Apresentação
Os desastres naturais são responsáveis pela morte de cerca de 4
milhões de pessoas no mundo ao longo do século XX (Committee
for Disaster Research of the Science Council of Japan, em 1989).
Desastres naturais concentram-se nas últimas duas décadas, quando
cerca de 3 milhões de pessoas morreram e outras 800 milhões
foram afetadas negativamente, ocasionando gastos acima de 23
bilhões de dólares (Ogura, 1995).
Uma das causas desse aumento de mortes relacionadas à acidentes
naturais nas últimas décadas, é o crescimento dos centros urbanos e
a consequente concentração populacional.
Estimativa de mortes
causadas por cada tipo de
evento natural, conforme o
levantamento realizado pelo
Committee for Disaster
Research of the Science
Council of Japan, em 1989
(Proin/Capes &
Unesp/IGCE, 1999).
Tsunamis:
Lisboa 1755 – 60 mil mortes
Tsunami 2004 – 226.000 mortes
Terremotos:
- Magnitude 9.5 - Chile, 1960
5700 mil mortes
- Magnitude 9.0 - Japão, 2011
13.333 mil mortes
Vulcanismo:
Monte Tambora, 1815 – 70 mil
Mortes
Vesúvio, 79 – 16 mil mortes
No Brasil
No Brasil, o crescimento dos estudos relacionados à prevenção de
acidentes geológicos é recente, sendo o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) um dos núcleos
pioneiros nesse tema.
Os problemas brasileiros associados a desastres naturais são quase
que exclusivamente associados aos processos geológicos da
dinâmica externa do planeta, dentre eles pode-se citar: os
escorregamentos e processos correlatos, enchentes/inundações,
erosão, assoreamento, subsidência/colapsos.
Acidente x Evento x Risco
Evento: Fato já ocorrido, no qual NÃO FORAM registradas
conseqüências sociais e/ou econômicas relacionadas diretamente ao
fato (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). Rahn (1986) afirma
que "um evento é simplesmente uma ocorrência natural".
Acidente: Fato já ocorrido, no qual FORAM registradas
conseqüências sociais e/ou econômicas relacionadas diretamente ao
fato (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). Rahn (1986) destaca
que "um acidente ocorre quando o acontecimento se efetiva,
gerando danos."
Risco: Condição POTENCIAL de ocorrência de
um ACIDENTE (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999).
Risco Geológico
Ayala Carcedo (1987) apud Ortega (1995), define risco geológico
como "todo processo, situação ou evento no meio geológico, de
origem natural, induzida ou mista, que pode gerar um dano
econômico ou social para alguma comunidade, e em cuja previsão,
prevenção ou correção há de se empregar critérios geológicos".
R = P x C
RISCO = Possibilidade de ocorrência x Consequências
S = P
Suscetibilidade = Possibilidade de ocorrência
Essas equações são esquemáticas pois, para a quantificação da possibilidade
de ocorrência de um processo natural, devem ser considerados diversos
parâmetros, muitas vezes de difícil definição. Por outro lado, as
consequências socioeconômicas que podem ser causadas por um processo
natural também são de difícil determinação
Classificação de Riscos Atual e
Potencial
Ocupação Humana (Proin/Capes &Unesp/IGCE, 1999).
Risco Atual: em áreas já ocupadas, nas quais existe o risco de
consequências sócio-econômicas.
Risco Potencial: em áreas ainda não ocupadas, nas quais há a
possibilidade de ocorrência de processos geológicos que possam
causar danos sócio-econômicos
Classificação Riscos Ambientais
Classificação de Riscos Naturais
Riscos Físicos
Riscos Geológicos
Configuração
completa
Processos Naturais no Brasil
Escorregamentos e Processos
Correlatos Escorregamentos e processos correlatos, mobilizam o solo, a rocha
ou ambos. Ocorrem basicamente quando as forças de tração, dadas
pela gravidade atuando na declividade do terreno, superam as
forças de resistências, principalmente as forças de atrito. A
principal força de tração que causa movimentos gravitacionais de
massas é a força de cisalhamento, quando esta supera o atrito,
ocorre o movimento (Montgomery, 1992).
O movimento é determinado pelo ângulo de repouso, que é o
ângulo de declive máximo, no qual o material se encontra estável.
