e co-nhecimentos são de primordial importância,
pois, por se tratar de uma cultura de explora-ção comercial recente no Brasil, há pouca in-formação disponível a respeito da adubação eda nutrição nas condições de clima e de solo
das áreas irrigadas do Nordeste.Em estudos desenvolvidos em Porto
Rico, foram assinalados os principais pro- blemas e sintomas de deficiências nutricio-
nais apresentados pela aceroleira cultivadaem solução nutritiva:
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• A eliminação do nitrogênio (N) da
solução nutritiva foi o fator que maisdeteve o crescimento e a produçãodas plantas.
• A deficiência de fósforo (P), boro (B),
enxofre (S) e ferro (Fe) não teve efei-to tão nocivo sobre o crescimento das plantas quanto o produzido pela ca-rência de N, porém, a produção defrutos diminuiu drasticamente.
• A deficiência de magnésio (Mg) emanganês (Mn) teve efeito poucosignificativo sobre o crescimento e a
produção das aceroleiras.
• A falta de potássio (K) diminuiu o di-âmetro dos ramos e o tamanho dosfrutos.
• A deficiência de cálcio (Ca) retardou
de modo significativo o crescimentodas plantas.
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• Os índices mais altos de N foram en-
contrados em folhas de árvores defi-cientes em S e Fe.
• As plantas deficientes em N apresenta-ram alta concentração de P nas folhas.
• As árvores deficientes em P nãoapresentaram nenhum sintoma.
• Os menores níveis de Fe foram ob-servados nas folhas de plantas defi-cientes em Ca.
• Os sintomas mais sérios de deficiên-cia de N provocaram o amareleci-mento total e a queda das folhas.
N e K são os elementos extraídos emmaior quantidade pelos frutos. Esse fatoevidencia a importância desses elementosna nutrição da planta e dá grande destaqueà necessidade de que os mesmos lhe sejam
adequadamente repostos para que sua pro-dutividade seja satisfatória.
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Uma vez que a aceroleira se desenvolve
e produz satisfatoriamente em solos com pH entre 5,5 e 6,5, é indispensável que aanálise química do solo seja feita pelo me-nos a cada dois anos, para que se possa ava-liar a necessidade não só da aplicação de
corretivos como da adequação dos níveisde cálcio e magnésio.
Pelos estudos realizados com o mesmonível de pH, ficou ainda evidente que a ace-
roleira apresentou sistema radicular maisvigoroso, as árvores cresceram com maiorforça, apresentaram folhagem verde-escura e propiciaram maior produtividade.A aplicação de calcário aumentou, ainda, o
conteúdo de ácido ascórbico dos frutos.A calagem configura-se, assim, como práti-ca indispensável no cultivo da acerola.
A quantidade de calcário a ser aplicada
deve sempre basear-se nos resultados daanálise química do solo, pois, caso contrá-
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rio, poderá ocorrer a supercalagem, em que
o pH do solo atingiria valores acima de 7,0. Nesse caso, pode haver perda de N por vo-latilização; desequilíbrio entre os nutrien-tes Ca, Mg e K, com redução na absorçãodo último; e redução também na disponibi-lidade de Cu , Fe, Mn e Zn.
O cálculo da necessidade de calagem(NC) pode ser feito pelo método da eleva-ção da percentagem de saturação por bases
(V) para 70%, conforme a equação aseguir:
:
NC = necessidade de calagem, t/ha, na ca-mada de 0 cm a 20 cm de profundidade
V 2 = valor da saturação por bases desejada
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V 1 = valor da saturação por bases, forneci-
do pela análise do soloCTC = capacidade de troca de cátions dosolo, em cmolc/dm3
A NC também pode ser calculada pelos
métodos do Ca2+ + Mg2+ e do Al3+:(1) NC = [2 x Al ] + [3 - (Ca + Mg )] (cultivoirrigado), sendo:
(2) NC = f x Al (sequeiro)
NC = f x [2 - (Ca + Mg )] (sequeiro)
NC = necessidade de calagem, t/ha, na ca-mada de 0 cm a 20 cm de profundidade
Al = teor de alumínio trocável do solo, for-necido pela análise do solo
Ca = teor de cálcio trocável do solo, forne-cido pela análise do solo
Mg = teor de magnésio trocável do solo,fornecido pela análise do solo
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f = 1,5; 2,0 e 2,5, para solos com teor de
argila 35%,respectivamente.
A escolha do método deverá ser baseadaem critérios como textura e capacidade
tampão do solo.O sucesso da calagem depende, entre-
tanto, das características do corretivo, dadosagem e do método de aplicação do pro-dutor. É indispensável que o produtor deacerola dispense cuidados especiais à adu-
bação e à correção do solo, para que possa,efetivamente, conseguir uma relação custo/
benefício viável.
Assim como a calagem, a adubação daaceroleira deverá ser baseada nos resulta-dos de análise de solo e no potencial de res-
posta ao fertilizante.
As quantidades de nitrogênio (N), fósfo-ro (P2O
5) e potássio (K
2O) recomendadas
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para o Estado de Pernambuco são apresen-
tadas nas Tabelas 1 e 2.Tabela 1. Adubação com N, P
2O
5 e K
2O recomendada para a
cultura da acerola irrigada em função dos teores dos nutrien-tes no solo, com produtividade esperada de 70 t/ha.
Teor no solo
Implantação Produção (ano)
PlantioCresci-mento
1º 2º3º emdiante
N (g/planta)
- 100 150 200 250
P (mg/dm3
) P2O5 (g/planta)< 10 120 - 100 120 120
10 – 20 80 - 80 90 90
21 – 40 40 - 40 60 60
> 40 20 - 20 30 30
K (cmolc/dm3) K 2O (g/planta)
< 0,12 60 120 150 200 240
0,12 – 0,23 40 90 100 140 180
0,24 – 0,40 20 60 60 80 100
> 0,40 - 30 30 40 60
Fonte: Cavalcanti (2008).
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Cavalcanti (2008) recomenda também,
para cultivos irrigados, a aplicação de 4,5 e1,0 g/planta de Zn e B, respectivamente, no
Tabela 2. Adubação com N, P2O
5 e K
2O recomendada para a
cultura da acerola (cultivo de sequeiro) em função dos teores
dos nutrientes no solo, com produtividade esperada de 15 t/ha.
Teor no soloImplantação Produção (ano)
Plantio Crescimento 2º em diante
N (g/planta)
20 800 240
P (mg/dm3) P2O
5 (g/planta)
< 11 120 - 100
11 – 20 80 - 80
> 20 50 - 50
K (cmolc/dm3) K
2O (g/planta)
< 0,12 120 100 200
0,12 – 0,23 80 60 160
> 0,23 50 40 120
Fonte: Cavalcanti (2008).
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plantio, e uma vez por ano, na fase de
produção.Quanto à adubação orgânica, apesar das
poucas experiências realizadas, seu uso érecomendável, primeiro, por ocasião do
plantio e, depois, uma por ano, em cobertu-ra, sob a projeção da copa na fase de produ-ção, utilizando-se 20 L/planta de esterco
bem curtido. Deve ser incentivada nos so-los arenosos da região semiárida do Nor-
deste do Brasil pela pobreza em matériaorgânica e pela proteção que essa adubaçãooferece contra a insolação direta – e conse-quente evaporação. Além disso, sabe-se quea utilização de matéria orgânica produz sen-sível melhoria nas características físicas,químicas e biológicas do solo. Os macro emicroelementos presentes em sua composi-ção favorecem não só o crescimento e de-
senvolvimento das plantas, como também a produção e qualidade dos frutos.
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Preparo do solo
O preparo do solo para a implantação do pomar de aceroleira assemelha-se ao exe-cutado para outras espécies frutíferas.Compreende operações de roçagem, desto-ca, aração, gradagem, subsolagem (quando
for constatada a presença de camadas com- pactadas e/ou adensadas), e preparo da redede drenagem, se necessário. O terreno deveser arado e gradeado para que possa ofereceras condições mínimas necessárias ao desen-volvimento inicial da planta. A aração é feitacom máquinas ou, no caso das áreas de pe-quenos fruticultores, com tração animal.
Na marcação do terreno para a abertura
das covas, vários sistemas de traçado sãoadotados: quadrado, retângulo, triânguloequilátero ou quincôncio (linhas de covasalternadas). A determinação do espaçamen-to e do sistema de tração depende, basica-
mente, da maior ou menor fertilidade natu-ral do solo e do sistema de exploração
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– mecanizado ou não. Em geral, nas áreas
irrigadas do Nordeste brasileiro, tem sidoadotado o traçado em retângulo, usando-seo espaçamento de 4 m x 4 m ou 4 m x 3 m.
Considerando-se a eventual necessidadede uso mais eficiente da área, pode-se ini-
cialmente adotar um espaçamento maisdenso, de 4 m x 2 m, e, a partir do segundoano, eliminar uma em cada duas plantas nafileira, retornando-se ao espaçamento de4 m x 4 m. A utilização do sistema de traça-do em quincôncio aumenta a densidade de
plantio e possibilita que haja, na mesmaárea, até 15% a mais de plantas.
As covas podem ser no próprio sulco
quando se usa sistema de irrigação por gra-vidade. Devem medir 40 cm ou 60 cm dediâmetro, nas três dimensões, e podem serabertas manualmente (enxada ou outra fer-ramenta) ou mecanicamente, principalmen-
te nas grandes áreas, em razão do maiorrendimento alcançado (Figura 11).
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Figura 11. Cova aberta comtrado de rosca vertical (A);rosca helicoidal horizontal(B); cova aberta com tradohorizontal (C); enxada rota-tiva coveadora (D); cova
semicircular aberta com co-veadora mecânica (E).
F o t o s : J o s é B a r b o s a d o s A n j o s
A
B
DC
E
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Propagação e preparo de mudas
A produção de mudas da aceroleira podeser por sementes, estaquia e enxertia.
O uso de sementes é o método mais co-mum. As sementes são retiradas de frutos
maduros, colocadas para secar a sombra e podem permanecer armazenadas por até4 meses na geladeira. Devem ser semeadasem canteiros com 0,15 m de altura, 1,20 mde largura e comprimento variável, ou em
sacos de poliestireno perfurados (Figu-ra 12), com dimensões de 20 cm x 15 cm ou6 cm x 25 cm, dependendo da disponibili-dade da área no viveiro. Geralmente, as se-mentes são plantadas na profundidade de
1 cm, em número de 5 a 10, por recipiente,e em substrato formado por solo e esterco(3:1 v/v). As mudas produzidas nesse mé-todo devem permanecer em local sombrea-do e serem irrigadas diariamente.