Esse ângulo varia de acordo com o material,
Escorregamentos e Processos
Correlatos
Tipos de Processos
Escorregamentos (Slides)
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
Poucos planos de deslocamento (externos).
Velocidades médias (m/h) a altas (m/s).
MATERIAL
Pequenos a grandes volumes de material.
GEOMETRIA/MATERIAL
Variáveis:
•Planares - solos pouco espessos, solos e
rochas com um único plano de fraqueza;•Circulares - solos espessos homogêneos e
rochas muito fraturadas;
Em Cunha - solos e rochas com dois planos de fraqueza
Ruptura planar (em rocha)
Ruptura em cunha
em solo residual estrada de Mendes para Vassouras
Ruptura circular
em solo residual – talude de estrada –Além Paraíba MG
Escorregamento - Quitite –
Floresta da Tijuca
Rastejo (Creep) CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO
Vários planos de deslocamento (internos).
Velocidades muito baixas (cms/ano) a baixas,
decrescentes com a profundidade.
Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes.
MATERIALSolo, depósitos, rocha alterada/fraturada.
GEOMETRIAIndefinida
Queda (Fallas)
CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTOPredominantemente sem planos de deslocamento.
Velocidades muito altas (vários m/s).
Movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado.
MATERIALMaterial rochoso.
Pequenos a médios volumes
GEOMETRIAVariável: lascas, placas, blocos, etc.
Rolamento de matacão e Tombamento.
Desplacamento Rochoso
Blocos rocha
Blocos rocha
Corridas (Flows) CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTOMuitas superfícies de deslocamento (internas e externas à
massa em movimentação).
Velocidades médias a altas.
Movimentos semelhante ao de um líquido viscoso.
Desenvolvimento ao longo das drenagens.
MATERIALMobilização de solo, rocha, detritos e água.
Grandes volumes de material.
GEOMETRIAExtenso raio de alcance, mesmo em áreas planas
Corrida de detritos -Vidigal e Morro Dois Irmão
Corrida de
detritos-
Vidigal - RJ
Escorregamento - Condicionantes
NATURAIS
• Características dos
solos e rochas;
• Relevo (declividade);
• Vegetação;
• Clima (pluviosidade
elevada);
• Nível d'água.
ANTRÓPICOS
• Cortes e aterros;
• Desmatamento;
• Lançamento de água
servida em superfície;
• Fossas sanitárias;
• Lixo e entulho;
• Cultivo inadequado
FEIÇÕES DE
CAMPO
• Trincas no terreno;
• Degraus de
abatimento;
• Postes, árvores e
muros inclinados ou
tombados (Cerri &
Amaral, 1998).
POSSÍVEIS DANOS
• Queda, ruptura e
soterramento bruscos
de construções,
moradias, estradas,
etc;
• Soterramento e morte
de pessoas (Cerri &
Amaral, 1998).
Erosão
• Sulcos
• Ravinas
• Boçorocas
Remoção de partículas do solo ou de fragmentos e
partículas de rocha, pela ação combinada da gravidade
com a água, gelo e organismos (plantas e animais).
• Natural, Geológica ou
Normal
• Acelerada ou antrópica
• Erosão hídrica
Erosão - Condicionantes
NATURAIS
• Chuvas (impacto, escoamento);
• Relevo (declividade,
comprimento de rampa, forma
da vertente);
• Solo (características
morfológicas, físicas, químicas,
biológicas e mineralógicas);
• Substrato rochoso;
• Cobertura vegetal.
ANTRÓPICOS
• Desmatamento;
• Movimento de terra;
• Concentração de
água;
• Inadequado uso do
solo agrícola e
urbano.
FEIÇÕES DE CAMPO
• Áreas de solo nu;
• Solos sem os horizontes superficiais;
• Feições erosivas lineares (sulcos, ravinas e
boçorocas);
• Depósitos de sedimentos à meia encosta;
• Assoreamento de fundo de vales (Cerri &
Amaral, 1998).
POSSÍVEIS DANOS
• Quedas de moradias;
• Destruição de ruas e equipamentos urbanos;
• Perda do solo agricultável;
• Soterramento de estradas e de plantações em
várzeas;
• Impactos diversos nos recursos hídricos:
poluição, perda de volume armazenado, etc
(Cerri & Amaral, 1998).