As sementes germinam entre 18 a30 dias após a semeadura, porém, as taxas
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de germinação são baixas (20% a 30%).
Além disso, fatores como a alta variabilida-de das plantas e dos frutos, bem como a de-suniformidade da produção e da frutificaçãonão tornam esse processo recomendável.
Figura 12. Muda de aceroleira produzida em recipiente de plástico.
F o t o : M a r c e l o C a l g a r o
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A estaquia é um método bastante utiliza-
do em fruticultura, por ser de fácil execuçãoe manter as características da planta matriz ea uniformidade das plantas e da produção. Éum dos mais recomendados para a formaçãode mudas frutíferas em pomares comerciais.
A estaquia assegura maior precocidade na produção de mudas e plantas geneticamenteidênticas às de origem, ou seja, os “clones”.Os pomares implantados na região do Sub-
médio São Francisco, com mudas prove-nientes de estacas, iniciaram a frutificaçãoentre 5 a 12 meses após o plantio no localdefinitivo.
O material propagativo usado na estaquiaconsiste em estacas semilenhosas jovens, re-tiradas preferencialmente da parte apical doramo (Figura 13), com três nós e dois paresde folhas, coletadas de plantas matrizes pré-
selecionadas, produtivas e sadias. Enterra-se1/3 da estaca em terra misturada com areia
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ou vermiculita, em câmara de nebulizaçãointermitente, com temperatura e umidade
controladas. Após 50 a 60 dias do plantio, as
estacas enraizadas são transplantadas para
sacos plásticos de 16 cm x 25 cm (2 L), con-tendo uma mistura de terra mais matéria
Figura 13. Detalhe da localização do ramo de aceroleira na planta e ampliação do ramo para retirada da estaca destinadaà produção da muda.
F o t o : M a r c e l o C
a l g a r o
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orgânica (3:1 v/v). Quando atingirem entre
15 cm a 20 cm de altura, devem ser levadas para o campo. Essa etapa ocorre entre 3 a5 meses após o enraizamento.
Outro método que pode ser utilizado na
produção de mudas da acerola é a enxertia.É um método simples e de fácil execução.Dos vários tipos de enxertia existentes, doisdeles apresentam melhores resultados e são
bastante utilizados: a borbulhia de placa em janela aberta e a garfagem no topo em fendacheia, proporcionando um pegamento acimade 70%. Os porta-enxertos são provenientesde sementes pelo método já descrito. Quan-
do a muda estiver com 4 a 6 meses, ou diâ-metro maior que 0,5 cm, e a 10 cm ou 15 cmde altura do solo, realiza-se a enxertia.
Embora haja maior rapidez na obtenção
da muda de acerola quando se usa estaquiaao invés da enxertia, o uso desse último
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método apresenta algumas vantagens em
relação à estaquia. As mudas propagadas por enxertia têm um sistema radicular maisvigoroso, que explora maior volume desolo. Além disso, a presença da raiz pivo-tante na muda obtida por enxertia dá maiorfirmeza à planta no solo, um efeito que deveser levado em consideração, principalmentena implantação de pomares em áreas sujei-tas a ventos fortes, como as irrigadas do
Nordeste, sobretudo no segundo semestredo ano. Ainda que em pequena escala, tem-se observado na Região do Submédio SãoFrancisco o tombamento de plantas de ace-roleira, provenientes de estaca, pela açãodos ventos fortes. Essas mudas, quando per-manecem no campo, apresentam, em geral,um crescimento tortuoso do tronco, dandoorigem a plantas com copas malformadas.
Nas áreas irrigadas do Submédio São Fran-cisco, observou-se também um maior ataque
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de nematoides em pomares formados com
mudas provenientes de estaquia em relaçãoaos implantados com mudas de enxertia.
A enxertia também é utilizada no pro-cesso de substituição de copa em pomares
já formados, quando se quer substituir umavariedade plantada por outra. Nesse caso,faz-se uma poda drástica da copa, a uma al-tura de 30 cm ou 40 cm, deixando surgiruma nova brotação, visando à formação de
novos ramos, de preferência os mais eretos.A garfagem no topo em fenda cheia deveser realizada quando os ramos apresenta-rem diâmetro igual ou superior a 0,5 cm.
As mudas, propagadas por estaquia ou por enxertia, devem ser adquiridas de vi-veiros certificados ou produtores creden-ciados e idôneos. Esse aspecto é de sumaimportância, pois o sucesso da fruticultura
depende essencialmente da qualidade damuda utilizada.
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Plantio
Quando a muda atinge a altura de 30 cma 40 cm, faz-se o plantio no local definiti-vo. Cada planta é amarrada a um tutor paraorientar seu crescimento (Figura 14). Essa
prática é indispensável, pois a maioria dasmudas de acerola tem hábito de crescimen-to inicial bastante esparramado, o que é
Figura 14. Planta de aceroleira tutorada no local denitivo.
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preciso evitar, para não prejudicar nem o
desenvolvimento inicial da planta, nem aformação básica da copa.
A condução inicial exige um tutor (esta-ca) resistente, no qual será feita a amarra-
ção da planta. Para evitar o estrangulamento,o tutor deve ser colocado com afastamentode 10 cm a 15 cm da planta, conduzindo aamarração e formando um oito entre o cau-le e o tutor.
O plantio das mudas deve ser feito de talmaneira que o colo (região entre as raízes eo tronco) fique um pouco acima do nível dosolo. Na prática, planta-se a muda deixando
o torrão em um nível ligeiramente superiorao do solo. Nas áreas irrigadas, o plantio pode ser realizado em qualquer época doano. É recomendável, entretanto, que asmudas sejam plantadas em dias nublados
ou horas mais frescas do dia, a fim de au-mentar o índice de “pegamento”.
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Logo após o plantio – e caso não chova –,
recomenda-se regas leves, cuja frequênciase dá de acordo com o tipo de solo. Em solosarenosos, as regas devem ser mais frequen-tes, e em solos argilosos, menos frequentes.O plantio das mudas em áreas dependentesde chuva deve ser feito no início do períodochuvoso.
Podas e raleio
Após o “pegamento” da muda no localdefinitivo – comprovado pela saída de bro-tos novos –, são necessárias podas de forma-ção para conduzir a planta, em haste única,até a altura de 50 cm a 60 cm do solo. Daíem diante, deve-se orientar a brotação de 3 a4 ramos bem localizados, distribuídos sime-tricamente e em espiral, que formarão a es-trutura básica da copa. Quando a haste
principal alcançar aproximadamente 50 cma 60 cm de altura, faz-se o desponte a fim de
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diminuir sua dominância apical sobre os ra-
mos principais, e deixando a copa, a partirdesse desponte, formar-se à vontade.
A aceroleira produz brotações contínu-as, principalmente quando cultivadas sob
irrigação – caso do Vale do Rio São Fran-cisco –, tornando-se necessária a elimina-ção periódica dos ramos ladrões e mallocalizados nas 3 ou 4 pernadas ou galhos
principais escolhidos, e também nos ramossecundários e subsequentes que surgirem.Com isso, reduz-se o peso dos ramos e evi-ta-se que se quebrem, principalmente nolocal de inserção no tronco.
É conveniente proceder também às po-das para eliminar as brotações que se diri-gem para baixo, ou surgidas a partir dos 3ou 4 ramos principais. Essa prática é indis-
pensável para evitar que esses ramoscubram o solo na área de projeção da copa
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e dificultem a irrigação, adubação e outras
práticas. É igualmente necessário eliminaras brotações que surgem nas pernadas ouramos principais até 10 cm a partir do tron-co, sobretudo aquelas voltadas para o inte-rior da copa, para possibilitar a formação deuma copa mais aberta e arejada no centro. Aeliminação desses ramos permite maior pe-netração da luz no interior da planta.
A poda dos ramos indesejáveis deve serexecutada tão logo surjam as brotações, paraevitar que a planta gaste energia com ramosque, mais tarde, terão necessariamente queser podados. Quando a poda de formação é
feita tardiamente, além de ser mais trabalho-sa e cara, pode determinar a formação deuma copa defeituosa (Figura 15).
Em plantas adultas bem formadas e já em
produção, as podas são feitas para reduzir aaltura da copa, que não deve ser superior a
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3 m, pois dificulta e onera a colheita. Cor-
tam-se os galhos muito vigorosos e mal lo-calizados, que prejudicam tanto a operaçãode colheita como qualquer outra prática cul-tural. É importante que a poda corretivaseja efetuada sistematicamente após cada
ciclo de produção ou sempre que necessá-ria, de modo a manter as plantas na altura
Figura 15. Planta de aceroleira sem formação básica dacopa.
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padrão do pomar, e com uma copa bem are-
jada, que possibilite a penetração da luz dosol.
Irrigação
Acerola desenvolve-se bem com um vo-
lume de água entre 1.000 mm e 2.000 mm, por ciclo. Entretanto, a acerola é uma cultu-ra que também tolera seca. A irrigação podeser usada para regular os ciclos florais, já
que, sob condições de irrigação, a acerolei-ra pode florir durante todo ano.
A irrigação da aceroleira é uma práticanecessária, uma vez que o cultivo econômi-co da cultura se adapta bem a locais onde as
precipitações são escassas e distribuídas demaneira irregular, como é o caso do Nor-deste brasileiro. Quando cultivada em regi-ões com boa distribuição de chuvas, a
aceroleira produz de maneira satisfatória,sem o uso da irrigação. Porém, quando essa
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técnica é empregada, a planta pode facil-
mente dobrar a produção, tornando a práti-ca de irrigar economicamente viável.
O principal objetivo da irrigação é for-necer água às culturas de maneira econômi-
ca e eficiente, de modo que a quantidade deágua seja suficiente para atender às neces-sidades hídricas das plantas em suas dife-rentes fases de desenvolvimento.
A cultura da acerola, de maneira geral,adapta-se a diversos sistemas de irrigação,desde a aspersão convencional (Figura 16),
passando pela irrigação por sulcos, até a lo-calizada (Figuras 17 e 18). Nessa última,
tem-se maior controle da quantidade deágua aplicada, possibilitando a fertirriga-ção, ou seja, a distribuição dos adubos demodo solúvel na água de irrigação e em pe-
quenas quantidades, aumentando a eficiên-cia da cultura na absorção dos nutrientes.
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Figura 16. Irrigação por aspersão.
Figura 17. Irrigação por microaspersão.
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Figura 18. Irrigação por gotejamento.
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A irrigação localizada usada no cultivoda acerola subdivide-se, basicamente, em
dois sistemas similares, diferenciadosquanto ao tipo de emissores usados na apli-cação da água. Na irrigação localizada pormicroaspersão, usam-se emissores com va-
zões que variam de 20 L/h a 75 L/h, e asper-gem água formando, normalmente, círculos
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molhados na superfície do solo. No goteja-
mento, usam-se emissores que liberam águaa vazões que variam entre 0,5 L/h a 5,0 L/h,de forma pontual, formando um círculo ir-regular molhado sobre a superfície do solo,
e no seu perfil, um bulbo molhado. A carac-terística que difere a irrigação localizada deoutros tipos de irrigação é que, nessa, procu-ra-se aplicar água somente no volume de
solo explorado pelas raízes das plantas, re-duzindo o volume ministrado e possibilitan-do menores perdas de água e nutrientes, por
percolação e lixiviação, respectivamente.
A demanda de água exigida pela cultura pode variar de acordo com o tipo do solo,época do ano e os diferentes estádios de de-senvolvimento da planta, sendo mais críti-
cas as fases de brotação, emissão do botãofloral e formação dos frutos.
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Com relação à quantidade de água a ser
aplicada em cada irrigação, devem ser con-siderados alguns fatores, como: profundida-de efetiva do sistema radicular (profundidadedo solo onde se concentra cerca de 80% dasraízes), capacidade de armazenamento deágua no solo e demanda atmosférica.
A profundidade efetiva do sistema radi-cular da aceroleira ainda não foi devida-mente determinada, pois pode variar deacordo com as condições edafoclimáticasde cada região e também com as varieda-des. Porém, pode ser usado o valor de 0,6 mcom a planta em plena produção.
Uma das maneiras de estimar a quanti-dade de água requerida pela planta é pormeio da evapotranspiração de referência( ETo, em mm). Para saber a evapotranspi-
ração de uma determinada cultura ( ETc,em mm), multiplica-se a ETo por um coe-
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ficiente de cultivo ( Kc), que nada mais é
que um fator de ajuste, dependente das con-dições de cultivo da cultura e das condiçõesedafoclimáticas do local.
Para as condições edafoclimáticas de
Fortaleza, CE, a evapotranspiração da ace-roleira foi em média 5,1 mm/dia, com extre-mos que variaram de 4,4 mm/dia a 8,0 mm/dia, e Kc variando de 0,70 a 1,45, com mé-dia de 0,98. Para a aceroleira nas mesmas
condições climáticas, porém com a deman-da hídrica estimada em lisímetros de pesa-gem e cultura com 1 ano de idade, foi obtido
Kc médio de 1,64, e variação de 0,66 a 1,78 para os Kcs nos meses de agosto e novem- bro, respectivamente. Portanto, o uso de Kc da laranjeira, como recomendado emmuitas publicações sobre acerola, pode vir asubestimar o volume de água a ser aplicado
à cultura e, consequentemente, não obter a produtividade esperada.
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O resultado encontrado (ETc), dividido
pela eficiência de aplicação do sistema(Ea), resulta na lâmina bruta de água (Lb,em mm) que deve ser fornecida à planta,como pode ser visto no exemplo:
ETc = ETo (9,0) x Kc (0,80) = 7,2 mm Lb = 7,2 mm / 0,9 = 8,0 mm
Outra maneira de estimar a quantidade
de água a ser aplicada, é através da evapo-ração do tanque Classe “A”, conforme oexemplo a seguir, em que a lâmina bruta deirrigação é calculada através da seguinte
expressão:
Lb = kp x Kc x Ev , em que
Ea
Lb = Lâmina bruta (mm)
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Para:
kp = Coeficiente de tanque (0,75) Kc = Coeficiente de cultivo (0,80 para acultura em plena produção)
Ev = Evaporação do tanque Classe “A”
(9,0 mm/dia)
Ea = Eficiência de aplicação de água emdecimal (0,90)
Lb = 0,75 x 0,80 x 9,0 0,90
Lb = 6,0 mm/dia
Com o resultado da lâmina bruta de irri-gação, pode-se calcular o tempo de irriga-
ção a ser aplicado, e isso vai depender dosistema de irrigação, da vazão do aspersor
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ou dos emissores, e da área molhada, no
caso de irrigação localizada.Uma das grandes vantagens da utiliza-
ção da irrigação localizada é a possibili-dade de se realizar a aplicação de nutrientesna água, técnica essa conhecida como fer-tirrigação. Essa técnica permite que os fer-tilizantes sejam aplicados de maneira
parcelada durante o ciclo de cultivo, possi- bilitando dessa forma, uma melhor absor-
ção dos nutrientes pelas plantas. No entanto, é de fundamental importân-
cia salientar que a prática da fertirrigaçãoexige conhecimentos técnicos não só dosadubos a serem aplicados, mas, também,dos cálculos das dosagens utilizadas, já queos adubos podem causar problemas de cor-rosão aos equipamentos de irrigação, au-mentando as perdas de carga no sistema de
irrigação, através do entupimento dosemissores.
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A técnica de fertirrigação é normalmen-
te realizada com uso de equipamentos que possibilitam a injeção dos adubos solúveisàs tubulações com água, sendo os mais usa-dos o injetor tipo Venturi e as bombas elé-
tricas (Figuras 19 e 20). O Venturi énormalmente feito de polipropileno ouPVC (Figura 19). Os injetores são utiliza-dos para aspirar, criando uma pressão nega-
tiva (caso do Venturi), ou pressurizar (casode bombas elétricas) a solução de produtosquímicos diluídos em água, auxiliando nasua incorporação (Figura 20).
Para que a aplicação de fertilizantes viaágua de irrigação seja feita da maneira cor-reta, devem-se seguir alguns passos. Inicial-mente, liga-se o sistema para que funcione
durante 15 a 20 minutos, de modo que hajauma equalização da pressão e da vazão. Em
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Figura 19. Injetores do tipo Venturi.
Figura 20. Esquema de montagem de um injetor elétrico.
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seguida, o fertilizante deve ser injetado no
sistema de irrigação. Na última etapa, deve-se deixar o sistema ligado até completar otempo total de irrigação, visando à distribui-ção dos fertilizantes, lavagem do sistemade irrigação e carreamento dos fertilizantes
para as camadas do solo com maior con-centração de raízes. Esse tempo não deveser inferior ao necessário para a água per-correr o caminho do ponto de injeção de
fertilizantes até o último emissor da parcelairrigada, ou a mais distante do injetor.
Consorciação
É viável o plantio de culturas intercala-res em pomares de aceroleira, embora essa
prática esteja sujeita a algumas restrições.A principal delas diz respeito ao método deirrigação, já que a consorciação é mais uti-
lizada quando se adota a irrigação por as- persão, ou durante o período chuvoso.
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Nessa época, entretanto, ela pode tornar-se
uma atividade pouco atraente, em virtudeda irregularidade temporal e espacial das precipitações, tal como ocorre na região Nordeste do Brasil. Se a irrigação é locali-zada, a intercalação de culturas só pode ser
feita entre plantas ao longo da fileira. Po-rém, se o produtor se dispuser a movimen-tar as linhas laterais dos sistemas deirrigação localizada – por gotejamento ou
microaspersão –, será possível intercalaroutras culturas entre as fileiras de acerolei-ras. Ainda no caso dessa irrigação, há pos-sibilidade de se montar os microaspersorescom microtubos mais compridos, de forma
que apenas os microaspersores se movi-mentem na direção do centro da linha.
Entre as culturas consorciáveis com aaceroleira incluem-se o feijão, o milho, o
mamão, a batata-doce, a melancia, o melãoe algumas hortaliças (quiabo, berinjela,
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pimentão e pimentas), além de culturas de
maior porte, como é o caso do coco e docacau (Figura 21). Apesar da possibilidadedesses consórcios, é importante não perderde vista que algumas dessas espécies po-
dem ser atacadas por pulgões transmissoresde doenças viróticas.
Figura 21. Plantio consorciado de aceroleira, coqueiro ecacaueiro.
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Mas tendo em vista o alto padrão de
qualidade exigido pelo mercado importa-dor, não se aconselha a consorciação, poiso produtor de acerola deve dispensar aten-ção máxima à obtenção de frutos que aten-dam aos padrões internacionais de qualida-
de. A consorciação pode e deve ser pratica-da apenas durante a fase de formação do
pomar de aceroleira, como forma de amor-tizar ou tornar mais rápido o retorno dos
investimentos realizados. Não obstante as restrições à consorcia-
ção, assinaladas no caso do cultivo da ace-rola voltada à exportação, a adoção dessesistema pode ser útil, sobretudo nas peque-nas áreas. Deve-se escolher culturas de ci-clo curto, notadamente, aquelas não atacadas
por pulgões, a fim de favorecer o incremen-to da renda familiar. Ao evitar que as áreas
sejam cultivadas exclusivamente com cul-turas permanentes, a consorciação permite
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ao pequeno fruticultor fazer uso mais efi-
ciente da terra e da mão de obra, diversifi-cando sua produção.
A consorciação também poderá ser feitacultivando-se espécies vegetais destinadas
a adubação verde. Assim, além do enrique-cimento do solo, faz-se indiretamente ocontrole de espécies indesejáveis (mato).Deve-se apenas ter o cuidado para que as
plantas não atrapalhem a distribuição da
água, no caso, pelo microaspersor. Tambémé importante não fazer o plantio muito pró-ximo da aceroleira, tomar cuidado com rela-ção às espécies que apresentam gavinhas,como as plantas enroladeiras, a exemplo damucuna ( Mucuna cinereum). As espécies aseguir podem ser utilizadas na adubaçãoverde: crotalárias (Crotalaria spp.), gerge-lim (Sesamum indicum L.), girassol
( Helianthus annuus L.), mamona ( RicinuscommunisL.), sorgo ( Pennisetum glaucumL.),
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feijão-guandu (Cajanus cajan), amendoim
forrageiro ( Arachis pintoi), soja comum(Glycine max), entre outras.
Controle de Invasoras
As plantas invasoras interferem no de-
senvolvimento das aceroleiras, sobretudoem pomares recém-instalados, pois compe-tem por água, nutrientes, espaço e luz. Essacompetição causa grandes prejuízos à cul-
tura, uma vez que a interferência reduz a produtividade e também a qualidade dosfrutos de acerola. As plantas daninhas pre-sentes na área dificultam o manejo, espe-cialmente as operações de irrigação,
adubação, poda e colheita.Além disso, as plantas invasoras podem
ser hospedeiras de pragas, doenças e nema-toides. A espécie cuscuta (Cuscuta spp.), por
exemplo, pode causar sérios danos a acero-leira, pois é uma parasita obrigatória e retira
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da planta a seiva necessária para sua sobre-
vivência. Pelo seu hábito de crescimento, acuscuta forma um emaranhado de filamen-tos que envolvem totalmente a copa, poden-do infestar as plantas próximas.
Outras plantas invasoras podem ser hos- pedeiras de pragas que transmitem doençasviróticas, como é o caso da beldroega( Portulaca oleracea L.), do caruru-de-espinho( Amaranthus spinosus L.), do pega-pinto
( Boerhaavia difusa L.) e da malva-branca(Sida cordifolia L.), que são plantas dani-nhas hospedeiras do pulgão que causa o en-carquilhamento, a murcha, o secamento defolhas, a redução e a queda prematura de
frutos de acerola.Em áreas irrigadas, a presença das plan-
tas daninhas é muito prejudicial, pois o ope-rador poderá ter dificuldades para manejar o
sistema de irrigação, principalmente, quan-do se tratar de sistemas localizados.
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A aceroleira é uma planta rústica, contu-
do, deve-se manter o pomar livre da concor-rência de plantas daninhas. Para controlaras plantas daninhas em uma área, pode-seoptar pela utilização de vários métodos de
controle ou pela integração de métodos. Omelhor método é o preventivo, evitando ainfestação de novas áreas. Para tanto, deve-se tomar cuidado com o solo utilizado no
preparo das mudas, pois o mesmo podeconter sementes ou propágulos de plantasinvasoras. A limpeza de equipamentos eroupas ao se deslocar de uma área infestada
para outra, isenta de determinada planta da-ninha, é uma prática que deve ser adotada afim de se evitar a disseminação dasinvasoras.
Outro método de controle utilizado é ocultural. Consiste em dar condições às acero-
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leiras de vencerem a competição com as
plantas daninhas. Dessa forma, a seleçãocorreta de espaçamento, densidade de plan-tio, manejo adequado da irrigação, aduba-ção e controle de pragas e doenças, permi-tirão melhor desenvolvimento da cultura e,
consequentemente, maior capacidade desuperar a competição com as plantas invaso-ras.
Em áreas infestadas por plantas dani-
nhas, pode-se adotar o método mecânico decontrole, seja o manual (capina) ou o meca-nizado (uso de equipamentos motorizados).Recomenda-se fazer o coroamento manualdas plantas com enxada. Deve-se fazer ocoroamento em um raio de 1 m ao redor damuda recém-plantada. Quando a aceroleira
já está formada, deve-se fazer a capina até1 m além da projeção da copa. Ao se utili-
zar a capina, deve-se tomar cuidado com osistema radicular, pois a enxada pode dani-
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ficar as raízes se as mesmas estiverem bem
próximas à superfície. Normalmente, emáreas menores, pode-se realizar a capinaentre e dentro das ruas de plantio, com autilização de mecanização à tração animal.
Contudo, o uso constante de máquinas agrí-colas pode formar camadas compactadas,dificultando a penetração do sistema radi-cular e comprometendo o processo de dre-nagem do solo.
Em áreas maiores, onde o rendimentoda capina à tração animal não permite alimpeza da área em tempo hábil, pode-seadotar a capina química, através do uso de
herbicidas, desde que se conheça com cla-reza as plantas daninhas que serão comba-tidas, bem como a especificidade do
produto químico que será utilizado. Nesse
caso, recomenda-se que o agricultor procu-re a assistência técnica especializada.
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Os equipamentos de pulverização de-
vem ser criteriosamente selecionados parase ter a máxima eficiência de controle das
plantas invasoras. Cuidados devem ser to-mados também em relação à utilização dosequipamentos de proteção individual(EPIs), a fim de se evitar a intoxicação doaplicador durante o preparo da calda ou du-rante a pulverização.
Pragas da aceroleiraAs principais pragas que atacam a cultura
da acerola estão descritas a seguir.
Pulgão ( Aphis spiraecola; Aphis
citricidus; Toxoptera citricidus)
Inseto de coloração variando do amarelo-claro, verde-escuro até negro, podendo apre-sentar formas ápteras e aladas. Possui apare-
lho bucal picador-sugador e se alimentasugando a seiva da planta hospedeira.
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Sua ocorrência tem sido observada nas
diferentes regiões produtoras de acerola, eseu ataque varia em intensidade, podendocausar sérios prejuízos à planta. Ao suga-rem a parte final dos ramos, provocam seumurchamento e morte, o que força a plantaa gerar brotos laterais. É comum o ataque aflores e frutos em formação, prejudicando a
produtividade geral da cultura.
Outro tipo de dano bastante comum é a
produção de uma substância adocicada, co-nhecida vulgarmente como “mela”. Essasubstância favorece o aparecimento de for-migas e de fungos conhecidos como “fu-
magina”, que cobrem os tecidos, atrapa-lhando assim o processo de fotossíntese.
Cochonilhas (Orthezia praelonga;
Icerya sp.; Saissetia sp.)
As cochonilhas formam um grupo de in-setos com grande importância agrícola,
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sem que os reais prejuízos estejam plena-
mente quantificados.Das espécies citadas, a que parece ter
maior importância é O. praelonga, por seugrande potencial reprodutivo (em média,
200 ovos/fêmea) e ausência de um controlesatisfatório pelos inimigos naturais, comoocorre em outras espécies. As fêmeas me-dem aproximadamente 2,5 mm, apresen-
tam o corpo coberto com placas céreas eum ovissaco branco, em cujo interior sãoencontrados os ovos.
As cochonilhas, a exemplo dos pulgões,
atacam ramos, brotos, folhas e frutos, su-gando a seiva, inoculando toxinas, reduzin-do a atividade fotossintética, ocasionandodesfolhamento, queda nos frutos e, depen-
dendo da intensidade, levando o tecido àmorte. Também expelem uma substância
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açucarada sobre o tecido vegetal, favore-
cendo o desenvolvimento de fumagina.Mosca-das-frutas (Ceratitis capitata)
Essa espécie, conhecida mundialmentecomo mosca-do-mediterrâneo, quando
adulta, mede cerca de 4 mm a 5 mm decomprimento, por 10 mm a 12 mm de en-vergadura. Sua coloração é amarela, as asassão rosadas com listras amarelas sombrea-das, e o tórax é preto na face superior, comdesenhos simétricos brancos. O adulto ovi-
posita na casca do fruto e as larvas (fase emque realmente ocorrem as injúrias), aoeclodirem, penetram no mesmo, destruindo
a polpa, apodrecendo e depreciando os fru-tos para a comercialização, e provocandoainda alterações no gosto e queda precoce.
Percevejo (Crinocerus sanctus)
É um inseto de fácil identificação. Emrepouso, apresenta no dorso uma mancha
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da mesma cor do corpo em forma de X, cir-
cundada por áreas escuras. Ataca os frutosverdes, provocando manchas, causando de-formação e desvalorização comercial, alémde sugar as brotações novas, prejudicandoo desenvolvimento da planta.
Inimigos Naturais
Os inimigos naturais presentes na culturada aceroleira são parte fundamental do ma-nejo de pragas. Os inimigos naturais mais
importantes para as principais pragas são:• Crisopídeos (bicho-lixeiro), sirfídeos e
fungos entomopatogênicos – são con-troladores de pulgões e cochonilhas.
• Coccinelídeos (joaninhas) e Hyme-noptera (vespas) – são controladoresde pulgões.
Nível de Controle e Danos
Na realidade, até o momento, o quadrode pragas e as perdas ocasionadas pelos
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seus ataques não estão ainda perfeitamente
definidos. Apesar de algumas pragas já te-rem sido associadas à cultura e, em deter-minadas circunstâncias, trazerem grandes
prejuízos, não existem ainda estudos que
determinem os níveis populacionais decontrole e de dano econômico.
Manejo Integrado de Pragas
A falta de pesquisa sobre os insetos da-
ninhos da aceroleira e seus inimigos natu-rais, a inexistência de registros de inseticidase acaricidas, e a desuniformidade na flora-ção constituem entrave no controle dessesinsetos. A desuniformidade da floração éum aspecto importante em relação ao usode agrotóxicos, pois uma mesma planta
pode apresentar flores e frutos em diferen-tes estágios de desenvolvimento, podendo
a aplicação do produto ser fitotóxica às flo-res, ter ação sobre os insetos polinizadores
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ou não resultar em uma degradação ade-
quada dos resíduos, por causa do curto pe-ríodo de formação dos frutos.
Para o controle de insetos-praga, devem-se utilizar métodos alternativos e adequa-
dos para cada situação em particular. Toda-via, já existem algumas medidas que poderão ser tomadas com sucesso.
Métodos de Controle de Pragas
Muitas vezes, os insetos fitófagos ultra- passam determinado nível e podem com- prometer a produção. Para que isso nãoaconteça, lança-se mão de determinadas
ferramentas que procuram manter a popu-lação de pragas abaixo do nível de dano.
O monitoramento pela inspeção da la-voura pode detectar as épocas de ocorrên-
cia de insetos-praga e avaliar a necessidadeou não de se tomar medidas de controle.
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Para as cochonilhas, afídeos, percevejos,
etc., a simples inspeção visual detecta osníveis de infestação dos mesmos.
A poda e a destruição de galhos e ramosinfectados por cochonilhas e pulgões em
alta infestação são medidas que reduzem as populações dessas pragas.
O uso adequado de adubação, a irriga-ção e o manejo das plantas daninhas são